sexta-feira, 30 de maio de 2008

QUERER-TE

Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã, só para te ver passar.
Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice, as tuas palavras.
Querer-te é também não me veres, se por acaso alguém está perto.
Querer-te é haver sol e vento e estrelas. É o verde das acácias e das palmeiras e as rosas de Jericó alinhadas até à ponta das dunas.
Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa, as tâmaras, a voz da grande Kolthoum vinda de uma janela num cântico apaixonado ao Nilo.
Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite! E é o teu corpo nu, exausto, branco como um templo, porque todos os corpos são um templo no solo consagrado que há.
Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil e dançante caminhar das mulheres, a fonte, as águas.
Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer.

Victor Oliveira Mateus

OS MISTÉRIOS DA ENTREVISTA DE SELEÇÃO

De todos os instrumentos utilizados num processo seletivo, a entrevista de seleção é considerada a ferramenta mais importante. Por meio dela é possível identificar se o candidato possui ou não o perfil adequado ao cargo e à cultura da organização.
É imprescindível treinar-se para as entrevistas. “Caso não pratique o candidato cometerá todos os tipos de erros. E mesmo sendo extremamente qualificado para o cargo, poderá não conseguir a vaga devido ao mau desempenho”.
Para começar, prepare-se para responder a perguntas básicas e que, certamente, estão presentes em todos os processos seletivos. São elas:

- Fale-me sobre o se maior sucesso profissional.

- Mencione o seu traço de personalidade mais marcante.

- Quais os principais resultados obtidos na sua carreira?

- Quais são as suas ambições para o futuro?

- O que você sabe sobre a nossa empresa?

- Por que você está procurando um cargo na nossa empresa?

- Que qualificações você tem que o fariam ser bem sucedido aqui?

- O que é mais importante para você no trabalho?

Existem hoje vários tipos de entrevistas: as já conhecidas, feitas pessoal e individualmente; as realizadas em grupo; pelo telefone; em Inglês; pela Internet, numa espécie de Chat, e até em restaurantes, durante um almoço. E se você está pensando que tudo isso é feito para te pegar de surpresa, acertou! A idéia é mesmo essa.
A entrevista pessoal é uma das técnicas mais eficazes e baratas que pode ser utilizada num processo seletivo. No entanto, ela não é tão simples como parece ser, ou seja, não basta simplesmente seguir um roteiro de perguntas pré-determinadas. É preciso ir além e ter a sensibilidade para captar o que não foi dito, é preciso sentir o que o candidato provoca no selecionador, é claro que não é possível avaliá-lo única e exclusivamente pela impressão causada, mas sem duvida a primeira impressão é fundamental em todo o contexto da avaliação. É através do contato com o candidato que o selecionador poderá “sentir” se ele está ou no compatível com o perfil exigido para o cargo em questão.
E sempre vale lembrar...
Algumas atitudes são básicas, como chegar por volta de cinco ou dez minutos antes do horário agendado, estar formalmente trajado e as mulheres, em especial, devem tomar cuidado com roupas e acessórios chamativos. Estar sorridente e confiante também são fatores importantes.
É fundamental que o candidato vá para a entrevista tendo argumentos do porquê deve ser contratado por uma determinada empresa, ou seja, em quê as suas qualificações podem contribuir para o desenvolvimento da organização e não o contrário. Esse é o ponto central do selecionador. Nesse momento, realizar uma pesquisa sobre a empresa é um recurso indispensável, pois ajudará o profissional a demonstrar o seu interesse pela empresa e consequentemente fazer parte da mesma.

‘Rocha & Coelho’

EXISTENCIALISMO

Ele faz poesia porque morre de medo do tiro no ouvido. E se esquece da extrema poeticidade do suicídio. Que tolo! Que é então o poeta senão um suicida reincidente?

Antonio Mariano Lima

quinta-feira, 29 de maio de 2008

HONDURAS

Esse país da América Central foi descoberto por Cristóvão Colombo no dia 14 de Agosto de 1502, na quarta viagem do navegador ao Novo Mundo. Em terra firme, ele e a sua tripulação deram graças por terem se livrado de uma terrível tempestade e também das honduras que tornavam inútil lançar âncora, que ficaria boiando – em espanhol, honduras quer dizer profundidade. Não por acaso, essa área é hoje o Cabo Grácias a Diós. A Capital do País é Tegucigalpa, vocábulo derivado de palavra indígena que significa montanha de prata.
Tal como os seus vizinhos da América Central, é nação de exuberante cultura, povo hospitaleiro, conhecido por sua alegria de viver. Tornou-se independente do México e depois da Federação Centro-Americana em 1838. para muitos é um pedaço do paraíso em terras americanas...

‘Márcio Cotrim’

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A PONTE DA MEMORIA

O vento passavoante pássaro voante sob o arco-da-velha sob o arco da ponte. Baloiça os pés de oitis, joga confete com suas folhas e empurra o casario antigo com suas: arcadas dóricas volutas jônicas ogivas góticas sacadas exóticas com suas parábolas e abóbadas. O vento passalígero passalísio e empurra o casario antigo que navega parado no tempo que navega como um mar que navegasse sob um navio ancorado que se deixasse navegar. Meu sonho de malas prontas é passageiro e tripulação do casario – navio que navega ao se deixar navegar.

Elmar Carvalho

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

AMOR…

Qual o sentido da vida? O amor é o único sentido. Tudo o que vive não vive sozinho, nem pra si mesmo...
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde. Infelizmente, ás vezes, não percebemos isso e passamos a nossa existência colecionando nãos, a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa a que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora...
Não tenha medo do futuro, apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

‘Normam Cruisin’

CADÊ AS MINHAS CORES?

Cadê o azul, com que eu pintava sonhos,
e o verde, que enfeitava a minha crença,
e o vermelho das rosas, e a presença
do amarelo dos cravos mais bisonhos?

Cadê a cor das cinzas tão tristonhas,
efeitos do color da indiferença, cadê a cor sem cor da desavença, a preta, de meus medos mais medonhos?

Cadê o roxo, colorindo odores
das violetas, encantando amores,
cadê açor d paz, da despedida?

Cadê as cores dom jardim das flores,
e as colores gentis das outras cores
dos antigos painéis da minha vida?

‘Ronaldo Cunha Lima’

“MEIN KAMPF” - HITLER NA ÁUSTRIA

Começaram na Áustria as filmagens de um filme sobre a vida do jovem Adolf Hitler em Viena antes da 1ª Guerra Mundial.
Na película, dirigida pelo Suíço Urs Odermatt, o futuro ditador nazi-fascista acaba de se mudar para uma pensão, onde divide um quarto com dois judeus e sonha com uma carreira como artista.
O titulo do filme, “Mein Kampf”, foi tirado do livro escrito por Hitler anos depois, no qual ele descreve as suas teorias nazistas.
O filme “Mein Kampf” é versão de uma peça do dramaturgo Húngaro e judeu George Tabori que criou uma visão irônica da vida de Hitler com vinte e poucos anos. Na obra, Hitler tenta ser aceite na escola de artes de Viena, mas não consegue e acaba tentando o suicídio. Quem o salva do afogamento no Rio Danúbio é um judeu.

DA ETERNIDADE

A eternidade é feita de pássaros que riem do vôo em falso dos homens a planar além dos rochedos é anoitecer desinteressada perenidade é não precisar de relógio para se descobrir presente nem contemplar o que o passado fez invisível do tempo o que há de mais seguro no alvará da incerteza que levita? O futuro tem asas repete o poeta timidamente.

Antonio Mariano Lima

DE ESGUELHA

Três copos de chuva dançam o peito alegre do tempo já não mais sorri dois pingos de sol cantam o olho mareado do dia já não mais sorri um suspiro de vento baila o braço cansado da noite já não mais sorri três braços de cansaço duas marés de olhos uma alegria do peito na chuva sorridente no sol sorridente no vento sorridente chega um tempo de não mais sorrir hora de dançar na chuva hora de cantar ao sol hora de bailar com o vento chega um tempo de esquecer o tempo de penetrar o tempo e de viés ser o tempo por vir como os sol enamorado da chuva como o vento apaixonado pela noite ser quem sabe só como de viés a vida sabe ser.

Leontino Filho

ENTRE AMORES E DORES

É possível dizer a alguém para não amar, para não sofrer, para não chorar, para escolher a quem vai amar?
Não, o coração não tem lógica, não tem juízo, se entrega e, entre dores e amores, vice... e quando o amor acaba, nos fechamos na dor, na solidão, até que a ferida sare, e mesmo com uma enorme cicatriz, recomeçamos o ciclo: novo amor, nova decepção, nova dor... Então, o que fazer?
Deixar de sentir, anular os sentimentos, calar a vida que teima em pulsar nas veias, o sangue a correr quente pelo corpo levando a esperança por todos os poros, impulsionando a continuar? Ou simplesmente ignorar todas essas emoções e vegetar numa redoma protegido de tudo, de todos, mas principalmente protegido de si mesmo?
Temos poucas escolhas na vida: ou vivemos apegados ao ontem, ao passado ou damos uma chance ao amanha, ao futuro. Não existe terceira opção, estagnar, segurar o tempo no presente é impossível. Ou paramos ou seguimos, e muitas vezes o presente não vale a pena segurar. Não existe “se” na vida prática; é sim ou não, talvez nem pensar, “se” eu não fugisse, “se” eu não tivesse dito, “se” eu isto ou aquilo, “se” o caminho escolhido fosse o outro e no este.
Por que alguns conseguem e outros não? Porque são mais corajosos, se arriscam mais, vão à luta sem medo e mesmo perdendo não desanimam, enquanto outros se acovardam ficm com medo de tentar, abaixam a cabeça, encolhem os ombros medrosos, deixam que a vida os leve à mercê como uma folha carregada pelo vento.
Então, não deixe que o medo faça com que você pare no tempo. Vá à luta!

