sexta-feira, 26 de março de 2010

Cores de dinossauros são descobertas

Agência FAPESP – Nos filmes de ficção científica, os dinossauros aparecem coloridos, ainda que em tonalidades entre o cinza e o marrom. Mas, se em filmes como Parque dos Dinossauros as cores são parte fundamental dos gigantescos répteis, a realidade não é essa.
Embora muito se saiba sobre os dinossauros, como tamanho, hábitos, formas e mesmo aparência, cores ainda estão no terreno da suposição, uma vez que peles e pigmentos não se preservaram após milhões de anos. Ou seja, não há registro fóssil de cores dos dinossauros.
Mas agora, em artigo publicado na edição da revista Nature, cientistas descrevem a primeira identificação das cores de penas de dinossauros e de algumas das primeiras aves.
O grupo, formado por pesquisadores britânicos e chineses, descobriu que o dinossauro terópode (bípede) Sinosauropteryx tinha penugem que se alternava entre o laranja e o branco. Os pesquisadores também concluíram que uma das primeiras aves, o Confuciusornis, era bastante colorida, com detalhes em branco, preto, laranja e marrom.
Os pesquisadores descobriram dois tipos de melanossomos – organelas que contêm melanina – comuns tanto ao dinossauro como a essa ave, a partir da análise de fósseis encontrados em Jehol, na China.
Como melanossomas são parte integral da estrutura proteica das penas, elas sobrevivem quando as penas sobrevivem, mesmo por centenas de milhões de anos. O artigo representa a primeira descrição de melanossomos encontrados em penas de dinossauros e das primeiras aves.
“Os resultados do estudo fornecem informações extraordinárias sobre a origem das penas. Em especial, os dados ajudam a resolver um antigo debate a respeito da função original das penas. Sabemos agora que as penas surgiram antes das asas. Ou seja, não tinham inicialmente a função de servir de estruturas de voo”, disse Michael Benton, professor de palaeontologia da Universidade de Bristol, no Reino Unido, um dos autores da pesquisa.
“Achamos que as penas surgiram primeiro como agentes para a exibição de cores e apenas posteriormente na história evolucionária se tornaram úteis para o voo e a insulação”, disse.
O artigo Fossilized melanosomes and the colour of Cretaceous dinosaurs and birds (doi:10.1038/nature08740), de Michael J. Benton e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

Anda Tudo do avesso

Anda tudo do avesso

Nesta rua que atravesso

Dão milhões a quem os tem

Aos outros um passou - bem

Não consigo perceber

Quem é que nos quer tramar

Enganar

Despedir

E ainda se ficam a rir

Eu quero acreditar

Que esta merda vai mudar

E espero vir a ter

Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer

Isto nunca vai mudar

Conseguir

Encontrar

Mais força para lutar...

(Refrão)

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a comer

É difícil ser honesto

É difícil de engolir

Quem não tem nada vai preso

Quem tem muito fica a rir

Ainda espero ver alguém

Assumir que já andou

A roubar

A enganar

o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar...

(Refrão)

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Mas eu sou um homem honesto

Só errei na profissão

“Xutos e Pontapes”

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pois que matem os ricos... mas...

