sábado, 14 de junho de 2008

NINGUÉM CHORE SOZINHO


A vida é bonita como uma flor. Viver é bonito que nem um passarinho. É do jeito dos olhos e do olhar. Colorido, preto e branco como se quer. Pedra e pau, algodão e fumaça. Cabriola e requebro, rodopio e ponto de chegada. Vai e volta. E por ser ela, nem vai nem volta. Estanca nas emoções que são os confeitos da própria vida.
A vida é o menino mijando no fundo do quintal, o caramelo na boca, a sacristia, o perdão do copo da cachaça, a mulher nua, o homem de gravata, o peito empinado, o seio de mamar, a lágrima e o véu, o coração e o pio, a pena e a asa, mesmo assim, um passo, mergulho sem fundo. A vida é vez. E toda vez é vez. Nem que seja pelo avesso. Que frente e costa têm cor. Nos arco-íris de fora e de dentro.
A vida é doce que nem lágrima salgada. É um rio no rosto que espera. Um caminho de bocas e de silêncios. Vestido rendado e calça curta. Véspera e luz. Nos arredores do tempo, os canteiros se enchem de flores e pingam espinhos, que flor e espinhos, que flor e espinho são da mesma oração. A vida é bonita como uma flor eterna em cada pétala que cai. E se debruça no chão, o orgasmo da fome.
Pois a vida é fome e pétala, é rosa e canteiro, parto e aborto, explosão e desmaio, o cisco no canto do olho, a cadeira de rodas, a espingarda, o gatilho das esperanças, a esmola e a mão cheia. O pinico e o prato, o pé, o sapato, o cabelo e a queda, o baile e o sereno, o vestido e o nu. Os dedos desencontrados que enganam a magia das mãos...
Por tudo isso me calo. Perco a voz. Esqueço o silencio. Que a voz é vôo. Canto as minhas alegrias e me deito nos meus recantos. Todos eles cheios de estradas e de mim mesmo. Canto a vida, o vai-e-volta das cavernas, a árvore e o tronco, a minha ilusão das catedrais e dos morcegos, o vôo surdo das asas noturnas, o roçar das pernas flutuantes nas beiras da noite. Por tudo isso eu não me calo. Adejo, flutuo, nos morcegos e nas andorinhas que misturam as imagens das criaturas.
Por tudo isso eu calo e não me calo. A dor do sapato se muda na dor da estrada, pois a vida é bonita que nem uma flor. Estes passos dos dedos, das unhas, das estrias, dos riachos da alma, pedaços de tudo que escorrem para dentro de mim. É vez de ver, de escutar, de sombra e luz. A luz debaixo dos meus pés, que os pés se multiplicam nas veredas, gosto dos caminhos maiores.
Por isso, a vida é maior. Pois pergunto ao tronco e à folha, a razão de cada um, pauta e escala musical, onde verdadeiramente estou, onde verdadeiramente estamos. Talvez na pétala ou no espinho, no tronco ou na folha, no tronco da moeda, no espelho de todas as imagens. De resto, que ninguém chore sozinho.

In memoriam

‘Robério Maracajá’

Nota: Foi pedida uma retificaçao ao autor desta peça, na realidade elachegou á minha mão com a indicação do autor publicado. Não querrendo menosprezar, nem um nem outro remeto os esclarecimentos devidos para os comentários, e cada um retire as suas ilações!

SOBRE A AMIZADE – 2

A tolerância, talvez seja essa a parte principal. Há de entender-se... Que nenhum ser humano vive em total estado de bom humor a vida toda. Haverá dias em que os ânimos não estarão bons, o coração de um deles não estará bem. Isso sem contar que as pessoas em geral têm os mais diversos tipos de temperamentos e, portanto de atitudes. Há de saber-se que para se ter um amigo, alguns momentos desagradáveis dele teremos de suportar, passar por cima mesmo, ignorar, sabendo inclusive que ele em algum instante fará o mesmo por nós se for amizade verdadeira o que ele sente. Há de saber-se, aceitar e entender, que a perfeição em termos de ser humano não existe, cometemos todos, diversas vezes, falhas, enormes falhas. Nenhum de nós é o rei da verdade, nenhum de nós está certo o tempo todo... em algum momento o nosso amigo é que será a parte certa e por mais que o nosso orgulho nos impeça de dizer, teremos que aceitar.
A humildade há de precisar fazer-se presente sempre. Amigos que não convivem com isso, dificilmente conseguirão levar esse relacionamento avante. Há de ter-se humildade pra dizer coisas simples: “Eu errei, você me perdoa?” “Eu me arrependi, você me desculpa?” “Eu não fui fiel a você, me dá outra chance?” “Eu disse o que não devia, você pode esquecer?” “Eu ando negligenciando nossa amizade, você me permite recuperar esse tempo perdido?”
Amigos não se orgulham de ter orgulho, eles orgulham-se é de passar por cima dele no momento que se fizer necessário.
Orgulho de amigos tem que estar em tê-los como amigos e em poder dizer a qualquer um: “Sim, ele tem um milhão de defeitos, comete mil erros, falha muitas vezes... Mas é meu amigo!”... E nessa última frase... “Mas é meu amigo” “Esta implícito,” e, portanto, apesar de tudo, é com ele que conto na hora da dor e na hora da alegria”. Ser humilde em uma amizade não significa humilhar-se, significa sim, provar ao outro o seu grau de importância em nossa vida.
Por fim, uma amizade há de ter altos e baixos sim, há de atravessar furacões, cair em abismos, há de despedaçar-se, arrastar-se, ser vulnerável... Mas se for amizade de verdade, há de voltar, envolta em ferimentos, apoiada numa bengala, sangrando até... E há de encontrar o seu companheiro com o curativo nas mãos, amor no coração e disposto a dar o perdão!

‘Brígida Brito’

O VINHO QUE VIROU ÁGUA

(Ou o tudo que virou nada)

Nos Alpes Italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas para produção de vinho. Uma vez por ano, lá ocorria uma festa para comemorar o sucesso da colheita.
A tradição exigia que nesta festa, cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa do seu melhor vinho, para colocar dentro de um grande barril que ficava na praça central. Entretanto, um dos moradores pensou:
“Porque deveria levar uma garrafa do meu mais puro vinho? Levarei uma d’água, pois no meio de tanto vinho o meu não fará falta”.
Assim pensou e assim fez.
No auge dos acontecimentos, como era de costume, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca, para pegar uma porção daquele vinho, cuja fama se estendia além das fronteiras do país.
Contudo, ao abrir a torneira do barril, um silencio tomou conta da multidão. Daquele barril apenas saiu água. Como isto aconteceu? Foi que todos pensaram como aquele morador:
“A ausência da minha parte não fará falta”.
Reflexão:
Nós somos muitas vezes conduzidos a pensar:
“Tantas pessoas existem neste mundo que se eu não fizer a minha parte isto não terá importância”.
O que aconteceria com o mundo se todos pensassem assim?

‘Brígida Brito’

DAS VIRTUDES DO FUTURO

Por que razão, quando mais compreensível se tornou o mundo, mais foi diminuída toda a espécie de solenidade? Teria sido porque o medo foi tão frequentemente o elemento fundamental dessa veneração que se apoderava de nós diante de tudo o que nos parecia desconhecido, misterioso, e nos levava a nos prosternar e pedir graça diante do incompreensível? E pelo fato de nos termos tornado menos receosos, não teria o mundo perdido para nós o seu encanto? Ao mesmo tempo nossa disposição ao temor, nossa própria dignidade, nossa solenidade, nossa própria aptidão a aterrorizar no teriam diminuído? No estimaremos talvez menos o mundo e a nós mesmos, desde que temos, a respeito dele e ao nosso, pensamentos mais corajosos? Viria talvez um momento, no futuro, em que essa coragem do pensador tivesse crescido tanto que tivesse o supremo orgulho de se sentir superior aos homens e ás coisas – em que o sábio, sendo o mais corajoso seria aquele que se visse a si mesmo e a existência completa abaixo dele? – Esse gênero de coragem que não se afasta de uma excessiva generosidade tem até agora feito falta à humanidade. Ah! Os poetas não queriam tornar-se novamente o que foram talvez outrora: visionários que nos dizem algum coisa daquilo que é possível! Hoje, que lhes retiramos das mãos e que é necessário sempre mais lhes retirar de suas mãos o real e o passado – pois já passou o tempo em que inocentemente se cunhava moeda falsa! – deveriam nos dizer alguma coisa daquilo que toca as virtudes do futuro! Ou das virtudes que não existirão nunca na terra, embora possam existir em alguma parte do mundo – as constelações purpúreas e as imensas vias lácteas do belo! Onde estão vocês, astrônomos do ideal?

‘Friedrich Nietzsche’

DA MEIA IDADE

A rapariga na casa de chá Não é tão bonita como era, O Agosto já a gastara. Já não sobe as escadas tão depressa; Sim, também ela se aproxima da meia-idade, E o brilho da juventude que ela espalhava sobre nós Quando nos trazia os bolos secos Já não se espalhará mais sobre nós. Também ela se aproxima da meia-idade.

Ezra Pound, trad. José Palla e Carmo

CIDADE

Em rumores a cidade concerta os humores com que avança e encontra desejos, a maldade explode ruídos metálicos e os motores explodem fagulhas multicoloridas sobre seres soturnos e alegres em suas ruas o traçado amordaça o sentido da liberdade em regras e retornos, viadutos sobre o nada e o todo ultrapassado na pressa da chegada, (para onde se dirige o olhar do menino, o andar apressado do atrasado: o acordar e estar perdido em razões despercebidas) a cidade aglutina e repele, multiplicadas vias decompõem trajetos de poucas praças, o concreto e o negro asfalto de ásperos contatos repetem a secura e o deslizar dos passos: a cidade se fecha.

