quarta-feira, 27 de abril de 2011

A “um passo” da descoberta da matéria negra

A experiência XENON, onde participam cinco investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), acaba de alcançar a maior sensibilidade de sempre – pelo menos três a quatro vezes melhor do que qualquer outro instrumento disponível para a procura do esquivo componente do nosso universo conhecido como matéria negra.

Os resultados agora tornados públicos, e submetido à prestigiada «Physical Review Letters», são o resultado da análise de cem dias de medidas com o detector XENON100, a perscrutar a existência de Weakly Interactive Massive Particles (WIMPs), as principais candidatas à composição da misteriosa matéria negra.
Embora não se possa declarar ainda a descoberta das WIMPs, “o nível de sensibilidade sem precedentes atingido pela experiência XENON100 torna mais provável esta detecção a curto prazo. O que destaca a XENON100 de entre as experiências que pretendem medir a matéria negra é o facto de se ter conseguido reduzir o nível de radiação de fundo para um por cento daquele a que estão sujeitas as restantes experiências. Este é o factor determinante na identificação do sinal das WIMPs», afirma o coordenador da equipa portuguesa, José Matias.

Os estudos cosmológicos indicam que a matéria já identificada é apenas 17 por cento da existente no Universo. A natureza e propriedades dos 83 por cento ainda desconhecidos, a chamada matéria negra, é o maior mistério da cosmologia por revelar, havendo mais de uma dezena de experiências a decorrer a nível mundial, cujo objectivo é a sua detecção.


A experiência XENON100 consiste num poderoso detector de matéria negra, com 62 quilogramas de xénon líquido hiper-puro, colocado no laboratório subterrâneo de Gran Sasso, em Itália, sob 1300 metros de rocha, para reduzir drasticamente a interacção da radiação cósmica no detector, a qual de outra forma iria mascarar os raros sinais da matéria negra.


A continuação da realização de medidas ao longo de 2011 e o plano da colaboração para construir um detector muito maior nos próximos anos permitem antever uma década emocionante na procura de solução para o mistério mais fundamental da Natureza.


A experiência XENON envolve 54 investigadores de 14 instituições distintas de nove países. Uma dessas instituições é a UC, através da equipa de cinco cientistas do Centro de Instrumentação do Departamento de Física.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Carta ao meu "amigo" Zé Socras

