quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

PENSAMENTOS

A maioria das pessoas não se importa com as criticas – contando que sejam sejam sobre outra pessoa.

‘Susan L. Wiener’



Uma forma de exercer a profissão de critico é dormir. Principalmente no teatro.

‘George Bernard Shaw’

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O PRINCIPIO DA FARTURA

A razão pela qual ninguém pode dizer quantas maças existem Numa semente é que a resposta é o infinito. Sem fim. É nisso que consiste o principio da fartura: infinidade. Parece um paradoxo, porque nós como formas humanas parecemos começar e terminar num período de tempo especifico, e portanto a infinidade não faz parte da nossa experiência em forma. Mas é difícil imaginar que o universo tenha fronteiras ou que ele simplesmente termine em algum lugar. Se termina, o que há no fim, e o que há do outro lado do que é o fim? Assim, sugiro que o universo não tem fim e que não há um fim para o que você pode ter para si mesmo quando este principio de tornar-se parte da sua vida.
Já vimos que uma grande parte do que somos como seres humanos não tem forma, e que esta parte, os pensamentos, não tem limites. E disso eu deduzo que nós também somos infinitos. Consequentemente, a fartura, com a sua ausência de fronteiras e limites, é a própria senha do universo. Aplica-se a nós todos tanto quanto a tudo o mais no universo.
Deveríamos ser conscientes da abundancia e da prosperidade e não fazer da escassez a pedra angular das nossas vidas. Se temos uma mentalidade de escassez, significa que creditamos em escassez, que avaliamos as nossas vidas em termos das suas carências. Se nos fixamos na escassez, estamos colocando energia no que não temos, e esta continua a ser a nossa experiência de vida. O tema da historia da vida de tantas pessoas: “Eu simplesmente não tenho o suficiente”. Como posso acreditar em fartura quando os meus filhos não têm nem as roupas de que precisam?. “Eu seria muito mais feliz se tivesse...”
As pessoas acreditam que vivem uma vida de escassez porque não tem sorte, em vez de reconhecerem que o seu sistema de crenças esta enraizado no pensamento da escassez. No entanto, enquanto viverem com uma mentalidade de escassez, isto é o que atrairão às suas vidas. Tudo que seria necessário para eliminar esta condição de vida já está aqui neste mundo em que vivemos e respiramos.

‘Wayne Dyer’

CAPITAL INTELECTUAL

A evolução e o progresso da humanidade pasma pela maneira que o homem procura as respostas sobre todas as suas interrogações, em sua volta, no campo material, espiritual, cientifico, encontrando, assim, dentro do possível, as respostas para as suas indagações.
Neste processo evolutivo, o homem evoluiu da fase onde os trabalhos eram exclusivamente braçais, onde a própria força corporal era importante e necessária á sua sobrevivência para, nos dias atuais, a força da capacidade intelectual: entramos na chamada sociedade do conhecimento.
Portanto, na sociedade do conhecimento, faz-se necessário uma constante avaliação do processo educacional, exigindo um maior dinamismo e interação do sistema, professor, aluno, família e profissional, buscando uma maior eficiência na relação ensino aprendizagem, de maneira que o foco seja, sobretudo, darmos a capacidade para que o aluno possa, ele mesmo, aprofundar os seus conhecimentos, utilizando as ferramentas disponíveis como internet, livros, jornais, seminários, etc., tornado-se seu próprio guia, num continuo processo de evolução intelectual.
Ademais, é o nível de conhecimento, daqueles que se encontram ou procuram espaço no mercado, que vai garantir a sua permanência e crescimento nos postos de trabalho e o quanto será remunerado pela sua capacidade de trabalho e inovação, transformando, assim, no seu capital intelectual.
Da mesma forma que as pessoas, como indivíduos, são remuneradas e diferenciadas pelo capital intelectual que acumulam, hoje, verificamos também, que o processo contábil de uma empresa não se restringe, apenas, as instalações físicas e maquinários, mas igualmente, deve ser contabilizado o capital intelectual ali instalado.
O capital intelectual de uma organização compreende a habilidade e conhecimento acumulado dos membros da mesma, os processos de inovação implantados, a forma com esta empresa se relaciona com os seus clientes, a sua visão de futuro, etc.
Logo, a contabilidade tradicional que levava em consideração apenas os ativos tangíveis e físicos deve, sobretudo, contabilizar o maior patrimônio de uma empresa, hoje, que é o capital intelectual.
Sendo assim, o Departamento de Recursos Humanos, de uma instituição privada ou estatal, deve investir na contratação de um profissional que apresente um perfil criativo, fácil relacionamento intra e interpessoal, empreendedor e, sobretudo capacidade de adquirir novos conhecimentos.
Enfim, o Departamento de Recursos Humanos de uma empresa deve, igualmente motivar os membros da organização para a realização de um continuo processo de capacidade, dando a empresa um perfil organizacional de aprendizagem, para que a mesma possa aplicar adequadamente o conhecimento adquirido, fortalecendo-se, assim, no mercado altamente competitivo e aumentando, consideravelmente, seu patrimônio.

‘Luiz Renato de Araújo Pontes’

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A VIDA DEVERIA SER DE TRÁS PARA A FRENTE

A coisa mais injusta sobre a vida, é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás para a frente. Nós deveríamos morrer primeiro, se livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar a sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai para o colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, passa os seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

‘Charles Chaplin’

NOSSA MISSÃO NA VIDA

Frequentemente, eu me pergunto: “O que cada um de nós está fazendo neste planeta? Se a vida for somente tentar aproveitar o máximo possível as horas e os minutos, esse filme é bobo. Tenho a certeza de que existe um sentido melhor em tudo o que vivemos. Para mim, a nossa vinda ao planeta Terra tem basicamente dois motivos: evoluir espiritualmente e aprender a amar melhor.”
Todos os nossos bens na verdade não são nossos. Somos apenas as nossas almas. E devemos aproveitar todas as oportunidades que a vida nos dá para nos aprimorarmos como pessoas.
Portanto, lembre sempre que os seus fracassos são sempre os melhores professores e é nos momentos difíceis que as pessoas precisam encontrar uma razão maior para continuar em frente. As nossas ações, especialmente quando temos de nos superar, fazem de nós pessoas melhores.
A nossa capacidade de resistência às tentações, aos desânimos para continuar o caminho é que nos tornam pessoas especiais. Ninguém veio a essa vida com a missão de juntar dinheiro e comer do bom e do melhor. Ganhar dinheiro e alimentar-se faz parte da vida, mas, não pode ser a razão da vida. Tenho a certeza de que pessoas como Martin Luther King, Mahatma Ghandi e tantas outras anônimas, que lutaram e lutam para melhorar a vida dos mais fracos e dos mais pobres, não estavam motivadas pela idéia de ganhar dinheiro. O que move essas pessoas generosas a trabalhar diariamente, a não desistir nunca? A resposta é uma só: a consciência da sua missão nesta vida. Quando você tem a consciência de que através do seu trabalho você está realizando a sua missão você desenvolve uma força extra, capaz de levá-lo ao cume da montanha mais alta do planeta. Infelizmente, muita gente se perde nesta viagem e distorce o sentido da sua existência pensando que acumular bens materiais é o objetivo da vida. E quando chega no final do caminho percebe que o caixão não tem gavetas e que ela só vai poder levar daqui o bem que fez às pessoas. Se você tem estado angustiado sem motivo aparente está aí, um aviso para parar e refletir sobre o seu estilo de vida. Escute a sua alma: ela tem a orientação sobre qual caminho seguir. Tudo na vida é um convite para o avanço e a conquista de valores, na harmonia e na glória do bem.

‘Roberto Shinyashiki’

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Rir ainda é o melhor remédio

Especialistas comprovam: rir é mesmo o melhor remédio. Quer dizer, rir apenas não, gargalhar. Estudos desenvolvidos em vários lugares do mundo comprovam que dar boas risadas ajudam a prevenir doenças como vitiligo, psoríase, depressão, problemas cardíacos e até a cárie. Além de agir na prevenção, o riso também ajuda a acelerar o processo de cura, como acontece com pessoas portadoras de câncer, que apresentam melhora na doença depois de incorporar sessões de risos em seu dia-a-dia. O ato de rir também possui um efeito antiinflamatório, contribuindo para reduzir inflamações e aliviar a dor nas articulações. E para quem pensa que o assunto não é sério, a doutora em Medicina e Odontologia pela Universidade Livre de Berlim, Ursula Kirchner, explica que a prática rendeu até a formação do Clube da Gargalhada do Brasil (CGB), entidade que existe desde 2004 e que se consiste em um movimento global para a saúde, felicidade e paz no mundo. Lá as pessoas se reúnem para, simplesmente, rir!
O clube está instalado na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e qualquer pessoa pode participar. Os integrantes se encontram na praça da Liberdade no centro da Capital mineira e lá, segundo Ursula, a risada é provocada, sem a necessidade de piadas. Cada sessão de gargalhada começa com exercícios de respiração profunda e de emissão de sons, como ho... ho... há... há... há..., seguidos da prática de várias técnicas de riso estimulado.
“No início, os participantes realizam a prática com posturas de yoga, que acabam por levar o grupo a experimentar uma autêntica gargalhada. As risadas são contagiantes. Quando em um grupo alguém inicia uma gargalhada, a tendência é que todos os outros membros do grupo caiam na gargalhada também. Mesmo que a risada seja, a princípio, simulada, ela logo se torna espontânea e corre solta”, explica.
Ela conta que a técnica surgiu a partir dos estudos do médico indiano Madan Kataria, que deixou a medicina tradicional para se dedicar às pesquisas no gênero. Hoje, existem cerca de 5 mil clubes espalhados em 40 países do mundo. O método é conhecido como Hasya Yoga (Yoga da gargalhada) e também pode ser transmitido para outras pessoas do país através de cursos, workshops e palestras (www.clubedagargalhada.com.br).
Sem mascarar as tristezas

A médica Ursula Kirchner reitera ainda que se a pessoa estiver passando por um período difícil, ela tem que permitir que a tristeza esteja presente durante a prática, sendo verdadeiro com os seus sentimentos. “Muitas pessoas dizem que quando voltam para casa, após uma sessão de Hasya Yoga, sentem-se bem, mas outras, no entanto, sentem vontade de chorar”, conta Ursula Kirchner. E completa, “Por isso, é muito importante não usar a gargalhada para mascarar a tristeza, pois ela não é um instrumento para isso. Se não gargalhamos do fundo do coração, conduzindo nossa prática nesse sentido, não há como eliminar a tristeza. É a consciência equilibrada e a expressão de ambas as energias, alegria e tristeza, que o levam a experimentar uma profunda sensação de harmonia e de paz dentro de você”, recomenda.
Pensamento positivo

Ursula Kirchner, diz que seguindo o raciocínio “faça de conta até você conseguir fazer realmente”, existem pesquisas na área médica que mostram que se a pessoa agir de forma positiva, com alegria e sorrindo, o corpo produzirá substâncias químicas de felicidade, como as endorfinas.
“De acordo com o princípio da Programação Neurolingüística, tanto numa gargalhada espontânea quanto numa gargalhada ‘estimulada’, o exercício e, conseqüentemente, o efeito serão os mesmos, pois nosso corpo não reconhece a diferença entre uma e outra. Assim, independente da causa da gargalhada, ela provoca a mesma descarga fisiológica”, ressaltou a médica.
Falta de sorriso pode levar ao infarto