Pedro Du Bois

BABY PICTURE

It's in the heart of the grape where that smile lies. It's in the good-bye-bow in the hair where that smile lies. It's in the clerical collar of the dress where that smile lies. What smile? The smile of my seventh year, caught here in the painted photograph. It's peeling now, age has got it, a kind of cancer of the background and also in the assorted features. It's like a rotten flag or a vegetable from the refrigerator, pocked with mold. I am aging without sound, into darkness, darkness. Anne, who are you? I open the vein and my blood rings like roller skates. I open the mouth and my teeth are an angry army. I open the eyes and they go sick like dogs with what they have seen. I open the hair and it falls apart like dust balls. I open the dress and I see a child bent on a toilet seat. I crouch there, sitting dumbly pushing the enemas out like ice cream, letting the whole brown world turn into sweets. Anne, who are you? Merely a kid keeping alive.

Anne Sexton

A MÍSTICA DO SANTO ANTÔNIO

Hoje (ontem) dia 13 foi dia de Santo Antônio, uma das divindades de maior devoção popular, até mesmo São José, pois é impossível enumerar as capelas e oratórios privados onde o santo é venerado. Conhecido como Santo António de Lisboa, lugar onde nasceu, em 1190 ou 1195, ou Santo Antônio de Pádua, localidade de sua morte, ocorrida no ano de 1231, foi muito venerado pelos escravos, no Brasil, com a denominação de Santo Antônio Preto, depois de pintado com um pigmento de cor escura.
Desde aquele tempo, seu prestigio é devido principalmente ao poder como engendrador e protetor de casamentos, padroeiro do amor, deparador, (achador) de coisas perdidas e aplacador da fúria do mar. Também foi transformado no “Guia do Exercito”, desde 1597, quando o frade português Bernardo de Brito divulgou a necessidade de se recorrer a um santo de casa que tivesse a habilidade de lutar e defender a pátria. E como no Brasil Colônia se copiava tudo de Portugal, o santo foi logo nomeado como “capitão da Fortaleza da Barra”, na Bahia, “coronel”, em São Paulo, “capitão”, em Goiás, “tenente-coronel”, no Rio de Janeiro, “tenente”, no Recife e “soldado”, na Paraíba e no Estado do Espírito Santo.
Tendo sido batizado, ao nascer, em Lisboa, com o nome de Fernando de Bulhões, por volta de 1210 o religioso ingressa no mosteiro de São Vicente de Fora, seguindo depois para Coimbra onde, ao tomar o hábito, em 1220, embarca para a África, em missão de catequese. Em 1221, fixa-se na Itália, tornando-se famoso pelos sermões que denunciam seus dotes oratórios, numa linha de critica às injustiças sociais, através de símbolos e alegorias. De tanto exaltar a caridade e clamar em favor da pobreza, recebeu o cognome de “martelo de Deus”. Após sua canonização, em 1232, foi determinada a data de 13 de junho para os seus festejos e erigida uma grande basílica em Pádua, na Itália, sobre seu túmulo.
Hoje, com a modernidade e a globalização, o desprestigio do casamento como instituição e o desencanto gerado pelo próprio materialismo em que as pessoas se enredam, as festas de Santo António estão escasseando e mesmo no interior do nordeste brasileiro não são mais tão animadas. Mas o prestigio do Santo, sua força e sua marca no imaginário popular, quem haverá de contestar?...

‘Fátima Araújo’

SOB OS VENTOS DO SUL

Não me entendo mais! Ainda ontem, eu sentia em mim a tempestade, alguma coisa de quente e de ensolarado, extremamente claro. E hoje tudo é tranqüilo, vasto, melancólico e sombrio, como a laguna de Veneza: - não quero nada e não solto um suspiro de alivio e, contudo, estou secretamente indignado com esse “não querer nada”: - assim as ondas vão e vêm aqui e acolá no lago da minha melancolia.

‘Friedrisch Nietzsche’

OS TRÊS DIAS

Mansour Hallaj foi um dos grandes místicos do Islã, e viveu grande parte de sua vida no Iraque. Ele dizia que o homem é uma manifestação de Deus, mas seus trabalhos apresentavam algumas contradições com o que era oficialmente reconhecido na sua época.
Como resultado, terminou sendo acusado de blasfemar contra a religião, e foi condenado à morte.
No dia da sua execução, um dos discípulos perguntou:
“Mestre o que é o amor?”
“Olhe com cuidado tudo que acontecer comigo hoje, amanhã, e depois de amanhã”, respondeu Hallaj. “Isso é o amor”.
Naquele mesmo dia, ele foi morto.
No dia seguinte, queimaram seu coração. No terceiro dia, espalharam suas cinzas, e nunca mais puderam recompor o coração de Hallaj.

‘Paulo Coelho’

O PIOR CAOS É O DA FÉ

O famoso filósofo Nietzsche, ao definir o conhecimento, algo sagrado para ele, transparece um sentimento de frustração. Afirmando que o homem por não conseguir conceituar com precisão as verdades aos seu redor, vive por meio de metáforas, mentindo para sobreviver. Nietzsche descobriu que ao fugir da realidade o homem, prefere a mentira e sofrer suas conseqüências, do que usar a verdade que ele não consegue definir. A meu ver, em meio a este dilema, de verdade e mentira, o homem reage de duas formas na vida. O homem racional, aceita este fato, de que sempre ele terá que dar uma resposta, pesada e qualificada; e o homem intuitivo, irá buscar em meio a este caos, a beleza construída pela aparência, que sobrevive por ver ao redor, um mundo fantasioso. Como alguém que sempre acha uma flor no deserto, um sorriso no leito da enfermidade ou a solidariedade em face da tragédia.

‘Hélder Torquato Fernandes’

O AMOR EM VISITA

Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela despenhada de sua órbita viva. - Porém, tu sempre me incendeias. Esqueço o arbusto impregnado de silêncio diurno, a noite imagem pungente com seu deus esmagado e ascendido. - Porém, não te esquecem meus corações de sal e de brandura. Entontece meu hálito com a sombra, tua boca penetra a minha voz como a espada se perde no arco. E quando gela a mãe em sua distância amarga, a lua estiola, a paisagem regressa ao ventre, o tempo se desfibra - invento para ti a música, a loucura e o mar. Toco o peso da tua vida: a carne que fulge, o sorriso, a inspiração. E eu sei que cercaste os pensamentos com mesa e harpa. Vou para ti com a beleza oculta, o corpo iluminado pelas luzes longas. Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar. Teus olhos transfiguram-se, tuas mãos descobrem a sombra da minha face. Agarro tua cabeça áspera e luminosa, e digo: ouves, meu amor? Eu sou aquilo que se espera para as coisas, para o tempo - eu sou a beleza. Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem teus olhos de longe. Tu própria me duras em minha velada beleza.

Herberto Helder

HAVIA UMA MAGNÓLIA

Havia uma magnólia no jardim, mas isso não sabíamos ainda. Era apenas a árvore grande ao centro, com misteriosas flores brancas, é certo, por entre as folhas. Pousava, na sombra, a ideia de um esquilo (mas não havia esquilos no jardim, só nas páginas do livro aberto na mesa de pedra). Não sabíamos ainda nenhum nome, excepto, talvez, o dos pinheiros.

Graça Videira

HABITAR O TEMPO

Escutam-se nos seus cabelos as ondas do mar como se os abismos trouxessem o eco dos peixes beijando-se em camas de algas e os pescadores fossem deuses a invadir búzios reinos de silêncios quebrando o encanto da água exposta na luz dos espelhos com o sexo à flor da pele palpitando por entre os olhos da natureza a chamar sempre ao longe como se pudesse convencer um corpo a ficar eternamente abraçado a outro corpo no lugar onde é possível construir a casa habitar o tempo e sorrir aos pássaros que passam na rota do sol sim é possível escutar as ondas batendo na rocha macia dos seus cabelos soltos ao vento.

José António Gonçalves

DOS RIOS

“Eu conheço os rios.
Eu conheço rios tão antigos como o mundo, e mais velhos que o fluxo de sangue nas veias humanas.
Minha alma é tão profunda como os rios.
Eu me banhei no Eufrates, na aurora da civilização.
Eu fiz minha cabana na margem do Congo, e suas águas me cantaram uma canção de ninar.
Eu vi o Nilo, e construí as pirâmides.
Eu escutei o canto do Mississippi quando Lincoln viajou até New Orleans, e vi suas águas tornarem-se douradas ao entardecer.
Minha alma se tornou tão profunda como os rios”.

‘Langston Hughes’

DO TIJOLO

Dois sábios, que viviam na mesma ermida no deserto do Saara, conversavam um dia:
“Vamos brigar para que não nos afastemos do ser humano”, disse um deles.
“Não sei como começar uma briga”, respondeu o outro.
“Pois façamos o seguinte: eu coloco este tijolo aqui no meio, e você me diz: ‘é meu’. Eu lhe responderei: ‘não, este tijolo é meu’. Então começaremos a discutir, e terminaremos brigando”.
E assim fizeram.
Um disse que o tijolo era dele. O outro contestou, dizendo que não.
“Não vamos perder tempo com isto, fique com este tijolo”, disse o primeiro.
“Sua idéia para a briga não foi muito boa”, disse o outro, depois de alguns minutos.
“Quando percebemos que temos uma alma imortal, é impossível discutir por causa de coisas”.

‘Paulo Coelho’

terça-feira, 10 de junho de 2008

CONDICIONAMENTOS

Treinamento de pulgas

Sabe como se treina uma pulga? Feche-a dentro de um vidro e feche-o. a pulga não gosta de ficar presa e começa a pular. Ela pula, bate na tampa do vidro e volta. Ela vai fazer isso várias vezes, até que o seu cérebro chega à conclusão de que não adianta. Então, ela começa a pular mais baixo, sem bater na tampa. Depois que isso acontece, você pode tirar a tampa do vidro que a pulga nunca mais vai pular para fora. O cérebro dela ficou condicionado à existência da tampa e ela não identificará mais a sua ausência.