Zé, meu compincha que tão bem me entendes e compreendes,
Escrevo-te esta carta porque estou revoltada e quero protestar contra as injustiças deste povo em relação a ti e ao teu magnífico governo. Escrevo-te para manifestar a minha solidariedade para contigo, génio incompreendido, como, de resto, o são todas as grandes mentes. Tu, que procuras o bem do teu país, tu que lutas pelo desenvolvimento tecnológico, pela educação, pela saúde, pela economia, pelo trabalho... E, apesar de todos os teus abnegados e heróicos esforços, ninguém te compreende!
Cerca de 300.000 pessoas, um pouco por todo o país, tudo a protestar contra o estado das coisas, contra a falta de oportunidades... Eles não entendem o que tu já tens feito pelo bem deles!
Tu, que levaste para a frente as Novas Oportunidades para que qualquer analfabeto possa aumentar a sua auto estima dizendo que tem o 9º ano sem ter que ir às aulas;
Tu, que criaste programas de estágio para que os licenciados e mestres possam adiar uns meses o desespero do desemprego e, entretanto, serem explorados a baixo custo com imensas regalias... para as empresas;
Tu, que proporcionaste aos alunos a possibilidade de transitarem de ano sem qualquer esforço, criando dificuldades aos malvados dos professores que os queiram reter caso não tenham tido aproveitamento;
Tu, que deste a volta àquela insustentável segurança social que não dava lucros nenhuns, como era o seu objectivo, garantindo, agora, que todos possam ter reformas menores e menos protecção na doença e no desemprego;
Tu, que cortaste os salários aos funcionários públicos, mas que tiveste a decência de salvaguardar os vencimentos dos administradores e dos teus amiguinhos;
Tu, que criaste mais dívida para que todos possamos sonhar com uma viagem de TGV, apesar de não termos dinheiro para os bilhetes e enquanto os trabalhadores da CP vêm as suas condições de trabalho a piorar;
Tu, que poupas dinheiro e decides não fazer um metro em cidades insignificantes como Coimbra, que não te metes em despesas com transportes públicos, tu que ainda por cima só tens 20 motoristas por tua conta e uns poucos por conta dos teus amiguinhos;
Tu, que organizas festas e viagens para mostrar o que de "melhor" por cá se faz, sem olhares a custos...
Tu, que és tão bonzinho, que nos compreendes tão bem, que és tão solidário para com os jovens, para com os trabalhadores, para com os pensionistas... Ninguém te compreende... Pedes justificados e pertinentes sacrifícios à população, discursas sobre o quanto nos entendes e lamentas o que passamos, pois não tens quaisquer responsabilidades sobre o estado das coisas! A culpa é da Ângela, do Nicolau e dos outros meninos maus da Europa. Tu não tens culpa!
Não tens culpa de te preocupares com as despesas excepto com as que dizem respeito a ti e aos teus amigos!
Não tens culpa de quereres luxos na educação, saúde, tecnologia e transportes (de que importa se ainda nem o básico está assegurado?)!
Não tens culpa de desconheceres o que é viver com um salário mínimo ou médio tendo comida, escola, gasolina, água, gás, luz, medicamentos, e outras despesas que tais, para pagar.
Não tens culpa que os professores se sintam mais reclusos que educadores e fontes de conhecimento por causa dum modelozinho de avaliação inofensivo.
Não tens culpa que os pais dos meninos não tenham dinheiro para lhes pagarem os estudos e os sustentarem quando eles não arranjam emprego.
Enfim... Às vezes sinto que vivemos num mundo ao contrário...
Eu, chamo-me Alice e vivo em Portugal, um país que não me dá oportunidades de crescimento, que desaproveita todo o investimento que eu, os meus pais e o estado fizeram no meu desenvolvimento pessoal e académico.
Tu és o Zé e vives no País das Maravilhas, um país em que tudo é como devia ser, graças a ti, mas as pessoas que o habitam são burras e não percebem o bem que lhes fazes.
Não me alongarei muito mais nesta carta, pois já deves ter percebido que estou do teu lado e que te compreendo totalmente! Sugiro-te que saias de Portugal... Por muito que te custe abandonar a pátria pela qual tanto te tens sacrificado, julgo que terás um futuro melhor, em que sejas mais bem tratado, fora deste país cujo povo não te entende nem dá valor ao que tens feito. Vai por exemplo para o Pólo Norte ou para a Gronelândia... Dizem que lá há muito espaço para construíres aeroportos, pontes, linhas de alta velocidade e auto-estradas!
Um beijinho e desejos de boa viagem,
Alice"

Artigo escrito por Alice Morgado
Retirado do Blogue "FANTÁSTICO, MELGA!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Voo de Gagarin faz 50 anos

