quinta-feira, 29 de abril de 2010

Criação complexa

Agência FAPESP – Novas imagens obtidas pelo observatório espacial Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelam com detalhes inéditos as forças que estão envolvidas na formação de estrelas.
De acordo com a ESA, as imagens fornecem aos astrônomos uma maneira de entender os complexos processos físicos por trás da poeira e do gás espalhados pela Via Láctea.
A formação de estrelas ocorre escondida atrás de véus de poeira, mas isso não significa que tais processos não possam ser observados. Diferentemente dos telescópios ópticos, os “olhos” de microondas do Planck são capazes de desvendar estruturas brilhantes formadas por poeira e gás.
Dessa forma, o veículo espacial lançado em 2009 foi capaz de descobrir duas regiões relativamente próximas, na Via Láctea, cheias de gás e poeira, resultado da formação de estrelas.
A primeira imagem cobre boa parte da constelação de Órion, um berço de estrelas a cerca de 1,5 mil anos-luz e famosa pela nebulosa do mesmo nome, que pode ser vista da Terra mesmo a olho nu.
Na imagem feita pelo Planck, a nebulosa aparece como o ponto brilhante do lado esquerdo, um pouco abaixo do centro. À sua direita e um pouco acima, o outro ponto brilhante está em torno da nebulosa da Cabeça do Cavalo.
Os astrônomos estimam que o Arco de Barnard, a enorme formação vermelha que atravessa a imagem, seja a onda resultante da explosão de uma estrela há cerca de 2 milhões de anos. A “bolha” originada pelo fenômeno tem atualmente cerca de 300 milhões de anos-luz de diâmetro.
A outra imagem impressionante divulgada pela ESA mostra a constelação de Perseu, uma região de formação de estrelas não tão vigorosa como a de Órion, mas ainda assim com muita atividade.
O objetivo principal da missão Planck é ajudar os astrônomos a vasculhar o espaço em faixas de microondas de modo a mapear as variações da antiga radiação que deriva do Big Bang.
Mais informações: www.esa.int/planck

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fome mortal

Agência FAPESP – Na ficção científica, os buracos negros aparecem invariavelmente como formações misteriosas e com grande capacidade de destruir tudo o que passar por perto. A realidade, conforme aponta um novo estudo, liderado por cientistas da Universidade de Nottingham e do Imperial College London, no Reino Unido, parece ir nessa linha.
Segundo a pesquisa, buracos negros supermassivos são capazes de arrancar de galáxias imensas os gases necessários para a formação de novas estrelas, deixando gigantes vermelhas envelhecerem até desaparecer, sem que novas estrelas sejam formadas para substituí-las.
Os astrônomos usaram imagens obtidas do telescópio espacial Hubble e do observatório de raio X Chandra para detectar buracos negros em galáxias distantes.
Os pesquisadores analisaram galáxias que emitiam altos níveis de radiação e de raio X, que se configuram assinatura clássica de buracos negros que devoram gás e poeira por meio do processo conhecido como acreção, ou atração de matéria por meio da força gravitacional.
Nesse processo, à medida que a matéria se movimenta pelo horizonte de eventos de um buraco negro, ela se aquece e irradia energia em um disco de acreção.
Em buracos negros supermassivos essa radiação pode atingir proporções gigantescas, com a emissão de raio X em quantidade muito superior à soma das emissões de todos os outros objetos da galáxia. Ou seja, o buraco negro acaba “brilhando” mais do que toda a galáxia da qual faz parte.
De acordo com os cientistas, a quantidade de energia liberada é tão grande que seria suficiente para “roubar” todo o gás da galáxia por pelo menos 25 vezes.
O estudo aponta que a grande maioria da radiação em raio X presente no Universo é produzida por esses discos de acreção que envolvem os buracos negros.
A energia liberada por esses discos é tão grande que é capaz de aquecer os gases frios contidos no coração de galáxias massivas. Ocorre que os gases precisam ser frios e densos para entrar em colapso sob o efeito da gravidade e formar novas estrelas.
Como o material resultante da “fome” do buraco negro é quente e de baixa densidade, ele precisaria esfriar antes que a gravidade pudesse ter algum efeito. Mas o problema é que esse esfriamento demoraria ainda mais do que a idade atual do Universo, apontam os autores do estudo.
Depois que o buraco negro se alimentou, o resultado são que as estrelas velhas são extintas sem ter substitutas, deixando a galáxia escurecer e morrer também.
O estudo foi apresentado no dia 16 de abril em reunião da Royal Astronomical Society em Glasgow, na Escócia.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O AUDIOVISUAL PARA PAGAR