‘Brígida Brito’

ENTUSIASMO

Os dicionários apresentam a palavra entusiasmo como palavra de origem grega composta dos termos “En Teós” que na antiguidade, significava exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina. O entusiasmo pode ser visto no vigor ou veemência, no falar ou no escrever, flama, exaltação criadora.
Segundo os gregos, só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do cotidiano. Assim, o entusiasmo é diferente do otimismo. Otimismo significa acreditar que uma coisa vai dar certo. Entusiasmo é agir com determinação para fazer dar certo o que planejamos. Entusiasmada é a pessoa que acredita em si.
Só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasticamente! Se formos esperar ter as condições ideais primeiro, para depois nos entusiasmarmos. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o entusiasmo que traz o sucesso. Todos conhecemos pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar, para depois, se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com alguma coisa. O entusiasmo é que traz a nova viso da vida.
Gostaria de perguntar a você:
Como vai seu entusiasmo pelo seu trabalho, pela sua família, pelos seus filhos, pelo seu país e por sua missão nesta terra. Se você é daqueles que acham impossível entusiasmar-se com as condições atuais, credite: jamais sairá dessa situação. Hoje é necessário acreditar em você. Deixe de lado todo o negativismo, deixe de lado o ceticismo.
Abandone a descrença e seja entusiasmado com a sua vida.
Você verá a diferença!

‘Brígida Brito’

FELIZES OS NORMAIS

Felizes os normais, esses seres estranhos. Os que não tiveram uma mãe louca, um pai bêbedo, um filho delinquente, Uma casa em parte nenhuma, uma doença desconhecida, Os que não foram calcinados por um amor devorador, Os que viveram os dezassete rostos do sorriso e um pouco mais, Os cheios de sapatos, os arcanjos com chapéus, Os satisfeitos, os gordos, os lindos, Os rintimtim e os seus sequazes, os que como não, por aqui, Os que ganham, os que são queridos até ao fim, Os flautistas acompanhados por ratos, Os vendedores e seus compradores, Os cavaleiros ligeiramente sobre-humanos, Os homens vestidos de trovões e as mulheres de relâmpagos, Os delicados, os sensatos, os finos, Os amáveis, os doces, os comestíveis e os bebíveis. Felizes as aves, o esterco, as pedras. Mas que dêem passagem aos que fazem os mundos e os sonhos, As ilusões, as sinfonias, as palavras que nos desbaratam E nos constroem, os mais loucos que as suas mães, os mais bêbedos Que os seus pais e mais delinquentes que os seus filhos E mais devorados por amores calcinantes. Que lhes dêem o seu sítio no inferno, e basta. Roberto

Fernández Retamar

FETICHE

O corpo, não. Os significados; a possibilidade do seiobjeto conter a fantasia; a parte pelo todo: o tomo. A palavra, não. Os significantes; a possibilidade do verbobjeto conter a utopia; a metatese: o poema nunca se diz todo.

Sandra Regina S. Baldessin

GREAT A LOVER

I have been so great a lover: filled my days So proudly with the splendour of Love's praise, The pain, the calm, and the astonishment, Desire illimitable, and silent content, And all dear names men use, to cheat despair, For the perplexed and viewless streams that bear Our hearts at random down the dark of life. Now, ere the unthinking silence on that strife Steals down, I would cheat drowsy Death so far, My night shall be remembered for a star That outshone all the suns of all men's days. Shall I not crown them with immortal praise Whom I have loved, who have given me, dared with me High secrets, and in darkness knelt to see The inenarrable godhead of delight? Love is a flame; we have beaconed the world's night. A city: and we have built it, these and I. An emperor: we have taught the world to die. So, for their sakes I loved, ere I go hence, And the high cause of Love's magnificence, And to keep loyalties young, I'll write those names Golden for ever, eagles, crying flames, And set them as a banner, that men may know, To dare the generations, burn, and blow Out on the wind of Time, shining and streaming... These I have loved: White plates and cups, clean-gleaming, Ringed with blue lines; and feathery, faery dust; Wet roofs, beneath the lamp-light; the strong crust Of friendly bread; and many-tasting food; Rainbows; and the blue bitter smoke of wood; And radiant raindrops couching in cool flowers; And flowers themselves, that sway through sunny hours, Dreaming of moths that drink them under the moon; Then, the cool kindliness of sheets, that soon Smooth away trouble; and the rough male kiss Of blankets; grainy wood; live hair that is Shining and free; blue-massing clouds; the keen Unpassioned beauty of a great machine; The benison of hot water; furs to touch; The good smell of old clothes; and other such The comfortable smell of friendly fingers, Hair's fragrance, and the musty reek that lingers About dead leaves and last year's ferns...

Rupert Brooke

LIDERANÇA GENUINA

A figura do chefe autoritário, centralizador, está cada vez mais desvalorizada. O mercado busca verdadeiros líderes, reconhecidos como “desenvolvedores” de pessoas. São profissionais que sabem transmitir claramente os objetivos e conduzir a resultados, extraindo o melhor de cada membro da equipe.
Líderes genuínos motivam, envolvem e inspiram o grupo, lapidando talentos e descobrindo novos potenciais, numa relação onde todos ganham.
Então, liderança genuína é a arte de lapidar talentos, capacitar pessoas a formar novos líderes.

‘Rocha & Coelho’

MARITIMA

Do mar eu trouxe o vento que dança em torno de meus cabelos. Trouxe este meu cheiro de sal, mariscos e maresia. Vaqueiro fui e fazendeiro de estrelas-do-mar que subiram ao céu para formar constelações e galáxias. Nas pontas agudas de meus dedos cintilam fogos-de-santelmo. Meus olhos têm o brilho que roubei das ardentias. Os relâmpagos das procelas pousaram nas minhas mãos e nelas se aninharam. Do ritmo do mar eu trouxe os meus gestos e o meu jeito de falar. Num lance de búzios joguei minha cartada final em que fui anjo terminal. Do mar eu trouxe a cantiga do vento na voz dos búzios. Sobre o dorso de alados cavalos-marinhos pesquei sereias malévolas que me encantaram e depois fugiram. No vai-e-vem das ondas busquei o meu gesto de posse e devolução. Trouxe o meu beijo temperado no salamargo de suas águas. Trouxe tesouros sepultos nas covas do coração. Com o mar aprendi meu modo de caravelo: meus dedos são filamentos que machucam sem querer, que ferem sem ter por quê. Trouxe caracóis que se (con)fundiram com os caminhos labirínticos que trilhei. Louros, nunca os tive, exceto algas em meus cabelos. Arrebatado por navios fantasmas conheci várias e inefáveis dimensões. Nadei contra as correntes marinhas, mas a elas cansado me entreguei, despojado da púrpura e do cetro com que havia lutado. Trouxe do mar as conchas ilusórias - multiformes e multicores - com que minha vida enfeitei. Mas sobretudo trouxe a vida na alegria das chegadas e na tristeza das despedidas.

Elmar Carvalho

terça-feira, 20 de maio de 2008

BENEFICIOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO; VANTAGENS E DESVANTAGENS

Seja na vida profissional ou pessoal, vivenciamos no século XXI o rápido avanço tecnológico onde a informática e as telecomunicações estão inseridas cada vez com maior freqüência nas tarefas do dia-a-dia, atingindo importância relevante – automaticamente nos servimos deste suporte tecnológico, por vezes até sem perceber...
Não podemos esquecer que, apesar da globalização ser um fator acelerador na necessidade de comunicação e, vermos assim acentuada a necessidade de comunicação universal, pode estar embutido um certo risco quando o assunto é o aprendizado. Não se pode focar somente em tecnologia em detrimento à qualidade do ensino.
Qual é o histórico do ensino á distancia?
Diferentemente do que se pensa, a educação á distancia não tem o seu começo na história marcado pelo surgimento das novas tecnologias. Alguns autores apontam que a experiência mais antiga de educação á distancia da qual tem conhecimento são os manuscritos, como as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo.
A invenção de Guttenberg, a máquina de impressão, proporcionou o primeiro avanço tecnológico para a evolução da educação á distancia. Com esse advento, a palavra escrita poderia ser reproduzida em larga escala. A partir do final do século XVIII, com o grande desenvolvimento do serviço postal na Europa, surgiram as primeiras experiências de educação por correspondência. No decorrer do século XIX até meados do século XX, esta era a única forma de educação á distancia da qual se tinha conhecimento.
A partir de então, a educação á distancia passou a ser influenciada pelos novos meios de comunicação de massa: o rádio, e depois, a televisão. Através desta tecnologia, com a disponibilização de som e imagem, a sala de aula poderia ser reproduzida e enviada para a residência e/ou escritório do aluno.
Com o surgimento da tecnologia da comunicação mais sofisticada, as redes de computadores, as correspondências eletrônicas e a Internet passam a ser as principais alternativas de comunicação entre alunos e professores, bem como entre grupos de alunos.
Como o e-learning deve ser apresentado e suas vantagens...
Enquanto consumidor, é preciso que se faça uma análise geral da proposta apresentada.o programa de aprendizado deve incluir recursos institucionais que no sejam simplesmente uma reprodução do que ocorre no espaço físico, na sala de aula. Não basta haver só a transferência de cnal de comunicação. É claro que o conteúdo comunicativo de aprendizado é o mesmo, mas deve proporcionar, além das tradicionais lições e textos para leitura, atividades interativas, tais como simulações e testes baseados em fatos reais.
Uma grande vantagem é a possibilidade da constante revisão e atualização do conteúdo programático, imenso se comparado aos dados contidos nos livros, que não aceitam atualizações e ficam ultrapassados rapidamente. A multimídia, utilizada na composição do programa, é mais um recurso motivador no e-learning.
Com o e-learning é possível acomodar a agenda e a disponibilidade do aprendizado é de 24 horas por 7 dias por semana. Basta ter disciplina (Está aqui o grande desafio, aprender a ter disciplina, característica comportamental de extrema importância para o sucesso do ensino á distancia).
E como fica a sala de aula face ao e-learning? E as desvantagens?
Embora o e-learning tenha muito a contribuir, ele não significa em absoluto o final do aprendizado em sala de aula. Resultado de pesquisas sobre o ensino e aprendizado aponta que as pessoas aprendem melhor quando podem interagir umas com as outras, pois elas têm a oportunidade de ir além da interação com o conteúdo: a troca de informações e compartilhamento de conhecimentos, bem como a interação do professor possibilitando correções inerentes ao processo de aprendizagem, é insubstituível!