A psicóloga e estudante de Doutorado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Patrícia Nunes da Fonseca, explicou que o bom humor pode afetar a vida das pessoas de duas maneiras, na prevenção e recuperação de doenças. No primeiro caso, segundo ela, o estado de bom humor gera sentimentos positivos que possibilitam ao indivíduo aumentar sua imunidade, fato que ocasiona uma melhora na saúde e conseqüentemente uma maior qualidade de vida.
Patrícia Fonseca disse que psicossomática é a ciência que estuda como emoções, negativas ou positivas, podem interferir no corpo humano. “Sabe-se que, na atual vida moderna, muitas das doenças gástricas, por exemplo, têm origem psicológica, tendo o estresse como o grande vilão. Pessoas estressadas também estão mais propensas a desenvolverem sentimentos negativos de cólera, raiva e depressão. Assim, elas vivem de mau humor, ansiosas e sempre preocupadas, o que os levam a se tornarem um possível candidato ao enfarto”, alerta.
Já as pessoas que buscam desenvolver suas emoções positivas, com uma vida mais balanceada em termos de atividades, estão mais propensas a terem uma maior satisfação com a vida e um índice maior de bem-estar. A psicóloga diz que o estudo das emoções vem ganhado cada vez mais espaço no mundo acadêmico, e isto tem sido refletido em novas áreas do conhecimento que estão surgindo, como é o caso da psiconeuroimunologia, que de acordo com ela, estuda como as emoções influem no sistema imunológico das pessoas.
Quanto a recuperação de doenças, Patrícia Fonseca cita o exemplo do projeto “Doutores da Alegria”, que utilizam o riso e o bom humor para estimular pessoas que estão enfermas em hospitais. Ela diz que o projeto demonstra que à medida em que os pacientes sorriem, vivenciam sentimentos positivos, como a alegria, descontração, confiança e começam a ver a vida em uma perspectiva mais leve. “Isso acarreta uma recuperação mais rápida, principalmente no caso do câncer”, comentou.
Patrícia Fonseca citou ainda algumas pesquisas que vêm sendo realizadas na Universidade Yale, nos Estados Unidos, que demonstraram a importância do riso para a redução dos hormônios envolvidos na fisiologia do estresse, melhorando a intensidade e realçando a criatividade das resposta. Além disso, ela conta que o ato de sorrir com frequência também é capaz de reduzir a dor e, sobretudo, melhorar a imunidade.
Ao fortalecer o sistema imunológico, ela diz que as pessoas também ficam mais resistentes às doenças psicológicas e conseguem superar com mais facilidade problemas de depressão, insônia e síndrome do pânico, por exemplo. “As pessoas que sabem se divertir e rir são, geralmente, mais saudáveis e mais capazes de sair de situações de estresse com mais facilidade”, afirmou.
Necessidade de liberação de endorfina

Pessoas bem-humoradas e que cultivam o ato de rir com freqüência acabam dando um reforço a mais ao coração. O cardiologista Francisco Santiago, que é presidente da Associação dos Hospitais da Paraíba, disse que o “alto astral” é fundamental para manter o bom funcionamento do aparelho cardiocirculatório. Ele explicou que as pessoas que costumam sorrir mais vezes ao dia, liberam uma maior quantidade de endorfirna, que é um mediador químico, “descarregado” pelo cérebro quando as pessoas têm sensações de alegria e também quando praticam atividades físicas.
“A endorfina ativa o sistema cardíaco, melhorando os batimentos do coração, mantendo a pressão arterial sob controle e com isso, proporcionando o equilíbrio do nosso corpo”, explicou, dizendo ainda que as pessoas bem-humoradas produzem mais serotonina, que é um neurotransmissor que dificulta a aderência das plaquetas capazes de formar coágulos. “Um perigo para as artérias”, ressaltou o médico.
CONTRA BACTÉRIAS

Dar gargalhadas também é sinônimo de mais saúde para a boca. O dentista Dácio Gonçalves, diz que uma pessoa mais alegre e sorridente estimula o sistema glanular e uma maior produção de saliva. Com a boa mais úmida, diminui as chances da proliferação de bactérias, que são responsáveis por causar o mau hálito e também as cáries. “A saliva contém substâncias naturais que funcionam como uma espécie de defesa da boca. Quando a boca está seca, há um processo de fermentação, que se caracteriza por uma maior quantidade de bactérias. Podemos perceber quando estamos dormindo, onde praticamente não produzimos saliva. Por isso, que ao acordar percebemos o mau hálito, devido a essa concentração de bactérias”, explicou.
O bom-humor também é um forte aliado a prevenção de doenças de pele. A dermatologista Carla Gayoso, explica que algumas doenaçs psicossomáticas, a exemplo do vitiligo, da herpes e da psoríase, são provocas por problemas emocionais e ao estresse.
Marly Lúcio

Revolução da Alma

Ninguém é dono da sua felicidade,
por isso não entregue sua alegria,
sua paz sua vida nas mãos de ninguém,
absolutamente ninguém. Somos livres,
não pertencemos a ninguém e não
podemos querer ser donos dos desejos,
da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.
Não coloque objetivo longe demais de suas mãos,
abrace os que estão ao seu alcance hoje.
Se andas desesperado por problemas financeiros,
amorosos, ou de relacionamentos familiares,
busca em teu interior a resposta para acalmar-te,
você é reflexo do que pensas diariamente.
Pare de pensar mal de você mesmo(a),
e seja seu melhor amigo(a) sempre.
Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar.
Então abra um sorriso para aprovar o mundo
que te quer oferecer o melhor.

Com um sorriso no rosto as pessoas terão as
melhores impressões de você, e você estará
afirmando para você mesmo,
que está "pronto” para ser feliz.

Trabalhe, trabalhe muito a seu favor.
Pare de esperar a felicidade sem esforços.
Pare de exigir das pessoas aquilo
que nem você conquistou ainda.

Critique menos, trabalhe mais.
E, não se esqueça nunca de agradecer.

Agradeça tudo que está em sua vida
nesse momento, inclusive a dor.
Nossa compreensão do universo,
ainda é muito pequena para julgar
o que quer que seja na nossa vida.

“A grandeza não consiste em receber honras,
mas em merecê-las.”


Aristóteles, filósofo grego

Reformular a Internet

Quando foi criada, a Internet tinha outros objetivos (militares) e premissas. Com o tempo, a rede foi acumulando informações e muito tráfego. Hoje, os cientistas acreditam que a rede precisa ser repensada para poder continuar crescendo e atendendo seus propósitos.
Mesmo que a rede tenha experimentado evoluções, como a banda larga, os cientistas defendem a necessidade de uma reformulação, o que implicaria na substituição de equipamentos e softwares, para acompanhar os novos processos. A idéia é tornar a rede ainda melhor.
Os cientistas entendem que, em vez de criar paliativos para resolver cada problema, e corrigir a atual Internet com remendos, a nova proposta estabelece o redesenho do sistema para abrigar facilmente qualquer tecnologia futura, que venha a ser desenvolvida a partir de agora.
A nova Internet, a Geni, teria mais segurança pros usuários e seria especialmente mais confiável, oferecendo serviços que, hoje, são impossíveis dadas as suas limitações, como a realização de cirurgias remotas, com todos os recursos de uma simples videoconferência.
Segundo os cientistas, uma nova Internet funcionaria paralela à atual e a substituiria posteriormente, ou talvez alguns aspectos da investigação se aplicariam a uma reestruturação da arquitetura existente. Sua implantação deverá levar dez a 15 anos, até atingir sua plenitude.
- “Helder Moura” -

Reciclagem amorosa

Não é fácil lidar com os próprios defeitos muito menos com os dos outros. Mas, pense bem. Não são justamente aqueles pequenos desacertos que, muitas vezes, chamam a nossa atenção para alguém
especial? Com a convivência alguns comportamentos podem nos tirar do sério, como por exemplo:

1. Olha para todo mundo. É terrível estar com alguém que fica ciscando para todos os lados.

2. Sábado é dia dele lavar o carro. Ele perde a manhã e, a tarde o futebol com os amigos é sagrado.
Antes de reclamar, por que não aproveita este tempo para ir ao cabeleireiro ou pegar um cineminha com uma amiga?

3. Quando o assunto é o ex ou a ex: mostre que assunto já perdeu a graça.

4. E o atraso? De vez em quando tudo bem. Mais do que isso já é falta
de educação.

5. Falta de atenção: com a convivência é comum as pessoas não darem mais a mesma
atenção quando se conta alguma coisa. Se isto lhe incomoda, nada como uma boa conversa.

6. Piada sem graça: é uma chatice. O senso de humor é fundamental num relacionamento, mas palhaçada tem hora!

7. Um horror no trânsito: xinga, briga, faz sinais obcenos e ainda dirige mal? Hum... que tragédia!

8. Para os (as) amigos(as) tudo... Uma situação chatíssima é dar mais atenção aos outros e esquecer você num canto.
Ou você se esperta e participa ou tira o time e vai embora.

9. Adora competir: sem dúvida, isto mostra insegurança ou falta de
competência. Cabe a você mostrar que no amor o que menos importa é ficar competindo. Não permita nunca que a outra pessoa sabote a sua auto-estima.

10. Machão é apelido perto dele: alguns homens ainda pensam que sua virilidade só
é sentida quando falam grosso e mandam em tudo.
Lembre a ele que para ser admirado, o comportamento deve passar longe de manifestações machistas.

Como todos os mortais, ninguém é perfeito. Mas, já que princesas e
príncipes encantados não existem... viva bem com quem você tem ao seu lado.

Marlene Heuser

Raul Seixas, luta de classes e ouro de tolo

O rebelde Augusto dos Anjos, em seus “Versos íntimos”, escreveu: “o homem, que, nesta terra miserável, mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera”. Ele, se aqui estivesse, veria pessoas acostumadas a um imenso mar de lama, vivendo numa sociedade embriagada pelo excesso de novidades tecnológicas. Pessoas que, de tão desprotegidas, aprenderam a banalizar a violência, a falta de caráter, a falta de ética, a imoralidade. Cidadãos que vivem indefesos e sem porta-voz. Falta-lhes um toque de inconformismo. Não querem perder, acabam perdidos. É nessa história de porta-voz que fico ouvindo Raul, Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller, e procurando vozes que representem ideais, que ofereçam propostas.
Raul Seixas nasceu no dia 28 de junho de 1945 e faleceu em 21 de agosto de 1989, fez muito rock num Brasil de brasileiros em transformação. Gritou e cantou sua mensagem de tonalidade rebelde que falava de um mundo de homens livres. Sinto saudade dele. Acho que, se vivo fosse, estaríamos recebendo sua música tão necessária ao espírito jovem. Outro artista que me fez ter orgulho de ser roqueiro e não desistir nunca foi Cazuza. Com suas letras, sua sensibilidade e sua coragem, ele ainda provoca - como Raulzito - o amor de uns e o ódio de outros. Raul e Cazuza nos ensinaram - e ainda ensinam - a vaiar quem nos sacaneia. E é assim que tem que ser quando se é autêntico. Hoje, estou com saudade de um tempo em que se perguntava, na voz de Renato Russo: “Que país é este?”
“De resto, só nos resta o rock”, é o refrão de algo já preparado para meu próximo disco, que gravarei, em breve. Não creio que o rock de protesto esteja morto. Acredito que ainda existam muitas moscas soltas por aí. E, nada mais ideológico do que ser mosca na sopa daqueles que tentam nos iludir. Ideologia é algo natural ao ser humano. Afinal, quem defende a tese que prega a morte das ideologias, está sendo ideológico. É esta contradição sadia, fruto das aptidões intelectuais que desenvolvemos desde a Pré-História, que me faz perceber, tão claramente, a luta de classes (agora, mais acirrada e violenta) presente no dia-a-dia. Como complemento e contraponto, sempre haverão rebeldes cantando a “música urbana”, vaiando o que não agrada, pois, rebelde começa com “R” de Raul.
Gustavo Magno

Que tipo de pai você é?

Um pai que ama e dá amor. Um pai que dá presentes. Um pai ausente. Um pai que acaricia. Um pai que adota. Um pai que não sabe dos problemas do filho. Um pai que só pensa nos negócios. Um pai que não sabe que é pai. Um pai que não tempo para o filho. Um pai amigo...

Os homens assumem tarefas que antes eram realizadas somente pelas mulheres. E as mulheres que trabalham fora, muitas vezes, deixam os filhos por conta do pai.
Os homens estão mais próximos dos filhos. Abraçam, beijam, dão colo, participam das reuniões escolares, contam histórias, trocam fraldas, levam para a escola e ajudam nos deveres de casa.

Há algumas décadas, o pai só brincava com o filho quando ele começava a andar e, de preferência, todo limpinho e arrumadinho. Raramente trocavam fraldas ou levavam a criança ao pediatra. Hoje os homens cuidam de um filho tão bem quanto a mãe.
O pai está sim, mais participativo. A conjuntura econômica com a entrada da mulher no mercado do trabalho e, a perda do emprego, tem levado, inclusive, alguns casais a trocar de papéis. O homem fica em casa cuidando dos filhos e a mãe, sai para trabalhar. Outros se desdobram para conciliar trabalho e família. Ele batalha para ser reconhecido como alguém que dá amor e não somente o sustento.