Elefantes

O treinador pega o elefante, quando filhote, passa uma corda no pescoço dele e o amarra a uma arvore. O elefantinho tenta sair, mas a árvore é pesada, forte, e ele no consegue. Depois de várias tentativas, ele desiste. Aí ele cresce, vai para o circo, e o palhaço, para prende-lo, só tem de amarrá-lo à perna de um tamborete. O elefante continuará sempre pensando que está amarrado em uma árvore.
Não somos pulgas nem elefantes, mas também temos uma serie de condicionamentos. Mas, geralmente, não nos damos conta disso.

Limitações

Por que será que temos tanta dificuldade pra nos comportar em nosso próprio beneficio?
O 99% do pode da mente humana está concentrado no inconsciente. Mas toda a nossa educação costuma explorar apenas o consciente. No nos ensinam a trabalhar com o inconsciente, cuja porta de acesso é o hemisfério direito do cérebro.
As limitações que vivemos decorrem da programação negativa instalada em nós durante a infância, e também do uso limitado que fazemos do nosso cérebro. Todos temos dentro de nós um “termostato” que determina o nosso valor. Aliás, todos temos escrito na testa, com tinta invisível, o quanto valemos. Quando aumenta o seu termostato, você aumenta o valor que acha que tem e, em conseqüência, aumenta o que o mundo vai entregar para você.
Quem determina o seu termostato ou o seu valor pessoal, é você. E essa temperatura interna não tem nada a ver com a temperatura externa. Se o seu termostato interno diz, por exemplo, que você vale meio milhão de dólares, isso é o que o mundo tende a entregar para você, independentemente d crise econômica, da situação do país, da conjuntura mundial, etc.
O que vale é a sua estrutura interna. O mundo é um reflexo do seu interior.
Para acompanhar a evolução do mundo, você precisa usar o seu cérebro de modo diferente do habitual. Se você tiver sucesso dentro do seu cérebro, o sucesso virá. Se você tiver amor, vai receber amor.
No momento em que você muda as suas crenças e os seus valores, o mundo muda para você num estalar de dedos.
William James, um dos grandes filósofos e psicólogos americanos, disse:
“Até agora, pensava-se que, para agir, era preciso sentir. Hoje, sabe-se que, se começarmos a agir, o sentimento aparece”.
E conclui:
“O passarinho não canta porque está feliz, ele está feliz porque canta”.
Ainda que esteja deprimido, se você começar a agir de um jeito feliz, você passará a se sentir feliz e, então, será feliz. O comportamento muda o sentimento e este muda o pensamento.
Seguindo esse relacionamento, você pode não estar recodificando diretamente as crenças negativas instaladas no seu cérebro. Mas estará diminuindo o peso delas na sua vida e, ainda, estará exercitando a forma correta de instalar positivas no seu cérebro.

‘Lair Ribeiro’

COMO POSSO SER EU?

Como posso ser eu, se o meu eu não me vê?
Como posso ser eu, se o meu eu me esqueceu?
Como posso ser eu, se o meu eu se perdeu,
se o meu eu se perdeu procurando você?

Se o meu eu de meu eu hoje em dia descrê
e a você se prendeu, como posso ser eu?
Como posso ser eu, se o meu eu entendeu
com você ir embora, sem quê nem porquê?

Como posso ser eu, se você foi embora,
se o meu eu resolveu não ser mais eu agora
e em você se escondeu para ser eu também?

Se o meu eu, que é só seu, em meu eu já não mora,
como posso ser eu, se você se demora,
como posso ser eu, sendo apenas ninguém?

‘Ronaldo Cunha Lima’

COMO PEDIR AUMENTO

O mundo corporativo coloca em pólos opostos o empregado, acreditando-se injustiçado porque ganha menos do que julga merecer, e o empregador, convencido de que paga mais do que deveria pela produção gerada.
Para vencer a batalha de conseguir um aumento salarial, informação e astúcia são os ingredientes básicos, aplicados conforme as dicas a seguir.

1 – Faça uma auto-avaliação criteriosa. Aumentos devem ser obtidos por mérito antes mesmo de serem desejados. Por isso, pondere sobre a sua performance. Acompanhe os seus relatórios de avaliação de desempenho e competência e o feedback do seu supervisor e colegas de trabalho.

2 – Pesquise o mercado. Analise a média salarial do seu cargo no mercado comparando-a com a média paga por sua empresa. Lembre-se de considerar o porte da companhia. Não se pode esperar de uma pequena corporação a mesma capacidade de remuneração de uma multinacional.

3 – Conheça a política salarial da sua empresa. Uma companhia com plano de cargos, e, salários, bem estruturada; apresenta regras para promoção, premiação e remuneração. Assim, pode haver critérios que considerem não apenas questões qualitativas, vinculadas a resultados, mas também ciclos cronológicos relacionados às faixas salariais. As normas podem até mesmo limitar a autonomia do gestor na concessão de aumentos, impedindo-o de atender à sua desmanda.

4 – Estude o ambiente. Observe o desenvolvimento de seus colegas de trabalhos. Procure identificar um padrão de comportamento que possa ter conduzido alguns profissionais a uma posição superior. Examine o mercado e a posição relativa da sua empresa para descobrir como anda a sua saúde financeira no momento. Faça uma leitura do perfil e das reações de seu gestor a fim de notar a melhor ocasião para abordá-lo.

5 – Prepare o terreno. Faça um levantamento das suas atividades buscando mensurar os resultados alcançados. Elabore uma relação dos benefícios que você traz para a corporação e como pode potencializá-los. Prepare uma proposta de solicitação de elevação salarial atrelada às metas da empresa, com um planejamento detalhado para um horizonte de 12 meses, por exemplo, com gatilhos de incremento em seus proventos a cada fase concluída do projeto.

6 – Dê o bote. O melhor local na própria empresa em uma reunião a portas fechadas para minimizar o risco de interrupções. O momento certo: logo após a realização de um projeto bem sucedido e num dia em que o gestor esteja de bom humor. A abordagem recomendada: clareza e objetividade na exposição, porém sem denotar agressividade. Iniciar enaltecendo com autenticidade a companhia, o cargo exercido, a liderança e a equipe. Explicitar o trabalho realizado, os pontos positivos e as perspectivas futuras, conforme o planejamento traçado anteriormente.

7 – Quando negociar. Não há uma regra para isso. Primeiro, porque depende da política da empresa. Os dissídios coletivos anuais são da ordem de 5%. Já os aumentos vinculados ao tempo de serviço ou mudança de função dentro do plano de cargos e salários giram em torno de 10%. Os maiores índices podem ser obtidos quando acoplados ao resultado da companhia.

8 – Esqueça os apelos emocionais. A Companhia não está preocupada com o fato da; sua família aguardar a chegada de trigêmeos, o filho mais velho ter ingressado numa universidade privada ou o seu avô exigir um caríssimo tratamento médico. Separe a pessoa do problema. Justificativas de cunho emocional podem até funcionar uma primeira vez, mas o risco maior é causar constrangimento e denunciar que você é um mau administrador das suas finanças pessoais – e, por conseguinte, um péssimo exemplo de gerenciamento para a própria companhia. O foco deve estar em seu desempenho e o nome do jogo é meritocracia.

9 – Esteja pronto para negociar. Evidentemente, sua proposta pode ser total ou parcialmente recusada. Neste caso, negocie benefícios, objetivando ganhar mais no longo prazo com base em seu desenvolvimento pessoal. Assim, um curso de idiomas ou um MBA podem representar uma transferência de despesa pessoal que você teria e que será assumida pela empresa.

10 – Mantenha a confiança e a auto-estima. Uma postura determinada e segura compõe uma imagem adequada ao seu marketing pessoal. Além disso, calcule os riscos da sua iniciativa. Cuidado também com a adoção de flertar com ofertas de trabalho de outra empresa. Poderá receber um “até logo” quando imaginava que a proposta seria coberta.

Você avaliou o seu desempenho, estudou o mercado e a sua companhia, planejou uma argumentação sólida e coerente para respaldar o seu pedido de aumento salarial e negociou. Se mesmo assim a empresa tem sucessivamente negado um reconhecimento afetivo pelo trabalho, é hora de considerar a possibilidade de mudar de emprego. Afinal, tapinha nas costas não paga contas.

‘Rocha & Coelho’

COM MÚSICA NOS OUVIDOS

Já se disse que a poesia vai deixando de ser poesia à medida que se afasta da música. Claro que isto não vale para as formas mais recentes de poesia, formas visualistas, geometrizadas, que usam o Espaço em vez do Tempo; formas que são criadas para a Página e só se realizam na Página. Nada contra! Mas a presente consagração acadêmica que esse tipo de poesia vem obtendo desde o Concretismo dos anos 1960 precisa ser contrabalançada com um saudável retorno à poesia que se realiza no Tempo, e não no Espaço; a poesia que pensa nos sons das palavras, e não no formato das letras que as compõem. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, companheiros.
Deus me livre que um dia alguém baixe uma Medida Provisória obrigando todo o poema a ter uma métrica e rima. Digo isto, não porque deteste a métrica e a rima, mas porque as reverencio, cultivo e defendo. Não quero ninguém legislando minha liberdade, ninguém interferindo de fora num domínio que pertence apenas a nós. Porque existem dois tipos de poetas. (OK, existem muitos mais – mas para efeito do presente artigo são dois.) O primeiro é o Poeta Músico, aquele que vê na poesia uma extensão da canção oral das tribos antigas, dos cantos em volta da fogueira, dos contadores de histórias que recorriam a melodias monocórdias e recorrentes para hipnotizar suas audiências e implantar nelas os nomes do seu conto. E existe o Porta Artista Plástico, filho de Johann Gutenberg e Marshall McLuhan (esse casal perpetuamente em crise), filho da revista ilustrada, da foto, da TV, do desenho industrial, da letra-set e do computador. O poeta que trabalha e retrabalha seus caligramas, seus poemas-processo, seus grafismos e leiautes. Augusto dos Anjos, declarou que compunha seus poemas mentalmente, reciclando-os e repetindo-os de forma compulsiva, antes de passá-los para a página. Ainda hoje me pergunto se poemas gigantescos como “As Cismas do Destino” foram compostos assim (o que duvido). Outros autores fazem o mesmo por uma questão de hardware. Poetas com deficiência visual, como Jorge Luis Borges e Glauco Mattoso, sentem-se mais à vontade com formas fixas, como o soneto. Elas lhes possibilitam a composição puramente mental (tanto Borges quanto Glauco são notórios insones), pois a própria estrutura de métrica e rima auxilia a memorização. Diz-se que Rudyard Kipling costumava compor os seus poemas de cabeça, enquanto cuidava do jardim. Ficava solfejando hinos protestantes, baixinho, mas as pessoas da família sabiam que ele estava de certa forma “botando letra” nesses hinos – estava compondo um poema valendo-se da estrutura mneumônica do hino. Fico pensando que curiosa tese de doutorado isto poderia render, se alguém de cultura inglesa-protestante se desse ao trabalho de comparar os poemas do mestre aos hinos em voga durante o seu tempo de vida. Como dizia o poeta – “de la musique, avant toute chose!”