Há 50 anos, no dia 12 de abril de 1961, o soviético Yuri Alekseyevich Gagarin (1934-1968) viu algo que nenhuma outra pessoa na história havia observado: a própria Terra. Nos 108 minutos entre lançamento e retorno à superfície, a Vostok 1 pôs o cosmonauta no espaço e imediatamente na história.
“A Terra é azul”, disse Gagarin de uma altitude de 300 quilômetros ao controle da missão. Quatro anos antes a então União Soviética havia lançado o primeiro satélite, o Sputnik. Depois, o primeiro animal, a cadela Laika. Com o primeiro homem, a corrida espacial parecia ganha logo após ter começado, restando aos Estados Unidos ambicionar chegar primeiro à Lua, o que conseguiram em 1969.
Mas em abril de 1961 a notícia era Gagarin, uma celebridade internacional instantânea, que passou boa parte dos sete anos seguintes – até sua morte em acidente com um caça Mig – em viagens pelo mundo como representante maior do programa espacial soviético.
No Brasil, esteve no mesmo ano, no fim de julho e início de agosto, quando foi recebido por multidões em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na época, não havia relações diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética, o que não impediu de ser saudado como herói. O filho de fazendeiros recebeu do então presidente Jânio Quadros a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedido a personalidades estrangeiras.
Poucos se lembram de Alan Shepard ou Scott Glenn, que subiram ao espaço em seguida, mas Gagarin foi tão popular a ponto de o nome Yuri ser preferido para batizar legiões de meninos pelo mundo nos anos seguintes, inclusive no Brasil. A imagem do sorridente cosmonauta virou propaganda máxima de um país e um regime que lutava para vencer a pobreza ao mesmo tempo em que disputava a liderança política mundial com os Estados Unidos.
Para celebrar os 50 anos do voo de Gagarin, o escritor e cineasta inglês Christopher Riley, pesquisador visitante na Universidade de Lincoln, no Reino Unido, produziu First Orbit, que pode ser assistido pela internet, pelo endereço www.firstorbit.org.
O filme usa imagens feitas pelas tripulações da Estação Espacial Internacional e contou com ajuda da Agência Espacial Europeia para recriar a viagem histórica da Vostok 1 e mostrar o planeta de forma como Gagarin pode tê-lo admirado em 1961.
Para comemorar a data, estão previstos outros 444 eventos em 70 países, de acordo com o Yuri’s Night, projeto mantido por um grupo internacional para celebrar o 12 de abril de 1961.
O Planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, o Clube de Astronomia Louis Cruls, em Campos dos Goytacazes (RJ), e o Clube de Astronomia de Fortaleza são alguns dos grupos brasileiros que comemorarão a data.
Mais informações: www.yurisnight.net

terça-feira, 5 de abril de 2011

Quem nos salva?

Durante os últimos anos José Sócrates ofereceu aos portugueses o mesmo programa com que Peter Pan tentou convencer as crianças Darling
Durante os últimos anos José Sócrates ofereceu aos portugueses o mesmo programa com que Peter Pan tentou convencer as crianças Darling: fechem os olhos, tenham pensamentos positivos e serão capazes de voar. Afinal não podemos. Os défices públicos aldrabados e o assalto ao aparelho de Estado tornaram o País demasiado pesado para levantar voo. Os portugueses fecharam os olhos e acordaram com um pesadelo. Com um Peter Pan como este, Portugal tem de deixar de portar-se como um jovem que nunca cresce e pedir auxílio. Não vale a pena pedir ajuda a figuras bonacheironas como Warren Buffett, até porque ele é um dos maiores accionistas de uma das bruxas más que nos atormentam, a Moody's. Nem esperar que um milagre caia dos céus como maná ou, melhor, como um saco de dólares. Talvez por isso os portugueses buscam novamente um Salvador. Não estando disponível D. Sebastião, todos olham para Cavaco Silva. Os partidos, crentes recentes nos poderes de um predestinado, pedem-lhe que lidere a conciliação nacional ou mesmo o pedido do empréstimo externo. No fundo os partidos políticos, tal como Pilatos, lavam as mãos. O próprio PS quer retirar poderes ao Governo e oferecê-los ao PR. Acabou por se tornar presidencialista, mesmo sem ter dito isso ao povo. Isso, claro, deixaria Sócrates e Passos Coelho sem emprego, porque o Presidente teria de criar o seu próprio partido. E teríamos de mudar a Constituição para que o PR fosse o chefe de Governo. No meio da depressão permanente que se adivinha para os próximos anos, o Salvador que tanto procuramos poderá regressar em forma de Presidente. Por acção dos partidos. 
"Fernando Sobral in Negocios online"