Em Portugal de quando em vez surge uma palavra chique como novidade para marcar uma época.
Pois foi assim com o PREC, o FMI, a CEE, as FP25; depois mais umas quantas siglas ou palavras, incluindo o SIMPLEX e por ai fora até que agora surgiu o RATING.
Mas que palavra tão chique essa do RATING...
Como em quase todas as outras que entraram na moda, incluindo até o celebre TOLAN; que servia para designar algo ou alguém que estava atolado, atascado, e porque não dizer mesmo fodido; tal e qual como o famoso barco que ficou anos e anos atascado em frente ao cais das colunas, sempre se ataca com quanta força for possível; a palavra ou sigla chique do momento.
Agora andam por ai a dar porrada forte e feia no RATING.
Andam por ai sem piedade a atacar o RATING.
Mas será que eles, os que atacam o RATING, sabem ou sonham que são as agencias de RATING que mandam nos nossos juros, e porque não dizer mesmo; no nosso próprio futuro...
Tenham lá pena do coitado do RATING.
Obviamente que no estado calamitoso a que a economia portuguesa chegou; a curto e médio prazo não temos solução alguma, e as agencias de RATING sem terem culpa alguma das asneiradas governamentais que conduziram a esta desgraceira nacional, vão, no entanto; fazer a cabeça e a nossa carteira em água...
Sem solução a vista... a única verdadeira resolução, ou melhor: destino; é ir escorregando diretamente para a pobreza franciscana, mas não a do Melicias da Lacoste e Adidas, e sim a outra... a pobreza real.
Ao observar o Orçamento de Estado aprovado a poucos dias, só podemos ter uma certeza... a economia por esse caminho não se vai recompor, e a esquerda é a grande responsável por essa calamidade, pois quer continuar a redistribuir, sem conseguir entender que já (se é que algum dia existiu alguma...) não existe riqueza alguma para distribuir.
Como sempre a esquerda vai dizer que a culpa é dos ricos... pois então que se matem os ricos... mas mesmo que se matem os ricos todos; duvido que cada um dos pobres ou remediados consiga receber mais do que umas simples meia dúzia de notas de dois euros...
E já agora não batam mais no RATING pois Portugal já anda a viver com dinheiro emprestado do exterior a muito tempo, e se fecharem a torneira nem o RATING os salva... e ficam todos gregos.

“João Massapina”

Além Guadiana propõe iniciativas culturais às instituições de Olivença

A associação cultural “Além Guadiana” acaba de apresentar aos representantes políticos e institucionais de Olivença um “Conjunto de propostas para valorizar a língua e a cultura portuguesas” neste concelho. O documento propõe iniciativas em diversos âmbitos e estimula o empreendimento de atuações que reforcem a singular riqueza cultural de uma povoação cujo legado português está latente.

Entre as linhas de atuação inclui-se o fomento do bilinguismo através da informação turística, a sinalização urbana, a promoção de atos e festas ou a difusão bilingue nos meios de comunicação locais.

Também se incluem medidas de aproximação cultural para a lusofonia mediante a potenciação das atuais geminações com cidades portuguesas, a promoção de atividades diversas relacionadas com a música, o teatro, a literatura, a gastronomia, etc.

Além disso, planeiam-se outras atuações que perseguem preservar o património cultural intangível de herança portuguesa, com o ponto forte na língua, bem como na tradição oral.

Estas propostas, com fins culturais e turísticos, vão enfocadas quer a Olivença, quer às suas aldeias e à vila de Táliga, tendo sido bem acolhidas entre os representantes das instituições locais.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O mito da falta de soluções

É a frase de uma geração política: os diagnósticos estão todos feitos, faltam as soluções. É mentira. Porque os diagnósticos não estavam todos feitos. E porque soluções houve e há. E à força haverá.

O diagnóstico está dimensionado no estudo do BPI, quantificado no Orçamento do Estado e qualificado nos mercados financeiros. O País endividou-se de mais para investir num prejuízo. Já tínhamos perdido a ilusão do caldeirão no fim do arco-íris. Agora ganhámos a desilusão de não haver sequer arco-íris. Era a refracção da realidade no caleidoscópio da política. As palavras partiram-se, eis-nos em números.

O que fazer? Decidir. Não faltam soluções. Mas decidir implica assumir riscos da impopularidade doméstica; exige a libertação das distribuições partidárias; e supõe a humildade de aceitar sugestões de outrem.

É só puxar pela memória. Do Ecordep, onde há dez anos Pina Moura, Fernando Pacheco, Teodora Cardoso, Rui Carp, Orlando Carriço e Vital Moreira escreveram 50 medidas para um plano de emergência para cortar a despesa pública. Estava lá tudo, mas à ovação académica sobreveio a gaveta política. Mais tarde, o Compromisso Portugal faria propostas na justiça, na segurança social, na saúde, na economia, nas finanças. Nada: os políticos atribuíram-lhes vis intenções e a sociedade colou-lhes nas testas cinco dos sete pecados mortais: vaidade, inveja, gula, avareza e luxúria. Pelo caminho, economistas como Vítor Bento e Eduardo Catroga escreveram receitas. Ainda este mês, o Instituto Sá Carneiro publicou uma síntese de medidas concretas, uma "reprise" do trabalho feito para as eleições do ano passado que o seu próprio partido, o PSD, desconsiderou.