‘Braulio Tavares’

AS QUATRO FORÇAS INVISÍVEIS

Um conhecido pensador diz que, para a construção da nossa alma, precisamos das Quatro Forças Invisíveis: amor, morte, poder e tempo. É necessário amar, porque somos amados. É necessária a construção da morte, para entender em a vida. É necessário lutar para crescer – mas sem cair na armadilha do poder que conseguimos com isto, porque sabemos que ele não vale nada. Finalmente, é necessário aceitar que nossa alma – embora seja eterna – está neste momento presa na teia do tempo, com suas oportunidades e limitações.

1ª força – Amor

A esposa do rabino Iaakov vivia procurando um motivo para discutir com o marido. Iaakov nunca respondia às provocações.
Até que, durante um jantar com alguns amigos, o rabino terminou discutindo ferozmente com a sua mulher, surpreendendo a todos na mesa.
- O que aconteceu? – perguntaram – Por que abandonou o seu costume de jamais responder?
- Porque percebi que o que mais perturbava minha mulher era o fato de ficar em silêncio. Agindo assim, eu permanecia distante de suas emoções.
“Minha reação foi um acto de amor, e eu consegui fazê-la entender que escutava as suas palavras”.

2ª força – Morte

Assim que morreu, Juan encontrou-se num belíssimo lugar, rodeado pelo conforto e beleza que sonhava. Um sujeito vestido de branco aproximou-se:
- Você tem direito ao que quiser.
Encantado, Juan fez tudo que sonhou fazer durante a vida. Depois de muitos anos de prazeres, procurou o sujeito de ranço. Disse que já tinha experimentado tudo, e agora precisava de um pouco de trabalho para sentir-se útil.
- Essa é a única coisa que não posso conseguir – disse o sujeito de branco.
- Passarei a eternidade morrendo de tédio! Preferia mil vezes estar no Inferno!
- E onde o senhor pensa que está?

3ª força – Poder

Tenho passado grande parte do meu dia pensando coisas que não devia pensar, desejando coisas que não devia desejar, fazendo planos que não devia fazer.
O mestre apontou uma planta e perguntou se o discípulo sabia o que era.
- Beladona. Pode matar quem comer as suas folhas.
- Mas não pode matar quem simplesmente a contempla. Da mesma maneira, os desejos negativos não podem causar nenhum mal – se você no se deixar seduzir por eles.

4ª força – Tempo

Um carpinteiro e os seus auxiliares viajavam em busca de material quando viram uma árvore gigantesca.
- Não vamos perder o nosso tempo – disse o mestre carpinteiro – Para cortá-la, demoraremos muito. Se quisermos fazer um barco, ele afundará, de tão pesado o seu tronco. Se resolvermos usá-la para a estrutura de um tecto, as paredes terão que ser exageradamente resistentes.
O grupo seguiu adiante. Um dos aprendizes comentou:
- é uma árvore tão grande e não serve para nada!
- Você está enganado. Ela seguiu o seu destino a sua maneira. Se fosse igual ás outras, nós já a teríamos cortado. Mas porque teve coragem de ser diferente, permanecerá viva e forte por muito tempo.

‘ Paulo Coelho’

AMIGO APRENDIZ

Quero ser teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida.
E ficar sempre em tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade.
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar.
E sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo.
Mas confesso;
É tão difícil aprender.
Por isso eu te peço paciência.
Voe encher este teu rosto;
De alegrias, lembranças!
Dê-me tempo.
De acertar nossas distancias!

‘Fernando Pessoa’

sábado, 7 de junho de 2008

ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza. É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no dia a dia. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a outras. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece; é quem presenteia fora das datas festivas; é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se atende. Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante no ficar espaçoso demais. É elegante no mudar o seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com amigo não tem que ter estas frescuras”. Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura. É A ELEGANCIA DO COMPORTAMENTO...

‘Brígida Brito’

CONTRÁRIO

Ao contrário do que foi dito digo sobre a inexoralidade com que os fatos nos trespassam. A permanência desobediente aos termos se completa no espaço. O espelho, na reflexão da imagem traduz o senso automático da visão: o repositório acobertado no silêncio da criança que dorme. Digo, do contrário, a ilusão de chegar e partir itinerários. Trajetos desditos em obrigações primárias.

Pedro Du Bois

CARGAS DESNECESSÁRIAS

Conta uma fabula sobre um homem que caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra Numa mão e um tijolo na outra. Nas costas carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas. Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada. Pelo caminho encontrou um transeunte que lhe perguntou:
- Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande?
- É estranho – respondeu o viajante – mas eu nunca tinha realmente notado que a carregava. Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor. Em seguida veio outro transeunte que lhe perguntou.
- Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada?
- Estou contente que me tenha feito essa pergunta – disse o viajante – porque eu não tinha percebido o que estava fazendo comigo mesmo. Então ele jogou a abóbora fora e continuou o seu caminho com passos muito mais leves. Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas cargas desnecessárias. E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal.
Qual era na verdade o problema dele? A pedra e a abóbora?
Não. Era a falta de consciência da existência delas. Uma vez que as viu como cargas desnecessárias, livrou-se delas bem depressa e já não se sentia mais tão cansado. Esse é o problema de muitas pessoas. Elas estão carregando cargas sem perceber. Não é de se estranhar que estejam tão cansadas! O que são algumas dessas cargas que pesam na mente e um homem e que roubam as suas energias?
- Pensamentos negativos;
- Culpar e acusar outras pessoas;
- Permitir que impressões tenebrosas descansem na mente;
- Carregar uma falsa carga de culpa por coisas que não poderiam ter evitado;
- Autopiedade;
- Acredita que não existe saída.
Livre-se delas!!!

‘Ralph Waldo Emerson’

AFTER THE STORM

There are so many islands! As many islands as the stars at night on that branched tree from which meteors are shaken like falling fruit around the schooner Flight. But things must fall,and so it always was, on one hand Venus,on the other Mars; fall,and are one,just as this earth is one island in archipelagoes of stars. My first friend was the sea.Now,is my last. I stop talking now.I work,then I read, cotching under a lantern hooked to the mast. I try to forget what happiness was, and when that don't work,I study the stars. Sometimes is just me,and the soft-scissored foam as the deck turn white and the moon open a cloud like a door,and the light over me is a road in white moonlight taking me home. Shabine sang to you from the depths of the sea.

Derek Walcott

A COR DO NORMAL

O normal não tem cor, é branco e nêle o espectro desaparece. Aqui e alí, o normal se tinge de negro mas não enegrece: apresenta pintas cinzas, herança em mosaico. O normal tem tendências ao rosa choque e ao roxo desmaiado, ao amarelo ouro, então, um douro, na palheta normal. Quando pinta um azulão, um ocre ou verde limão as outras cores se esbatem mas o normal brilha anormal! Um vermelho no normal não vibra: grita, berra, agita até se transformar em mancha mansa e eterna Aliás, o normal não tem cor é branco e nele o arco-iris dança uma estroboscópica valsa vienense.

Winston Graça

quinta-feira, 5 de junho de 2008

UMA ESQUERDA, OU VÁRIAS ESQUERDAS?...

A realização de uma festa organizada por figuras de esquerda, em que Manuel Alegre, surgiu como o autentico cravo de união, não é mais do que o reflexo do surgimento de várias esquerdas unidas em dois blocos grandes blocos, prontos para a batalha do domínio territorial.
De um lado a esquerda fatinho Chanel e Pom-Pom, que se encontra no Governo, liderada por um Sócrates, sem grande alma, e seguro por cordéis, enquanto por lá se mantiver, no Governo, pois finado reinado, serão mais de 20 cães a lançar-se a um osso só.
Do outro lado a esquerda de Alegre de Louça, dos dissidentes do PCP e de mais uns quantos arrivistas, todos juntos até fazem lembrar a velha sigla dos anos da luta sem quartel, do MRPP (Merda Restante dos Partidos Políticos), neste caso, atualizando para o século XXI, será o “MRPP” dos partidos de esquerda.
Mas será que alguém se esqueceu que foi o Dr. Mario Soares quem deu o tiro de partida, para toda esta criativa atividade, ao lançar fortes e contundentes farpas, á poucos dias. Será que Manuel Alegre não fez já as pazes com o compadre e se lança numa pré-campanha a longa distancia para uma segunda volta com Cavaco?
E onde fica o PCP no meio disto tudo?
Bom fica; como sempre, no Bar da Soeiro Pereira Gomes, e nos Centros de Trabalho, esperando que os amanhãs cantem...
No meio de tudo isto, quem vai delirando de esperança é a Direita, que mesmo retalhada, vai assim ter tempo e meios para se poder organizar e juntar na luta contra o Partido Socialista do fatinho Chanel e do Pom-Pom!!!
Ou muito me engano, ou face á grave crise econômica e administrativa, o ano de 2009, vai ser quente para ‘caramba’, na área política, ao contrario do que muitos analistas político-ambientais andavam a prever, lendo só nas estrelas...
O mal disto tudo, é que a realidade acontece na Terra e não nas estrelas, ou nos cometas!