Já toda a gente reparou na factura DA EDP que recebe em Casa?
Contribuição Audiovisual pelo valor de 3.42 Euros???

E porque temos nós, portuguesinhos, de pagar isto???
Eu não pedi nada de Audiovisual... Estou a pagar porquê e para quem???

E para onde vai esse dinheiro???

E mais grave ainda.
Porque é que as escadas de condomínios também pagam os tais chamados euros para os audiovisuais. Temos televisão quando subimos as escada de Casa?

E outra, porque é que a casota de campo para apoio agrícola , também paga para os meios audiovisuais?
Só neste País. É o que temos e não há outro.

1 milhão de facturas dá mais de 3 milhões de Euros... Onde anda esse dinheiro???

Eu quero saber... E se me disserem que é para a RTP eu exijo a devolução do dinheiro.
Afinal pago a TVCabo para ter TV, outros pagam a TVTel, outros a Cabovisão, etc.

......mas há mais, e os contadores agrícolas espalhados por esses campos fora cada um a pagar esse imposto, deve ser para as plantinhas ouvirem música ... e as explorações agropecuárias... é que os animaizinhos parece que produzem melhor leite, ovos, carne... se calhar até se justifica !?

sábado, 17 de abril de 2010

MAS QUE GRANDE FALTA FAZ EMANCIPAR O PSD

Um dos princípios mais básicos da democracia é exatamente que qualquer tema pode e deve ser discutido pela cidadania. É assim, dizem os mais entendidos na nobre arte da política, que se forma a opinião publica esclarecida, responsável, e, é precisamente desse discutir sadio que em ultima instancia, nas democracias, se fazem, ou deveriam fazer, as escolhas periódicas mais acertadas, entre os legítimos dirigentes políticos dos países.
Nesta base de cidadania, não se pode esconder a importância de debater o Portugal de hoje, e as necessárias mudanças que a médio prazo urge efectuar.
O que Portugal mais necessita neste preciso momento da sua historia é ter uma oposição que mesmo desunida, seja forte em cada um dos seus pilares e com capacidade de liderança e afirmação pessoal e com o pragmatismo necessário para descer a terra e dizer aos portugueses o que afinal esta a faltar, e o que querem mudar.
Mudar!!!
Sim mudar! Porque os portugueses estão realmente a espera é de uma mudança de políticas, e de sociedade. Uma mudança de rumo em termos de políticas sociais, judiciais, econômicas e da mais do que necessária nova visão sobre aquilo que mais diretamente afeta as famílias e, um e cada um dos portugueses, que é a sua vida concreta do dia-a-dia, e o funcionamento da sociedade em que estão a viver.
Se por um lado cabe a cada um dos portugueses mudar a sua própria vida, e adaptar a sua vivencia individual as novas realidades. Por outro lado; cabe em primeiro lugar ao governo estabelecer as prioridades e condições necessárias para que essas adaptações de cada cidadão possam acontecer e ter êxitos pessoais e efeitos práticos para o bem coletivo do país. Se assim acontecesse; Portugal estaria a construir-se de um modo bem diferente, sem duvidas para bem melhor do que aquilo que podemos observar atualmente.
O que Portugal necessita afinal (e uma vez que não se vislumbra, nos tempos mais próximos, outra formação política com capacidade de mobilização eleitoral, que garanta uma alternativa de governo, minimamente credível) é a emancipação do PSD, que nos últimos anos deixou de pensar e agir pela sua própria inteligência política interna, (que sem duvida alguma a tem, mas infelizmente esta toda, ou quase toda na reserva) e passou a atuar de acordo com o gosto e as vontades de quem; governa o País, para assim (erradamente) não perder a bolsa política (do centrãoooo) que entende sustentar infinitamente os partidos que governam Portugal desde praticamente o 26 de Abril de 1974.
Mas atenção que mais dia, menos dia isso vai acabar por mudar, pois alguém vai acabar por descobrir como mudar a alternância de poder em Portugal. Quando esse dia chegar; tanto o Partido Socialista, como o PSD vão ter que se reformular a toda a velocidade, ou então vão desmembrar-se, e cada militante e simpatizante seguirá o seu rumo natural, integrando as novas alternativas, que mais cedo ou mais tarde vão nascer, pois sinto que os portugueses estão cada vez mais cansados desse derby tipo Benfica-Sporting, que também um dia viu a entrada do Porto no caminho, e agora até já tem um Braga pelo meio.
Portugal necessita como de pão para a boca de uma oposição credível, e independente de quem governa neste ou naquele momento. Que mostre á sociedade as mais diversas opções possíveis e imaginarias de políticas, de vontades e de quereres. Não podemos continuar a ter uma oposição que tenha medo de perder eleições pelo simples facto de que acha politicamente incorreta uma ou muitas políticas que se mostram bem mais necessárias para a sociedade que uma tonelada de fantasias para tentar conquistar votos, que mais cedo ou mais tarde se vão esfumar quando a realidade vier a tona da água.