‘Rocha & Coelho’

segunda-feira, 19 de maio de 2008

UM BOM MOÇO QUE DEU CERTO…

“Nesta terça-feira, dia 20 de Maio de 2008, o cinema comemora o centenário de um dos maiores actores da sua história:
James Stewart, a imagem da ética.
Alguém especial um dia disse:
É um bom marido. Um bom pai. Um patriota. Um filantropo. Foi líder dos escuteiros. Obviamente que é, um actor genial: James Stewart”.

Uma história ilustra bem quem foi James Stewart. E um dia de 1941, o pai do actor, em Indiana, ligou para ele e disse: “Ouvi falar que você ganhou um premio. Mande-o para cá para eu o colocar na vitrine da loja”. E assim o Oscar que Jimmy venceu por “Núpcias de Escândalo” (1940) ficou anos a fio na vitrine da loja de ferragens do velho Alexander. Fatos como esse e papeis como os de “A Mulher Faz o Homem” (1939) e “A Felicidade Não se Compra” (1946) sedimentaram a imagem que se tem hoje dele: o bom moço definitivo de Hollywood, que, se estivesse vivo faria cem anos hoje.
Não é à toa. Jimmy já era um astro com o Oscar na vitrine da loja do pai quando se alistou no exercito americano, para lutar contra os nazistas na IIª Guerra Mundial – foi aviador, entrou em combates e terminou a guerra como coronel.
Ele se casou em 1949, aos 41 anos, com a modelo aposentada Gloria McLean – adotou os dois filhos dela, tiveram mais duas gêmeas e permaneceram casados e felizes até a morte dela, em 1994. Encabeçou um evento de caridade anual que rendeu milhões de dólares em donativos para um hospital infantil, desde 1982. e foi até um apoiador do escotismo!
Não é â toa que o publico só se lembra de seus papeis éticos e humanistas. Como o Ransom Stoddard, de “O Homem Que Matou o Facínora” (1962), determinado a levar a civilização a uma cidade sem lei do Oeste e não responder à violência com mais violência. Ou o George Bailey, que passa a vida ajudando os amigos e, numa hora de desespero, vê como seria terrível sua cidade se ele não tivesse existido. Ou Jefferson Smith, o líder dos escoteiros, alçado a senador sem saber que estava sendo usado em uma maracutaia – e enfrenta a corrupção com um discurso antológico.
Ele deveria ter ganho o Oscar aí, mas perdeu – por isso, é consenso que sua vitória pela boa atuação em “Núpcias de Escândalo” foi mais uma tentativa de se fazer justiça pela derrota no ano anterior. Os seus westerns com Anthony Mann, Winchester 73 (1950); e “O Sangue Semeou a Terra” (1952); “Um Certo Capitão Lockhart (1955) mostraram um tipo atormentado e obcecado.
A faceta obsessiva apareceu com destaque em dois filmes com Alfred Hitchcock, “Janela Indiscreta” (1954) e “Um Corpo que Cai” (1958). Era amigo dos diretores: com Hitchcock foram quatro filmes; com Frank Capra, outros quatro; com Anthony Mann, oito.
Entre os atores, seu grande amigo foj Henry Fonda. Começaram juntos a carreira nos palcos – Jimmy era formado em arquitetura, mas resolveu seguir carreira no teatro. Foram na mesma época para Hollywood e continuaram amigos por toda a vida, não por acaso, Fonda foi outro grande moço de Hollywood.

James Stewart fundamental

DO MUNDO NADA SE LEVA
(1938)
O primeiro dos três filmes em que Jimmy é dirigido por Frank Capra.


A MULHER FAZ O HOMEM
(1939)
Uma das suas grandes atuações, indicada para o Oscar, com Capra: Um senador honesto no meio da corrupção.


A LOJA DA ESQUINA
(19409
Estrela, com Margaret Sullavan, a comedia romântica de Ernst Lubitsch, refilmada como “Mensagem para Você”.


NÚPCIAS DE ESCÁNDALO
(1936)
Jimmy disputa Katharine Hepburn com Cary Grant. Perde a garota, mas ganha o Oscar de melhor actor.


A FELICIDADE NÃO SE COMPRA
(1946)
De novo com Capra, e indicado para o Oscar: o bom George descobre o que seria da sua cidade sem ele.


FESTIM DIABOLICO
(1948)
Primeiro dos quatro filmes em que é dirigido por Hitchcock: é o professor que descobre que dois alunos são assassinos.


WINCHESTER 73
(1950)
Este é o Western que é o primeiro dos oito filmes com Anthony Mann e onde também começa a interpretar o tipo atormentado.


MEU AMIGO HARVEY
(1950)
Quarta indicação para o Oscar, como o homem que diz ser amigo de um coelho gigante invisível.


O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA
(1952)
Aparece o tempo todo a maquiagem de palhaço no filme de Cecil B. DeMille.


MÚSICA E LÁGRIMAS
(1953)
Interpretou Glenn Miller na cinebiografia do bandleader dirigida por Anthony Mann.


JANELA INDISCRETA
(1954)
É o fotografo de perna quebrada, e que namora Grace Kelly, em um dos seus maiores clássicos, e de Hitchcock.


O HOMEM QUE SABIA DEMAIS
(1956)
Terceiro filme com Hitchcock, ele e Doris Day são os pais do menino seqüestrado por bandidos.


UM CORPO QUE CAI
(1958)
É o detetive que tem medo de alturas e se apaixona pela mulher que investiga, no quarto filme que fez com Hitchcock.


ANATOMIA DE UM CRIME
(1959)
Quinta nomeação para o Oscar, como o advogado que tenta defender o marido de Lee Remick de homicídio.


O HOMEM QUE MATOU A FACÍNORA
(1962)
É o advogado idealista que enfrenta a terra sem lei de uma cidade do Oeste, no filme de John Ford.

James Stewart - A Tribute

http://br.youtube.com/watch?v=AWx6rxLpnWQ

http://br.youtube.com/watch?v=kl_q8VMkxvk&feature=related

http://br.youtube.com/watch?v=blToNTt8DAs&feature=related

http://br.youtube.com/watch?v=AIEk-1g_D8A&feature=related


Trabalho realizado com o apoio de pesquisa de Renato Félix.

POR QUE SERÁ QUE OS CABELOS E AS UNHAS AINDA CRESCEM NO PÓS-MORTE

Parece mágico,mas é verdade. Pode, inclusivamente, parecer assustador, mas tem explicação cientifica. A resposta, conforme especialistas está nas células. Isso mesmo. Nas células. O tema é recorrente em filmes de terror: abre-se o caixão e depara-se com um defunto apodrecido com unhas e cabelos compridos.
Mas por qual motivo, afinal, o cabelo e as unhas continuam crescendo depois que morremos?
A morte cerebral ou parada cardíaca do ser humano é diferente da morte das células. Segundo os especialistas na matéria, as células ainda continuam vivas depois que a pessoa é considerada morta.
O corpo humano é composto por diferentes células e cada uma delas possui um tempo de viabilidade diferente, tanto que é possível fazer transplante de órgãos e mantê-los preservados após a retirada.
As unhas e o cabelo continuam a crescer após a morte, mas este estímulo pára algum tempo depois porque as reservas do organismo se exaurem.
É difícil estipular o tempo exato para o final do crescimento, e acredita-se que não exista uma diferença significativa entre os diferentes tipos de pessoas e peles.

O ESTRANGEIRO PERPLEXO

O estrangeiro que chega ao País sem passar pela ponte que liga o lado da ficção à banda da realidade toma um susto: o Brasil está sendo passado a limpo. Organismos policiais, escudados na maior rede de espionagem da história pátria, estouraram máfias e arrebentam fronteiras de corrupção. Operações se sucedem, cada uma com direito a nome fantasia para tipificar o evento, sem limitações de espaços e perfis. Políticos, empresários, profissionais liberais, pessoas de todos os calibres são captadas pela gigantesca lupa da mais contemporânea extensão orwelliana do Big Brother. O Estado moral se impõe, absoluto, jogando no leito surpreendentes, alguns de nítido caráter espetaculoso, com presos algemados, entre eles advogados, figuras que por dever de oficio, jamais se arriscariam a correr se estivessem de punhos livres. O estrangeiro nem desconfia que, simbolicamente, a algema é um traço que separa o passado do presente. É isso que o selo lulista quer passar.
As estruturas a serviço do Estado moral lubrificam mecanismos de vigilância e estendem seus tentáculos sobre os mais recônditos abrigos da corrupção. O Ministério Público, povoado por jovens promotores, alguns tocados pela chama cívica, aciona dispositivos e faz subir aos céus uma montanha de denúncias. No se lhes tira o mérito de contribuírem para a limpeza ética nos devastados terrenos da administração pública. Fica, porém, patente a existência de dois grupos um composto por perfis guiados por padrões éticos, outro encantado com o brilho midiático, pronto a ilustrar a galeria do Estado espetáculo. O próprio Judiciário entra na campanha moralizadora, não economizando locução. Nos últimos tempos, tornaram-se freqüentes manifestações de teor polemico emitidas por membros da alta magistratura, nos vazios abertos pelo Parlamento Nacional, e a titulo de interpretar pontos obscuros da legislação, particularmente no campo partidário.
No afã de implantar uma reforma de costumes na arena eleitoral, o bem-intencionado ministro Carlos Ayres Brito, novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, promete aprumar o olho em direção a candidatos de ficha suja. Parte do pressuposto de que alguém envergando a tarja de processos criminais e de improbidade administrativa não pode entrar no vestibular das eleições. Põe em xeque o consagrado principio do direito penal: um candidato só se torna inelegível se for condenado com sentença transitada em julgado. O ministro vale-se do inciso 9º do artigo 14 da Constituição federal, que manda considerar “á vida pregressa do candidato”. A discussão está posta às vésperas do pleito municipal, em que milhares de candidatos com fichas manchadas entrarão de qualquer jeito, até por saberem que a nossa Justiça é lenta como tartaruga.
Como o estrangeiro desta narrativa é um anglo-saxão de cultura racional começa, no entanto, a desconfiar de que, por aqui, a seriedade tem um quê de deboche. Ele se pergunta por que o Presidente da Republica passa todos os dias da semana em palanque perorando sobre um filho de nome pomposo – Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – e apresentando ao povo a mãe do rebento e candidata in pectore à Presidência da Republica, ministra Dilma Rousseff. Surpreende-se quando descobre que a campanha presidencial será apenas em 2010. fica mais embasbacado quando consta que, de R$ 17,2 bilhões já autorizados para se gastarem no PAC este ano, apenas R$ 1,9 Bilhão foi empenhado e, deste, apenas R$ 13,7 milhões pagos.
Pergunta a um interlocutor o que significa a frase presidencial gritada num púlpito do Piauí: “Ninguém segura este País”. É dito a ele que se trata de um bordão muito conhecido nos tempos da ditadura militar. E no instante em que o “como assim?” engasga na garganta do estrangeiro, a ele se explica que a frase pertence ao vocabulário ufanista, em que abundam paradoxos e superlativos. Não deveria ser levada a serio. Até porque o atual governo sabe que há máquinas obsoletas que seguram o País, impedindo mudanças. Os portos oferecem estrutura defasada. A malha viária é um quebra-molas da logística. A navegação aérea retrocedeu. O sistema ferroviário não evoluiu. O saneamento básico racha a cara da cidadania. A burocracia enfeita o paternalismo com florestas de papel e tinta. A carga tributária apunhala setores produtivos. O cipoal normativo sufoca o empreendedorismo. A segurança jurídica é frouxa. As agencias reguladoras continuam à procura de uma biruta. E o assistencialismo em forma bruta detém o avanço. Enfim, cai a ficha do nosso visitante.

