sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O avarento ou a escola da mentira dos governantes

 
a cristmas carol
Harpagón
Estamos enganados. Os séculos que vivemos não são o XXI, é o XVII. Harpagón governa-nos. Não estamos no ano 2011, estamos em 1668, a data em que Jean Baptiste Moliére criou a personagem referida antes, este pai de Elisa e Cleanto,
namorado da Menina Mariana. Uma Mariana que namora com Cleanto sem o pai saber, pai que um fartado, motivo do nome Harpagón. Nada tem, diz ele, mas sim o suficiente e mais para emprestar dinheiro a juros altos. Forreta, que, para poupar, mora na casa de Mariana, jovem e rica. Uma Mariana de 20 anos, pretendida por um homem de 63 e muito doente. Mariana gosta da luz e a sua casa parecia ser um jardim iluminado, enquanto Harpagón vivia apagando as velas, para poupar. Casa grande e fria, que causava doenças perigosas, porque Harpagón não queria que as lareiras fossem acesas, para não gastar lenha. Velho e reumático, veste pouca roupa, sempre a mesma, nunca lavada para ser eterna. Para ele tomar banho era um pecado: seria desperdício da água e sabão. Possui um Paço, que diz não ser dele, assim, outros pagariam impostos. 
E o dinheiro? Não é gasto, é guardado ou emprestado a juro, que cobra sempre enquanto a cabeça.
Harpagón é um homem simpático e avarento, dentro da sua poupança. Não é apenas pelo dinheiro que não gasta para ele, excepto num anel de diamantes que sempre usa para seduzir Mariana e ganhar as simpatias dos membros do paço, que vivem aterrados com a sua mania de poupança, dos juros que cobra e do obscuro e frio que faz do paço. Infelizmente, é apenas uma comédia dos tempos da pobreza viva, que hoje em dia sofremos.
Digo que é Harpagón que nos governa, mas é um engano meu pela falência em que hoje moramos, no Século XXI. Nem o Primeiro-ministro tem a capacidade de poupar para o povo que lhe entregou a sua soberania, é a denominada troika, os que nos emprestam dinheiro para a nossa sobrevivência. Paga por nós com falta de trabalho, desemprego, novos impostos ou os antigos que são elevados de 23 a 40% em dia certo, trazidos das poupanças avarentas que estamos obrigados a guardar para pagar as contas, juros e a impossibilidade de gastar em roupa, comida e em receber pessoas em casa. Faz de nós pessoas ladras e necessariamente avarentas.
Harpagón induzia outros a pagar réditos e escondia o dinheiro numa caixa que andava sempre com ele. Esta troika nem caixa de tesouro vazia permite levar, por ser um bem taxado, como a água, a força eléctrica, as alças das rendas de casa e as devoluções de casas aos bancos que costumavam emprestar dinheiro para as comprar. Sem trabalho a família toda, é-lhes impossível pagar os interesses do dinheiro emprestado para adquirir.
Harpagón é a troika: o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia. O Harpagón ou troika, vigiam os investimentos do dinheiro, permanecendo sempre no Paço chamado Lisboa. Sem a troika, o paço falia e os seus membros morriam. Como começa já a ser: suicídios, calmantes e outras ervas. O avarento em Molière, acaba a dançar de felicidade, não por causa da Mariana, mas sim por causa de dinheiro ganho pelos juros impingidos aos devedores, que é o governo que assim nos trata…Harpagón ou A Escola da Mentira, como Molière a baptizou…

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