Só obrigados tomaremos o óleo de rícino para as finanças públicas. No passado foi o FMI, no presente são as agências de "rating", que nos acantonaram junto da Grécia, da Irlanda e de Espanha no quarto escuro das preocupações. A Grécia congela, a Irlanda baixa salários, a Espanha aumenta idades de reforma, corta despesa a sério e restringe as entradas na Função Pública em uma entrada por dez saídas. Em Portugal, o Orçamento do Estado para 2010 tem como grandes medidas o congelamento salarial na Função Pública (que não trava o aumento dos custos com o pessoal, por causa das promoções e dos acordos "bilaterais" com os professores), o regresso das entradas condicionados na administração pública de uma entrada por duas saídas (que nunca foi cumprido) e a suspensão de obras públicas. É, já se disse, pouco.

Portugal não tem apenas medo de reformar: tem medo de mostrar que reforma. Veja-se o exemplo das reformas: Portugal fez discretamente o que Espanha anuncia, o aumento da idade média de reforma. Cá, os funcionários públicos aumentaram a idade de aposentação de 60 para 65 anos; e a introdução do factor de sustentabilidade mais não veio que "nomear voluntários" para trabalhar mais anos para não perder nas pensões.

O poder das agências de notação de risco foi por elas desmerecido, mas mantém-se. De pouco vale insultá-las ou com elas reunir para promessas vãs: são agências de "rating", não são agências de "dating". Por elas, por nós, façamos o que é preciso: cortar a direito nas contas públicas para voltar a pensar na economia.

Numa citação famosa, J.D. Salinger, que morreu na semana passada, dizia que a grande diferença entre felicidade e a alegria "é que a felicidade é sólida e a alegria é líquida". A gestação política (do PS, PSD e até do CDS) da nossa economia tem sido uma alegria. Saiamos deste estado líquido. Ou acabaremos liquidados.

Pedro Santos Guerreiro

sexta-feira, 19 de março de 2010

Escutas proibidas e o princípio latino "ne bis in idem"

O jornal hebdomadário SOL noticiou no passado dia 5.02.2010, que o despacho do juiz de Aveiro, com competência no processo “Face Oculta”, referia fortes indícios da prática de crime de atentado contra o Estado de Direito por parte do Governo e Primeiro-Ministro, com base nas escutas a Paulo Penedos e Armando Vara.

Não há, em tal despacho judicial, qualquer referência a escutas com a “intervenção” do Primeiro-Ministro, José Sócrates, mas apenas àqueles dois referidos “alvos”, sem qualquer estatuto processual privilegiado.

Que concluir daqui?

Que quando as certidões do processo de Aveiro são remetidas ao PGR para a competente investigação de tal fortemente indiciado crime por parte do Primeiro-Ministro não havia qualquer necessidade legal de submeter tais escutas à apreciação do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mas apenas o caminho para ser cumprido o dever legal para ser instaurado o devido inquérito criminal contra o Primeiro-Ministro nas secções criminais do STJ, para investigação.

Toda esta manobra do PGR e do pSTJ de anulação das provas que sustentavam os fortes indícios de crime contra o Primeiro-Ministro, com fundamento em que este havia sido “interveniente” nas escutas, não passa de actuação indiciadora de crimes por parte do PGR e pSTJ, numa jogada política para ilibar processualmente o Primeiro-Ministro.

Ou seja: a Justiça portuguesa, ao mais alto nível, não actua segundo a legalidade vigente, mas apenas e segundo interesses políticos, violadores, em elevado grau, da mesma legalidade.

Vale isto dizer, na outra face da mesma moeda, que, se na primeira face se protege quem tem poder político, na segunda se persegue quem denuncia situações como esta ou que faz críticas (devidas, ética e moralmente), a actuações de personagens como estas, das mais altas magistraturas, ou das instituições que estas representam.

É o que se passa no meu “caso”, amplamente divulgado neste blogue, de perseguição política à minha pessoa, enquanto magistrado do Ministério Público, por ser crítico de tal “sistema”.

Assim, tentou a PGR/CSMP “arrumar-me” e destruir-me como crítico “dentro” do “sistema”.

