quarta-feira, 20 de julho de 2011

Governo Passos Coelho – Comediantes involuntários

Governo Passos Coelho – Comediantes involuntários


Lacaios, há-os para todos os gostos, vêm em todos os tamanhos. Uns, limitam-se a ser, silenciosa e tristemente, lacaios. Outros, fazem questão de mostrar que o são, lambendo as botas aos seus senhores... e fazendo votos de que estes sujem novamente as botas, para as poderem lamber de novo. Outros, finalmente, em cima de tudo isto, ainda pretendem ter graça. Explico-me. O ministro das “finanças” (soa toque de finados...), o Sr. Vítor Gaspar, numa intervenção qualquer num canal de televisão (sem link), perguntado sobre a razão porque não respondia a determinada questão, respondeu mais ou menos isto: «Não respondo por falta de vontade de responder, mas sim por ter muita vontade de responder... mas como esse tema não está na agenda desta reunião, tenho que controlar a minha tentação». ...e ficou parado, a olhar para os jornalistas, com aquela espécie de sorriso idiótico que faz fronteira entre uma piada e um fiasco. Entretanto, aproveitou para se gabar dos cerca de 180 segundos que os patrões europeus lhe deram para jurar a pés juntos que fará rigorosamente tudo o que eles mandarem... antes de o despacharem... ainda que, com uma «simpatia absolutamente inexcedível». Já o caso do primeiro-ministro é mais rebuscado. Prometeu e reitera a intenção de não se queixar da “pesada herança” do governo anterior... enquanto se vai queixando do «desvio colossal» que encontrou nas contas (deve ser ainda o mesmo “desvio” encontrado por Sócrates há seis anos). Trata-se, portanto, de uma espécie de comédia de enganos, género “Falar verdade a mentir”. Promete clareza, transparência e verdade... enquanto mente. Promete decisão e coragem (casos da privatização da RTP e da extinção de freguesias, por exemplo)... enquanto se acobarda. Promete não aumentar os impostos... enquanto na primeira oportunidade, decide roubar cerca de metade do subsídio de Natal a milhões de portugueses. Se não fossem sempre os mesmos a pagar os custos da montagem destas comédias governamentais, este “desvio colossal” da verdade e da mais básica vergonha na cara, até seria, vá lá... engraçadinho. Assim, francamente... 

Samuel Quedas

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