Apetites não se discutem e cada qual come o que bem entende mas, com um apetite assim voraz, sempre pensei que o Mercado acabasse por comer algum veado, não destes mas daqueles que a Câmara da Nazaré tinha posto à venda. É certo que pagar a pronto, ter alvará da Autoridade Florestal Nacional e possuir um documento atestando que o comprador teria condições para abrigar os veados é capaz de ter afastado um ou outro interessado. Mas não terão sido estas simples e universais condicionantes que terão impedido o Mercado de se satisfazer com estes belos cervídeos, sendo antes o seu gosto por lixo a determinante condicionante para esta ausência.
Mercado não quer veado, está visto, o que torna oportuno lembrar aquela velhinha anedota do Bocage quando ele entra no comboio e pergunta “- Um par de cornos, quem precisa?” e, perante a ausência de resposta, deixa sair entre dentes “- Está tudo servido”.
In: Aventar
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