Entre outros processos contra a minha pessoa, enquanto magistrado do Ministério Público, relembro apenas o processo disciplinar que me moveram, por ter dado um despacho – no longínquo ano de 1993 - a ordenar a detenção de um burlão (em mais de 80.000 contos – contos, que não Euros). Primeiro começaram por afirmar que o meu despacho era “ilegal” e que eu quis beneficiar um “amigo”. Assim, aplicaram-me a pena de demissão no ano de 2000 e afastaram-me de funções em 2003, porque me mantinha crítico do mesmo “sistema”.

Houve recurso de tal pena de demissão e, finalmente, em 2007, a secção do STA ANULOU tal pena de demissão, por erro nos pressupostos de facto – isto é que aqueles “factos” dados como "provados" não podiam levar a punição, primeiro porque o despacho era LEGAL e, depois, porque não beneficiou nem podia beneficiar ninguém. Tal ANULAÇÃO contenciosa da pena de demissão foi confirmada pelo Pleno do STA e transitou em julgado em Dezembro de 2008.

Mas a sanha persecutória não ficou por aqui.

Logo a seguir, ainda em Dezembro de 2008, a PGR/CSMP, afirmando executar o julgado, foi buscar os mesmíssimos factos que levaram à pena de demissão anulada e, sem sequer me ouvirem e baseando-se neles, aplicaram-me a pena de aposentação compulsiva.

Há um princípio de direito, com consagração legal (e consagração constitucional quanto a matéria criminal), que diz que nenhuma pessoa poder ser julgada, pelos mesmos factos, pela mesma entidade e no mesmo processo, mais do que uma vez.

É o princípio latino “ne bis in idem.

Mas violaram cruamente este princípio de direito.

Houve recurso, de novo, para o STA e a Secção respectiva, através de um trio de juízes do “sistema”, violando também tal princípio e, num linguajar “jurídico” rebuscado, indeferiu a minha impugnação contenciosa, dizendo agora que eu violei o princípio da igualdade – ou seja, perante um caso urgente, eu devia ter actuado dentro da rotina – em que havia alguns atrasos processuais – sem atender à especificidade do caso concreto, para não ofender o princípio da “igualdade”.

Ou seja: em Portugal não há Justiça!

Há política, ilegal e criminosa, das altas instâncias da “justiça”, quer para “safar” um qualquer Primeiro-Ministro de um inquérito criminal, quer para perseguir um magistrado do Ministério Público incómodo.

Por ora, é este o pequeno resumo que faço das escutas proibidas e do princípio “ne bis in idem”.

Já agora, pensem nisto!


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posted by victor rosa de freitas

Será que isto é liberdade de expressão?

Se não acabarmos com "ele" ele acaba com todos os jornalistas (e já não restam muitos) capazes de diferenciar o Jornalismo Português do Jornalismo da Venezuela !!!

Hail Chávez !!! Hail Socrates !!

O Fim da Linha

Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado no dia (1/2/2010) na imprensa.
in http://www.institutosacarneiro.pt/?idc=509&idi=2500

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/2/nota-da-direccao-de-informacao-da-sic01-02-2010-22219.htm

http://www.publico.clix.pt/Política/jn-afirma-que-o-artigo-de-mario-crespo-nao-era-um-simples-texto-de-opiniao_1420824

