Caro João,
Aqui vai uma carta aberta ao Portugal em crise que resolvi escrever num momento de raiva pela constatação da merda que vão fazendo e que nós vamos permitindo que continuem a fazer!
Querido Portugal,
Depois de muito hesitar decidi-me e resolvi tomar a única atitude que achei estar ao meu alcançe, a escrita de uma carta!
Há uns anos a esta parte, longe de ti e com as tradicionais saudades batendo no peito, tenho sido agredido com multiplas notícias quase diárias do desnorte a que estás voltado. Triste! Lamentável!
Como é possível que um País como tu, tenha chegado a isto?
Por este andar onde irás parar?
Que raio se passa na tua cabeça?
Acorda! Dá um murro na mesa e endireita as coisas!
Pára um pouco para pensar.
Não esqueças que são 900 anos!
Não aprendeste agora a gatinhar!
Levanta-te!
Os quase 11 milhões de que também faço parte, continuam a ter orgulho em ti! Não te deixes adormecer. Levanta-te e anda! Caminha como sempre fizeste de peito aberto e olhos fixos no objetivo.
Vence os obstáculos, marca a tua posição e faz valer a tua história!
Lembra-te do 1º Afonso, do Infante Henrique, do 2º João e do 1º Manuel, põe os olhos no Pedro Alvares Cabral,no Vasco da Gama, no Bartolomeu Dias, mergulha uma vez mais nas palavras de Luis Vaz de Camões e endireita os ombros, pois essa é a tua história. Esse és tu! És grande! Faz valer as tuas honrosas memórias!
Por que andas tão cabisbaixo?
Enfrenta as adversidades! Vá, anda!
Isto são brincadeiras de criança se comparadas ás travessias de mares desconhecidos e ás conquistas de inúmeras batalhas.
Vais desculpar-me, mas não vou mudar de conversa.
Lembra-te que a coragem e o valor de que somos todos feitos te permitiram ser o "imenso Portugal" no dizer do poeta.
Marcaste os teus espaços frente aos nossos vizinhos espanhois à força da espada e correste com as forças do "corso" quando tentaram violar as tuas entranhas.
Que mais será preciso dizer para te fazer sentir que tudo consegues quando queres?
Queres que te lembre também que és o único dos colonizadores que merece respeito e não desencadeou ódios? Sim, isso também é verdade.
Vá, espreguiça-te, dá um safanão nos lençois e levanta-te!
Estamos todos à espera e ansiosos que voltes a ser quem eras!
Sim, já sei!
Dir-me-ás certamente que a culpa não é tua, mas nossa, que não soubemos dar o poder a quem tem dentes!
Pois é, aí terás razão, mas isso são outros contos.
Não deves esquecer-te que somos simples mortais , sujeitos a sermos enganados por boas falas!
Enfim, não quero aborrecer-te mais, mas trata depressa de corrigir as coisas, ou não te perdoo se não fizeres valer a tua história.
Recebe um grande abraço, deste que te ama,
Manuel Guilherme Peixoto
PS. Ah, já quase me esquecia de dizer-te que, logo que possa e o dinheiro seja suficiente, meto-me no avião, atravesso o atlantico e vou aí dar-te um abraço para matarmos as saudades um do outro.
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