Os homens que ficam próximos aos filhos estão sendo surpreendidos por emoções que somente as mães sentiam: angústia, estresse e frustração. Alguns ficam constantemente se questionando se estão sendo bons pais.

Ser pai nos dias atuais, nem sempre, é uma tarefa fácil. Vivemos num momento em que diariamente assistimos barbáries de uma geração sem limites. Jovens completamente perdidos e desorientados, sem noção clara do certo e do errado, sem responsabilidade, sem diálogo com os pais, bebendo além da conta e, sem o calor familiar diário sendo alvos fáceis da violência urbana. Muito se fala e pouco se faz. A sociedade reconhece a situação, a imprensa divulga as cenas exaustivamente e os pais que um dia se uniram pelo casamento com a intenção de educar os filhos parecem alheios a tudo isso, acreditando que a desgraça só acontece na casa ao lado.

Numa época competitiva como a que vivemos, a luta por um lugar no mercado de trabalho tem feito os pais abraçarem o mundo. Trabalham demais para poder oferecer aos filhos uma boa estrutura e um padrão de vida digno. Não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio para conciliar a vida profissional, pessoal e familiar. O casal precisa se unir para compartilhar as responsabilidades financeiras, para educar os filhos e suprir as suas necessidades de afeto e de carinho. Nessa correria toda alguém sai perdendo. Perde o próprio casal e estes com os filhos que tanto desejaram ter.

O estresse da vida moderna tem se transformado em uma verdadeira neurose. O tempo é todo cronometrado.
As crianças, por sua vez, têm a agenda lotada. Muitas vezes, os pais esquecem o quanto é importante o investimento de tempo com qualidade.

Tem gente que usa a “falta de tempo” como desculpa. Os bares, cafés, as lojas do shopping e os salões dos cabeleireiros estão cheios de pais que alegam não ter tempo para estar com os filhos.
Muitos pais são omissos na hora de passar informações sobre orientação sexual e boas maneiras. Eles delegam à escola um dever que lhes compete. Este é o perfil de pai que diz o terrível “agora não” quando o filho faz alguma pergunta bem na hora do telejornal.

Ser pai é ser bom sem ser fraco. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo...

Marlene Heuser

A minha homenagem a todos os pais:
PAI, PERDOA-ME

Pai, perdoa-me
pelas vezes que sentei ao seu lado, mas não ouvi o que dizias...
Pai, perdoa-me
pela visita rápida de fim de tarde, antes do jantar de domingo...
Pai, perdoa-me
pela pouca paciência, quando querias aconselhar-me nos negócios...
Pai, perdoa-me
por achar que tuas idéias já estavam ultrapassadas...
Pai, perdoa-me
por ignorar tua experiência de vida...
Pai, perdoa-me
pela minha falta de tempo para passar contigo...
Pai, perdoa-me
pelo teu convite que recusei porque ia sair com meus amigos...
Pai, perdoa-me
pela minha insensibilidade na hora da tua dor...
Pai, perdoa-me
pelas vezes em que meus filhos não te trataram com o respeito que merecias...
Pai, perdoa-me
pelo abraço que não te dei, pelo carinho que não te fiz...
Pai, perdoa-me
por não ter reconhecido em ti o próprio Cristo...
Pai, abençoa-me...

autor desconhecido

Quantos Amigos Você Tem?

Um velho voltou-se para mim e perguntou:
“Quantos amigos você tem?"
Uns dez ou vinte por quê?
Ele levantou-se com esforço e tristemente agitou a cabeça...

"Você é uma garota de sorte para ter tantos amigos...” disse ele.
Existe uma coisa que você não sabe,
Um amigo não é apenas alguém para quem você diz "olá"...

Um amigo é um ombro tenro no qual se chora suavemente...
Um poço para levantar seu espírito bem alto...
Um amigo é uma mão para te puxar para fora...
Da escuridão e desespero...
Quando todos os outros "supostos" amigos ajudaram a te colocar lá.

Um amigo verdadeiro é um aliado que não pode ser movido ou comprado...
Uma voz que deixa seu nome vivo quando outros o esquecem...
"E responda mais uma vez...
Quantos amigos você tem????"
E então ele se levantou e me olhou
Esperando a resposta...
Suavemente respondi:
“Se eu tiver sorte... Eu terei você!!”

Quando entrou setembro

Era um sujeito simples que encontrou uma gruta cheia de jóias roubadas. Como sujeito simples que era, nunca tinha visto tanto “mel”. Encantado com o ouro, viu-se no direito de “resgatar” aqueles objetos para si. Eram objetos roubados e estavam ali, disponíveis. Assim, o mundo da fantasia nos apresenta “Ali Babá e os quarenta ladrões”, uma fábula que faz crianças torcerem pelo ladrão que roubou o ladrão. Coisa caótica é tentar compreender a humanidade...
Uma pesquisa anunciou, semana passada, que 40% dos eleitores brasileiros não acredita que existam políticos honestos e, estes mesmos eleitores, também não acham escandaloso um político roubar, “contanto que esteja fazendo algo pela população”. Suponho que estas pessoas têm consciência que estão educando seus filhos a aceitarem o “bom ladrão”, ou a sentença: “Ele rouba, mas faz”. Ou, até, coisa pior, como um traficante que ajuda uma favela, por exemplo.
Imaginem os filhos destas pessoas, desejando exercer cargo público. Pois é. Uma geração inteira que acredita ter o direito de cometer delitos, por ter sido abençoada pelos próprios pais. Afinal, aprenderam desde cedo que “assim caminha a humanidade”.
É confuso pensar que, as mesmas pessoas que falam em honestidade, criticam alguém que encontra uma mala cheia de dinheiro e procura devolvê-la ao dono. É, simplesmente, caótico tentar compreender o que o povo brasileiro entende como sendo Educação, bons costumes, respeito, e outros tantos elementos fundamentais ao convívio em sociedade. Temo que, num futuro não muito distante, o Brasil seja reconhecido por suas fragilidades sociais: Saúde, Segurança, etc. Por isso, penso que deveriam haver maiores investimentos em Educação, para que se possa promover uma reforma mental, já.
Julgar quarenta ladrões, não desativa a quadrilha. Existe, ainda, muita história a ser descoberta. O Brasil passou por mais de mil e uma noites de fábulas contadas por homens inescrupulosos que dominaram o povo. Uma população que, mesmo que ganhasse salário milionário, gastaria apenas com casa, cachaça e comida. Literatura, cinema, teatro, música, artes plásticas, dança, poesia, tudo isto é sempre muito caro para quem não compreende isto tudo.
- “Gustavo Magno” -

“Psicanálise não é modismo nem marketing”

Dois importantes nomes da psicanálise, um brasileiro e outro francês, vão se encontrar João Pessoa nos próximos dias 24 e 25. Jacques André (França) e Zeferino Rocha (Recife/PE) são os conferencistas da V Jornada da Sociedade Psicanalítica da Paraíba e IV Jornada de Psicanálise de Crianças e Adolescentes, que acontecerão no Hotel Caiçara, numa realização da Sociedade Psicanalítica da Paraíba – SPP.
O francês Jacques André é Psicanalista da Associação Psicanalítica da França (APF), professor de psicopatologia da Université Denis Diderot (Paris VII) e atual Diretor do Centro de Psicanálise e de Psicopatologia (CEPP) da Universidade de Paris VII. O evento terá como tema central “A Psicanálise na escuta das psicopatologias” e promete ser um dos grandes momentos de reflexão para a classe psicanalítica este ano.
Além dos conferencistas, participam também da Jornada psicanalistas de renome nacional, com estudos psicanalíticos importantes que serão debatidos no evento, como Cibele Prado Barbieri, presidente do Círculo Brasileiro de Psicanálise, Neuma Barros, presidente da SPP, Mercês Muribeca, Vera Esther Ireland, Luis Maia, Ivone Vita, Henriqueta Melo e Dalva Alencar.
Em entrevista exclusiva ao CORREIO, o psicanalista pernambucano Zeferino Rocha, autor de importantes publicações utilizadas por acadêmicos de Psicologia e especialistas em Psicanálise, analisa a interação da Psicanálise com outras áreas, a utilização e popularização das terapias e diz, entre outras coisas, que a presença do psicanalista francês Jacques André em João Pessoa é uma garantia de que esses dois dias de estudos se transformarão em uma grande aprendizagem teórico-clínica para todos aqueles que dela puderem participar. Mais informações no site: www.sppb.com.br
A ENTREVISTA
A Psicanálise é utilizada hoje em diversos campos de atuação profissional, como por exemplo, na área de Direito ou na Educação. É importante haver essa interdisciplinaridade ou o Sr. acha que cada profissional deve centrar seu trabalho na sua área de atuação?
O tempo das Enciclopédias está definitivamente superado. Hoje nenhuma ciência poderá abranger sozinha todo o vasto campo do saber. Por isso, nenhuma ciência pode prescindir da ajuda das outras. Desde os primórdios da psicanálise, Freud tomou consciência de que a descoberta do Inconsciente poderia ser de grande valia para a pesquisa em outros campos do saber e ele próprio aplicou suas descobertas psicanalíticas à Literatura, ao Direito, à Etnografia, à Educação, à Religião, à Moral e a muitos outros campos de pesquisa. Hoje, creio, é convicção unânime de que o diálogo interdisciplinar é indispensável para o progresso das diversas ciências. Se a psicanálise tem uma contribuição notável a dar às ciências humanas, ela, por sua vez, tem muito o que receber dessas ciências e de todas as demais ciências que se preocupam com o fenômeno do homem.
Como o Sr. avalia a utilização da terapia nos dias de hoje? Muitas pessoas procuram terapias por vários motivos: estresse, problemas no casamento, entre outros. Fazer terapia poderá se transformar em um modismo pós-moderno? Isso implicaria em algum dano à psicanálise, que poderia ser banalizada?
A condição trágica do homem, que o confronta constantemente com a dor de seus limites e com a experiência do sofrimento sob suas formas as mais diversas, explica por que ele sempre necessitou dos cuidados terapêuticos. Por isso, sob formas as mais diversas, a experiência terapêutica sempre existiu e nunca deixará de existir na sociedade humana. A psicanálise é uma dessas formas de terapia. Não é a única, nem necessariamente a mais importante ou a melhor. Sem dúvida que o trabalho terapêutico pode ser banalizado, quando cede à tentação dos modismos e se deixa dirigir pela técnica do marketing. A própria experiência analítica pode ser banalizada, se não for fiel aos seus objetivos. Mas isto acontece com qualquer profissão. Eu não conheço profissão alguma que não tenha sido banalizada, ou mesmo profanada, por alguns dos seus profissionais, que não souberam ser dignos da profissão que abraçaram.
A mulher, geralmente, tem seu corpo utilizado em comerciais de TV e em novelas como um verdadeiro troféu a ser conquistado. A Psicanálise tem algum estudo que trate dessa questão da utilização do corpo como forma de conquistar espaços? O Sr. poderia falar um pouco sobre isso?
Embora Freud tenha feito uma distinção entre o corpo e o psiquismo, entre o mundo somático e o mundo anímico, esta distinção, de maneira nenhuma, significa uma separação, pois, na perspectiva psicanalítica, tudo o que acontece no corpo repercute no psiquismo e tudo o que é vivido no psiquismo, repercute no corpo. Ou seja, para a psicanálise freudiana, o corpo é parte estruturante da subjetividade humana, pois o eu é fundamentalmente um eu corpóreo. Dito com outras palavras: o homem, enquanto sujeito, não apenas tem um corpo, ele é o seu corpo. Assim sendo, para a psicanálise, é um verdadeiro ultraje e um desrespeito à pessoa humana, a exposição do corpo humano como objeto de propaganda para fins comerciais. Os que assim procedem, reduzem o corpo humano, e especialmente o corpo da mulher, a um mero objeto, destituindo-o de sua dignidade metafísica de sujeito.
No ano passado o mundo inteiro lembrou os 150 anos de nascimento do criador da psicanálise, Sigmund Freud. O Sr., como psicanalista e principalmente como pesquisador, considera que o mundo ainda se rende ao pensamento freudiano? O mundo de Freud ainda é referência para a psicanálise no que podemos chamar de pós-modernidade?
Como todo gênio, Freud, em vez de ser considerado um marco que delimita o campo da pesquisa com as suas descobertas, deve ser olhado como um farol que ilumina o caminho para novas conquistas. Suas teorias não esgotam o saber psicanalítico, mas inspiram novas descobertas, no campo da pesquisa psicanalítica. Evidentemente, nosso mundo contemporâneo é muito diferente daquele em que Freud viveu e escreveu a sua Obra. Por conseguinte, não é de admirar que a clínica psicanalítica, hoje, defronte-se com problemas diferentes daqueles que ele conheceu em seu tempo.
Fale sobre a teoria da sexualidade em Freud. Ela foi importante no processo de emancipação e conquista da mulher por espaços cada vez significativos na sociedade contemporânea?
Freud teve o grande merecimento de reformular inteiramente o conceito de sexualidade vigente em sua época. Tanto na linguagem coloquial, quanto na linguagem científica, a sexualidade, até ao tempo de Freud, era exclusivamente olhada na sua forma genital, quando não confundida com o instinto sexual. Por isso, acreditava-se que ela só emergia na história do ser humano a partir da puberdade. Freud modificou esta maneira de ver a sexualidade, tanto no que se refere à compreensão do conceito, quanto à sua extensão. Distinguindo a pulsão do instinto e vendo, na pulsão sexual, a pulsão propriamente dita que dinamiza toda a nossa vida psíquica, ele deu uma outra dimensão ao conceito de sexualidade. E assim modificada a sexualidade pode ser aplicada às crianças, antes mesmo da fase genital e ser vivenciada em situações especiais sem nenhuma referência aos órgãos genitais. Acredito que esta modificação possibilitou, do ponto de vista psicanalítico, um estudo mais aprofundado da sexualidade infantil, da sexualidade feminina e da sexualidade perversa. No meu modo de ver, a teoria freudiana da sexualidade, que sob a denominação de libido ele próprio comparou ao Eros do divino Platão, favoreceu ao trabalho de emancipação e de conquista da mulher na sociedade contemporânea. O fato, porém, de Freud ter estudado a sexualidade feminina numa perspectiva, sob muitos aspectos, ainda muito marcada pela perspectiva biológica, explica que algumas de suas afirmações deixem a desejar e tenham provocado uma reação negativa por parte das feministas.
Augusto Magalhães