quinta-feira, 11 de março de 2010

COMPORTAMENTO: Mentir faz parte de 25% do tempo das pessoas

Talvez o mentiroso mais famoso do mundo tenha nascido da imaginação do escritor italiano Carlo Collodi, em 1883. Feito de madeira, mas com o sonho de ser um menino de verdade, Pinóquio via seu nariz crescer cada vez que falava uma mentira. Para felicidade de muitos meninos de verdade – para não dizer todos! – não é preciso fazer um acordo com nenhuma fada madrinha para evitar mudanças no tamanho do nariz cada vez que uma mentirinha é contada. E são bastante constantes e variadas, pulando de carros para mulheres, de dinheiro para futebol.
O escritor Luis Fernando Veríssimo se prendeu à pergunta para escrever o livro "As mentiras que os homens contam", que foi adaptado ao teatro com o título “Por que os homens mentem?” e interpretado pelo grupo de comédia Nósmesmos. A peça, que estreou temporada em São Paulo e segue até março no Teatro Augusta (Rua Augusta, 943, Cerqueira César), traz dez situações recorrentes do cotidiano em que a mentira se torna fundamental para a sobrevivência dos relacionamentos. Para Juliano Mazurchi, ator e produtor do espetáculo, a mentira aceitável é aquela que permite que você não acabe com o prazer de outra pessoa. "Ser sincero ao extremo pode machucar. Quem diz tudo o que pensa, sem passar por um filtro entre o cérebro e a boca, pode se tornar uma pessoa totalmente inconveniente", opina o ator.
“A cada quatro vezes que as pessoas entram em contato com as outras, em pelo menos uma contam mentiras. Isso significa que a mentira está presente em 25% do tempo”, constata a psicóloga Mônica Portela, em seu livro “Como Identificar a Mentira”. Apesar de não existir um tipo específico de personalidade que tenha maior tendência à mentira, a maioria dos homens assume esse comportamento para criar ou melhorar suas qualidades e, assim, diminuir os defeitos perante os outros. "Muitos homens realmente têm dificuldade de aceitar que não são perfeitos e escondem alguma característica que revelaria sua fragilidade. Temem ser repreendidos por isso", analisa a psicóloga.
E as tais “mentiras sinceras” que Cazuza eternizou na música “Maior Abandonado”? É possível afirmar que existem as famosas mentirinhas saudáveis? É claro que ninguém gosta de ser enganado, mas há de se concordar que, da mesma forma, ninguém gosta de ser magoado. “Acho que mentir, todo mundo mente. É hipocrisia falar o contrário. Mesmo sem pensar, acabamos contando umas mentiras durante o dia, muitas vezes sem maldade, só para evitar discussões”, opina o jornalista Paulo Basile, 22 anos. O fotógrafo Antonio Carrano, 23 anos, é mais incisivo: “Se eu contasse a verdade a todo momento, certamente não teria mais namorada, emprego ou amigos”.
E, se alguns entendem que deixar de falar a verdade seja falta de ética ou de caráter e que demonstra que o homem simplesmente não se importa com a firmeza das suas relações interpessoais – seja no trabalho, na vida afetiva ou no campo da amizade -, outros indicam que a atitude revela exatamente o contrário, que se importam até demais e mentem para não perder a admiração das pessoas. É também a opinião do psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, supervisor clínico da USP (Universidade de São Paulo), que aponta que os homens mentem porque, em geral, as mentiras podem trazer algum alívio momentâneo para a ocasião e têm o papel de atenuar ou prevenir relações conturbadas, desgastadas e situações de estresse.
Quando o assunto entra no campo afetivo, a situação fica ainda mais delicada. Os homens criam versões para determinados fatos a fim de defender sua privacidade, sob a alegação de manter em paz a relação amorosa. “De todo modo, a vida secreta masculina carrega um pouco de tudo. E há segredos que são acompanhados de um toque de rancor, porque os homens se ressentem do ciúme feminino e reclamam quando as mulheres querem mudá-los. Nesses casos, acreditam que omitir informações significa evitar problemas”, revela o psicólogo Waldemar Magaldi Filho. Há mulheres que compartilham das ideias do profissional. É o caso da publicitária Cinthia Tamae, 24 anos, que prefere deixar de saber de certos detalhes que só trazem chateações: “Mentir ou não mentir? Vai cada um. Uma mentira que não prejudica ninguém é até saudável, desde que haja moderação”.
Frases famosas sobre a mentira:
•"A mentira roda meio mundo antes da verdade ter tido tempo de colocar as calças." (Winston Churchill)

•"A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer." (Mario Quintana)

•"Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles." (Adlai Stevenson)
•"O que faz mal não é a mentira que passa pela mente, mas a que nela mergulha e se firma." (Francis Bacon)
•"A mentira arruína rapidamente o mentiroso." (Marcilio Ficino)
•"De tanto se repetir uma mentira, ela se transforma em verdade." (Joseph Goebbels)
•"Nenhum mentiroso tem memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito." (Abraham Lincoln )
•"A mentira é como a bola de neve; quanto mais rola, mais aumenta." (Martinho Lutero
•"Uma mentira vem logo no encalço de outra." (Terêncio)
•"Uma verdade dita com má intenção bate todas as mentiras que se possa inventar." (William Blake)
•"Não ser descoberto em uma mentira é o mesmo que dizer a verdade." (Aristóteles Onassis)
Fonte: UOL Comportamento