Sinceramente, e não querendo ser demasiado séptico, ou premonitório, mas não vejo que o PSD se consiga emancipar com a liderança de Pedro Passos Coelho, porque a sua equipa de trabalho, conhecida até este momento, e salvo raras exceções, esta pejada de profissionais da política, que fora dela mais nada sabem fazer na vida.
Mas por outro lado, o PSD tem a seu favor a situação de degradação do Partido Socialista enquanto governo, que esta de tal forma apodrecida, que qualquer que seja a liderança do maior partido da oposição, tudo se conjuga para que mais cedo ou mais tarde a cadeira se parta, e o senhor Pinto, caia de costas no chão. Só não sei é se esta queda do senhor Pinto poderá ser ainda pior que a sua manutenção, pois o que se seguirá pode ser infinitamente pior do que aquilo que de mau já hoje temos ao nosso dispor.
As únicas, das muitas duvidas que ficam assim no ar; é de se saber se o PSD com PPC a liderar será capaz de mostrar as diferenças, se é que elas realmente existem em termos programáticos, e de reunir a sua volta a quantidade necessária e suficiente de apoios eleitorais, ditos votos, para conseguir formar um governo isoladamente sem a ‘chaga’ que é ter que dividir poder, idéias, projetos com formações políticas que apenas sonham com a chegada ao ‘poleiro’ para dividirem entre si o quinhão de lugares governamentais. Dito isto falta ainda saber se o PSD será também capaz de lançar para os lugares governamentais, não os amigos dos amigos e os desempregados da política, mas os verdadeiros gestores públicos e privados, independentemente da filiação partidária, que sabem como mais ninguém as mil e uma formas de alterar o estado degradante em termos econômicos, sociais e políticos a que chegou Portugal.
Quando falo de ‘chagas’; falo obviamente do CDS que sob a liderança de Paulo Portas, tanto na versão um, de que até conheci in-loco a fermentação, como na versão dois, mais não tem feito que trabalhar para chegar ao patamar de lugares governamentais, nem que para isso se tenha que ‘prostituir’ em termos de proximidade a famílias políticas que nada tem que ver em termos programáticos ou ideológicos com aquilo em que se transformou o CDS, dito também de PP de hoje. Por vezes, parece que o CDS, formação política dita de direita, mais parece um partido político acantonado em todas as possibilidades e espaços que lhe possam possibilitar uma chegada rápida e eficaz a casa da divisão dos quinhões ministeriais.
Um partido responsável, não pode estar dependente deste ou daquele resultado, para escolher o caminho a seguir. Um partido responsável, liderado por políticos responsáveis tem que ter a capacidade de dizer desde logo – nos vamos por ai, e por ali, pois o nosso caminho é este!
O CDS de hoje não tem caminho, tem sim motivações pessoais e de lugares para optar por certos caminhos, mesmo que estes possam conduzir a verdadeiros abismos como aconteceu na ultima participação (desastre) governamental ao lado do PSD de Santana Lopes.
O que fez a emancipação do PSD em momentos chave da política nacional, e o conduziu por caminhos de determinante e fundamental importância na historia da democracia portuguesa, ajudando a construir a diferença, foi precisamente essa emancipação, essa diferença bem vincada e marcante em relação aos outros. Sem ela, essa tal emancipação, essa diferença; o PSD nunca passou de um partido igual a tantos outros, com políticas e posições iguais as de tantos outros, e com essa igualdade nunca conseguiu mudar nada na sociedade, e muito menos conseguiu marcar o seu território político e de base social.
Os portugueses já por mais do que uma vez demonstraram que gostam e preferem a diferença. Francisco Sá Carneiro foi, no seu tempo, a diferença ao afirmar categoricamente que Portugal devia seguir o rumo traçado por uma aliança política, que venceu e convenceu a maioria dos portugueses.
Mais tarde; Cavaco Silva voltou a emancipar o partido, e a marcar um caminho diferente, desde logo com a escolha do candidato presidencial próprio, e a afirmação de um caminho bem diferente daquele que estava a ser traçado até então com o projeto de bloco central apoiado nas idéias de outrem que não as de políticos do PSD.
Depois dele, depois de Cavaco, e goste-se ou não da figura, o PSD não voltou, até ao dia de hoje, a ter emancipação política, e viveu na sombra de políticos na sua maioria cinzentos que traçaram caminhos voltados para a projeção pessoal esquecendo que primeiro está Portugal e os portugueses, depois o partido e nunca eles próprios, que ali chegam para servir e não para se servirem.
É urgente reformarem o PSD, para que essa emancipação retorne a casa que sempre pautou a sua doutrina pelo reformismo, e que de a uns tempos a esta parte vive no mais profundo e empedernido conservadorismo e oportunismo político.


