Temos tido uma campanha de rostos sem discussão de temas de fundo nem de interesse nacional. Muitos cartazes de fachada que não dizem nada de concreto e nada trazem. Dum lado a retórico e a vantagem do partido de governo e do outro a falta de eloquência e juventude. As armas da democracia são as palavras e estas revelam-se muito fracas de conteúdo. Este é o tempo dos partidos e não do Estado nem do Povo. O que o PS tem a mais de empolamento e retórica falta ao PSD. As máquinas da opinião funcionam, mesmo à custa da verdade. Esta desmotivaria o povo a votar em governos que se servem em vez de servir.
A verdade será dita ao povo depois das eleições. Então falar-se-á mais seriamente da dívida externa portuguesa que consta de 32,6 milhoes de euros por dia, ou seja, cada hora que passa os portugueses devem mais 1,4 milhoes de euros. Portugal caminha, a passos largos, para a anarquia tal como aconteceu na República, a toque de caixa de políticos irresponsáveis que sacrificam o futuro dos portugueses ocultando-lhe a realidade e o estado do Estado. O PM Sócrates, com a sua ideologia e actuar, parece seguir as pegadas dos seus modelos republicanos que conduziram Portugal à falência na República, o que veio a legitimar o golpe militar de 1926 que instaurou a ditadura militar e vem a dar origem ao surgir do Estado Novo como restabelecedor da dignidade de país a nível internacional.
O sucesso imediato dá razão à mentira mas esta tem pernas curtas. A Portugal falta-lhe a consciência duma política civil da verdade por isso aposta num futurismo agnóstico do oportuno. Por isso o país não consegue chegar longe. A pobreza do povo, que temos, não é compatível com ordenados e pensões de senhores parasitários, alimentados à custa dum estado a caminho da banca rota. Em nome da democracia se afirma a tirania dos homens bem, hedonistas, irresponsáveis de fachada alegre e festiva.
Não se assiste a um debate sério sobre a formação (escola) como chave do sucesso e do futuro, pelo contrário vêem-se programas de formação subsidiados pela União Europeia mais dirigidos a dar emprego aos formandos do que em transmitir uma formação séria aferida às necessidades da nação. Estes são dinheiros desviados para interesses individuais e ideológicos à margem dos interesses e das necessidades do país. O governo continua a adiar o país, a desfazer Portugal.
Não há protecção de dados do cidadão; a Constituição nacional, é mais partidária que nacional.
Não se discute a sério o sentido do empenho militar no estrangeiro. Que interesses de Portugal se defendem no Afeganistão?
Que política se desenvolve no sentido de evitar o Dióxido de Carbono e de produção de energias limpas, para se venderem ao estrangeiro. A energia fotovoltaica é reservada para as grandes multinacionais, quando os tetos das casas portuguesas poderiam tornar-se todos em fonte de riqueza nacional e de investimentos rendosos para os particulares que em vez de investirem em cimento e casas poderiam investir na energia limpa.
Quem se empenha pela transformação do sistema de medicina de classes que brada aos céus para a transformar num sistema de medicina solidário. Pacientes encontram-se mais de meio ano e até anos à espera de operacoes fáceis… Médicos importados e outros que se vão formar ao estrangeiro porque o sistema de escola português tem muito de ideologia e pouco de adaptação às necessidades reais do país.
Uma política económica que se limita a atirar cimento e alcatrão parta o cidadão é contra o ambiente e contra os mais fracos e retrógrada. Desperdiça-se o capital da nação em acções duvidosas.
Onde se encontra a discussão sobre a necessidade de regionalização do país contra a centralização desenfreada que só tem servido políticos e elites económicas à sombra dum estado que pretende ser português num país de terra queimada, para lá de certos centros.
Um estado com uma filosofia parasita só poderá continuar a asfixiar o resto da classe média com impostos insuportáveis. Para o futuro não haverá fundos de meneio que possibilitem o estado tornar-se livre. As gerações novas terão de fazer revoluções para poderem recomeçar a construir um país para todos.
O horizonte de Portugal e da democracia não pode ser configurado ao horizonte míope dos partidos nem de arrogâncias de popularidades.
Os revolucionários do 25 de Abril, nas pegadas dos revolucionários do 5 de Outubro, têm feito tudo para que Portugal se tenha de ajoelhar à Espanha ou de dar lugar a novos Gomes da Costa!
Em país habituado a construir e fundamentar a sua identidade em datas revolucionárias sem personalidades à altura não pode ir muito avante.
António da Cunha Duarte Justo
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