Há 50 anos, no dia 12 de abril de 1961, o soviético Yuri Alekseyevich Gagarin (1934-1968) viu algo que nenhuma outra pessoa na história havia observado: a própria Terra. Nos 108 minutos entre lançamento e retorno à superfície, a Vostok 1 pôs o cosmonauta no espaço e imediatamente na história.
“A Terra é azul”, disse Gagarin de uma altitude de 300 quilômetros ao controle da missão. Quatro anos antes a então União Soviética havia lançado o primeiro satélite, o Sputnik. Depois, o primeiro animal, a cadela Laika. Com o primeiro homem, a corrida espacial parecia ganha logo após ter começado, restando aos Estados Unidos ambicionar chegar primeiro à Lua, o que conseguiram em 1969.
Mas em abril de 1961 a notícia era Gagarin, uma celebridade internacional instantânea, que passou boa parte dos sete anos seguintes – até sua morte em acidente com um caça Mig – em viagens pelo mundo como representante maior do programa espacial soviético.
No Brasil, esteve no mesmo ano, no fim de julho e início de agosto, quando foi recebido por multidões em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na época, não havia relações diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética, o que não impediu de ser saudado como herói. O filho de fazendeiros recebeu do então presidente Jânio Quadros a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedido a personalidades estrangeiras.
Poucos se lembram de Alan Shepard ou Scott Glenn, que subiram ao espaço em seguida, mas Gagarin foi tão popular a ponto de o nome Yuri ser preferido para batizar legiões de meninos pelo mundo nos anos seguintes, inclusive no Brasil. A imagem do sorridente cosmonauta virou propaganda máxima de um país e um regime que lutava para vencer a pobreza ao mesmo tempo em que disputava a liderança política mundial com os Estados Unidos.
Para celebrar os 50 anos do voo de Gagarin, o escritor e cineasta inglês Christopher Riley, pesquisador visitante na Universidade de Lincoln, no Reino Unido, produziu First Orbit, que pode ser assistido pela internet, pelo endereço www.firstorbit.org.O filme usa imagens feitas pelas tripulações da Estação Espacial Internacional e contou com ajuda da Agência Espacial Europeia para recriar a viagem histórica da Vostok 1 e mostrar o planeta de forma como Gagarin pode tê-lo admirado em 1961.
Para comemorar a data, estão previstos outros 444 eventos em 70 países, de acordo com o Yuri’s Night, projeto mantido por um grupo internacional para celebrar o 12 de abril de 1961.
O Planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, o Clube de Astronomia Louis Cruls, em Campos dos Goytacazes (RJ), e o Clube de Astronomia de Fortaleza são alguns dos grupos brasileiros que comemorarão a data.Mais informações: www.yurisnight.net
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