João Massapina

OBSTÁCULOS

Durante anos, um velho fazendeiro tinha arado ao redor de uma grande pedra em um de seus campos. Ele tinha quebrado várias laminas do arado e tinha cultivado um ódio mórbido pela pedra.
Um dia, depois de quebrar outro arado, e se lembrando de toda a dificuldade que a pedra lhe tinha causado por anos, ele decidiu finalmente fazer algo que resolvesse o problema definitivamente. Quando ele pôs uma alavanca debaixo da pedra, ele foi pego de surpresa ao descobrir que a pedra tinha apenas 18 centímetros, aproximadamente, e que ele poderia, facilmente, quebrar a pedra com uma marreta.
Quando estava carregando os pedaços da pedra ele no se conteve e começou a rir sozinho, enquanto se lembrava de toda a dificuldade que a pedra tinha lhe causado durante anos e como teria sido melhor se tivesse enfrentado o obstáculo e quebrado a pedra mais cedo.
E você? Faz como este fazendeiro? Fica adiando e convivendo com as “pedras” em seu caminho, sem tentar ao menos remove-las? Todos temos obstáculos, dificuldades, reais ou imaginárias, que ficamos ou fazendo de conta que não as vemos, deixando para resolver depois ou pior, achando que são intransponíveis, sem solução.
Procure neste momento fazer uma reflexão sobre os obstáculos e dificuldades de sua vida, o que está lhe impedindo de ser feliz, que está lhe adoecendo, lhe tirando o sono e, de forma realista, encarando-as com honestidade, tome uma decisão sobre elas.
Procure identificar as apenas imaginadas por você mesma, oriundas de seus medos e frustrações, de seu amor próprio ferido, de seus preconceitos, orgulho, arrogância e livre-se imediatamente delas. Vale a pena o esforço! E, aquelas que não dependem de você, mas das circunstancias da vida, entregue-as a um poder maior, que tudo vê, que tudo sabe e que tudo resolve. Estas são lições que temos que; aprender, que fazem parte de nossa evolução, de nossa caminhada na volta da luz.

‘Brígida Brito’

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A DADIVA DA CHUVA

Sóis frementes se espargem sobre as frontes Tornando a dor um gesto polissêmico. A terra está crestada, o ar endêmico; Brotam suores como brotam fontes. É delírio febril de mil amantes, É a face de um deus duro e polêmico, É a ira de um ser esquizofrênico Contra os sonhos de povos arquejantes. Mas, na terra de gente tão sofrida Onde a busca se faz em bruta lida Surge um raio de luz onde é sombrio. De surpresa cai chuva e surge a vida Fenecendo o calor de fero estio. E a terra, então crestada, entra no cio.

Barros Alves

A SINDROME DO “QUANDO”

A maioria das pessoas diz assim:
“Quando eu me sentir bem comigo mesma eu vou fzer isso, vou fazer aquilo, etc”.
O caminho não é esse. Comece logo a fazer que o sentimento aparece.a o começar a fazer, as coisas começam a mudar dentro e fora de você.
Intenção sem ação só tem um nome: ilusão. Ouse fazer e o poder lhe será dado.
Vivemos num mundo de ilusões. Pensamos que os órgãos dos sentidos nos mostram a realidade, mas, na verdade, eles nos enganam.
Quanta ilusão!!!

ILUSÃO DOS SENTIDOS

- Pensamos que a Terra está parada quando, na verdade, ela gira a uma velocidade incrível.

- Temos a sensação de que a Terra é chata, quando, na verdade, ela é redonda.

- O sol parece girar em torno da Terra, quando o que acontece é o contrário.

Se nos iludimos com coisas em proporções gigantescas, como a Terra e o Sol, imagine com as sutilezas do cotidiano! Muitas vezes, pensamos que as coisas são como as vemos, mas isso acontece porque uma mesma realidade pode ser vista de diferentes modos, dependendo do que cada um traz dentro de si.

ILUSÃO DO PENSAMENTO

Esse tipo de ilusão nos leva a pensar que as coisas são como são e que nada as pode modificar. Devagar. Não tenha tanta certeza disso. Pessoas e coisas se modificam, inclusive você. Hoje, você certamente é uma pessoa bem diferente do que era há cinco ou dez anos e, em conseqüência, mudaram os seus pontos de vista.
Se, se mantiver pensando dessa forma, o principal prejudicado será você.

JULGAMENTO

É correto dizer “uma vez balconista, sempre balconista”, à jovem empresária que acabou de abrir a sua própria loja de perfumes? As pessoas mudam. Elas vão incorporando novos atributos ao longo da vida. A dona da loja, que já foi balconista, deve ter sido, antes, estudante, telefonista, estagiária, e muitas outras coisas.
Você, provavelmente, foi estudante, praticou algum tipo de desporto, teve mais do que um hobby, seguiu mais de uma carreira profissional... Enfim, você já fez algumas coisas diferentes na vida. Você acha correto que as pessoas julguem que você é apenas uma das coisas que já fez? Claro que não!
Esta leitura é mais uma das incorporações positivas n sua vida. Então, cuidado, porque o que sempre é não é tudo o que é.

‘Lair Ribeiro’

A TIMIDEZ – APRENDA A VENCER…

“Classificado como um tipo de fobia, o problema pode se transformar numa doença quando atinge um grau avançado de evolução”

Medo de falar em público e inibição de se aproximar das pessoas são alguns dos principais sintomas de uma das coisas que mais atrapalham a vida social, profissional e até pessoal de um homem, que é a timidez. Classificada como um tipo de fobia social, em um grau brando a timidez tinge praticamente todos os seres humanos, de acordo com as circunstancias do dia a dia. Esta constatação é comprovada cientificamente.
Segundo o psicólogo Elinaldo Quirino, quando atinge um estágio avançado, a fobia social em questão se transforma em doença extremamente prejudicial aos cidadãos. Conforme o especialista, uma das principais causas da timidez é o sentimento de inadequação, que faz com que as pessoas no se achem interessantes o suficiente para serem aceites pelos grupos sociais. “O medo de ser rejeitado é muito forte nesses indivíduos. Eles preferem se afastar do cenário social para não passar pela possibilidade de serem rejeitados”, afirmou Quirino.
Coordenador do Centro Psicológico do Controle de Estresse na Paraíba, Brasil, Elinaldo Quirino explicou que geralmente a timidez ainda está relacionada a problemas de auto-estima. Ele ressaltou que pessoas que se auto-avaliam negativamente têm medo de se expor socialmente, sendo presas fáceis para a fobia social em foco. Enfatizou, no entanto, que o estado de timidez é um comportamento normal de auto-defesa e de preservação.
Elinaldo Quiroga observou que uma preocupação que o tímido deve ter é quando ele chega ao ponto em que deixa de ser um individuo funcional e, consequentemente, de interagir nos meios sociais.
Nesse momento a timidez no ser humano passa a ser um problema de ordem psicológica e que precisa ser tratada à base de terapias. “Quando há prejuízos em qualquer área da vida da pessoa, então é necessário o tratamento”, salientou o psicólogo.

MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

O medo de falar em público, característico dos indivíduos tímidos, é o segundo maior tipo de medo que afeta as pessoas, segundo o psicólogo.o primeiro, conforme ele, é o medo da morte. De acordo com o psicólogo, a pessoa falando em público se expõe mais do que em qualquer outra situação. “Se expõe aos olhares e opiniões de idéias de aspetos físicos, intelectual e social, e inda tem a possibilidade de ser alvo de indagações dos ouvintes”, destacou.

TIMIDOS LEVAM DESVANTAGEM

O colunista social Bernardo Virginio considera-se uma pessoa tímida ao extremo. “Sou enlouquecidamente tímido”, confessou. Ele lembrou que, antes, pensava que o acanhamento fosse por questão de insegurança. “Hoje vejo que no me considero uma pessoa insegura. Agora, não sei de onde se desencadeou esse problema, que é uma coisa que independe à minha vontade”, afirmou.
Fábio Bernardo Virginio revelou que; se tiver de ir a um restaurante, uma festa, ou a outro qualquer evento, onde se concentre muita gente, procura chegar cedo ao ambiente para evitar ser alvo de olhares”. Segundo ele, se chegar ao local sem ser cedo corre o risco de não cumprimentar ninguém.
De acordo com o colunista, até mesmo quando conhece uma pessoa nova a reação de timidez se apresenta. Fábio Bernardo Virginio relata que fica sem saber como falar ou como se apresentar ao novo conhecido. Por conta desse jeito de ser, Bernardo salientou que já foi prejudicado algumas vezes na sua vida. “Quem é tímido leva desvantagem em cima dos ‘cascateiros’, que são pessoas que têm um poder de persuasão maior”, comentou.

ENCARANDO OS DESAFIOS

Fábio Bernardo Virginio tem consciência de que é preciso lutar contra a timidez. “É necessário se trabalhar isso para vencer, sobretudo diante de adversários”, enfatizou, acrescentando que, dentro das suas possibilidades e limitações, vem procurando trabalhar de forma pessoal para vencer a timidez.

DICAS:

1 - Participar de eventos sociais, mesmo que passivamente, a exemplo de ir a uma festa e ficar na sua como observador.

2 – Aproximar-se de pessoas procurando escutar mais do que falar, observando o comportamento delas, para verificar que quase todas são tímidas.

3 – Aceitar a timidez como uma coisa natural e não como um problema, lembrando que no mundo tem lugar para os tímidos.

4 – Mesmo sendo tímido, procurar interagir com as pessoas. Comece melhorando o seu relacionamento inter-pessoal com as pessoas mais acessíveis, ampliando para as menos acessíveis.