‘Gaudencio Torquato – Cientista, político e professor da Universidade de São Paulo.

O ACTO DE ESCREVER - O TEXTO

Qualquer pessoa tem sempre uma boa história para contar, e faz parte da condição humana dividir um pouco da sua experiência com os outros. Talvez me perguntem: e a editora? Como publicar estas experiências?
Na verdade, hoje em dia existem muitas plantaformas para isso, como a internet ou o jornal da esquina, por exemplo, e sempre existirá alguém interessando no que você escreve. Entretanto, mesmo que não existisse, escreva pelo prazer de escrever.
À medida que a caneta vai traçando palavras no papel, as suas angustias desapareceram, e as suas alegrias permanecem, para tanto, é necessário ter coragem de olhar no fundo de si mesmo, trazer isso até ao mundo exterior, e ter mais coragem ainda para saber que um dia aquilo que escreveu poderá, e deverá ser lido por alguém.
E se for algo muito intimo?
Não se preocupe. Há milhares de anos, Salomão escreveu as seguintes palavras:
“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer, nada há, pois de novo debaixo do Sol”. Eclesiastes 1.9
Ou seja: se há milhares de anos não havia nada de novo, imagine agora! Nossos sentimentos de alegria e angustia continuam os mesmos, e não devemos esconde-los. E mesmo que não exista nada de novo debaixo do sol, ainda permanece a necessidade de traduzir tudo isso para nós mesmos, e para a nossa geração.
Jorge Luis Borges disse uma vez que só existem mesmo quatro histórias para serem contadas:
a) uma história de amor entre duas pessoas.
b) uma história de amor entre três pessoas.
c) a luta pelo poder.
d) uma viagem.
Mesmo assim, através dos séculos os homens e mulheres continuam recontando estas histórias, e está na hora de você fazer a mesma coisa. Através da arte da escrita, irá entrar em contato com o seu universo desconhecido, e terminará sentindo-se um ser humano muito mais capaz do que julgava.
A mesma palavra pode ser lida de maneira diferente. Escreva mil vezes “amor”, por exemplo, e em cada uma destas vezes o sentimento será distinto.
Uma vez que as letras, palavras e frases são desenhadas no papel, a tensão necessária para que isso aconteça já não tem mais razão para existir.
Portanto, a mão que as escreve repousa, e sorri o coração de quem ousou dividir os seus sentimentos.
Quem passar ao lado de um escritor que acabou de completar um texto, irá achar que ele tem um olhar vazio, e que parece distraído.
Mas ele – só ele – sabe que arriscou muito, conseguiu desenvolver o seu instinto, manteve a elegância e a concentração durante todo o processo, e agora poderá dar-se ao luxo de sentir a presença do universo, e verá que a sua ação foi justa e merecida. Os amigos mais próximos sabem que o seu pensamento mudou de dimensão, está agora em contacto com todo o universo: ele continua trabalhando, aprendendo tudo o que aquele texto trouxe de positivo, corrigindo os eventuais erros, aceitando as suas qualidades.
Escrever é um acto de coragem. Mas vale a pena arriscar.

‘Paulo Coelho’

sábado, 17 de maio de 2008

MISÉRIAS

Ele se partiu Em tantos Não deixou evidências De existência Uma fissura no vento Reverteu a tempestade iminente Os campos minados da alma Refletiram misérias temporais Dos lábios famintos O beijo arrancado em raiz Quebrou o sentido do mundo.

Cida Sepúlveda

LUZES

Apagados em luzes desdizemos os caminhos percorridos: escondemos as verdades e rimos da obviedade do medo. Estremecemos ódios e jogamos no lixo a história. Apegados às luzes duradouras das estrelas, permanecemos em sombras e apertamos contra o peito o tesouro: metal sonante e a lembrança da carta recebida em resposta. Apostamos a vida em derradeiros avisos. Afogados em luzes contraímos dívidas necessárias aos acordos. Acordamos cedo e no trabalho de voltar para casa ressonamos. Apaixonados em luzes descobrimos a dor e o extremo.

Pedro Du Bois

BILHETE

Eis que te ofereço meu coração como uma flor e espero que as tuas mão que são as minhas mãos saibam pegá-lo como quem pega um pássaro cheio de pétalas ou um simples ninho que ainda não desfolhou. Este é o meu coração de homem e de poeta e a haste, de onde o tirei, sangrou.

Natalício Barroso

ABSENT

From you have I been absent in the spring, When proud-pied April, dressed in all his trim, Hath put a spirit of youth in every thing, That heavy Saturn laughed and leaped with him. Yet nor the lays of birds, nor the sweet smell Of different flowers in odour and in hue Could make me any summer's story tell, Or from their proud lap pluck them where they grew. Nor did I wonder at the lily's white, Nor praise the deep vermilion in the rose; They were but sweet, but figures of delight Drawn after you, you pattern of all those. Yet seemed it winter still, and you away, As with your shadow I with these did play.

William Shakespeare

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O PODER DOS PENSAMENTOS – 4

Quando a sua mente se perturba o seu corpo sente os distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita. Desta maneira, controle a raiva pelo amor. A raiva é uma energia poderosa que pode ser controlada pela razão, pelo desenvolvimento de virtudes como paciência, compaixão, bondade.
O pensamento é uma verdadeira ação. É tão contagioso como uma gripe. Um pensamento bom em você produz pensamentos bons naqueles com quem convive. Um pensamento de rancor gera vibrações semelhantes nas outras pessoas.
Um pensamento alegre, de felicidade cria em outras pessoas pensamentos de felicidade. A gente fica feliz ao ver um grupo de crianças alegres, brincando, dançando e rindo.
Você se torna aquilo que pensa. Esta é uma lei psicológica importante. Pense ‘sou forte’, e ficará forte. Pense ‘sou um sábio’ e será um sábio. Pense ‘sou saudável’ e se tornará saudável.
O pensamento é a única coisa que amolda e estrutura o ser humano. Seu presente é o resultado de seus pensamentos passados e seu futuro seguirá a direção dos seus pensamentos presentes. Se você pensa corretamente, falará e agirá corretamente. As palavras e os atos são simplesmente uma continuação do pensamento.

‘Brígida Brito’

quarta-feira, 14 de maio de 2008

CAMINHO PERDIDO

Se as noites envelhecessem,
se os meus olhos cegassem,
se os fantasmas dançassem
em blocos de neve
para que me ensinassem o caminho
por onde eu caminhei.
A cidade sem porta,
as ruas brancas da minha infância
que não voltam mais.
Se a minha mãe se abruma,
se o mar geme,
se os mortos não voltam mis,
se as matas silenciosas no recebem visitas,
se as folhas caem,
se os navios param,
se o vento norte apagou a lanterna,
eu tinha nas minhas mãos somente sonhos.
Eu tinha nas minhas mãos somente sonhos!

‘Manoel José de Lima – Manoel Caixa D’Água’

BROADWAY

I shall never forget you, Broadway
Your golden and calling lights.
I'll remember you long,
Tall-walled river of rush and play.
Hearts that know you hate you
And lips that have given you laughter
Have gone to their ashes of life and its roses,
Cursing the dreams that were lost
In the dust of your harsh and trampled stones.