*J.M. – 2010*

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A VIAGEM CANINA DE UMA MULHER SEM PECADOS

Na ladeira da Rua da Republica, perto de um boteco, perambula uma prostituta jovem, habitualmente acompanhada de um cão. Ela não veste Prada. Nem o cão. Seria a nova Madalena?
Passo por ali, quando vou mandar emoldurar quadros, no caminho da Praça da Pedra. A única praça que não é do povo. É minúscula e o povo, como sempre... exagerado.
Já vi essa dona com vários cães diferentes. Geralmente são vira-latas ou misturados. Tanto faz.
Dias atrás andava com um daqueles que parece uma salsicha, aliás, prostituta não gosta de sexo. Nos últimos dias, é um cão corintiano, alvi-negro de pelagem longa.
Baixinha, loira, veste sempre camisetas com letriros no peito, como se imitasse as de Marcos Pires. Deve ter ojeriza ao conluio e não é para menos.
De uns tempos para cá, quando a vejo, já não foco o olhar nela, nem no cão, mas na banalidade à sua volta. Invariavelmente, olham-na inquietação. São anciãos caindo aos pedaços...
Todas as vezes que nos cruzamos, atento mais para a coreografia dos cães e quase nada para a prostituta. Os animais sentam, deitam, equilibram-se em duas patas, nada além. É a tradução do tempo.
A mulher fala com os cães em voz baixa, não faz gestos abruptos a um passo dos esquecidos, na mais paraibana das praças – João Pessoa.
Ora, dirão os pedigree, o vira-lata tem o ouvido melhor que o nosso, por isso não precisa gritar. Ah, é? Banho de tristeza nos olhos daquela mulher. Que lei da física, digo Freud, explica?
Não sei dizer o que mais lhe agrada no coito. Não fui lá. No fundo, é natural uma mulher dominando o “animal”, fazendo-lhe submisso. Qual?
Sonho com o dia em que todas as relações sejam como a dessa puta com os cães: cumprindo a missão de viver.