PREDADORES

No mundo, encontramos seres horripilantes. Mas um há, especificamente, que é, sem dúvida, o mais repugnante de todos: o predador. Também num sociedade extremamente materialista, onde o dinheiro se apresenta como o “ser” supremo, os predadores encontram ambiente altamente propício para promoverem a multiplicação da espécie. Se você parar por alguns minutos e olhar bem para a sociedade em que vive, logo perceberá que os predadores existem realmente estão em nosso dia-a-dia, convivendo lado a lado conosco.
Existem muitos tipos de predadores, porém dois nos chamam a atenção. O primeiro consiste naquela pessoa altamente materialista e egocêntrica, que não mede as conseqüências dos seus atos, pois o que lhe importa verdadeiramente é concretizar um sonho qualquer, nem que para isso seja preciso literalmente passar por cima das pessoas. Não importa quais: irmão, pai, mãe, parentes ou mesmo amigos íntimos.
Este tipo de predador é visto circulando em grande número e apresenta-se como um dos maiores responsáveis pela degradação da Terra. O comportamento desses predadores chega abruptamente ao nosso viver, como se estivessem sob o comando de um cansim egípcio, aquele vento sul, quente e seco, que sopra no Egito na época das cheias do Nilo, e também inundando de maldade o nosso tempo, sob as formas mais impiedosas.
São seres avarentos, mas parecem guardar dente de si uma micoteca, pronta para se abrir e espalhar ao seu redor os fungos denominados inveja, soberba, corrupção, traição e egoísmo.
O segundo predador no é encontrado em numero expressivo, mas também habita o nosso planeta em grande quantidade. Trata-se de ser que, na maioria das vezes, pode ser considerado excelente cidadão, grande profissional, de extrema bondade. Todavia, o seu modo de viver dizendo sim, sem jamais dizer não, de sempre dedicar-se primeiramente a resolver problemas, principalmente os alheios, esquivando-se de olhar para a sua própria pessoa, fez surgir no mundo outra espécie de ser, o predador de si mesmo.
Ora, de uma extremidade a outra, a vida nos mostra a cara dos predadores. Por intermédio deles, também nos ensina o caminho da felicidade, que repousa no jardim do equilíbrio. É aquele velho ditado: “nem tanto ao mar, nem tanto á terra”. A arrogância, prima da vaidade e irmã da prepotência, termina muitas vezes por levar homem ao estacionamento da depressão.
É preciso que a humanidade tenha consciência de que: “a inteligência se lhe condiciona a determinados fatos de expressão. O ar que respira é patrimônio de todos. As conquistas da ciência, sobre as quais baseia o progresso, são realizações corretas, mas provisórias, porquanto se ampliam consideravelmente de século para século. A saúde física é uma dádiva em regime de comodato. A fortuna é um deposito a titulo precário. A autoridade é uma delegação de competências, obviamente transferível. Os amigos são mutáveis, na troca incessante de posições, pela qual são frequentemente chamados à prestação de serviço, segundo os ditames que os princípios de aperfeiçoamento ou de evolução lhes indiquem. Os próprios adversários, a quem devemos preciosos avisos, são substituídos periodicamente e que os mais queridos objetos de uso pessoal passam de mão a mão.

‘Onaldo Queiroga’

Portas estreitas

Os poderosos de todos os tempos sempre se preocuparam em manter a incolumidade de seus poderes, em perpetuar seus mandos. Mas poder é coisa que se acaba. Justamente por ser coisa, simplesmente.
Afinal de contas, as melhores coisas deste mundo não são coisas. Mas disso os poderosos não entendem...
Aflitos com a perecibilidade e a finitude das coisas deste mundo, um dos tais pergunta a Cristo no Evangelho deste domingo se era mesmo assim tão difícil entrar no Reino prometido.
O Filho do Homem podia ter acrescentado estatísticas ainda mais alarmantes do que aquelas que já deixavam os ricos e os poderosos em dificuldades maiores do que os camelos diante das portas do reino dos céus. Mas desta vez o nazareno preferiu falar de uma certa porta estreita que os interessados teriam de buscar se quisessem de fato eternizar o bem.
Alguém mais afoito pode confundir a porta estreita do Evangelho de Lucas com aquela passagem apertada de Indiana Jones, perseguido por uma bruta de uma pedra que rolava nos seus calcanhares. Uma coisa não tem muito a ver com a outra.
Aliás, Mateus é outro que recomenda cuidados especiais com as portas:
– Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. (Quam angusta porta et arta via quæ ducit ad vitam! et pauci sunt qui inveniunt eam) (Mt 7 13-14).
Para completar, o evangelista do domingo em boa hora adverte:
– Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos.”
Para mim, a expressão de Lucas (13 30) é definitiva naquela entrevista de Jesus com as distintas personagens do seu tempo. Estou convencido de que esse diálogo nunca esteve tão atual.
Eu mesmo, se fosse um desses primeiros que levam a vida pensando em chegar na frente a qualquer preço, juro que tratava logo de retardar o passo, a fim de não chegar tão cedo ao destino traçado por Lucas. Porque o mal de quem não sabe chegar é ser obrigado a perder a vez.
Ó, Senhor, quem serão os próximos primeiros?
Ou melhor, quem serão os derradeiros últimos?
Se a pergunta fosse feita agora, neste preciso momento, talvez ficasse bem mais fácil de responder. Provavelmente, nem seria preciso invocar as Escrituras...
- “Luiz Augusto Crispim” -

Porta secreta

Carne de Pescoço - 14/11/2005
Zé Ramalho

Vou te passar um motivo que te faça como fez em mim, a nossa alegria alegria. O grande sopro que veio pelo mel de todos os segredos, pelo som de todos os brinquedos, um canto leve que leve a gente para outro lugar transparente, que em tudo reluz a boa e forte imagem que chega.

Nesses dias que temos pela frente, à qualquer hora um "napalm" pode lhe acertar.

Você pode esbarrar numa esquina com a sorte que lhe procura desde que você nasceu, e você pode procurar o planeta inteiro por ela (a sorte) e não encontrá-la.

Ela pode estar lhe procurando em Marte ou em Saturno e não sabe que você está aqui na Terra. Portanto, quero ir para Vênus ou mesmo quem sabe, me plantar e enraizar meus pés no Brejo-do-Cruz, lugar cercado de luz. Amigo feto da minha infância.


uma calçada cheia de lixo,
refugos que vou atirando para trás
por cima dos ombros,
chegarei um tempo, minha gente,
nessa minha viagem para trás,
onde falarei com velhinhos que estavam
nos rubros campos de batalha
e eles me disseram que o súbito silêncio...
era a Voz de Deus.


Para saber da passagem e qual a ponte a me atravessar, que próxima vinda me chega no corte das atrações em dia?

Um magneto espesso, um solenóide aparente, os átomos bulindo, como eu diria: no gosto do fino cálculo.

Descer da solidão, é se jogar no teu abismo. Naquela sensação de tiro e queda, um pulo no carnaval de cada um. A sensação das procuras e dos desejos. O saciar qualquer vontade, qualquer coisa que provoque fagias no teu denso mistério de homem. Teu curioso olho em flerte com o desafio.


por detrás das montanhas,
quando vens cada ciclo,
me estremeço de veias,
fico mudo de pleno
ano-luz amarela
que derrete os minerais,
que amolece os animais
curandeira das trevas,
pastorinha do cais,
que recebo em teus raios
no alimento das sombras
que chegaram relâmpagos
entre olhos de pedras
cavalgaram teu dorso
nos umbigos da terra
nos rochedos que rompem
ante um raio mais forte,
os sons das guitarras,
faíscas da vida.


Um torvelinho louco que nos levou em pouco tempo para o ventre dos abismos, nunca verá o brilho que engana os olhares curiosos dos nossos inimigos. E o milagre dos venenos que trouxeram todo o ardor do fogo nos ouvindo e nos livrando do que antes fora um barco salvador.


os portões do éden vão se abrir
e os quatro cavaleiros armados
de carabinas e armaduras medievais
vão invadir os templos sagrados
e espalharão sede nas campinas
nem as ervas sobreviverão,
por mais daninhas que sejam,
nem os peixes e nem os caçotes
suportarão o peso das águas.
mas as serpentes tentarão reagir,
lançando fogo sobre o metal vil,
laçando bichos já estrangulados
pela ação corrosiva dessa erosão,
os holofotes do pequeno dragão,
um fusco-pálido mais brancoso,
poderá iluminar no céu.
um para-quedas com uma cruz vermelha
e os ossos brancos do pirata negro
na abordagem da ilha do sossego.


Qual é a mais estranha e distante percepção que uma projeção humana pode ser lançada no universo do seu raciocínio lógico e ilógico?

O desconhecido sempre existirá. Porque o vocábulo exprime exatamente o que não pode ser definido como um conhecimento tátil ou teórico de alguma coisa dura, etérea ou regiões avançáveis. O sentido literal não é absoluto no "conhecido" e no "desconhecido' Maniqueísmo valor aplicado. As luzes acendem-se e apagam-se no cérebro do homem, deixando-o fantoche das suas emoções, e comandos da sua vontade.


esteja eu perto ou longe,
mantenha sempre nos olhos
a minha imagem que eu me tranformo
em olhar e em coração para embalar
essa lembrança
e desprender suas luzes na madrugada
todos que foram empalhados,
não mais estaremos calados
como bichos alados que voam
no silêncio da sua própria solidão,
de quem souber imantar
a vela mais que fulgas
o tempo para na curva e manda um beijo
para a filha da chuva
correio da noite
vai amanhecer
e a manga da foice,
se clara se vê.
se foi ante-ontem,
espero que contem
quem foi sem morrer

tua porta, tão larga
vive aberta em silêncio,
pois só treme nos gonzos
quando rangem os seus dentes.

mas quem for lá cruzá-la,
vai viver seus momentos,
pois é lá que habitam
todos os sexos dos anjos
e os chocalhos da cobra
no olhar do sertão


Essa porta tem um ferro transparente como seda e uma rigidez tão sólida quanto a inocência das crianças.

Ela vem de outros movimentos, de outros murmúrios, de outros paradigmas que não esses que são corrompidos desde que se coagularam nessa dimensão escabrosa do novo pensamento mundial.