Carl Sandburg

BOLHÃO DE SABÃO

"The art of losing isn’t hard to master."
Elizabeth Bishop
Um dia perderei a juventude,
se já não a perdi. Perdi a conta
de tudo o que perdi. Hoje o que conta
é tudo o que não sou, não sei, não pude.
Ah, chega de trilhar a senda rude
de perdas e saudade. A sorte aponta
o lugar da vertigem, vida tonta.
Resta perder a sede de altitude.
Girar... e a cada giro perder tanto,
que reste apenas giro e inconsciência,
depois que tudo for perdido. Entanto,
deixar para perder a prepotência
no último momento, quando o espanto
revele que foi tudo reticência.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

ARTES MARGINAIS – AS AVES

1
Diversas, pousam-nos, habitam-nos
por dentro, as aves. Por que milagre
ainda quando negras voam branco?
As aves abundam nos antigos caminhos:
umas são comestíveis, outras têm cores.
O bico, um certeiro utensílio.
Aves flutuantes, a quem são vulneráveis
tão íngremes lugares, convosco
transportai nossas dores, aflições.
Oh, rogai por nós, que recorremos a vós.
Dispensai à funda cidade a graça
de vosso olhar oblíquo e concentrado,
olho após olho, com método
revezado. Alcançai dos astros, de
2
quem sois vizinhas e rivais,
cálidas disposições
favoráveis.
Por que voareis, senão por nosso
(que vos adoramos) benefício?
Depositai-nos nas sôfregas gargantas
gases raros, vitais, trazidos no
precário recipiente dos bicos:
tudo o que venha da altitude tem
um nome ao som do qual nos prostraremos.
As aves, as aves!, a asa refeita
e veloz sobre as cabeças, sobre o vale
de lágrimas, seus guinchos povoando
a tensa solidão desta viagem.
3
Lugar às aves: às que voando
perturbam as vísceras do tempo;
às que nem sempre trazem cura,
mas sim no bico perverso
alimentos letais; às que
(advogadas nossas!)
(de tantas cores!) nos devoram
os sentidos.
Lugar às aves: a gratuita
rapacidade, a existência breve,
os membros exíguos,
de improviso.
Lugar às aves, as sobrevoadoras,
mais leves, mais pesadas do que o ar.

A.M. Pires Cabral – In: Modus Vivendi

APENAS UMA COISA

Existe amor?
Palpável como o dia,
como a matéria com que é feito o objeto
chamado mesa, catedral ou baço
nutrindo em tantas coisas?
Como amar
esta incorpórea substância carnal,
este lampejo de chão no infinito?
Existe amor?
Palpável como a terra?
Debaixo ou sobre a terra, ainda carne,
algum finado saberá do amor,
essa chama votiva a brilhar ainda?
Amou Torquato a Maria? Amou deveras?
Digam-nos os anjos corcundas do além,
a ave agoureira ao céu crucificada,
o revoar de asas na papal coroa.
Amou Torquato a Maria, ainda carne?
Ama Maria a esse pó apenas nome
legado aos filhos como letra morta,
como moeda gasta em mão mendiga?
Chupando um dedo só, o amor se alimenta.

Nauro Machado

AMOR DO PRAZER E AMOR DA ACÇÃO

Há duas tendências muito naturais que podemos distinguir nas mais virtuosas e liberais disposições: o amor do prazer e o amor da acção. Caso o primeiro seja refinado pela arte e a ciência, melhorado pelos encantos do convívio social e corrigido pelo justo cuidado com a economia, a saúde e a reputação, ele origina a maior parte da felicidade da vida privada. O amor da acção constitui um princípio de natureza mais forte e duvidosa. Conduz, frequentemente, à ira, à ambição e à vingança; mas sempre que é dirigido pelo sentido do decoro e da benevolência, torna-se o pai de todas as virtudes e, caso estas virtudes se façam acompanhar de talentos iguais, uma família, um Estado ou um império podem ficar a dever a sua segurança e prosperidade à coragem intrépida de um só homem. Ao amor do prazer podemos, assim, atribuir a maior parte das qualidades agradáveis, e ao amor da acção a maioria das que são úteis e respeitáveis. Um carácter em que ambos pudessem unir-se e harmonizar-se pareceria constituir a noção mais perfeita da natureza humana.

Edward Gibbon, in Declínio e Queda do Império Romano, ed. D. M. Low, trad. Maria Emília Ferros Moura

ALGARAVIA

A palavra vem do árabe al arabya e quer dizer, sem tirar nem pôr, a língua árabe. Tempos depois da expulsão dos árabes da Península Ibérica, fim de um domínio de mais de 700 anos – duração maior que a existência do Brasil – é que algaravia passou a significar gritaria, confusão, mixórdia, coisas difíceis de entender, charabiá. Foi quando o vocábulo deixou de ter essa conotação exclusiva e passou a designar, indiferentemente, qualquer fala confusa. O comediante mexicano Cantinflas, nos anos 50, fez o mundo dar boas gargalhadas com o seu linguajar de fluência ao mesmo tempo veloz e embromativa. Não propriamente uma algaravia, mas com efeito semelhante, levando os interlocutores à perplexidade...

‘Márcio Cotrim’

ABDICAÇÃO

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho. Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mãos viris e calmas entreguei;
E meu ceptro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços.
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas, de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 12 de maio de 2008

ADIVINANZA DE LA GUITARRA

En la redonda encrucijada, seis doncellas bailan. Tres de carne y tres de plata. Los sueños de ayer las buscan pero las tiene abrazadas un Polifemo de oro. ¡
La guitarra!

Frederico García Lorca

BILRO

(Recordando amores)

Um a um, consumiram seus encantos.
Alguns, adormecidos no passado,
alguns envelhecidos pelo enfado,
do presente esquecidos outros tantos.

Alguns morreram cedo, amores santos,
outros foram malicia do pecado,
um chegou a ser céu, por Deus louvado,
sorrisos poucos para tantos prantos.

Mas seus amores todos foram musas,
as musas das ofertas, das recusas
e as musas que das musas lhe restaram.

Entediado com o tempo chilro
o poeta sentou-se, a fazer bilro
com os fios das lembranças que ficaram.

‘Ronaldo Cunha Lima’

CONSCIÊNCIA

Bebo água e silêncio como se estivesse lavando a candelária e acendo um poema em cada canto da casa queimando álibis como incensos com claro, perfume de ângulos e ácaros. Engulo meus próprios olhos numa refeição lívida sem mais nada para pôr sobre a toalha da mesa e saio pela palavra porta rangendo as dobradiças da paisagem na abissal tristeza de um país baldio que nos esquece como guarda-chuvas.

Chagas Correia

ESPECIAL - PENSAMENTOS SOBRE MÃE

Mãe; a palavra mais ela pronunciada pelo humano.

Kahil Gibran


A mão que move ao berço é a mão que manda no mundo.

W.S. Ross


Para os ouvidos de uma criança, MÃE, é palavra mágica em qualquer língua.

Arlene Benedict


A força da maternidade é maior que as leis da natureza.

Bárbara Kingsolver


Mãe é aquela pessoa com quem contamos para as coisas que importam acima de tudo.

Katherine utler Hathaway


Eu me lembro das preces da minha mãe e elas tem sempre me acompanhado. Elas se uniram a mim durante toda a minha vida.

Abraham Lincolm


Minha mãe foi a mulher mais bela que jamais conheci. Todo o que sou, se o devo é a minha mãe. Atribuo todos os meus sucessos nesta vida ao ensino moral, intelectual e físico que recebi dela.

George Washington


Uma mãe entende mesmo o que um filho não diz.

Provérbio Judeu


Os homens são o que suas mães fizeram deles.

Ralph Waldo Emerson


O amor de mãe é o combustível que lhe permite aum ser humano fazer o impossível.

Marion C. Garretty


Mães são filósofos instintivos.

Harriet Becher Stowe

sábado, 10 de maio de 2008

MAMÃE…

Na magia do teu senso de ternura, tens sido companheira, mesmo à distância, assim te vejo desde a minha infância, com um sorriso nos lábios, com candura.
Tentei falar-te, mas não conseguindo, vou escrever o que estou sentindo.
Para mim um desafio, um novo teste:
Como um Anjo; vens velando o meu destino, aquecendo o meu coração no desatino.
Mamãe: desceste de um balão celeste!
Tens o domínio e a grande ciência de saber e a todos escutar.
Trazes; atada à cintura, a paciência, sem fazeres do trabalho; o teu cansar.
Como ave conhecendo os ares, tens sido Guardiã de nossos lares investindo no Amor, na Fé, na Fortaleza, não obstante o não conhecimento imbatível nas horas da tristeza, da inveja, da traição, do sofrimento.
As nossas magoas, tu as ouves silenciosa, porque possuis o dom da alquimia, transformando nossa dor em alegria, desculpando nossa vida silenciosa.
Dentro de ti há uma luz incandescente, pois eu me lembro de, quando estive doente, sentir minha vida se apagar, tua presença constante me ergueu, e aquela chaga em mim não mais doeu, e voltei novamente a enxergar.
Se, um dia, eu te deixei sozinha, quase a dispensar-te de minha pauta, hoje reconheço toda a falta e te peço perdão, minha mãezinha!
Sou pequena para ver tua grandeza, meu proceder não se compara ao teu encanto.
Tu me embalas-te, em criança, com o teu canto; em teu carinho, sempre encontrei firmeza; banhaste-me no mar da tua bonança, enfeitaste-me com a jóia da coragem.
Não sendo vento, oeste minha aragem.
Abriste-me o céu da confiança.
Como aprendi com teu manto de pureza!
E descansei sob o teu doce aconchego.
Em ti jamais percebi moleza, soubeste sempre transluzir sossego.
Mesmo te vendo no isolamento, coberta de: dor e de sofrimento, sustentaste a bandeira da esperança, e o teu dedo de decisões sempre em riste jamais arrefeceu a confiança.
Mamãe, a tua clonagem não existe!