‘Kubitschek Pinheiro’

A POTESTADE

Sonhei que estava flutuando no espaço sideral, cercado de constelações, de portentos, de trevas fulgurantes. A Potestade rodeou-me com a sua Presença, e dirigiu-se a mim:
“Não crês na minha existência”, disse-me ela – e cada célula do meu corpo reverberou como um tímpano. “Por isso prefiro dirigir-me à totalidade do teu Ser, que só emerge quando adormece o cão de guarda que te sustenta vida afora, e ao qual chamas de Eu, ou Consciência”. Eu estava aterrado e sem palavras; só me restava escutar. Sentia-me esvoaçar em todas as direções, como uma pluma no epicentro de um tornado. “Admiro tua fidelidade a ti próprio”, prosseguiu. “São muitos os que não crêem, mas dizem crer por covardia, por conformismo, ou por imitação. Mais importante que a fé é a verdade. Mais importante do que crer em mim é ter a coragem de olhar dentro de si mesmo e dizer sem rebuços o que vê.”
O que via eu? Via galáxias coruscantes, aglomerados densos de matéria escura, estrelas que faiscavam como os grãos de areia no interior de um tornado. E aquela voz, que prosseguiu: Deves estar te perguntando – por que eu? Por que logo eu fui chamado para este Contato, esta Revelação? E te responderei usando a linguagem do teu tempo e do teu povo. O Universo está contido em ti. Em teu corpo e tua alma estão gravados de forma; indelével todas as informações necessárias para reconstruir tudo isto que vês à tua volta. Fosse este Universo destruído, bastaria que tu sobrevivesses para que toda a historia dele pudesse ser reconstruída, a partir das leis que governam os teus átomos e as tuas células vivas. O Universo é auto-reflexo: está todo gravado em cada uma das partes vivas que contém”. Fez uma pausa. “Isto vale não só para ti, é claro, mas para qualquer outra criatura. Se te escolhi foi por mero Acaso. Quero te mostrar algo”.
Fez um gesto com a mão, e a esse gesto descerrou-se uma cortina. Ms como posso dizer “um gesto”, se sua presença ocupava toda a face interna da esfera de espaço que me continha, como falar em mão se a sua mera impressão digital era composta pelo turbilhão de galáxias que ali revoluteavam? Mas a esse gesto uma Dimensão abriu-se e vi ali justapostos todos os tempos, todos os passados e futuros, todos os fios entrelaçados dos mundos possíveis. “O mundo em que vives passa por uma crise que pode destruí-lo”, prosseguiu a Voz. “Falo do teu planeta, e do teu país. Quando crises assim se anunciam, escolho um habitante para me informar sobre a necessidade desse mundo. E é isso que te pergunto: vale a pena que esse planeta e esse país existam? Vale a pena que prossigam? Se achares que não, desaparecerás com eles. Mas se achares que sim, desaparecerás só tu. Teu nome será obliterado, teus atos esquecidos, teus descendentes se estiolarão. Teu país prosseguirá, e desaparecerás apenas tu. Não tens que me responder agora. Vai – desperta!” Neste instante o celular tocou na mesa de cabeceira. Atendi, e era engano.