A cabeça. Como é bela. Os olhos são as janelas por onde essa coisa esquisita que se diz energia, espia o que se passa aí fora numa determinada partícula que flutua no universo.

Poptrovadorismo (manifesto nº1)

Sendo pessoa, eu, nascido sem nome, depois batizado, magno ou mínimo, apenas Gustavo, corpo e juízo, mens sana in corpore sano, declaro: Abaixo a tirania dos acomodados! Precisamos espantar os males com o canto. Precisamos saciar, sim, a fome de fonemas, sons desencontrados, harmônicos ou dissonantes sons. Democraticamente, falar com a certeza de que nos verbos que vieram no princípio, nas palavras que descansam no passado, nos símbolos que transformam o ser humano, nas expressões que veremos no futuro, alea jacta est!
Saudações aos que sobrevivem tentando transformar pessoas em seres humanos, aos professores, artistas, pensadores em geral, que são torturados psicologicamente, todos os dias.
A palavra pode ser som. A palavra pode ser pátria. Pode estar na imagem de uma boca aberta, no olho escancarando a surpresa, no punho cerrado pela ira ou escandalizando a vitória. A palavra pode ser sentida numa expressão aparentemente sem lógica. Palavras representando sentimentos.
Música não é som. Música é um conjunto de sons e silêncios traduzindo e provocando sentimentos. Música é sentimento. Sentimento que provoca sentimento. Música que provoca música.
Palavra é música. Frases são conjuntos de sons e silêncios, vírgulas que afetam o ritmo, reticências suspendendo a idéia. Palavra provoca palavra. Música provoca palavra.
Todas as Línguas são válidas. Abaixo o atraso que busca uma perfeição que não existe! Não temos defeitos: somos imperfeitos, mesmo. Eis nossa grande qualidade! Eis a natureza! Eis a perfeição!
O som da letra é sentimento, o sentimento é nota musical na simplicidade do que parece destoar, do que parece dissonante, numa brincadeira qualquer ferindo a escala, a escola, numa palavra nova, mutante. Todas as Línguas estão vivas, todas as linguagens são vivas!
Poptrovadorismo é cantar palavras e contar histórias através da música. Poptrovadorismo é unir a música da palavra ao som dos instrumentos, é música que usa o som como sílaba, nota a nota, palavra cantada que provoca o pensamento. Poptrovadorismo faz, quem canta frases e sons. “Cada cabeça é um mundo, um universo”, o que importa é cantar-traduzir-conectar novas mensagens nestes tempos nublados por uma “democratura”. Libertæ quæ seræ illusoria!
Gustavo Magno

POLITICA SOCIAL - DILEMAS DO SECULO XXI

“A finalidade do desenvolvimento é sempre social e se baseia em princípios de ética e de solidariedade. Somente quando esses conceitos estiverem em plena sincronia com os condicionantes ecológicos e com as garantias de viabilidade econômica será possível construir um projeto de futuro triplamente vencedor, com base em ganhos sociais, ambientais e econômicos.”
As idéias são do economista Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Ehess), da França, e foram registradas na tarde de segunda-feira (23/10), na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), no encontro intitulado “Como pensar o desenvolvimento no século 21?”.
Nascido em Varsóvia, Polônia, em 1927, e naturalizado francês, Sachs é também co-diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da Ehess. O economista considera-se um otimista e diz ter plena convicção de que o desenvolvimento futuro não será baseado na “repetição dos resultados pífios do passado”.
“Mas não podemos simplesmente extrapolar as condições passadas, pois isso levaria ao acúmulo de novas catástrofes sociais. Temos que ter coragem e ambição de inventar um caminho novo a partir da análise crítica dos paradigmas falidos”, disse Sachs a uma platéia formada por alunos e professores da FEA.
Neste começo de século, segundo ele, três grandes desafios mundiais deverão ser perseguidos. O primeiro é o déficit agudo de trabalho decente – conforme definido pela Organização Internacional de Trabalho em termos de remuneração, de condições e de relações de trabalho satisfatórias.
“Quase um terço da força de trabalho mundial está desempregada ou trabalha em condições de extrema precariedade. Apesar do crescimento da economia mundial, a escassez de trabalho é um dos problemas que só se agrava com o passar dos anos”, disse.
Transformar o país para abrigar trabalhadores estrangeiros seria uma solução. “O pleno emprego deve ser o foco central de qualquer programa de desenvolvimento. Pensando nisso, a Europa conseguiu exportar mais de 90 milhões de camponeses para as Américas”, disse. Se fossem consideradas as proporções demográficas, hoje seria preciso inventar um novo espaço para abrigar algumas centenas de milhões de trabalhadores rurais chineses e indianos.
“Se pudéssemos transformar o Brasil em uma imensa ‘floricultura’, devido à capacidade do país para abrigar cerca de 15 empregos por hectare de terra, toda a mão-de-obra ociosa de outros países poderia ser importada para a geração de riqueza em território nacional, além de garantir a segurança alimentar mundial”, disse.
No lado ambiental, Sachs aponta a questão das mudanças climáticas como a grande vilã do século. Para ele, enquanto a dependência de energia fóssil não for alterada de maneira radical, a probabilidade de ocorrer modificações climáticas irreversíveis com conseqüências sociais desiguais será cada vez mais aparente.
“Sabemos que a proposta do Protocolo de Kyoto é uma brincadeira com relação ao que deve ser feito. Ainda que seja inteiramente respeitado, o protocolo atingiria apenas 10% da redução das emissões dos gases do efeito estufa”, disse Sachs à Agência FAPESP.
Segundo estimativas, para estabilizar os crescentes níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o principal gás do efeito estufa, seria necessário reduzir as emissões em 60% até meados do século.
“O Protocolo de Kyoto propõe apenas 6% de redução. A grande questão é que ele não está trabalhando pela solução do problema, mas sim com o que foi possível negociar entre os países envolvidos”, disse. Sachs define o documento como “apenas uma sinalização de que os políticos entenderam a existência do problema das mudanças climáticas".

Geopolítica do petróleo
O terceiro grande desafio mundial do século 21 seria, na opinião de Ignacy Sachs, “a necessidade de nos libertamos da geopolítica explosiva do petróleo e de um mundo extremamente instável do ponto de vista político e econômico”.
“É lamentável vermos um país com as vantagens comparativas do Brasil, que possui a maior biodiversidade do mundo, enormes reservas de solos cultiváveis e recursos hídricos em abundância, engatinhar na produção de biodiesel. O Brasil ainda caminha para a adição de apenas 2% de biodiesel ao diesel de petróleo, com a perspectiva de mais três anos para passar a 5%. Isso é muito pouco”, afirmou.
Para Sachs, é preciso colocar na pauta de discussões de entidades internacionais a perspectiva de construção de uma “civilização moderna de biomassa”, na qual uma das diretrizes seria a substituição gradual da energia fóssil utilizada atualmente.
“Precisamos migrar para outro nível da espiral do conhecimento. A biomassa não se resume apenas a agroenergia. Biomassa é alimento, ração animal, adubo verde, material de construção, matéria-prima industrial, fármaco e cosmético. Outro grande dilema é saber até onde poderemos chegar com a expansão da produção baseada no trinômio biodiversidade, biomassa e biotecnologia”, disse.
Soluções para os problemas energéticos devem ser buscadas, defendeu Sachs, mas sem afetar o meio ambiente e sem agravar ainda mais os problemas sociais. “Esse é um desafio enorme da humanidade, em particular do Brasil, por ser o país com as melhores condições do mundo para avançar rumo à civilização moderna de biomassa”, afirmou.

Pegadas Na Areia

Uma noite eu tive um sonho.
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor,
E através do Céu, passavam cenas de minha vida.
Para cada cena que passava, percebi pegadas na areia;
Uma era minha e a outra do Senhor.
Quando a última cena de minha vida passou diante de nós,
olhei para as pegadas na areia,
Notei que muitas vezes no caminho da minha vida
havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis
da minha vida.
Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor:
- Senhor, Tu me disseste que,uma vez que eu resolvi Te seguir,
Tu andarias sempre comigo, todo o caminho,
- Mas notei que nos momentos das maiores atribulações do meu viver havia na
areia dos caminhos da vida, apenas um par de pegadas.
- Não compreendo...
Porque nas horas em que eu mais necessitava Tu me deixastes?
O Senhor respondeu:
- Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do
teu sofrimento.
Quando vistes na areia apenas um par de pegadas,
foi exatamente aí que
EU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS!

Paulo Coelho lança biografia sobre o período em que foi parceiro de Raul Seixas

São Paulo (Folhapress) - “O caminho do risco é o sucesso’’, escreveu Paulo Coelho na canção “Caminhos’’, de 1975, uma de suas parcerias com Raul Seixas. Pois sai em breve uma biografia sobre o período de sua vida em que o hoje consagrado escritor, embora autor do verso, não tinha como ter certeza do que dizia -nem de suas apostas.
“A canção do Mago - A trajetória musical de Paulo Coelho’’ (Editora Futuro), de Hérica Marmo, se ocupa de uma época interessante em qualquer biografia, mais ainda na daquele que viria a se tornar o maior best-seller da história do país.
Atravessando os anos 70, a obra trata da carreira de compositor e produtor musical de Coelho, de sua parceria com Raul Seixas, mas também de canções que fez com nomes como Rita Lee (como “Esse tal de Roque Enrow’’) e Fábio Jr. (“Agora chega’’, entre outras).
Estão lá ainda as idas e vindas do personagem, sua tentativa inicial e frustrada de se tornar escritor, a relação com a “magia negra’’ e com as drogas, inquietações e ansiedades.
O lançamento, previsto para o mês que vem, antecede a aguardada obra de Fernando Morais sobre o “mago’’, que deve ser lançada até o fim do ano.
Uma das idéias defendidas por Marmo é a de que há continuidade entre o letrista e o romancista. Segundo o livro, foi no seu encontro com Raul Seixas que ele terminou sendo convencido de que era necessário escrever de forma simples mesmo idéias complexas.
“A experiência como letrista foi fundamental’’, disse o autor. “Em uma letra de música, você precisa formular em apenas uma frase todo um pensamento. Mais adiante, quando comecei a escrever, mantive isso: quanto mais direto, melhor.’’
O escritor diz que esse foi “um ponto de transição importantíssimo’’. “Raul entrou na minha vida no momento certo, me ajudou muito”.
Uma inversão de papéis
A relação entre Paulo Coelho e Raul Seixas que salta das páginas é quase de inversão de papéis. No primeiro encontro, o “maluco beleza’’ é Paulo, hippie, interessado em discos voadores. Raul vai visitá-lo vestindo “terno, gravata fina’’ e portando uma valise 007.
Era então produtor de uma gravadora. Nos anos que se seguiram ao encontro de 1972, Coelho entraria para o mundo “corporativo’’ das gravadoras, e Raul, apresentado às drogas ilícitas por seu amigo, se tornaria o barbudo líder da “sociedade alternativa’’.
Não que não houvesse solavancos na trajetória do letrista. Ele se aproxima de uma seita. Certo dia, Paulo Coelho entra em pânico, em casa; recorre ao catolicismo para esconjurar o que acreditava ser um efeito de sua ligação com a magia e, desesperado, confessa a sua mulher: “Eu nunca acreditei. Senão não teria me arriscado nesses caminhos’’.
Noutra passagem, o escritor - após ser detido por um discurso pró-sociedade alternativa e liberdade de atos e pensamentos, em 1974 - vê fraqueza sua num momento em que, com medo, se recusa a falar com a mulher quando ambos estão sendo torturados pela ditadura.
Fernando Morais
O escritor Fernando Morais, autor da tão esperada biografia oficial de Paulo Coelho, diz não se incomodar com o fato de o livro de Hérica Marmo sair primeiro: “Assunto é como passarinho, quem pegar primeiro é o dono’, Morais deveria ter entregue os originais de “O Mago’’ à editora Planeta no dia 30 de maio. Mas atrasou e está trabalhando 16 horas diárias para terminar até fim de setembro.
Eduardo Simões e Rafael Cariello