‘Magna Celi’


Em 1993, eu dirigia como diretor de campanha, e ao mesmo tempo mandatário e candidato a deputado municipal, uma campanha política, para umas duríssimas eleições autárquicas no Concelho do Barreiro, e foi no decorrer de uma reunião, a meio de mais uma, de tantas outras noites de trabalho político, que recebi a noticia da sua partida oficial.
Chegaram a perguntar-me o que eu ainda fazia ali, perante a situação, ao que respondi: que para mim a morte, não é mais do que uma mudança de estado, e que nada fica igual, mas também nada muda o nosso destino, sempre que se queira tentar fugir dele.
Podemos tentar melhorar o destino, agora alterar o mesmo de forma total e radical...
Claro que conduzi a reunião até ao seu final, e muito poucos dos presentes na sala, naquela noite, souberam o que tinha realmente acontecido, acho mesmo que tirando o portador da noticia, e mais uma ou duas pessoas presentes, mais ninguém se apercebeu do que realmente ele, Francisco Mendes Costa, me tinha segredado ao ouvido, ao entrar na sala; e deparar comigo a dirigir aquela reunião sabendo o que tinha acontecido horas antes.
É por isso que fiquei maravilhado á poucos dias, ao poder assistir a uma reportagem televisiva sobre a uma ultima aula de um Professor Universitário dos EUA, a quem diagnosticaram câncer do pâncreas e deram no máximo 6 meses de vida.
Ele ministrou, a sua ultima aula, falando de: vida, de futuro, de querer, de organização, e até se deu ao luxo de brincar com os presentes, fazendo flexões no solo, só com um braço, e depois com o outro, para provar que estava, naquele momento, bem melhor e mais ágil que alguns que estavam ali sentados naquele anfiteatro, assistindo aquela sua derradeira aula enquanto professor na terra.
Fiquei maravilhado e feliz, porque percebi que no Mundo não sou o único a pensar assim, sobre a importância da vida até ao último momento, como vida vivida...
E que ninguém duvide, que; se eu tiver a oportunidade de saber o dia em que mudo de estado, não farei tudo o que estiver ao meu alcance, para poder escrever aqui, e nos outros espaços que tenho na Internet; umas últimas linhas para vocês, meus amigos, com um caloroso, obrigado final, e até...
Digo partida oficial da minha mãe, nesse dia de 1993, pois que a partida real, para mim, já tinha acontecido dois anos antes, quando pela última vez escutei a sua melodiosa voz, sair daquela boca ornada com finos lábios. Depois; bom depois ali ficou; ligada a uma máquina, como um vegetal, ou um motor elétrico sem autonomia, a quem se recusam a cortar o caule, ou a desligar a tomada, mesmo depois de tantos pedidos pessoais. Pedidos para que alguém que foi realmente; um poço de energia. E uma doçura de pessoa em vida, não tivesse quase como castigo final, aqueles momentos de exposição desnecessária e incompreensível, aos olhos de alguém que acredita que a vida é para ser vivida, enquanto vida, depois é só mais uma transformação, pois que nada se cria, nada se perde, e tudo, mas mesmo tudo se transforma.
Eu não tenho vergonha de dizer e assumir que enquanto esteve ligada á, máquina, eu jamais passei da porta do serviço de internamento para dentro.
A Libânia, aquela mulher tão importante para mim, que partiu fisicamente nesse dia, mas que realmente se mantém inabalavelmente ao meu lado até ao dia de hoje, em memória nunca esquecida, é um dos seres mais importantes, se não o mais importante, que passaram pela minha vida.
E se falo de quem já se transformou, e foi deveras importante, pois não posso esquecer, para que possam sorrir e até pensar que posso ser um louco, que tenho alguns Seres importantes que já partiram, talvez até já demais para o meu gosto, nesta altura do campeonato da minha vida. E que se não chorei por minha mãe, pelo contrario o fiz noutras ocasiões, e até mesmo por um cão, pastor Serra da Estrela, “Lord” que foi o mais fiel Ser que conheci até hoje na minha vida, e partiu comigo agarrado a ele, numa tarde de um malfadado dia 20 de Agosto. Esse dia tão especial na minha vida, no destino da minha vida, e que tantos acontecimentos, nada bons me tem trazido ao longo do tempo.
Nunca fui menino de Mamãe, fui até muito independente, mas sempre soube respeitar a sua importância, na minha formação enquanto homem. Foi também ela, entre outras determinações, quem apoio de modo empenhado a minha aventura de conhecer a Europa com uma mochila ás costa nos idos anos 80. E por lá andar largos meses em 1984 e 1985, e foi também ela que me transmitiu grande parte da minha quota de 50% de raízes pátrias italianas, sangue que jamais reneguei correr nas minhas veias, e que até fazem de mim; um adepto da “Squadra Azurra”, incontido, e reconheço que por vezes deveras exuberante nos festejos de tantas conquistas, e melancólico na tristeza das derrotas, mas sempre respeitador da noção de que a vida é para ser vivida e construída de preferência de pequenas derrotas e de grandes vitórias, mesmo que sejam poucas em quantidade, mas que tenham a força da qualidade.
O dia da mãe, não tem assim para mim um significado especial, é simplesmente um dia...
Seria assim mais um dia, entre tanto, em que telefonaria, para perguntar como estava. Hoje o telefone não pode tocar mais...
Para mim é todos os dias, eis então uma das tais vitórias com a força da qualidade, porque parecendo impossível, muito raro é o dia em que não me vem á memória algo de importante transmitido por essa terna e muito tranqüila mulher, que foi a minha mãe.
Dizer que ao acompanhar o seu corpo no dia do funeral, o fiz com a certeza plena, de que ali já nada restava dela enquanto pessoa, mas só um símbolo, por isso, e como nunca a abandonei, fui até junto da cova final, mas ao contrario de todo o mundo que ficou ali especado, eu não fiquei para ver descer o esquife, ou jogar uma mão cheia de terra. Virei costas e totalmente só, me vim embora, sem olhar sequer para trás, como até hoje faço, quando realmente não mais quero esquecer alguém ou algo importante.
Olhar para trás, é despedir, é dizer adeus, é ter remorsos. E eu detesto despedidas por isso gosto de partir sempre só...
Quando parti, nessa tarde, do Cemitério da Vila Chã no Barreiro, um pouco dela veio, no entanto; junto comigo. Ela veio; a parte importante dela veio, e se mantém, até hoje, bem junto de mim, pois que as ossadas que restam numa gaveta mortuária, com deliberada intenção sem qualquer foto exterior dela, não são mais do que a recordação física da armação do corpo que um dia foi o seu.
Quem sabe um dia mude de idéias e coloque lá uma foto sua, para identificar as ossadas á imagem anterior...
Hoje, tal como ontem e como amanhã, se aqui ainda estiver, só posso pensar, e imaginar os meus lábios articularem um:
Obrigado, Libânia por mais um dia de amizade...

Um beijo mamãe!...

O PODER DOS PENSAMENTOS – 1

O pensamento é mais sutil do que o éter, o meio condutor da eletricidade. A sua própria mente é como um aparelho de rádio que recebe as mensagens e canções através das ondas de rádio. Uma pessoa que tenha equilíbrio, paz, harmonia difunde pelo mundo pensamentos de harmonia e produzem nas pessoas sentimentos iguais de paz e harmonia. Da mesma maneira, pessoas com a mente repleta de ódio, raiva, inveja, difundem pensamentos negativos que entram nas mentes das pessoas, produzindo pensamentos e sentimentos iguais de violência e de conflitos.
Você pode mover o mundo através do poder do pensamento. Ele possui enorme força. Pode ser transmitido de pessoa a pessoa. Você tem o seu mundo de pensamentos. A cada momento está rejeitando alguns e, absorvendo outros no mundo do pensamento.
O pensamento é tão sólido como uma pedra. Tem forma, tamanho, peso, estrutura, cor, qualidade e tem um poder incrível. É uma força dinâmica. Pode curar doenças.pode mudar a mentalidade das pessoas. Quanto mais for o pensamento, mais rapidamente ele frutifica. É uma força muito refinada.
Cultive sempre pensamentos puros e elevados, pois os seus pensamentos e sentimentos são como mensagens radiofônicas, transmitidas através do éter e captados por outras pessoas. Com os seus pensamentos sublimes e positivos, você ajuda os outros que estejam perto ou mesmo longe.
A velocidade do pensamento é incalculável. O pensamento viaja, se propaga rapidamente, instantaneamente. O pensamento passa de uma pessoa para outra. Influencia as pessoas e pode criar sentimentos bons ou ruins nas mentes dos outros indivíduos.
Assim como você faz exercícios para o corpo, para manter a saúde física, precisa manter a saúde mental, cultivando pensamentos positivos e elevados, relaxando a mente, mantendo o bom humor, observando a mente e não permitindo que pensamentos perturbem a paz.

‘Brígida Brito’

TU ÉS O IMPORTANTE

Não me importo que transcrevas para
O meu corpo incauto a experiência dos teus gestos.
Importava-me, sim, que partisses.
Que pintasses de preto a cor que deste à minha vida.
Que ofuscasses o brilho do meu sorriso.
Que te desviasses do sentido do meu olhar.
Que fugisses do meu abraço.
Que arrefecesses o calor que me provocas.
Que me impedisses de atracar na minha marina, que és tu.
Que te procurasse e não te encontrasse.
Que esperasse que o teu corpo, vergado ao meu,
O cumprimentasse, com beijos leves,
Suaves, que, à medida que se soltam,
Transformam a textura da minha pele
Em pêlos eriçados, arrepiados; e não aparecesses.
Magoava-me, sim, se deixasses de me provocar
Uma sede insaciável por te ver,
Ouvir, tocar, sentir, provar.
Uma vontade que caminha a par
Do ritmo com que me vais desnudando,
Espalhando as minhas (e tuas) roupas
Por um sítio qualquer que se torna cúmplice.
Desiludia-me se os meus seios, à medida da tua mão,
Não endurecessem, gritantes pelo toque dos teus dedos.
Morria, se passasse a desconhecer o sabor dos teus beijos.
Se deixasse de misturar a tua saliva com a minha.
Se me agoniasse com o teu cheiro.
Se desaprendesse os passos da nossa dança.
Se desafinasse nos sons expulsos pelas nossas gargantas.
Se os meus olhos não procurassem os teus
No momento em que as nossas mãos se pegam,
Tu me penetras, os abdominais se contraem,
Os músculos se apertam, os nossos sexos se encaixam,
Prontos para se desprenderem só com a visita da alvorada
Que de manso chega e denuncia os horários a cumprir…
E nós, entranhados um no outro,
Nem nos apercebemos que a noite foi curta, ingrata,
Para acolher o desfile de sentidos.

In: Gosto e Contra Gosto

quinta-feira, 8 de maio de 2008

UM BEIJO ROUBADO

“Um Beijo roubado” (My Blueberry Nights). O chines Wong Kar-Wai encantou os cinefilos com a sensibilidade e beleza de filmes como “Amor à Flor da Pele” (2000) e “2046 – Os Segredos do Amor” (2004).