‘Braulio Tavares’

A IMPORTÂNCIA DO SILÊNCIO

O silencio é necessário em muitas ocasiões, mas é preciso sempre ser sincero; pode-se reter alguns pensamentos, mas no se deve camuflar nenhum. Há maneiras de calar sem fechar o coração; de ser discreto sem ser sombrio e taciturno; de ocultar algumas verdades sem as cobrir de mentiras.
Só se deve deixar de calar quando se tem algo a dizer que valha mais do que o silencio.
O tempo de calar deve sempre vir em primeiro lugar; e nunca se pode falar quando não se aprendeu antes a calar. O homem nunca é tão dono de si mesmo quanto ao silencio. Fora dele, parece derramar-se por assim dizer, para fora de si e dissipar-se pelo discurso; de modo que ele pertence menos a si mesmo do que aos outros.
Quando se tem uma coisa importante para dizer, deve prestar a ela uma atenção muito especial: é necessário dizê-la a si mesmo e, depois de tal precaução, voltar a dizê-la, para evitar que haja arrependimento quando já não se tiver o poder de voltar atrás no que se declarou.
Quando se trata de guardar segredo, calar nunca é demais; o silencio é então uma das coisas em que, geralmente, não há excesso a temer.
O silencio muitas vezes passa por sabedoria em um homem limitado e por capacidade em um ignorante.
A característica própria de um homem corajoso é falar pouco e executar grandes ações. A característica de um homem de bom senso é falar pouco e dizer sempre coisas razoáveis. Não há menos fraqueza ou imprudência em calar, quando se é obrigado a falar, do que leviandade e indiscrição em falar, quando se deve calar.

‘Joseph Antoine T. Dinouart’

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DIFÍCIL UNIDADE

Somos uma difícil unidade De muitos instantes mínimos - isso seria eu. Mil fragmentos somos, em jogo misterioso, Aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente - Como me poderão encontrar? Novos e antigos todos os dias, Transparentes e opacos, segundo o giro da luz - nós mesmos nos procuramos. E por entre as circunstâncias fluímos, Leves e livres como a cascata pelas pedras. - Que metal nos poderia prender?