Paraíba tem 26 reservas florestais

A Paraíba conta com 26 reservas florestais sendo 16 estaduais, seis federais e 4 municipais. Uma boa notícia é que, em um período de 10 anos (de 1994 a 2004), o número de áreas protegidas aumentou consideravelmente, passando de 0,3% para 0,7%. Mesmo se constituindo como unidades fundamentais para a preservação ambiental, esses espaços ainda sofrem com o desmatamento., tanto é que restam apenas 30% da cobertura florestal original do Estado.
A geógrafa da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), Janizete Rangel, ressaltou que estas unidades são uma das formas de perpetuar as florestas, no entanto, apenas a criação delas não garante a integridade das matas, evitando roubos e desmatamentos clandestinos. “É necessário implementar políticas públicas urgentes para que efetivamente estas unidades funcionem, com planos de manejo e educação ambiental para as comunidades do entorno, por exemplo”.
Fragmentos de Mata Atlântica
O principal problema de degradação ambiental que atinge as reservas ainda é o desmatamento. Janizete Rangel, que realizou, em 1994, o mapeamento da vegetação nativa lenhosa da Paraíba, e em 2004, atualizou este diagnóstico florestal, explicou que as principais causas do desmatamento na Mata Paraibana são a monocultura da cana-de-açúcar, em primeiro lugar, seguida da especulação imobiliária. Os remanescentes da Mata, segundo ela, se restringem a pequenos fragmentos, “ilhas” de mata, que estão concentrados em reservas como a da UFPB e da Mata do Buraquinho, na Capital, e da Mata do Amém, em Cabedelo.
Outra forma de recuperar as áreas degradadas de Mata Atlântica, explica a geógrafa, é a criação de corredores ecológicos entre fragmentos de mata isolados, como o que vem sendo desenvolvido, com êxito, por uma destilaria no município de Caaporã, na área onde ela está instalada. Há ainda a compensação ambiental, exigida em áreas públicas, como no caso da duplicação da BR 101, entre João Pessoa e Recife, em que áreas de Mata perdidas com a ampliação da rodovia terão que ser repostas.
30% da cobertura original
Segundo os dados mais recentes da Sudema, de 2004, restam apenas 30% da cobertura florestal original do Estado. A mesorregião da Mata Paraibana – que engloba João Pessoa, litorais norte e sul e área de Sapé – foi a mais devastada, restando apenas 7% de sua cobertura original. Além do problema dos desmatamentos clandestinos, a própria Lei de Crimes Ambientais respalda a devastação da caatinga – a grande fonte de energia para os setores residencial, comercial e industrial –, que só é proibida quando a retirada é feita em reserva legal ou área de preservação permanente.
Dentro das formações florestais da Mata Paraibana, o maior alvo do desmatamento foi o ecossistema da Mata Atlântica, com apenas 0,4% de sua cobertura remanescente. A grande redução destas áreas se deve principalmente ao uso desordenado do solo, seja para agricultura, pecuária, mineração, ou em loteamentos. Para se ter uma idéia da devastação assustadora, em 1994, o consumo de lenha resultava em um desmatamento anual de cerca de 107 mil hectares, número que subiu para aproximadamente 42 milhões de hectares por ano, 10 anos depois.
Para recuperar a Mata Atlântica, visada por suas espécies nobres, de diâmetros consideráveis, a Sudema, responsável pela gestão das florestas desde este ano – que antes da descentralização realizada pelo Ministério do Meio Ambiente cabia ao do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – pretende adotar, entre outras medidas, a recuperação de áreas de preservação permanente e áreas degradadas das unidades de conservação e a compra de áreas de mata de particulares, para serem transformadas em unidades de conservação.
Crime ambiental gera multa de até R$ 100 mi
Janizete Rangel explicou ainda que há casos em que o desmatamento na Mata Atlântica e ecossistemas associados (como restingas e manguezais) é permitido, se ocorrer por motivos considerados de utilidade pública ou de interesse social, como no caso da duplicação da BR 101.
Já o desmatamento da caatinga é amparado por lei, e só é proibido se a retirada for de reserva legal ou área de preservação permanente. Segundo a geógrafa, a madeira da caatinga é a que supre todas as necessidades do Estado em termos de fonte de energia, nos setores residencial, comercial e industrial, o que dá para imaginar o tamanho da demanda. Quando considerado crime ambiental, o desmatamento pode gerar multa que varia de R$ 500 a R$ 100 milhões, dependendo do dano causado ao meio ambiente.
Podas das frutíferas alimentam fogueiras
A geógrafa da Sudema informou que, normalmente, a madeira utilizada para fogueiras na época dos festejos juninos é de podas de frutíferas ou catas (restos de vegetação morta), mas no período que antecede o São João, as fiscalizações – realizadas em parceria com a Polícia Florestal – são intensificadas, para evitar os desmatamentos clandestinos. O problema, segundo ela, é que o contigente de fiscais é muito pequeno – são apenas 103 para atender todo o Estado e apenas 80 policiais florestais – e falta infra-estrutura, problemas que dificultam bastante as fiscalizações. Ela afirmou que a madeira apreendida em fiscalizações pode ter vários destinos, a depender do produto florestal (estacas, varas, entre outros), que pode ser doação, venda ou mesmo uso interno pelo órgão.

Para compreender os dois caminhos que pesam em nossos ombros, podemos deduzir assim:

O fardo é o passado; o jugo, o presente.
O fardo foi feito; o jugo está a fazer.
O fardo é filho da ignorância; o jugo nasce do raciocínio.
O fardo é peso indispensável; o jugo pode ser aliviado.
O fardo é lição; o jugo, misericórdia do aprendizado.

O fardo é a cruz no calvário da alma; o jugo, o Cirineu que ajuda.
No entanto, fardo e jugo podem e devem se interligar, objetivando a luz da alma.

Descarreguemos, pois, todo o nosso fardo na força da transformação, alinhando o nosso jugo com grandeza do coração na sabedoria, para nascer a auto-realização, usando de bondade edificante no perdão, sem especular, na consciência pura e no trabalho, no amor por amor a todas as criaturas.

Eis que no futuro, quando conhecermos a verdade, poderemos dizer como disse o Mestre: "O meu fardo é leve e o meu jugo é suave".

Pense nisso!

PALAVRAS E SILENCIOS

Há algumas coisas que são lindas demais para serem descritas por palavras. É necessário admirá-las em silencio e contemplação para apreciá-las em toda a sua plenitude.

É necessário poucas palavras para exprimir a sua essência. As grandes falas servem frequentemente só para confundir ou doutrinar. O silencio é frequentemente mais esclarecedor que um fluxo de palavras. Olhe para uma mãe com uma criança no seu colo. O bebê sabe obter tudo o que quer sem dizer ao menos uma palavra.

De fato, as palavras devem ser embalagem dos pensamentos. Não adianta fazer discursos muito longos para expressar os sentimentos do coração. Um olhar conta um pouco mais que uma carreira de palavras.

Acredito que a natureza, em sua grande sabedoria nos deu apenas uma língua e duas orelhas para que ouçamos mais e falemos menos.

Se uma fala não é mais bonita então é preferível não dizer nada. Esta é uma grande verdade sobre a qual os grandes líderes deste mundo deveriam meditar um pouco. Quando mais o coração é grande e generoso menos palavras são usadas.

É necessário se lembrar do provérbio dos filósofos: As verdadeirs palavras não são sempre bonitas, mas as plavras bonitas nem sempre são verdadeiras.

É característica das grandes mentes fazer com que em poucas palavras muitas coisas sejam ouvidas. As mentes pequenas, acham que têm, pelo contrario a concessão para falar, falam bobagens, mas há aquelas que sabem o que escutar para colher.

Se duas palavras só são necessárias dizer “que eu gosto de você” todas as outras palavras que poderiam ser ditas são supérfluas.

Sim e não são as palavras mais curtas e fáceis de serem ditas mas são aquelas que trazem as mais pesadas conseqüências.

São necessários apenas dois anos para que o ser humano aprenda a falar e toda uma vida para que ele aprenda a ficar em silencio.

Ser comedido em suas palavras não é defeito mas a prova profunda da sabedoria.
Aquele que fala muito quase nunca tem sucesso para organizar as coisas. Tende a confundir!

- “Florian Bernard” -

OS REGRESSOS

Seguindo o hábito, Portugal intervala em Agosto, e segue dentro de momentos. Com o panorama nacional tão mortiço, estas férias têm sido de relativa pasmaceira, que nem as eleições municipais de Lisboa conseguiram animar. Espera-se agora que o regresso modifique as coisas, e que a agitação volte aos palcos da política.



Vamos ver como se vai comportar o Governo, após o regresso de férias. Tem dossiers quentes entre mãos, como o das grandes obras públicas – novo Aeroporto, Ponte e TGV -; Presidência da União Europeia, com muitas e importantíssimas iniciativas; alguns diplomas em suspenso, devolvidos ao Parlamento; todas as reformas em curso na Administração Pública, na Saúde e na Educação, com muito que se lhe diga.

O executivo de José Sócrates tem sido muito criticado pelos sectores oposicionistas, como aliás seria de esperar. Mas até agora o Primeiro-Ministro mantém boa margem de credibilidade, segundo os estudos de opinião, embora o seu executivo mostre algum desgaste, mas significativamente menor do que é hábito aos dois anos de governação.

Aliás, nos países com longa tradição de democracia, o público deposita sempre expectativas relativamente baixas nos governos que começam. Os erros e desacertos são comuns na acção governativa, os ministros raramente deixam de gorar as expectativas, os chefes do executivo só por excepção permanecem na memória dos povos.

Contrariamente ao que nos quer fazer crer a maioria dos nossos meios de comunicação, não existe nenhum manual de boa governação. Os erros políticos estão sempre a acontecer, em todo o mundo – basta pegarmos num diário de qualquer país, cuja língua consigamos ler, e eles aí estão. Igual para os nossos governos, mas com largos avanços para os de Durão Barroso e de Santana Lopes, como se lembram. Daí que, em tantos países europeus, a cor política dos seus executivos mude com frequência.

Por outro lado, os portugueses parecem detestar os discursos redondos e vazios, com que o tentam enganar, e toma nota. Preferem que se adiantem novas ideias, novas propostas, novas e imaginativas maneiras de fazer as coisas, de sair dos buracos, de conjurar as crises, de olhar os horizontes com outras esperanças. E também gostam de saber quanto isso lhes vai custar, e o que terão que sacrificar.

Parece-me que os cidadãos não estão nada zangados com a política, que universalmente se subentende que terá que ser feita por gente entregue a essa causa, muitas vezes em dedicação completa. Talvez estejam é desanimados com certos políticos que nos vão saindo na rifa. Para exemplos, basta escolher.



As Oposições também preparam o regresso. O PSD esteve no Pontal, em Faro. A liderança do partido está em disputa, mas só Marques Mendes discursou. Luís Filipe Menezes limitou-se a andar por ali. No fim, cada um saiu por sua porta, e o candidato da oposição interna parece resignado à derrota, embora não o diga, pois não pode contar com os tais votos da Madeira, sem os quais não há líder do PSD.

De caminho, no púlpito do palco do comício via-se um aviso – o Algarve é uma Região. Por mim estou de acordo, mas se a ideia é fazer um Governo Regional com Mendes Bota à frente, por mim recuso totalmente. Jardim, basta um!

Jerónimo de Sousa, segundo leio, esteve no Parque de Campismo de Monte Gordo, com mais duzentas pessoas, e também criticou asperamente o Executivo.

Estes regressos fizeram-se no Algarve, como vai sendo hábito. Pelos vistos, aí está a gente que interessa. Vá-se lá saber porquê.



Pelo Barreiro, o regresso também promete, com a questão do inesperado encerramento do mercado da Verderena a dominar as atenções. Não tem havido consenso sobre uma solução, embora o dito mercado envolva volumes financeiros consideráveis.

Eis senão quando o conhecido Cabós Gonçalves tira uma proposta da cartola, que parece ter futuro, e pode conduzir à revitalização da zona ribeirinha do Barreiro. A ideia encontra-se muito bem estudada e defendida, e conta já com apoios importantes.

O autor é um clássico militante socialista desde a primeira hora, mas muitas vezes não lê pela cartilha do seu partido. Além disso, é o eterno cicerone do Barreiro, que toda a comunicação social procura, quando é necessário fazer alguma peça sobre a nossa Cidade, pois ninguém a conhece tão bem como ele, e tem provado ser seu acérrimo defensor.



É um homem que merece ser seriamente escutado. E os barreirenses sabem bem disso. Pode ser que o regresso da política traga também o regresso da imaginação.