“Um beijo Roubado” é o seu primeiro filme nos Estados Unidos, e ele já surpreendeu ao escalar a cantora Norah Jones para o papel principal. Também no elenco, Jude Law, Natalie Portman e Rachel Weisz.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

THE DREAMER

Pouco se sabe de José James, mas quem já topou com o sujeito na Internet ou em lojas de discos, tem a certeza de uma coisa: a musica pop ainda é capaz de surpreender.

Musico baseado em Nova York, meio irlandês, meio panamenho, lançou, em Janeiro, este “The Dreamer” onde, com desenvoltura, vai do soul ao Jazz.

James é negro, magro e tem uma voz marcante, dessas de crooner, como Johnny Hartman. No entanto, canta baixo, sem vibrato, nitidamente inspirado em Chet Baker. Não tem medo de misturar um piano jazzístico sobre uma base drum’n’bass (“Love”), mas a sua praia é mais o jazz.

Com um quarteto faz, como se diz por aí, miséria.

Abra a Mozilla agora e descubra esta fabulosa novidade no:

www.myspace.com/josejamesquartet

(AC)

OS 7 ERROS COMPORTAMENTAIS NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO

Acordar cedo, arrumar-se, enfrentar quilômetros de congestionamento e, enfim, chegar á empresa, onde acontecerá o convívio ao lado de pessoas totalmente diferentes, durante pelo menos oito horas. O dia-a-dia é árduo, por isso precisa, ao menos, ser prazeroso. Mas nem sempre é possível conviver harmoniosamente com os colegas, infelizmente. São personalidades, pontos de vista, jeitos e manias, tudo muito diferente. Quando não existe respeito, a boa convivência torna-se impossível.
Muitos passam anos incomodados com atitudes desmedidas de outras pessoas; outros não conseguem manter o silencio e reclamam do que não estão de acordo. Resultado: clima tenso e pesado por muito tempo em salas muito pequenas.

Por que isso acontece?

Algumas pessoas têm a tendência de agir como se estivessem sozinhas nas suas próprias casas. O rádio? É ligado e em alto e bom som. O telefone? Serve para ligações particulares, nas quais é possível saber as brigas, os segredos e a programação do fim de semana. O linguajar? É o mesmo utilizado para conversar no happy hour entre amigos íntimos – palavrões e termos impróprios para o ambiente de trabalho. Esses são apenas alguns exemplos dos erros comportamentais mais cometidos dentro das empresas. Erros capazes de desfazer equipes, criar climas tensos e diminuir a produtividade.
Os erros de comportamento são vários e seria até difícil quantificá-los. Mas existem alguns mais recorrentes, especialmente nos ambientes corporativos:

1 – Escutar musica sem fone, e ainda em volume alto;

2 – Utilizar o telefone para assuntos pessoais e ainda falar alto, atrapalhando as pessoas em volta;

3 – Utilizar linguajar impróprio para o ambiente de trabalho;

4 – Fazer comentários de mau gosto sobre os colegas ou subordinados;

5 – Abusar do poder;

6 – Não cuidar do ambiente comum;

7 – Não separar pessoal de profissional.

É bom lembrar que um ambiente corporativo saudável é aquele em que todos respeitam os espaços de cada um. Passamos muitas horas no trabalho e para sermos felizes devemos ter cuidados uns com os outros.

‘Rocha & Coelho’

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL, COMO ELA FAZ FALTA

Existe uma unanimidade no mercado de trabalho: qualificação faz muita falta. Essa é uma verdade sentida na pele tanto por profissionais quanto por empregadores.
Os profissionais podem nem notar, talvez imaginando que “apenas um diploma” baste – e pode até mesmo ser um diploma de nível superior. Mas muitos não se dão conta de que chegariam mais longe nas suas carreiras e conseguiriam salários mais atrativos se investissem, direta (pagando do próprio bolso, na medida do possível) ou indiretamente (buscando apoio das empresas em que trabalham), na própria especialização.
As empresas também sentem, talvez mais diretamente, os efeitos da falta de qualificação. No final do ano passado foi divulgado um estudo que revela que apenas 18% dos desempregados têm requisitos necessários para serem absorvidos pelo mercado de trabalho, de mão-de-obra especializada. A realidade aponta que há oportunidades, mas falta gente preparada para aproveitá-las.
Mas, há casos notáveis de programas mantidos por empresas, especialmente de grande porte, visando a qualificação da mão-de-obra. Estas empresas utilizam-se de Institutos, que formam profissionais capacitados para o seu negocio, ou formam parcerias com instituições de ensino.
A educação, é a mãe da qualificação, é a chave de um ciclo virtuoso que inevitavelmente resulta no crescimento do País e na redução das desigualdades sociais. O caminho certo é esse inevitavelmente.

‘Rocha & Coelho’

terça-feira, 6 de maio de 2008

MUITO DISTANTE A CIDADE

Muito distante a cidade o alinhamento em fuga das ruas. Cercada de luz a escura praia-mar das montanhas, até o debrum das últimas encostas até a clareira onde começa o mar. Muito distante do tempo a casa o lugar de morar e estar à vontade Aí o silêncio torna-se muito. Um portão, um caixilho, encontro Imagem e fuga.

Alois Hergouth, trad. Celeste Aida Galeão

O ACTOR DE ESCREVER – O LEITOR

“Existem dois tipos de escritores: aqueles que fazem pensar, e aqueles que fazem sonhar” diz Brian Aldiss, que me fez sonhar por muito tempo com seus livros de ficção cientifica. Pensando em sua frase e em meu oficio, resolvi escrever umas três colunas sobre o tema. Acho, em principio, que todo ser humano neste planeta tem pelo menos uma boa história para contar aos seus semelhantes. A seguir, minhas reflexões sobre alguns itens importantes no processo de criar um texto.

O leitor

O escritor precisa ser, sobretudo, um bom leitor. Aquele que se aferra aos livros acadêmicos, e não lê o que os outros escrevem (e aí não estou falando apenas de livros, mas de blogs, colunas de jornais, etc) jamais irá conhecer as suas próprias qualidades e defeitos.
Portanto, antes de começar qualquer coisa, busque gente que se interessa em dividir a sua experiência através da palavra.
Não digo: “busque outros escritores”.
Digo: encontre pessoas com diferentes habilidades, porque escrever não é diferente de qualquer atividade feita com entusiasmo.
Seus aliados não serão necessariamente aquelas pessoas que todos olham, se deslumbram, e afirmam: “não existe ninguém melhor”. Muito pelo contrario é gente que não tem medo de errar, e portanto erra. Por causa disso, nem sempre o seu trabalho é reconhecido. Mas é este tipo de pessoa que transforma o mundo, e depois de muitos erros consegue acertar algo que fará a diferença completa na sua comunidade.
São pessoas que não podem ficar esperando que as coisas aconteçam, para depois poderem decidir qual a melhor maneira de contá-las: elas decidem à medida que agem, mesmo sabendo que isso pode ser muito arriscado.
Conviver com estas pessoas é importante para um escritor, porque ele precisa entender que antes de colocar-se diante do papel, deve ser livre o bastante para mudar de direção à medida que o seu imaginário viaja. Quando ele termina uma frase, deve dizer para si mesmo: “enquanto escrevia, percorri um longo caminho. Agora termino este parágrafo com a consciência de que arrisquei o bastante, e dei o melhor de mim”.
Os melhores aliados são aqueles que não pensam como os outros. Por isso, enquanto busca os seus companheiros nem sempre visíveis (porque raramente há o encontro entre o leitor e o escritor), acredite na sua intuição, e não ligue para os comentários alheios. As pessoas sempre julgam os outros tendo como modelo as suas próprias limitações – e às vezes a opinião da comunidade é cheia de preconceitos e medos.
Junte-se aos que jamais disseram: “acabou, preciso parar por aqui”. Porque assim como o inverno é seguido da primavera, nada pode acabar: depois de atingir o seu objetivo é necessário recomeçar, sempre usando tudo o que aprendeu no caminho.
Junte-se aos que cantam, contam histórias, desfrutam a vida, e tem alegria nos olhos. Porque a alegria é contagiosa, e sempre consegue impedir que as pessoas se deixem paralisar pela depressão, pela solidão, e pelas dificuldades. E conte a sua história, nem que seja apenas para que a sua família leia.

‘Paulo Coelho’

PLANETA ACRÍLICO

Não era alucinação. Eu via, realmente, borboletas no jardim do meu prédio. Não creio que tenham passado despercebidas em outras manhãs. Também não me lembro de ter concorrido para que surgissem inesperadamente, geradas do ar finíssimo da madrugada, quando ainda ontem as margaridas pendiam desvalidas em seus caules e os crisântemos vergavam solitários ao vento.
É provável que alguém me condene a petulância de ocupar um espaço de uma publicação jornalística para comentar o prosaico vôo das borboletas sobre o verde particular do meu jardim. Quem não o faria no meu lugar, depois de tantos anos de nunca pressentida ausência?
Vi adejarem os pequenos insetos – e já não sabia que adejavam certas espécies da natureza. A maioria paira em altíssimos vôos, ou contenta-se em rastejar na superfície, quando podia simplesmente andar feito gente.
A principio julguei que as borboletas não passavam de uma impressão imaginosa do mundo. Uma fantasia, talvez, do mercado produtor, sequioso de clientes, e falando em sua linguagem metafórica de propaganda. Quem sabe, um novo equipamento eletrônico guiado por controle remoto, obra de alguma criança adestrada, ou graça de certos adultos.
Mas, eram reais as coloridas asas que flutuavam sobre os tinhões e as dálias. Liberadas de esquecidos quintais da infância, volteavam sobre as plantas, como se quisessem combater o artificial das cores sintéticas, das películas de plástico e das emoções de laboratório.
Lembro-me da frase de Sartre, citada, por todo o mundo: “Lês hommes ont perdu leur propre enfance”. Mas, quando se perde a infância, muitos acessórios da maturidade desaparecem com ela. Quer dizer, as pessoas só perdem, o que realmente, amam, e só encontram o que não queriam achar.
Neste mundo de acrílico, iluminado por mil sóis de néon o natural parece grotesco. E os homens, por terem perdido a própria infância, já não se lembram das cores originais da vida. Como eu, que não me dava conta da existência de borboletas verdadeiras, alimentadas de pólen e não movidas a controle remoto.