5 – Caso se sinta prejudicado,é importante procurar um profissional para trabalhar a timidez e buscar, através de técnicas específicas, vencer a timidez.

6 – Freqüentar cinemas, teatros, grupos de dança de salão, participar de atividades filantrópicas,praticar desporto, entre outras ações, para desinibir.

‘Edivaldo Lobo’

AS PESSOAS COMO ELAS PODEM SER

Estava na calçada do jornal muito animado programando viagens para instantes desconhecidos. Uma volta no quarteirão e encontrar um tema batido ou o norte de uma transa que ainda não conheço, ainda que seja pra já. Cenas perdidas, o primeiro ou último dia dos Maiôs de 68, que se foram, enfim.
Não há como seguir na contra mão se outras vontades em dias quentes viram dores, amores e pessoas na mente. Quem é aquele homem sem braço que me cumprimenta toda a tarde, quando estou a caminho do Tribunal de Justiça.
Fellini está em toda a parte. Sobram actores. Me encanto com pessoas que não se esforçam para ser agradáveis. Eu faço isso com naturalidade. Vou por aí morrendo de rir.
Um deslumbramento – crianças segurando nas mãos dos pais entrando e saindo das escolas. Filhos, dicas, de coisas para contar, de onde, enfim brotam novidades, mesmo que sejam eletrizados, crescidos e vencedores. Deve ser horrível não ter um filho.
Proust e Machado. Se fosse escolher três autores, estaria satisfeito só com Proust. Talvez, Borges. Levaria canções – que me remeteriam para Rosas, Marinas, Sandras, Gabrielas e Cristinas.
Adultos infantis em ritmo de despedida sem manifestos contra a experiência de ser ou não ser. Amigos raros e harmônicos e, talvez, descobriremos depois, como eram bons e sobre outros assuntos, eles ganharam de mil.
Pessoas que têm me inspirado muito nos últimos dias: uns nus e outros atirando pedras. Carlos Aranha tem razão, lembrando o poeta do Eu:
“A mão que afaga, é a mesma que apedreja”
Não tenho duvidas. Viver com as pessoas como elas são ou como podem ser. Ninguém precisa se esforçar para ser melhor, nem menor. Nunca.
Alguns mixurucas com ambições intergalácteas. Uma ótima pessoa – como sinceramente acredito, seja sempre – mesmo que seja desagradável um dia. É a vida.
A maior gloria é permanecer no coração de muitos. Uns veludos, outros caducos.

‘Kubitschek Pinheiro’

CARNAVAL

Alguém chora, sozinho, um choro igual
ao pranto que chorei em noite infesta
vazia de esperança,igual a esta,
quando termina mais um carnaval.

Alguém que chora o fim,por mais banal,
apega-se à esperança que ainda resta,
e à crença de que, um dia, volte a festa
dos abraços e beijos, tal e qual.

O carnaval termina. Na avenida,
deusas pagãs, volúveis e coquetes,
lançam beijos do amor de despedida.

Passou meu carnaval, não há vedetes
no carnaval do amor da minha vida,
sem beijos, serpentinas e confetes.

‘Ronaldo Cunha Lima’

CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ

Num tempo em que as comédias americanas sobre o cinema viraram apenas um jogo de adivinhar qual o filme que está sendo parodiado no momento, é sempre ótimo relembrar a inteligência e humor apurado do trio ZAZ.
Eles já tinham dado à luz dois filmes antológicos:
“Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu...” (1980)
“Top Secret – Superconfidencial” (1984)
Se antes, eles brincavam com os filmes-catástrofe e depois com os filmes de guerra, “Corra que a Policia Vem Aí” apontou as câmeras para os policias.
Foi a consagração de Leslie Nielsen, actor de segunda havia muitos anos e que virou símbolo do cinema-paródia, e nunca mais se livrou dele. Diferente de “Todo Mundo em Pânico”, “Deu a Louca em Hollywood”, “Super-Heroi – Filme” e outras traqueiras, aqui ainda se satirizava os clichês e a linguagem cinematográfica, e não as cenas especificas de filmes.
(R.F.)

THE END OF SILENCE

Regresso de uma das bandas mais importantes para a consolidação do hardcore, a Blak Flag, Henry Rollins tem uma carreira a solo irregular, a ponto de hoje se dedicar de corpo e alma ao cinema (é dele o papel principal no filme de terror “Floresta do Mal”, que acaba de sair em DVD)
“The End of Silence” é um dos melhores álbuns da fase a solo deste americano quase cinquentão. Lançado em 1982, Henry põe-se a, no grito, desde discutir a relação até meditar sobre seu “eu” interior. Isso tudo com uma banda segura, mandando ver um ótimo proto-metal, bastante cerebral (bastante em voga na época, como o Helmet e similares).
É desse CD que saem pequenas obras-primas como “Low self opinion”, “Tearing” e “Almost real”.
(A.C.)

PACTO DE SANGUE

Clássico dos clássicos do cinema noir, “Pacto de Sangue” (1946) lembra aos esquecidos que Billy Wilder era tão bom no drama quanto nas comedias. Aqui, a história é modelo: a loura fatal que trai o marido com um agente de seguros e planeja o assassinato com o amante.
Bárbara Stanwyck e Fred MacMurray têm grandes desempenhos e Wilde mostra, mais uma vez, a perícia em tirar o pior dos seus personagens e criar finais inesquecíveis.
A edição da Versátil traz um documentário de 37 minutos (Sombras e Suspense) e um texto sobre a vida do diretor.
A fase de Wilder no período é dificilmente vencida. Na seqüência viriam “A Mundana” (1948), “Crepúsculo dos Deuses” (1950) e “A Montanha dos Sete Abutres” (1951).
(R.F.)

SEIS PERSONAGENS À PROCURA DE AUTOR

O que fazer quando no meio de uma peça, em que o diretor reúne o seu elenco, aparecem “personagens”? é isso o que acontece nessa obra-prima de Pirandello num delicioso jogo metalingüístico.
Além de dramaturgo, Pirandello escreveu romances, contos e ensaios. Mas foi o teatro que o consagrou ao ponto dele chegar a receber o Prêmio Nobel da Literatura, a glória máxima de qualquer escritor do mundo.
“Seis Personagens à Procura de Autor”, é uma das suas peças mais conhecidas.
Mas, a força desta peça, escrita há mais de 80 anos, pode ser conferida nas páginas do livro.
(B.B.)

DA FELICIDADE

"O homem sequioso de glória transforma em bem próprio a atividade alheia; o voluptuoso põe a felicidade nas próprias sensações; o homem inteligente, no seu procedimento."

Marco Aurélio, in Pensamentos, Livro VI, trad. João Maia

DA RECTIDÃO

"Se alguém me pode convencer com provas à mão de que as minhas opiniões ou modo de proceder não são rectos, sem custo mudarei. Procuro a verdade, que nunca prejudicou ninguém. Prejudica-se o que, pelo contrário, persiste no erro e na ignorância."

Marco Aurélio, in Pensamentos, Livro VI, trad. João Maia

DERRADEIROS SINAIS DE VIDA

O homem está se submetendo, cada vez mais, à tentação da serpente, não expressando qualquer sinal de resistência. Cai nesse apetite violento e comprazer. O planeta Terra está sendo comido como a maça nas mãos de Eva. Consumido pelas entranhas por uma insaciável fome. Não, não é fome. É um processo irreversível de destruição.
O Ártico está degelando, desfazendo-se como um enfermo, em estado grave, na UTI. A ganância humana conta os seus dias. Nenhuma iniciativa dos países mais ricos para se conseguir reverter esse degelo. O que há é um conjunto de ações para dividir o espólio daquela parte do mundo que, em breve, desaparecerá. Na Groenlândia, representantes dos Estados Unidos, Canadá, Rússia, Dinamarca e Noruega discutem como dividir aquele continente de água e gelo. Traçam fronteiras, definindo a quem vai pertencer a riqueza existente no ventre da terra, a mais de quatro mil metros de profundidade.
Nessa ganância desenfreada, dois países já fincaram as suas bandeiras de titânio, como fazem na lua, marte ou por aqui mesmo, em algum país em que haja petróleo. Os Estados Unidos, pesar de terem enviado representantes à reunião, discordam da realização desse encontro. Segundo a Deutsche Welle, alegam que o aquecimento global permitiria uma prospecção mais fácil das jazidas minerais da região polar, onde se encontra um quarto das reservas mundiais de petróleo e gás natural. Porém, pesquisadores russos, bons conhecedores do Ártico, estimam que, somente na chamada Cordilheira de Lomonossov, estão disponíveis para o consumo mais de dez bilhões de toneladas de petróleo e gás natural.
Outros países, de olhos abertos, permanecem atentos à questão. Porém, os cinco países que se reuniram na Groenlândia argumentaram que, devido à profundidade das jazidas, pouquíssimos serão capazes de fazer a prospecção. Segundo acrescentaram, só os países mais ricos e vizinhos daquela região teriam essa capacidade técnica. Em se tratando de um continente constituído apenas por montanhas e imensos blocos de gelo, pode-se prever o início de outra “guerra fria”.
O homem é assim. Explorado esse petróleo, existirão mais máquinas, com os seus escapes poluindo o planeta. Não se observa algum esforço coletivo para o uso de energia alternativa condizente com o ecossistema. O homem é assim, mata a natureza, que lhe é mãe e moradia. No seu irracional egoísmo, amealha os bens que devem ser preservados para as futuras gerações. Bem cabível é a lembrança de um trecho da obra “O Judeu” de Camilo Castelo Branco:
“À volta daquele cadáver travou-se uma briga de peito a peito, um cortar de ferros e ressaltar de sangue que espirrava a face do morto: eram os três assassinos a defenderem o espólio das presas duns que subiam e doutros que desciam acossados pelas chamas”.
A que acrescento: de petróleo. Sim, chamas de petróleo. Esses acontecimentos são profecia dos derradeiros dias de vida.