- “Miguel de Sousa” -

Os amigos

Os amigos....
São tão amigos que voltam.
São tão fraternos que se unem.
São tão simples que cativam.
São tão desprendidos que doam.
São tão dignos que amam, compreendem e perdoam.
Os amigos...
São tão necessários que se fazem presentes.
São tão grandes que se distinguem.
São tão dedicados que edificam.
São tão preciosos que se conservam.
São tão irmãos que partilham.
São tão sábios que ouvem, iluminam e calam.
Os amigos...
São tão raros que se consagram.
São tão frágeis que fortalecem.
São tão importantes que não se esquecem.
São tão fortes que protegem.
São tão presentes que participam.
São tão sagrados que se perenizam.
São tão santos que rezam.
São tão solidários que se esquecem de si mesmos.
São tão felizes que fazem a festa.
Os amigos...
São tão responsáveis que vivem na verdade.
São tão livres que crêem.
São tão fiéis que esperam.
São tão unidos que prosperam.
São tão amigos que doam a vida.
São tão amigos que se ETERNIZAM.

Onde estão os solteiros?

O ser humano está cada vez mais independente, auto-suficiente e isto vem gerando grandes transformações na maneira de encarar a vida a dois e as relações familiares.

Nos últimos anos cresceu em 18% o número de pessoas que vivem sozinhas. O motivo? Tem gente que adora fazer o que quer e na hora que der vontade.

A cada dia que passa mais pessoas estão descobrindo os prazeres do "estar solteiro" e optando por morar só. Na verdade, o ser humano está se habituando, cada vez mais, a estar sozinho: conversa com os familiares ou amigos por telefone ou através de mensagens por e-mail, tem o controle da televisão só para si e pode ficar no micro quanto tempo quiser. Com menos tempo para sentar à mesa, os congelados e o microondas facilitam muito a vida de quem vive só.

Optar por levar vida de solteiro nada tem a ver com os tempos em que isso significava ser solitário. No entanto, a solidão ainda atormenta a vida de milhares de pessoas, ou porque não tem amigos, são tímidas demais ou tem dificuldade de abordagem. O corre-corre do dia-a-dia e a acirrada competição profissional levam homens e mulheres a trabalhar demais. Assim, se descobrem sozinhos tarde da noite ou no final semana o que acaba dificultando o relacionamento interpessoal.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 4 milhões de brasileiros moram só. Isso não quer dizer que vivam só. Homens e mulheres estão mais seletivos e exigentes na hora de buscar um novo par. Só se relacionam quando percebem que o outro respeita a sua individualidade e não interfere na sua independência. Muitos acabam namorando e até tendo um relacionamento estável e duradouro à distância, sem se casar.


Solteiros, por onde andam?

• Praticando esportes
• No curso de idiomas
• Na academia: quem curte cuidar do corpo e adora apreciar corpos sarados.
• Fazendo novo curso: visando crescimento pessoal e profissional.
• Freqüentando cursos alternativos: yoga, autoconhecimento e auto-ajuda.

Estar sozinho pode ser uma escolha. Muitos optam por mudar de vida após uma separação ou desilusão amorosa ou dedicação excessiva à vida profissional. Outros motivos que levam alguém a viver sozinho pode ser uma viagem, um curso de aperfeiçoamento ou até mesmo dificuldade de conhecer gente interessante e compatível para um novo relacionamento.

O aumento do número de pessoas que habita um domicílio unipessoal nos grandes centros urbanos é uma tendência mundial. Isso deve em parte ao grande número de divórcios, ao aumento da longevidade da população e em caso de viuvez , em geral, o outro cônjuge passa a viver sozinho, à "síndrome do ninho vazio" - quando os filhos saem de casa e ao crescimento das uniões informais, onde o casal decide optar por morar em casas separadas.

Os solteiros investem em seu próprio conforto e prazer. São muito exigentes em suas opções de consumo e ávidos por novidades. Adoram lançamentos, são extremamente dedicados aos amigos, viajam em grupos, canalizam a energia para o trabalho e à carreira.

Este segmento da população está sendo cobiçado pelo mercado. Desde a indústria de alimentos, supermercados, aparelhos eletrônicos, agências de turismo e construtoras vem lançando novos produtos de olho nesse filão.

Morar só, não dar satisfação a ninguém, decorar a casa do jeito que bem entender, entrar e sair sem dar explicações, ler até altas horas esparramado na cama. Mesmo que você ainda ache que estar sem um amor é o fim do mundo, relaxe. Tudo tem seus prós e contras. Basta conhecê-los.

Marlene Heuser

OBSERVADORES

Dizia o Principezinho de Saint-Exupéry eu nós somos responsáveis, e os únicos responsáveis, por aqueles que cativamos.
Provocamos nas pessoas que cativamos um processo reativo que se assemelha ao efeito produzido pela adição de oxigênio e uma tora de graça. Quanto mais emitimos a nossa verdade através de comportamentos eu refletem o nosso discurso, mais elas nos apóiam e nos admiram por lhes aumentar a crença na coerência e na constância de propósitos.
A todo o momento estamos a ser observados. Sempre pelos mais próximos, e ate mesmo por aqueles que sem nos conhecer são capazes de se sentir influenciados por atitudes nossas, que não os tinham como intenção primaz.
Os filhos, esses sim é que nos observam. Eles guardam em suas memórias, assim como guardamos nas nossas, ainda que recônditas no subconsciente, todos os momentos nos quais não lhes conseguimos demonstrar coerência ou firmeza com relação à aplicação dos conselhos que nunca cansávamos de lhes dar, assim como todas as ocasiões em que eles tiveram a certeza e o orgulho de nos enxergar como seres iluminados e plenos de verdade e honradez.
Nada é mais frustrante e desestimulante do que perder o encanto naqueles que admiramos. É como passar forçosamente a entender que não vale mais a pena se esforçar para fazer as coisas de maneira sensata. Como de repente ficar órfão de uma idéia de que podíamos melhorar o mundo.
Temos a missão, perante a criação, de perpetuar a todo custo os valores que engrandecem e dignificam o homem. Não tenhamos vergonha de sermos destoantes da cultura dominante da esperteza. A violência e a corrupção que vivenciamos hoje na sociedade, nada mais são do que o resultado da perpetuação de uma lógica nefasta que promove a falsa idéia de que fazer o certo é coisa de otário.
Reproduzimos os nossos discursos nas nossas ações. Façamos o que dizemos. Sejamos semeadores de homens e mulheres de coragem. Cidadãos que não terão vergonha de mostrar ao mundo que agir pela verdade é a forma mais fácil de atingir o desenvolvimento de uma nação. Transformemos a sociedade e deixemos as incoerências e despropósitos como exceções e não como o padrão.
Então, quando tivermos a preciosa chance de demonstrarmos a nossa coerência àqueles que nós cativamos, lembremos da nossa responsabilidade perante os seus ideais, e busquemos torná-los elementos de ressonância de uma mensagem edificante de prosperidade e de crença no Bem Comum.

- “Eudes Toscano Júnior” -

O ROMANCE DO SOL E DA LUA

O sol e a lua raramente se encontram. Todos os dias o sol espalha sobre a terra os seus raios, como se passasse os olhos sobre o Planeta em busca de algo. E busca. É a lua que ele procura, invariavelmente, todo santo dia ou todo dia santo, tanto faz. Mas ele não fica avexado nem um pouco, pois sabe que nada resiste ao inevitável. A vida, em seu eterno retorno, provocará esse encontro e mais outro. Queira o sol, queira ou não queira a lua.
Forças misteriosas de atração e refração incidem sobre ambos. Nada é mais sensual do que a dança dos astros. Eles se matem a certa distância um dos outros. Alguns se olham. Outros disfarçam. Ora aproximando-se, ora distanciando-se, em obediência ao ciclo de uma grande engrenagem, em cenas que se repetem. Cada passo que se repetiu, repetir-se-á infinitas vezes... e isso parece não cansá-los.
A lua se afasta. Esconde-se por trás da terra. Nem por isso o sol deixa de mirá-la. Por vezes, ela reaparece, mas só uma pontinha, como se estivesse espionando-se de que ele ainda a busca. Só depois surge inteira, cheia, para ser admirada, alimenta a paquera e novamente se esconde por trás do Planeta, sendo que aos poucos, para prolongar o cortejo. O sol, para não dar bandeira e provocar algum ciúme, espalha seu raio por todo o Sistema, levando calor a planetas, satélites e meteoros, fazendo o seu olhar ser percebido a anos-luz.
Tudo neste Sistema gira em torno do sol. O que ninguém sabe é que o olhar dele, embora aqueça a todos, tem endereço certo. É para a lua, somente para ela é que ele olha e não cansa. Não cansa porque confia na sua teimosia e sabe que isso tudo se repetirá eternamente.

- “Fabiano Lucena” -

O QUE REALMENTE TEM SENTIDO

A inteligência sem amor te faz perverso.
A justiça sem amor te faz implacável.
A diplomacia sem amor te faz hipócrita.
O êxito sem amor te faz arrogante.
A riqueza sem amor te faz avarento.
A docilidade sem amor te faz servil.
A pobreza sem amor te faz orgulhoso.
A beleza sem amor te faz ridículo
A autoridade sem amor te faz tirano.
O trabalho sem amor te faz escravo.
A simplicidade sem amor te deprecia.
A lei sem amor te escraviza.
A política sem amor te deixa egoísta.
A vida sem AMOR... não tem sentido.

Xisto Pongolino

O que passou, passou.

O que passou, passou.
O que não passou, vai passar.
Assim é a vida...
O que virá,
depende basicamente
do que você esta disposto a passar
e sua intenção, ação e direção para tal.
O que se deve permitir ?
O que se deve reprimir ?
Do que se deve desistir ?
Em que se deve persistir ?
O que você se dispõe a passar ?
Qual deve ser o parâmetro disso tudo ?
ATENÇÃO !!!
Isso mesmo, atenção !!!
Sabe por quê ?
Chega um dia que nos cansamos da cegueira ao caminhar,
da ação pela ilusão,
do impulso movido pela "audácia
da ignorância" e do pagar pra ver os próprios blefes.
A vida é para ser vivida...
intensamente
verdadeiramente
Viver a_tenta_mente !!!
Tudo está a nossa volta.
Tudo esta a nossa frente.
Muito depende da gente.
O que passou deve nos impulsionar.
O que ainda vai passar tem de nos motivar.
A vida não é pra olhar... é pra pegar e usar.
E olha que ela é"Mão-Única", não tem devolução e nem reciclagem, pelo menos com o atual casco.