‘Luiz Augusto Crispim’

THE FORGOTTEN DIALECT OF THE HEART

How astonishing it is that language can almost mean, and frightening that it does not quite. Love, we say, God, we say, Rome and Michiko, we write, and the words get it all wrong. We say bread and it means according to which nation. French has no word for home, and we have no word for strict pleasure. A people in northern India is dying out because their ancient tongue has no words for endearment. I dream of lost vocabularies that might express some of what we no longer can. Maybe the Etruscan texts would finally explain why the couples on their tombs are smiling. And maybe not. When the thousands of mysterious Sumerian tablets were translated, they seemed to be business records. But what if they are poems or psalms? My joy is the same as twelve Ethiopian goats standing silent in the morning light. O Lord, thou art slabs of salt and ingots of copper, as grand as ripe barley lithe under the wind's labor. Her breasts are six white oxen loaded with bolts of long-fibered Egyptian cotton. My love is a hundred pitchers of honey. Shiploads of thuya are what my body wants to say to your body. Giraffes are this desire in the dark. Perhaps the spiral Minoan script is not laguage but a map. What we feel most has no name but amber, archers, cinnamon, horses, and birds.

Jack Gilbert

segunda-feira, 5 de maio de 2008

ESTADO MAS DE ALMA

La patria es estar lejos de la patria: una nostalgia de la infancia en noches en que te sientes viejo, una nostalgia que sube a tu garganta como el agrio sabor del vino en las resacas duras. La patria es un estado: pero de ánimo. Un viejo invernadero de pasiones. La patria es la familia: ese lugar en el que dan paella los domingos. Una patria es la lengua en la que sueñas. Y el patio del colegio donde un día bajo una lámina de cielo oscuro decidiste escapar por vez primera. Mi patria está en el cuerpo de Patricia: mi himno es su gemido, mi bandera su desnudez de doce de la noche a ocho de la mañana. Tras la ducha mi patria va al trabajo, yo me exilio.

Juan Bonilla

BIFURCAÇÃO

Pedaços e retraços de caminhos
que não foram de todo percorridos
permanecem guardados, escondidos
na lembrança de velhos escaninhos.

Nesses espaços se entremeiam ninhos
dos sonhos que quedaram protegidos
dos tempo que se foi, nunca atingidos
pelas mágoas das marcas dos espinhos.

Não sei se o coração ou a memória
guardam resíduos de uma velha história
duma paisagem que se transformou

Da velha rua que antes foi vereda,
vereda que depois foi alameda
e gora estrada que se bifurcou.

‘Ronaldo Cunha Lima’

sábado, 3 de maio de 2008

UMA LIRICA CONVENIENTE

La femme qui est dans mon lit N'a plus 20 ans depuis longtemps Les yeux cernés Par les années Par les amours Au jour le jour La bouche usée Par les baisers Trop souvent, mais Trop mal donnés Le teint blafard Malgré le fard Plus pâle qu'une Tâche de lune La femme qui est dans mon lit N'a plus 20 ans depuis longtemps Les seins si lourds De trop d'amour Ne portent pas Le nom d'appas Le corps lassé Trop caressé Trop souvent, mais Trop mal aimé Le dos vouté Semble porter Des souvenirs Qu'elle a dû fuir La femme qui est dans mon lit N'a plus 20 ans depuis longtemps Ne riez pas N'y touchez pas Gardez vos larmes Et vos sarcasmes Lorsque la nuit Nous réunit Son corps, ses mains S'offrent aux miens Et c'est son cœur Couvert de pleurs Et de blessures Qui me rassure.

Serge Reggiani

BOTH SIDES NOW

As músicas de Joni Mitchell são conhecidas por sua triste melancolia. Dor-de-cotovelo latente. Aqui, neste álbum lançado em 2000, ela se desmancha em doze temas, dos quais dez clássicos, do chamado ‘música para passar manteiga no pão’.

Ela foi pinçar no cancioneiro americano, sobretudo dos anos 1930 e 1940, composições como “At last” (regravada para um comercial de carro com o “Jack Bauer” Kiefer Sutherland, “Answer me, my love” e “Stormy weather”). A idéia, segundo explica o diretor musical do CD, no encarte, era traçar um panorama “moderno” das relações amorosas que, pelo que se ouve, resume-se a relacionamentos fracassados, adornados por arranjos orquestrais.

O disco foi celebrado no filme “Simplesmente Amor” (2003), onde a personagem Emma Thompson o põe para ouvir, quando suspeita que o marido tem outra. Fossa Total.

(AC)

OBITUARIO – 02 de Maio de 1517 a 2008-05-02

É bom recordar aqueles que por alguma razão nos tocaram especialmente ao longo da vida.

Neste dia 02 de Maio de 1517, morre o pintor, inventor, escultor, arquiteto, físico, engenheiro, botânico e músico, Leonardo Da Vinci. Uma das maiores personalidades do milênio passado, apesar da atuação em todas essas áreas, ele é universalmente conhecido como o autor das pinturas “Mona Lisa” e “A última ceia”, mas deixou muitas mais obras imortais.

OPORTUNIDADES PARA OS PROFISSIONAIS EXPERIENTES

A empregabilidade para os profissionais maduros e experientes tem sido difícil neste momento em virtude da competição com os jovens recém-formados que estão entrando para o mercado de trabalho.
Os profissionais experientes detêm toda uma bagagem de conhecimentos acumulada e que tem sido reciclada ao longo de muitos anos, fato que os mantém ativos na mesma empresa ou no mercado de trabalho.
Deve ser criada uma “simbiose”, que deve ser perpetuada em todas as empresas, de forma a favorecer todos os jovens, com vontade, garra e o conhecimento na tecnologia da informação (matéria que faz parte dessa geração), e os experientes, com as suas técnicas em desenvolver e apresentar conceitos e pareceres.
Esse binômio, sem dúvidas, contribui e continuará contribuindo para otimizar os conhecimentos operacionais da empresa, além de manter toda a história arquivada na memória dos que hoje estão a trabalhar na organização.
As empresas poderiam investir nessa possibilidade, mantendo nos seus quadros jovens competentes e contratando profissionais experientes como consultores independentes. Na elaboração dos relatórios gerenciais, por exemplo, a atuação dos mais experientes manteria a qualidade das informações, pois elas seriam desenvolvidas analiticamente.
Além disso, os custos da contratação de consultores mais seniores no seriam tão elevados, pois eles poderiam ser acionados como prestadores de serviço, sem custo com vinculo empregatício.
A imagem e a credibilidade são marcas registradas desses expedientes profissionais, que se mantiveram dentro de uma empresa ou que tiveram uma carreira auspiciosa por muito tempo.

‘Rocha & Coelho’

RESILIÊNCIA – COMPETÊNCIA NECESSÁRIA NOS DIAS ATUAIS

Resiliência é a capacidade concreta de retornar ao estado natural da excelência, superando uma situação critica. Segundo o dicionário “Aurélio”: “é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal de formação elástica”.
Segundo Leonardo Grapeia “É a arte de transformar toda a energia de um problema numa solução criativa”
O estresse profissional é uma realidade observada hoje nas; mais diferentes áreas e setores do mercado de trabalho. Diferentemente do que muitos imaginam, não está restrito apenas a profissionais que exercem altos cargos em grandes empresas. O problema está presente, nos mais distintos níveis hierárquicos, em empresas de todos os portes. Isso se intensifica à medida que aumentam fatores como cobrança e pressão. Neste mundo globalizado, a pessoa resiliente representa um grande diferencial, pois o mercado procura profissionais que saibam trabalhar com altos níveis de cobrança. Esses profissionais recuperam-se e se moldam a cada “deformação” (obstáculo) situacional.
O equilíbrio humano é como a estrutura de um prédio: se a pressão for maior que a resistência, aparecerão rachaduras, como doenças psicossomáticas (gastrite, por exemplo).
O ser humano resiliente desenvolve a capacidade de recuperar-se e moldar-se novamente a cada obstáculo e a cada desafio. Quanto mais resiliente for o individuo, maior será o desenvolvimento pessoal, pois ele se torna uma pessoa mais motivada e com capacidade de contornar situações que apresentem maior grau de tensão.
Um individuo submetido a situações de estresse que tem a capacidade de superá-las sem lesões mais severas (“Rachaduras”) é um resiliente. Já o profissional que não possui esse perfil é o chamado “homem de vidro”, que se quebra ao ser submetido a pressões e situações estressantes.
Existem dois tipos de indivíduos, aqueles que nascem e os que se tornam resilientes. Todos nós podemos nos tornar resilientes. Seguem algumas dicas:

- Mentalizar o seu projeto de vida, mesmo que não possa ser colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é confortante e reduz a ansiedade.

- Aprender e adotar métodos práticos de relaxamento e meditação.

- Praticar esporte para aumentar o ânimo e a disposição. Os exercícios aumentam endorfinas e testosterona, que proporcionam sensação de bem-estar.

- Procurar manter o lar em harmonia, pois este é o ponto de apoio para recuperar-se.

- Aproveitar parte do tempo para ampliar os conhecimentos, pois isso aumenta a autoconfiança.

- Transformar-se em um otimista incurável, visualizando sempre um futuro bom.

- Assumir riscos, ter coragem.

- Tornar-se um “sobrevivente” repleto de recursos no mercado profissional.

- Apurar o senso de humor, desarmar os pessimistas.

- Separar bem quem você é e o que faz.

- Usar a criatividade para quebrar a rotina.

- Examinar a sua relação com o dinheiro.

- Permitir-se sentir dor, recuar e, às vezes, enfraquecer para em seguida retornar ao estado original.

A resiliencia consiste no equilíbrio entre a tensão e a hibilidade de lutar, de atingir outro nível de consciência, que nos traz uma mudança de comportamento e a capacidade de lidar com os obstáculos da vida e do profissional.

‘Rocha & Coelho’