‘ Damião Ramos Cavalcanti’

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ESPALHAR NO SUL...

[Sanculo, Maio de 2008]

“Escreve um texto doce. Registra uma imagem - a mais rara. Traz bocadinhos dessa luz. Quando vieres; espalha tudo isso nesse sul.”

FILA INDIANA

Um atrás do outro, atrás um do outro, ano após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, continuam (a conduzir seus madeiros na perícia dos próprios dramas) um atrás do outro, atrás um do outro, ano após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, e de novo um atrás do outro, atrás um do outro, até a surdez final do pó.

Nauro Machado

FORA DE ALCANCE

Pelos meridianos imaginários viaja a noite sem medida e se infiltra o dia. Pelos mediterrâneos iluminados. Uma aragem sopra onde as bandeiras nas muralhas, onde os códigos, as malhas das fronteiras. Desde os confins da Terra sopra. Sobre os equadores de todas as divisas sopra, sobre os estritos dicionários, as praias restritas onde nada sobra. Faz-se ventania, clamor, vozerio sem letra e desigual e sem destino, que se desperdiça: nos paralelos do deserto, num parapeito de balcão. Nos paradeiros mais incertos, pelas margens opostas do paraíso.

Izacyl Guimarães Ferreira

MUDAR – 1

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma do outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de TV, compre outros jornais... leia outros livros. Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo o dia. O novo lado, o novo método; o novo sabor; o novo jeito; o novo prazer; o novo amor; a nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.

‘Clarice Lispector’

MUDAR – 2

Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... tome banho em novos horários. Use caneta de outras cores.
Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Se você não encontrar razoes para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!

‘Clarice Lispector’

DIVE DEEP

O Morcheeba é considerado um dos estandartes do chamado trip-hop, subgênero calminho da música eletrônica. Por discos a fio, contou com o charmoso vocal de Skye, que largou a banda, sem dó nem piedade, em 2003.
De lá para cá, o grupo – que se resume aos irmãos multi-instrumentistas Paul e Ross Godfrey – já lançou dois álbuns, ‘The Antidote’ e este ‘Dive Deep’, lançado em Fevereiro passado.
‘The Antidote’ reflete o baque da saída de Skye e não rendeu o esperado. Mas neste novo, os irmãos Godfrey se superaram. Vão buscar referências na própria origem (quando não havia Skye) e abraça outros estilos, como o downtempo, e recebe convidados ao invés de apostar numa única vocalista. Aqui, podem ser ouvidos o rapper Cool Calm Pete, que faz juz ao nome, o cantor e compositor Thomas Dybdahl e a veterana Judie Tzuke, cultuada cantora britânica dos anos 1980, que está em algumas das melhores faixas, como “Enjoy the Ride” and “Blue Chair”.
Um disco de grandes climas.
(A.C.)

O MELHOR ALIMENTO

Vai aqui esta pergunta para você: qual o alimento que não se vê, não precisa mastigar e é dado de graça? Sacou? Claro que você sacou. Mas no custa nada dar, aqui, a resposta. Esse alimento é o oxigênio que respiramos de segundo a segundo, que nos energiza, que nem damos pela sua invisível presença. Você é capaz de saudar, num almoço, uma picanha ou senão uma feijoada. E depois dá aquele arroto. No entanto, o alimento a que estamos nos referindo se processa em silencio. Surge com a inspiração, o primeiro acto da respiração. Depois segue-se a expiração, quando, então, o oxigênio se transforma em gás carbono. Uma alimentação tão importante, mas que a grande maioria não toma conhecimento. A coisa funciona automaticamente.
Mas o que eu acho importante nesse alimento,imperceptível e fundamental para a nossa existência, é que ele nos é dado gratuitamente, de mão beijada. Já pensou se fossemos obrigados a comprar oxigênio? E se os ricos pudessem adquiri-los? E se precisássemos de máscaras para tê-lo? Ah, esse alimento é divino! Daí ser gratuito.
E saber que não sôo homem respira, mas tudo que é vivo. E é vivo porque respira. Quando a criança sai da pousada uterina e entra para a vida lá fora, ela chora. E chora, não de saudade da pousada. Chora pelo impacto do ar nos seus delicados pulmões. Se ela não respira, está morta. Respiração é vida.
Pena que esse ar tão precioso, tão necessário para as nossas vidas, vez por outra seja contaminado, poluído, envenenado.
Vamos respirar melhor. Vamos ás praias e aos parques. O ar da cidade está muito sujo. Isto sem falar nas fumaças que os fumantes jogam no ar, obrigando-nos a absorver o veneno da nicotina... Faz pena vê-los num leito de hospital, asfixiados, tossindo de fazer dó, com os pulmões comprometidos pelo enfisema.
Ah, como é bom respirar um ar puro!... De manhã, depois do cooper, não faço outra coisa. Respirar é um acto divino, sagrado. Em aventurados os que respiram bem. além do mais, o acto de respirar tem a sua conotação didática. A vida para ser bem vivida consiste num dar e num receber. Infeliz daquele que só deseja receber. Dar e receber, segundo o mestre Deepak Chopa, é uma lei. Lei da solidariedade. Ninguém pode, nem deve reter por muito tempo o ar que respira. Tem que devolvê-lo à Natureza.
E esta é a grande lição da vida. Respirar é se comunicar com o meio ambiente. Ninguém pode dizer: o oxigênio é só para mim, como fazemos com as outras coisas.
Vamos, portanto, às praias, aos bosques, aos jardins botânicos; melhor oficina de oxigênio não existe. Também pode ser qualificado de Universidade Verde, onde se aprende a respeitar a ecologia.

‘Carlos Romero’

O SEU CLIENTE NÚMERO UM É VOCÊ MESMO!

Sempre que lhe vem á mente a idéia de se dedicar com mais afinco à tarefa de encantar e servir bem a sua clientela, você certamente se esquece de que o cliente que deve cativar todos os dias, em primeiro lugar, é você mesmo.
Estudiosos das relações interpessoais, psicólogos e psicanalistas já provaram que todo o ser humano possui como características fundamentais: o desejo de se sentir importante e a necessidade de ser apreciado, aceite e aprovado pelas pessoas que com ele convivem. Quando consegue abastecer-se dessa espécie de alimento para a sua integridade emocional, ele constrói em bases sólidas a sua auto-estima.
Você começa a construir a sua auto-estima a partir das suas primeiras interações com o mundo, ainda no berço. À medida que você sente que o braço o aconchego, os toques carinhosos dos seus pais representam atenção, aumenta a sua sensação de segurança.
Crescendo um pouco mais, você já começa a ser confrontado com os seus desejos e os desejos das outras pessoas. Você vai aprendendo que deve ter controle sobre os seus impulsos e que não pode fazer tudo o que quer, da forma que quer e na hora desejada. Se você foi bem suprido de apreciação e aprovação, por certo já possuirá uma boa base para ouvir os primeiros “nãos” de uma série de milhares, e aceitar as restrições, que paulatinamente lhe vão sendo impostas pelas pessoas da sua convivência: pais, irmãos, avós e amiguinhos.
O auge desse processo se dará na escola.
Se o seu processo inicial foi conduzido com êxito, você, mesmo não sendo uma criança tão bonita e inteligente como as outras da escola, sente-se seguro e vai tentar por todas as formas conservar na íntegra a auto-estima obtida. O seu comportamento entao pode ser muito agradável e o seu desempenho escolar muito melhor que os de outros colegas, mais inteligentes ou bonitos, mas que não tiveram por parte dos pais a mesma postura de aceitação e apreciação.
O relacionamento estabelecido entre filhos e pais nem sempre é satisfatório e, muitas vezes, deixa no ser humano seqüelas que perduram por toda uma vida. O melhor exemplo vem dos filhos criados para serem meros espelhos dos pais. Aqueles que lhes deram a vida não abrem espaço para verem aflorar a sua personalidade própria, ignoram os seus anseios e limitações e se recusam a ver as suas diferenças em relação àquilo que pensam. Criam, então pessoas que pautam toda a sua conduta, fundamentalmente, em função das reações dos outros. Se essa reação é favorável, sentem-se recompensadas, se é desfavorável, sentem-se punidas.
Auto-estima pode ser definida como a opinião e o sentimento que você tem por você mesmo. Ela está presente quando você se sente plenamente capaz de se amar, de se respeitar e de ter autoconfiança.
Como você pode identificar se sofre de baixa auto-estima?
Tente conversar consigo mesmo e responda se você se sente habitualmente vulnerável às criticas, frustrado, carente de atenção de outras pessoas. Sempre que erra, ainda que inadvertidamente, sobrevém a culpa, a vergonha, a sensação de ser julgado e rejeitado pelos demais. Examine-se e veja se a sua conduta é marcada pela excessiva timidez, insegurança, medo de se mostrar aos outros, de estabelecer um conversação descontraída e leve. As recusas das pessoas provocam em você um efeito devastador, gerando raiva e humilhação?
Sentimentos contraditórios movem aqueles que precisam reforçar a auto-estima. São pessoas que sentem uma vontade desmedida de agradar para se sentirem alvos da aprovação e do reconhecimento dos demais. Muitas são perfeccionistas, não admitindo sequer a hipótese de cometerem erros. Sentem-se inseguras, indecisas, muitas vezes deprimidas e despreparadas para enfrentar desafios. Ao mesmo tempo, para compensarem a sua enorme vulnerabilidade, escondem-se sob a capa do orgulho, da arrogância, da prepotência e buscam sempre rebaixar os outros. São aqueles que passam uma vida inteira conquistando inimigos, desafetos e fechando as portas atrás de si.
Identificando-se como alguém com baixa auto-estima, para imediatamente em busca do tempo perdido e aprenda a gostar de si mesmo. Inicie uma viagem para dentro de você e plante lá no fundo a sementinha da sua autovalorização.
Localize aquele sentimento de apatia e desanimo que toma conta de você impedindo-o de manter-se em forma, física e emocionalmente. Procure alimentar-se bem, corretamente, para conservar a sua saúde, afinal, você agora vai gostar mais. Faça exercícios, movimente-se; a vida é movimento. Aprenda a se olhar no espelho e a sorrir para aquele que você vê refletido lá.
Quando olhar para você e quando se auto-avaliar, tente mirar primeiro as suas qualidades, identifique-as. Depois, tente analisar as suas deficiências com objetividade, buscando eliminá-las do seu cotidiano. Lembre-se do passado, mas sem ressentimentos. Use as experiências que viveu como exemplos do que deve ou não deve ser repetido no presente e no futuro.
Trate-se melhor, dando a você mesmo mais amor e mais carinho. Acredite sinceramente que você merece essas coisas boas. Dê todos os dias a você mesmo coisas que o façam sentir-se feliz: sorrisos, elogios, abraços, descanso, lazer, música, leitura, dança, caminhadas ao ar livre, etc.
À medida que a sua auro-estima for crescendo novamente você perceberá que voltará a sua segurança ao se relacionar com as outras pessoas. Você passará a sentir-se mais á vontade e não constrangido diante de demonstrações de carinho e ao ser elogiado. Também não ficará tão suscetível às criticas como antes. Terá menos necessidade de aprovação dos demais, menos ansiedade, menos carências emocionais, mais flexibilidade, mais “jogo de cintura”, e melhor desempenho na carreira profissional.
Agora, você já estará mais pronto para construir relacionamentos saudáveis e prazerozos. Não estará buscando somente satisfazer aos outros. Você também busca a sua satisfação pessoal. Trace objetivos definidos, metas que dêem sentido à sua vida. Aprenda a se agigantar diante dos problemas, tornando-os pequenos. Agora você já não é mais aquela criança pequena, assustada e indefesa escondida do olhar acusador dos adultos.
Você hoje é alguém que cresceu e é importante! Você agora conquistou a paz e a harmonia e está preparado para encantar e cativar os seus clientes externos, clientes internos e clientes da vida, pois aquele que já está definitivamente conquistado é o seu principal cliente: você mesmo.