O que dizem por aí

Abacaxis dão em árvores (e as árvores somos nozes). Cigarros são comestíveis? Dr. Lyantra, o Ruivo, foi o primeiro navegador português a chegar às terras Tabajaras. E Z.. ET não existe. (nem o Piauí). Cajazeiras é capital da Paraíba. E em Patos, o lugar mais ventilado é a Churrascaria Mormaço. Haja feijoada!
A aurora boreal é um fenômeno que ocorre nos trópicos e caracteriza-se pela chuva de papel picado das janelas dos apartamentos, enquanto os carros soltam flatos lá embaixo. Mas isso eu já disse.
Quando era jovem colecionava santinhos de mulheres peladas. Construí um império com o lucro gerado pelos pequenos papéis auto-colantes e decidi criar o blog “Garotas Lambem Pepinos” para servir de fachada. Até que algumas traquinas começaram a dar mais lucro do que o câmbio negro dos santinhos, que já estava pela ordem de 1 trilhão ao ano. Deu no que deu. Ou seja, não deu. Dará.
Jesus, como se sabe, foi um grande salvadorenho que criava capotes na Galiléia. Mais tarde, descobriu o Brasil. Menos com menos dá menos. Carne, quando apodrece, tem suave aroma de patchouli. Godard foi o cineasta que descobriu o grill. Armaduras medievais eram feitas de durepox. Sacou?
O romance David Copperfield, de Jorge Amado, conta a dramática história do menino pobre que virou um ilusionista rico e famoso. Eu não li. Jane, a noiva de Tarzan tem 01 de QI e 13 de quadril. Loiras de derrière avantajado têm mais chances de integrar grupos de axé. Mas Ivete sangra até os acarajés. E é?
Morenos de aparelho nos dentes têm mais chances de estrelar campanhas comerciais eróticas. Os cassados não serão caçados. Não, eu não beijei a Mart´nália, apenas subi no palco para olhar o número de seu corpete.
Loucura e porre. Nada mais.
Cuidado com o que você não lê por aí.
Kubitschek Pinheiro

O Milagre da Ota, segundo S. Vasco

«Em de Fevereiro de 1858, a Virgem apareceu a uma adolescente de 14 anos, Bernardette Soubirous numa aldeia dos Pirenéus, chamada Lourdes. De Fevereiro a Abril, Bernardette voltou a ver a Virgem mais 17 vezes. Na penúltima vez, quando já muita gente se tinha metido no caso, a Virgem disse em dialecto local: "Sou a Imaculada Conceição." Um dogma proclamado por Pio IX em 1854 e à altura objecto de muita polémica. Ao princípio as peregrinações não tiveram nem muita importância, nem muita gente. Mas foram aumentando com a abertura (em 1866) de uma linha de caminho-de-ferro e, pouco depois, com a derrota da França e a perda do Estado papal em 1870-1871, Lourdes passou a ser um centro de "turismo religioso" como nunca até ali existira, pela simples razão de que até ali não existiam comboios.
Fátima começou com a mesma espécie de ingredientes. Em primeiro lugar, com uma intensa perseguição à Igreja. Em 1917, por exemplo, o Governo expulsou seis bispos das respectivas dioceses: o bispo de Portalegre e o de Bragança em Fevereiro; o do Porto em Julho; o cardeal-patriarca de Lisboa em Agosto; o arcebispo de Braga e o de Évora em Dezembro. E, segundo lugar, com uma pré-guerra civil em Portugal, que a participação na Grande Guerra provocara. Em 1915 e 1916, três pastorinhos (Lúcia, Jacinta e Francisco) viram um anjo em vários sítios da freguesia de Fátima, coisa que não agitou excessivamente ninguém. Só que a história não ficou por aqui: entre Maio e Outubro de 1917, os pastorinhos viram a Virgem (quatro vezes), com quem Lúcia directamente falou e de quem, na versão oficial, recebeu, um "segredo".
Fátima fica ao pé do Entroncamento, na altura o nó de toda a rede ferroviária portuguesa. Como a linha de 1866 "fez" Lourdes, o Entroncamento "fez" Fátima. Se os pastorinhos vivessem em Bragança, nunca se teria ouvido falar deles. Com o tempo, claro, o carro e o autocarro substituíram o comboio e o Entroncamento deixou de contar. Infelizmente, o problema é agora a "internacionalização" de Fátima e essa "internacionalização" requer um aeroporto. O Vaticano fundou uma companhia low cost para o "turismo religioso", inaugurada esta semana com um voo Roma-Lourdes. Se o Estado português não intervier (pagando um aeroporto, evidentemente), Fátima está em risco de se tornar um "destino" secundário e de perder 150.000 peregrinos por ano. Resta saber se o Estado vai ou não subsidiar a Igreja. Com o nosso dinheiro.»
Vasco Pulido Valente

O mais Profundo do Ser

Deixa que o perfume de uma flor, seja qual for, penetre em seu coração.
Deixa que o canto do pássaro , não importa seu tamanho ou cor, embale sua vida.
Deixa que sua visão, todos os momentos, capte belas imagens dulcificando sua mente.
Aprende a viver em contato com a natureza.
Aprende a viver com a sociedade humana.
Observa os animais, observa as plantas. Tudo vive em harmonia.
Por que não podemos, os homens, vivermos em harmonia?
Para isso é necessário olhar para si mesmo e compreender-se alma.
Olhei para um jardim e vi a presença de Deus.
Olhei para um casal de namorados e vi a presença do amor.
Olhei para os animais no campo e vi a chama da evolução.
Olhei para os homens e vi a beleza da criação divina.
Olhei para mim e vi o eu profundo que sou.
Agora sou feliz.

Kin Fu

O glamour das cartas

O neurologista austríaco Sigmund Freud foi outro adepto das cartas, enviando muitas delas à mulher, desde os tempos de namoro, e mais tarde, à filha, Anna Freud, como também aos amigos e discípulos. Quando estive na Áustria, ano passado, ao visitar a Casa-Museu da Rua Berggasse, número 19, em Viena, onde residiu o Pai da Psicanálise até 1938, até o exílio na Inglaterra, passei horas lendo cartas riquíssimas em História e Psicologia, que se encontram à disposição dos visitantes e pesquisadores.
Ao pastor Oskar Pfister, em 1910, Sigmund Freud escreveu: “Não consigo imaginar que uma vida sem trabalho traga verdadeiro conforto”. Nas famosas cartas ao amigo Fliess, fala do prazer que o animava ao resolver o que chamava de “enigmas da vida”. E foi tão científico e ao mesmo tempo tão humano quando consolou uma mãe aflita que lhe confessara a homossexualidade do filho: “Posso perguntar por que a senhora evita pronunciar essa palavra? Sem dúvida, a homossexualidade não é nenhuma vantagem, mas não é nada de que se envergonhar; não é um vício, não é uma degradação, não pode ser classificada como doença. Nós a consideramos como uma variação da função sexual, uma certa parada do desenvolvimento sexual” E acrescenta, tão coerente quanto humano com a mãe angustiada:“ Homens da História altamente respeitáveis, dos tempos antigos e modernos, foram homossexuais, como Platão, Michelângelo, Leonardo da Vinci, entre outros. É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como crime e é também uma crueldade”, concluiu o pensador.
Outro apaixonado do gênero epistolar foi Mário de Andrade. Durante toda a sua trajetória como escritor enviou cartas ao poeta Carlos Drummond, ao editor José Olympio, aos escritores Pedro Nava e Álvaro Lins, como às figuras femininas de importância em sua vida, a exemplo da jornalista Oneyda Alvarenga e à poetisa mineira Henriqueta Lisboa. O autor de Macunaíma cultivava a angústia , como o remorso, a sensação de inadequação, como no momento em que desabafa com a namorada mineira: “Como posso ser feliz diante da fragilidade do corpo, da antevisão do fim, da sensação de que minha vida não acrescenta nada à evolução do mundo? Por mim, por ti, por nós dois enfim, me ajuda a sair dessa amargura!”.
Pois é, caros leitores, ainda hoje muitos de nós ensaiamos o gênero epistolar, cultivando o glamour das cartas através da Internet, com os e-mails e as mensagens que enviamos aos nossos amigos e correspondentes. O que é muito bom para o enriquecimento da Comunicação nos dias atuais.
- “Fátima Araújo” -

O brinco engolido

Banqueiro é aquele que toma dinheiro emprestado e o reempresta em seguida. Sempre foi assim ou quase assim - porque os banqueiros vivem mudando seu jogo, como agora. Nos velhos tempos, banqueiro emprestava dinheiro e, em contrapartida, ficava com os contratos, promissórias e garantias. No vencimento tratava de cobrar o devedor, com juros e comissões. O problema dessa prática é o risco do abraço de afogados. Nos tempos ruins, quando o devedor atrasava o pagamento ou, simplesmente, quebrava o banqueiro podia afundar junto. Ou perdia dinheiro.
Depois de se ralarem com as quebras dos países emergentes nos anos 80, os banqueiros mudaram de tática. Nunca deixaram de ganhar dinheiro, mas trataram de passar para a frente seus contratos, graças à disseminação dos fundos de investimento.
Mantiveram seus empréstimos, apanharam os contratos e as promissórias, como desde tempos imemoriais, e os repassaram aos fundos. Estes, por sua vez, tomaram o dinheiro entregue pelos investidores e o repassaram aos bancos que, assim, dispuseram de mais recursos para manter a roda viva.
Sob um aspecto, os bancos ficaram melhor nessa encrenca do crédito de alto risco. Embora tivessem contribuído para o afrouxamento do rigor na concessão de financiamentos (porque também não exigiram tanto rigor na ponta dos administradores de fundos), optaram por ganhar mais comissão do que juros, passaram para a frente os recebíveis e, assim, ficaram relativamente a salvo dos calotes. Por outro lado, ajudaram a alavancar os fundos e companhias hipotecárias e agora temem ficar a descoberto.
Como já ficou adiantado nesta coluna no dia 12, os administradores de fundos não estão amarrados às mesmas exigências de segurança (regras de Basiléia) a que estão submetidos os bancos. E esta passou a ser outra tábua especialmente frágil do casco do barco.
Ao longo dos últimos 20 anos, toda a segurança do sistema ficou concentrada no controle das práticas bancárias. E, no entanto, a novidade é a desintermediação financeira. Os bancos ou pulam fora do circuito quando repassam sua carteira de créditos ou deixam que as empresas, companhias de crédito hipotecário e administradoras de fundos operem por meio da emissão de commercial papers. Assim, uma enorme parcela do sistema financeiro não está sujeita a controles, nem dos bancos centrais nem de agências reguladoras, nem de quaisquer outras autoridades supervisoras.
Os especialistas reclamam da falta de transparência e têm razão. É o brinco da princesa que caiu no mar, foi engolido pelo robalo que foi engolido pelo atum, que foi engolido pelo tubarão... Uma vez completada a operação com os bancos ou os primeiros tomadores da nota promissória, ninguém mais sabe em que barriga estão depositados os créditos originais.
O volume de créditos podres pode ser baixo, mas, como não há sistema claro de avaliação desses contratos a preço de mercado, também não se conhece o tamanho real do problema, fator que agrava a turbulência em momentos de pânico.
Celso Ming

Nu, olhando o mar

Era o ano de 1973 e as “lições de sexo” não tenham sido suficientes. Meus amigos ETs ainda não tinham feito contato e eu não sabia qual o exato ponto de mutação. O máximo que tinha conseguido em desdobramento foi numa fria madrugada, em Fazenda Nova, cantando ao ar livre para umas 4 mil pessoas. Foi bacana, pois lá, longe, muito longe do palco, a talvez uns 200 metros estava junto a uma fogueirinha de papel um rapaz bonito, de olhos indefinidos voltados pra escutar minha música. A 200 metros talvez, os olhos me percorriam e decifravam o máximo de poesia que então eu podia dar.
De volta à Paraíba, fuita até a praia. Na madrugada, fiquei nu, sentado na areia, olhando um Atlântico calmo, típico de maré baixa tropical, imaginando o outro lado do meramente incalculável. Sei que a linha reta me levava à Nigéria e Gil ainda não tinha feito “Refavela”. E não havia ainda pra mim o Limousine 58 e Ricardo Fabião cantando “Mistério”.
Nu, na areia, desnudei todos os bloqueios. Percebi que a música está intimamente ligada a cada átomo que forma o corpo físico. Tanto que a cada vértebra corresponde uma nota, numa escala definidíssima, admitindo sustenidos e bemóis. A cada nota também está ligada uma maneira de amar, sabendo-se que qualquer uma vale a pena.
Nu, na areia, me vi menino no mar, me contemplei ancião na África distante, me senti anjo sobre Berlim, me refiz totalmente poeta com minha música rasgando, colando, comendo cifras, letras e partituras. Como Gil ainda não tinha feito “Refavela”, Caetano também não aquela outra canção. Mas, eu já estava nu com a minha música
Ivone, pelo telefone, tinha quanto anos de idade. Nasceu pela minha boca um ano depois de “Giramulher” e eu tinha mexido com objetos de utilidade pública. Dois dias depois que dei adeus às fogueirinhas de papel de Fazenda Nova, ali, nu, sentado à beira do mar, já poida cantar “Sal, cimento e areia”, que compus enquanto voltava, com o saudoso Allan Carneiro, das noites de Pernambuco.
Nu, na areia, recebi por noturnos raios cósmicos, tudo aquilo que um dia me faria sentar no terraço, com minha mãe dormindo no último quarto, e olhar um gato atravessando o coração, como se fosse uma pantera azul das neves do Kilimandjaro, pois, cá no Nordeste, ainda se fazia frio em Sol. Ainda faz. Tudo me levaria às aparentes besteiras, aos vampiros expostos, à nova geografia da fome e à sociedade dos poetas putos.
Minha mãe não está mais por aqui. Acho que o mínimo que vou conseguir hoje é fazer e/ou cantar um blues.
Não gosto de fugir das memórias sentimentais.
Cada vez mais delas me torno companheiro, socío de espaços, tempos e abismos que Jomard Muniz de Brito, tropicalizando em Recife, vive a traduzir escrevivendo.
- “Carlos Aranha” -