A formiga lava-pés (Solenopsis invicta), muito comum no Brasil, é uma das principais pragas invasoras no mundo, tendo causado muita preocupação nos últimos anos por conta de seu deslocamento entre países.
Em artigo publicado na edição da passada sexta-feira (25/2) da revista Science, Marina Ascunce, do Centro de Entomologia Médica, Agrícola e Veterinária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, e colegas descrevem a história do processo de invasão mundial promovido pela pequena formiga.
Nativa da América do Sul, a Solenopsis invicta se deslocou pelo continente até chegar aos Estados Unidos, onde se estabeleceu no sul do país há quase um século. Dali, partiu para conquistar Califórnia, Caribe, China, Taiwan, Filipinas e Austrália em pelo menos nove invasões distintas.
Segundo os autores, trata-se de uma história com implicações importantes, uma vez que o impacto econômico da praga é superior a US$ 6 bilhões de dólares por ano apenas nos Estados Unidos. A agressiva lava-pés afeta comunidades locais de insetos, promovendo desequilíbrio ecológico e favorecendo o desenvolvimento de organismos nocivos à agricultura.
O nome comum da formiga deriva da característica de subir rapidamente pelas pernas quando alguém pisa no ninho, injetando por meio de seus ferrões um veneno de alcaloides que provoca dor intensa. Além de dolorida, sua picada provoca bolhas, alergias e até choque anafilático. A espécie se alimenta de plantas, animais e alimentos domésticos.
A Solenopsis invicta teve seu genoma sequenciado recentemente e publicado no fim de janeiro na revista Proceedings of the National Academy of Sciences
No novo estudo, os cientistas analisaram variações genéticas de 2.144 colônias de formigas lava-pés em 75 locais no mundo de modo a traçar a sua proliferação. O estudo verificou que a base norte-americana do inseto foi o ponto de partida para todas as invasões identificadas, com exceção de uma, que foi da Califórnia a Taiwan.
Os resultados da pesquisa apóiam a presença do chamado “efeito de ponte”, no qual uma única população – ela própria estabelecida por uma invasão anterior – torna-se a fonte de repetidas invasões em novas regiões.
Os autores apontam que provavelmente a Solenopsis invicta chegou aos seus destinos principalmente por meio de navios e ressaltam que o aumento no comércio e turismo globais pode incorrer em novas invasões da formiga pelo mundo.
O artigo Global Invasion History of the Fire Ant Solenopsis invicta (doi: 10.1126/science.1198734), de Marina Ascunce e outros, poderá ser lido em breve na PNAS em www.pnas.org.
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