sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consumo contemporâneo


Uma das grandes sacadas motivacionais do consumidor contemporâneo de Shopping Center, não é apenas comprar, mas consumir comunicação, para se mostrar, para encontrar outras pessoas. Essa tese é do italiano Massimo Canevacci, professor de antropologia Cultural da Universidade La Sapienza, de Roma, que considera esse centro de compras como a “fábrica da contemporaneidade”.
            Veja bem: quem de nós já não se deparou com uma desinteressante vitrine de loja, mas que, por trás, encontramos uma lourinha, moreninha, elegante, distinta, expressiva, pronta para lhe atender toda sorridente.  Como diria Tim Maia: “numa relaxe, numa boa”. É regra costumeira: se você não é notado, você não tem nada. Você tem que ser notado!
            O logotipo de algumas empresas está baseado na espiritualização do fetiche. O desafio contemporâneo é justamente subjetivar o produto. A subjetivação, entretanto, é uma “fetichização”. O produto não é mais um produto, mais um ser.
            Um bom exemplo disto foi a Parmalat, que colocou no seio de uma modelo sua logomarca, um tipo “fetichização” mais simples, mas que ao mesmo tempo tem sedução erótica forte.
            Basta dizer, se a sinergia dos olhares for legal, e aí, meu caro leitor, meio caminho andado para o gol de placa, que pode ser uma venda consumada ou início de uma nova amizade ou algo mais íntimo... Dá prá sacar?
            Repare só. Nesse processo de comunicação-consumo rola-se de tudo. Outro dia, eu estava numa loja de artigos esportivos, quando presenciei o seguinte diálogo entre dois jovens:
            -Cara! Essa vendedora faz nossa mão gelar, nossa boca secar e o coração palpitar.
 -É isso. Vamos comprar alguma coisa, e lhe roubar um beijinho ou, quem sabe, um selinho.
Alguns outros entendidos no assunto sentenciam de que o lazer se incorporou de forma tão intensa a esse lugar, que se confunde centro de compras como centro de lazer. Sendo ainda capaz de confrontar angústias e de completar o vazio da vida social dos indivíduos.
Mais uma vez dou meu pitaco: o Shopping é, sim, um fenômeno global, uma tendência fortíssima de contemporaneidade, onde o valor do produto tem uma relação de sensibilidade significante na corporalidade das pessoas. O que leva, por sua vez, uma atração vigorosa ao consumo.
A vida é como circuito elétrico: sempre tem um lado positivo. E, neste caso, o lado positivo é o fascínio dos Shoppings Center.

                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA   
                                                  (lincolnconsultoria@hotmail.com)

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