segunda-feira, 8 de março de 2010

O orçamento "nim

A abstenção define, pelas razões erradas, a política portuguesa. Os políticos indígenas fazem da abstenção a sua ideologia. Compreende-se e aceita-se: quando nos abstemos de dizer "sim" ou "não", escondemos a nossa falta de ideias. A abstenção é a burka nacional. A abstenção de ideias cria, de resto, o carreirista perfeito, como se pode verificar pelos inúmeros cogumelos que frequentam o Parlamento. A abstenção é o encolher de ombros: os outros que decidam, e se decidirem mal, a culpa há-de ser deles. O novo OGE vai ser aprovado pela ideologia da abstenção. O PP abstém-se, para bem do País. O PSD, entalado pela decisão do PP, terá de se abster porque não pode votar contra, ao lado do BE e do PCP, sob pena de ser excomungado pelo FMI. O Governo, por seu lado, é o abstencionista completo: absteve-se de alterar muitas coisas no OGE que tem de gerir. Este OGE é uma vitória política de Paulo Portas, mas é uma derrota de Portugal. Não é positivo, de estratégia, de tendência para o futuro. É um OGE envergonhado. Não é sim nem não: é "nim". Há quem diga que este é o derradeiro orçamento de Teixeira dos Santos, mas parece mais o último do resto das nossas vidas. Há vida para lá do OGE, mas ela não vai ser muito alegre para Portugal nos próximos tempos. Porque não somos como David Copperfield e não nos conseguimos libertar, sem ruído, das cordas que prendem a nossa economia, a nossa sociedade e a nossa política abstencionista para tomar as decisões fortes que se exigem. Depois deste orçamento, Portugal torna-se o País que não é sim nem não.

“Fernando Sobral”