‘Rocha & Coelho’

POR QUE É QUE O SAL FAZ O GELO DERRETER?

A resposta para esta pergunta é profundamente simples. A Química nos fornece elementos para entender tal fenômeno.
Jogar sal no gelo faz com que ele derreta,porque a temperatura de fusão (passagem da água do estado sólido para o liquido) diminui. A temperatura de fusão da água é de 0º graus centígrados,mas, quando se joga sal no gelo, a fusão ocorre a uma temperatura inferior a essa.
Esta descoberta foi feita por Farenheit, que concluiu que a temperatura necessária para congelar uma mistura de água, gelo e sal era de -32º graus centígrados.
O efeito do sal em diminuir a temperatura de fusão da água é usado nos países onde costuma nevar.
O sal é jogado nas ruas e calçadas para derreter o gelo.
Para resfriar uma lata de cerveja em penas um minuto, também é possível aplicar a mesma técnica, jogando sal na caixa de gelo onde a bebida está armazenada.
A água liquida conduz melhor o calor do que o gelo. Além disso, o liquido resultante da mistura de gelo e sal está a uma temperatura abaixo de 0º graus centígrados. Tudo isso faz com que a energia térmica da bebida seja removida com maior velocidade, tornando a bebida mais gelada em menos tempo.

QUEM DISSE QUE A TRADIÇÃO DO CHÁ VEM DA INGLATERRA?

Há quem diga que chá é tradição inglesa. Pois venham para a China, então, ver como esse povo gosta de chá. É impressionante. Talvez seja uma das tradições mais antigas da cultura chinesa, tomar chá. Há indícios de que os povos daqui já tomavam a infusão de ervas em água fervente há mais de 2.700 anos antes de cristo.
Em mandarim a palavra é exatamente a mesma: Chá. O “Te”, falado pelo inglês, espanhol e até francês vem de uma variação do dialeto do sul da China.
São dezenas de tipos diferentes de chás. Os mais populares são o verde e o preto. Mas há uma porção de chás que nem se imagina que tenha tradução para o português.
Há várias casas especializadas em vender chá e em servir também. Chá gelado também é muito consumido. Há inclusive garrafas térmicas que praticamente todo o mundo tem, para carregar durante o dia. Elas vem com uma rede metálica dentro, que separa a erva da água. As pessoas saem de casa cedo e vão carregando com mais água quente durante o dia. Basta entrar num táxi, que você vê a garrafinha de tiracolo.
Água quente também é outra coisa bem chinesa. As pessoas costumam servir umas às outras, especialmente quando faz frio. Os bebedouros, diferentes, que tem opção natural e gelada, na China tem opção de natural e quente.
Algo prático na hora de fazer miojo.

‘Extraído do Blog Direto de Pequim’

SONHO

Na vida dela, a expectativa pela universidade iniciou cedo a sua trajetória. Ainda menina, precipitada pelo sistema de seleção seriado, ela foi convocada a largar as preocupações pertinentes à sua adolescência recém inaugurada para preparar o seu futuro profissional. Nada a ver com a formação humana, presente em suas diversas maneiras nas várias fases da vida. Era a formalidade que lhe cobravam: provas que mobilizavam, transtornavam e deformavam o ano letivo, encolhendo-o todo numa só garrafa.
A concorrência invadiu a amizade limpa de interesses, os estudos apostilados esvaziaram o prazer das descobertas, a escolha da profissão despiu-se da leveza de pensar que o futuro ainda demora a chegar. Não foi sem dor o seu percurso, como afinal o dos outros jovens d sua geração. A exploração do corpo da mulher que seria um dia, as espinhas, os namoros, os pais que já não podiam lhe acolher como antes, os medos, os lutos, os lutos... tudo isso se misturava à imposição do vestibular nos seus ainda catorze anos, causando um tumulto no seu já tumultuado mundo adolescente.
Mas a dor era de todos: filhos, pais, professores. E como nos ritos de passagem, saúvas a morder o corpo, ausências prolongadas do convívio materno, ou seqüência de provas acachapantes representavam a tão propalada ascendência para a vida adulta. Quando não matam, esses ritos podem propiciar a real inserção na maturidade. Prosseguiu. Os pais, meio atônitos, muito inseguros a nova tarefa, e a empatia pela menina assustada que ainda li estava. O principio da realidade lhes alertava para os perigos de permitirem uma infância muito longa. Concordaram. E a vida foi passando..., e eles foram passando..., e passou.
Chegou o terceiro ano, aquele que no nosso tempo era ‘o ano do vestibular’. E no emaranhado de uma capacidade reflexiva por vezes precoce, ela concluiu que agora estava pronta para aquelas renúncias. Do alto da sua imaturidade pode, já então, olhar para trás e pensar como fora agressiva a precipitação dessa passagem; como, no recente passado, não estava pronta e, agora, sim. Estudou.
Ainda com resquícios do vendaval vivido, conciliou os conflitos e a indisciplina com o desejo de crescer, de vencer a etapa, de passar para a página seguinte. Queria livrar-se da assustadora sombra de repetir o tão malfadado ano. Conseguiu.
Na semana da matrícula ela era só ansiedade. As surpresas e burocracias do órgão público não lhe ofuscaram a satisfação. O misto da menina no corpo de mulher ganhou a confiança que estampava na face, no modo de vestir, na maneira do andar. Junto com a habilitação para dirigir, a matricula! As alegrias da maturidade mostravam suas faces.
E na véspera do tão esperado primeiro dia de aula arriscou dizer, em frase solta, - ‘amanhã não vou à universidade’. A mãe não lhe deu cabimento, sabia da sua ansiedade. Tentou tranqüilizá-la. A cabeça doeu, foi dormir cedo e ás cinco da manhã preparava-se para o novo mundo. A roupa, - ‘esta bom?’ – o caderno – ‘comprei um bem neutro’, (que lhe garantisse a distância da infância). O café, a hora. ‘Boa sorte!’ Munida dos novos documentos, deixou a sua mãe no trabalho e foi cumprir a sua desejada obrigação. Encontrou outros tantos jovens, ansiosos, esperançosos. Identificou a sala, tudo é tão grande! Ali sentaram, ali esperaram o primeiro professor, os primeiros ensinamentos.
Como na aula da saudade, aquela do encerramento, a primeira tem um sabor especial. Condensa num só momento um cabedal de expectativas e emoções e, junto com outros fatores, poderá ser responsável pela boa relação que o aluno terá com o curso escolhido. Passaram os minutos, as conversas nervosas. Guardaram.
Entre a decepção e o desconcerto esgotaram-se as horas desse primeiro compromisso sem que sequer uma satisfação lhes fosse dada. Sentiu-se oba. Alunos veteranos chegaram, pintaram os seus rostos, ofereceram lanches, encheram a manhã das alegrias esperadas. Mas a segunda aula também não aconteceu. E na outra, o professor veio avisar que estava doente. E no outro dia, mais um vazio. E a outra professora deu minutos da aula porque se sentia doente. E mais outro vazio.
A semana passou dessa maneira, quase toda. Amenizada por um ou outro professor que, ciente da responsabilidade do seu oficio, foi à turma desculpar-se pelos ausentes. Amenizada ainda pela infinidade das outras riquezas que o mundo universitário oferece; cinema debate, grupos de estudos que se formam espontaneamente, o contato com pessoas plurais e maravilhosa independência de ser responsável por si mesmo. Novamente precoce, ela percebeu o constrangimento nos olhos da mãe; é isso mesmo mamãe, são as frustrações da vida.
Que bom que ela e os outros possam transformar essa experiência, usá-la como referencia do que não deve ser. Mas o nosso sistema de ensino público precisa urgentemente rever os seus princípios e assumir a responsabilidade da imensurável tarefa que se propõe a cumprir.

‘Sandra Matoso Trombetta Quintans’