Cecília Meireles

quarta-feira, 7 de abril de 2010

COMO DIZ CAETANO

E eu pensava que o primeiro mundo era Paris, Londres; Nova Iorque… que nada! Exatamente do outro lado do planeta foi onde meus olhos viram que é possível uma sociedade mais justa. Se a felicidade depende disso, não sei, pois, para gozá-la, há razoes que a humanidade desconhece, mas que naqueles moldes sócio-urbanísticos é mais fácil experimentá-la, não temos a menor dúvida.
Outrossim, a razão também nos diz que não se pode ser feliz sendo cúmplice de um carma coletivo que criou nações cheias de incoerências, injustiças, falta de controle urbano e ambiental, entre muitas outras mazelas.
A Nova Zelândia deu um exemplo ao se organizar, para que seja hoje chamada de “país perfeito”, com a melhor qualidade de vida do planeta. Foi a única nação onde os nativos negociaram amigavelmente e sob condições de respeito mutuo com os colonizadores. Além disso, o seu povo se uniu com equidade, leis trabalhistas sadias, e estabeleceu um rigoroso controle de natalidade e de preservação da natureza.
Alem disso, parece que o BB estava mais inspirado quando criou aquele lugar. A natureza lhe sorri por entre praias místicas, de grandioso relevo, lagos cujo azul oceânico se une ao dos céus pelas curvas de um horizonte cortado de montanhas, ora verdes, ora plúmbeas, em um show de exuberância e beleza ímpar. E esse sorriso transpassa para o semblante tranqüilo da sua gente conferindo-lhe simpatia exemplar, como se todos tivessem de bem com a vida. Os lagos cristalinos que beijam as margens do Queenstown – que em nada devem ao mar – e de onde surgem belas montanhas forma um conjunto que se completa com a mais perfeita harmonia urbana.
Há uma simplicidade cotidiana que se percebe na conduta de pessoas sem estresse, nas vestimentas descontraídas, sem ostentação, e no generalizado uso de sandálias havaianas por todas as gerações. A tranqüilidade urbana é notoriamente proporcionada pela sensação de segurança que se observa na absoluta falta de gente que não tem o que fazer. Praticamente não existem edifícios residenciais, pois não há densidade demográfica que os justifique. Os bairros são de casas, com muros de meio metro, sem portões e nem grades nas janelas.
O silencio é quase um insulto de paz que nos envergonha lembrando; de como seria bom que aqui o pudéssemos ter. Mendigos? Desempregados? Nenhum. E por isso, nada de vendedores ambulantes, pedintes ou desocupados. Ônibus quase não se vêem. Todo o mundo tem carro, ou anda de bicicleta, há bondes gratuitos, ninguém buzina, e engarrafamento é algo só visto na TV.
Inacreditavelmente em todas as esquinas, praças e parques há toaletes públicos modernos e perfumados, munidos de tudo o que é necessário. E gratuitos! Que diferença daquele mundo do decantado circuito internacional, onde não se encontram facilidades básicas, o povo é estressado, no há onde estacionar, o transito é um inferno, os metrôs sujos e congestionados, e que ainda chamam de “primeiro”. Não, decididamente preferimos o “último mundo”, aquele que fica “do outro lado do lado que é lado de lá”, como diz Caetano...

‘Germano Romero’

segunda-feira, 5 de abril de 2010

RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS


Estava a ler um livro intitulado “A arte da guerra”, a história do general chinês Sun Tzu, um estrategista em guerra da dinastia “Sung”. O livro é o maior tratado militar da historia da humanidade. Uma das grandes frases do general que me chamou a atenção foi:
“Quando o comandante demonstrar fraqueza, não tiver autoridade, suas ordens não forem claras e seus oficiais e tropas forem indisciplinados, o resultado será o caos e a desorganização absoluta”
Me parece que falta autoridade nos pais para com os filhos. Parece que os filhos perderam a noção da autoridade e os papeis estão invertidos. O que tem contribuído para o difícil relacionamento entre pais e filhos?
A resposta é unânime, entre psicólogos, sociólogos, psiquiatras e educadores, “Falta de Limites”. Os pais precisam colocar limites para os seus filos crescerem. A criança é um ser com uma quantidade enorme de energia adequadamente e, para tanto, precisa de um enquadramento e um direcionamento que, principalmente, aos pais cabe dar. Hoje em dia, também é muito comum ouvirmos que pais e mães precisam ser amigos de seus filhos. Aqui, igualmente, é preciso ter cuidado com a inversão de ordem.
É muito importante que pais e mães possam ser amigos de seus filhos, mas, antes de qualquer outra coisa, por amor aos seus filhos, os pais têm o dever de educá-los, de colocar limites, estabelecer proibições. Os filhos precisam de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais entenderem necessário fazê-lo. Mas, precisam igualmente de pais que saibam dizer não, estabelecer o que é certo e o que é errado, e quais os limites que precisam ser seriamente respeitados.
Se os pais se comportam somente como amigos de seus filhos, podemos nos perguntar “quem está fazendo o papel dos pais em seu lugar?”
Para educar um filho não há formula ou manual que se possa seguir, pois cada filho e cada pai e mãe são únicos em sua natureza. Todos precisam ser respeitados. Nós escolhemos com quem vamos nos casar, de quem vamos ser amigos, mas não escolhemos os nossos filhos e nossos pais.
Apenas temos que conviver com eles, e essa convivência nem sempre é fácil.


‘Weslley Lima’