Cidades milenares

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Ao compreender como as cidades da Grécia antiga eram organizadas espacialmente, os arqueólogos podem descobrir muito sobre os sistemas socais, políticos, econômicos e idológicos daquela civilização. Por isso, desde 2004, um grupo de pesquisadores brasileiros tem se dedicado a estudar o ambiente construído das cidades gregas dos períodos arcaico, clássico e helenístico.
Essa linha de pesquisas ganhou um ponto de referência importante a partir de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP, agora em sua fase final, que permitiu a pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) a estruturação do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca).
Além de reunir instrumentos de trabalho para o aprofundamento de pesquisas de base sobre a Grécia antiga – como um amplo acervo de imagens, vídeos, mapas e material bibliográfico – o laboratório fundado em 2006 servirá para formar recursos humanos em diversas áreas do conhecimento, segundo a coordenadora do Labeca e do Temático, Maria Beatriz Florenzano, professora titular do MAE.
“O objetivo principal do projeto era congregar pesquisadores que trabalhavam com a arqueologia da Grécia antiga, mas não tinham oportunidade de dialogar. Delimitamos um eixo temático comum, com foco na organização do espaço da polis. Esse eixo permitiu uma convergência das várias vertentes de estudos. Desse modo, quem tinha interesse em estudar religião passou a estudar a espacialidade da religião grega e assim por diante”, disse à Agência FAPESP.
A principal conquista do projeto, segundo Beatriz, foi a estruturação do laboratório, que permitiu comprar equipamentos, montar uma biblioteca própria e oferecer a pesquisadores brasileiros acesso à documentação reunida no MAE.
Ela destaca que nos últimos dois anos o projeto recebeu apoio da FAPESP para sete bolsas de treinamento técnico. “Além disso, viajamos duas vezes para o exterior, sendo uma delas com uma equipe de dez pessoas. Como a FAPESP financiou várias das passagens e diárias, houve contrapartida da USP, que se dispôs a auxiliar também. A experiência adquirida pelos alunos e pesquisadores nessas viagens foi inestimável”, destacou.
Outro resultado do projeto foi a produção de um DVD, acompanhado de um livro que sintetiza os estudos realizados em algumas das vertentes de pesquisa. O tema do DVD é a antiga cidade grega de Siracusa, na Sicília, atual Itália.
“A cidade foi fundada 700 anos antes de Cristo e está viva até hoje. As pessoas que moram lá precisam conviver com a Siracusa grega, romana e bizantina. O DVD aborda o comportamento dos habitantes atuais ao interagir com essa antiguidade. A malha viária da cidade, por exemplo, é a malha viária grega, feita há mais de dois milênios”, disse.
Um segundo DVD está sendo produzido. “Lançamos também o site do Labeca, que é um instrumento de divulgação importante, por ser bastante atraente para o grande público. No site, estamos aos poucos disponibilizando parte do nosso banco de imagens”, explicou.
A Editora da USP (Edusp) acaba de editar, também, o livro Estudos sobre a cidade antiga, organizado por Beatriz e por Elaine Hirata, também professora do MAE. A obra reúne textos apresentados no 1º Simpósio do Labeca, realizado em 2007. “O livro é uma boa amostra do caráter multifacetado dos estudos sobre o ambiente construído da antiguidade”, indica Beatriz.
Com a massa documental reunida no laboratório, os alunos e pesquisadores do projeto têm uma base importante para o aprofundamento de estudos sobre a cidade grega.
“Estamos agora entrando em uma fase de consolidação do laboratório. Já oferecemos recursos para dar formação aos alunos que hoje pesquisam aqui desde o nível da iniciação científica até o pós-doutorado. Esse pessoal desenvolve pesquisa em conjunto com nossos pesquisadores de nível sênior”, disse Beatriz.
Segundo ela, as mídias digitais são especialmente importantes para os estudos relacionados com a organização espacial das cidades. “Durante as viagens, pudemos fotografar e filmar, in loco, sítios arqueológicos gregos de extrema importância. As mídias digitais são um instrumento importante para que possamos disponibilizar essa documentação visual imensa”, afirmou.
Mais pesquisas
O material disponibilizado pelo laboratório, destaca Beatriz, é uma fonte interminável para novos estudos. A casa grega, por exemplo, pode inspirar inúmeras abordagens de pesquisa.
“Temos uma rica coleção de imagens das casas gregas do período arcaico, clássico e helenístico. Essa coleção pode suscitar muitos temas de pesquisa: pode-se, a partir dela, detectar hierarquias sociais no interior da casa, ou estudar o espaço da mulher na casa, por exemplo. Com isso, vamos cercando a história da Grécia e preenchendo lacunas”, disse.
A longo prazo, o laboratório deverá aumentar o número de pesquisadores especializados no estudo sobre a Grécia antiga. “No Brasil temos muitos especialistas na história de Roma. Em relação à Grécia, temos muitos especialistas em filosofia e em letras. Mas a história da Grécia não é tão comum. A consequência é que o conteúdo sobre a história grega que circula no Brasil corresponde a uma historiografia do começo do século 20, bastante desatualizada”, afirmou.
Segundo a coordenadora do Labeca, a arqueologia incorporou muitos elementos da chamada escola dos Annales, ou História Total – um movimento historiográfico que se interessa por toda a atividade humana, buscando uma unidade das ciências humanas –, e da Nova História, que se interessa pelo cotidiano. Essa tendência também se reflete nas diversas abordagens das pesquisas do Labeca. No entanto, a abordagem predominante no laboratório é a arqueologia da paisagem.
“Entendemos que a paisagem é uma construção do homem. Por outro lado, essa construção interfere no próprio cotidiano humano. Trabalhamos com uma visão macro da distribuição da sociedade no espaço. Não tratamos das casas, por exemplo, de forma isolada. Trabalhamos sua disposição nas ruas e investigamos o que essa disposição significa em termos de organização da sociedade”, disse.
Os estudos são essencialmente multidisciplinares. “Temos arqueólogos e historiadores, principalmente, mas fazemos muitas consultas a geógrafos, porque precisamos de dados sobre a espacialidade. Temos também uma interface muito forte com arquitetos e urbanistas”, disse Beatriz.
“Além disso, temos muita gente com formação em letras e conhecimento do grego antigo. Estamos fazendo uma vasta pesquisa sobre os termos e conceitos gregos relativos ao espaço. Esse glossário remete para um banco de dados que já tem mais de 600 termos – os principais já foram colocados no site”, destacou.