quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

No rastro dos tubarões

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – A partir da análise de fragmentos do DNA mitocondrial de barbatanas, um grupo norte-americano, com participação de pesquisador brasileiro, conseguiu reconhecer a região geográfica oceânica na qual tubarões-martelo da espécie Sphyrna lewini – globalmente explorada pela pesca – foram capturados.
O estudo analisou parte da sequência do DNA mitocondrial extraído de nadadeiras comercializadas. Um dos objetivos do trabalho, publicado na revista Endangered Species Reseaech, é propor a moratória ou a restrição da captura dessa espécie de tubarão-martelo, atualmente ameaçada de extinção devido à caça predatória e ao comércio ilegal de barbatanas.
As barbatanas alimentam um mercado clandestino, principalmente na Ásia, onde atingem alto valor comercial. A sopa de barbatana de tubarão é considerada pelos povos orientais uma iguaria, muito apreciada em cerimônias como casamentos e banquetes.
“Conseguimos associar todas as barbatanas analisadas a uma determinada área dentro dos oceanos, onde essa espécie de tubarão-martelo habita, com base na similaridade entre a composição genética das barbatanas e estoques genéticos dos indivíduos dessas águas”, disse Danillo Pinhal, doutorando no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Botucatu, à Agência FAPESP.
A pesquisa foi coordenada por Demian Chapman, da Universidade Stony Brook, em Nova York, e por Mahmood Shivji, diretor do Instituto de Pesquisa Guy Harvey, da Universidade Nova Southeastern, na Flórida, Estados Unidos.
Pinhal se integrou à equipe para desenvolver parte de seu doutorado, intitulado “Estrutura genético-populacional do tubarão-martelo Sphyrna lewini (Elasmobranchii: Sphyrnidae) utilizando marcadores moleculares de microssatélites”, que tem apoio da FAPESP na forma de bolsa. O projeto se insere no âmbito de um Auxílio à Pesquisa, coordenado pelo professor Cesar Martins, do Instituto de Biociências da Unesp.
Segundo Pinhal, o objetivo da pesquisa de doutoramento é entender a dinâmica populacional da espécie Sphyrna lewini ainda mais detalhadamente, ao longo da costa brasileira.
“Realizo uma análise em fina escala comparando um grande número de indivíduos oriundos de múltiplas localidades, na costa do Brasil. Também utilizo amostras do Caribe e do Golfo do México e marcadores genéticos microssatélites, além do DNA mitocondrial, para estabelecer uma comparação da composição genética dos animais ao longo da costa brasileira em relação a essas áreas e melhor avaliar a evolução contemporânea da espécie”, explicou.
Além das barbatanas, o estudo também comparou o DNA de 177 amostras de indivíduos selvagens de S. lewini do Atlântico e determinou a variabilidade genética dos estoques existentes.
Pelas análises foi possível identificar três estoques distintos no Atlântico Ocidental, compreendendo a parte norte do Atlântico (Estados Unidos e Golfo do México), a parte central (Mar do Caribe) e o Atlântico Sul, que englobaria todo o litoral brasileiro.
Uma das possíveis explicações para a diferenciação genética dentro de uma mesma área se daria pela existência dos berçários ao longo da costa, constituída de águas rasas, calmas e ricas em alimento.
“As fêmeas escolhem essas áreas porque há segregação entre neonatos e adultos machos que ali não habitam e assim, não predam seus próprios filhotes, uma das estratégias da espécie”, disse.
A alta fidelidade de as fêmeas ao local de nascimento seria outro motivo para explicar a presença de estoques distintos da espécie no Atlântico Ocidental. “Não só verificamos que a tendência de filopatria, ou seja, a chance das fêmeas retornarem ao local de nascimento, para ter os filhotes é muito maior do que se pensava, como percebemos que há uma grande diferenciação entre populações de pontos relativamente próximos”, apontou.
Segundo ele, essas características seriam responsáveis pela diferenciação genética nessas áreas. Além disso, a continuidade da pesquisa de doutorado busca também entender melhor a movimentação dos machos.
“Mostramos que existe diferenciação entre as populações do tubarão-martelo S. lewini não somente entre os oceanos, como já havia sido publicado, mas também em menor escala, entre áreas relativamente próximas. Observamos que dentro de um mesmo oceano, no caso o Atlântico, se encontram populações geneticamente bastante distintas”, disse Pinhal.
Ameaça
O estudo destaca que as espécies de tubarão-martelo são alvo da pesca predatória. As barbatanas chegam a custar de 20 a 30 vezes do mais que o quilo da carne do animal. Hong Kong é o principal comércio mundial de barbatanas, mas a prática está disseminada em todo o mundo.
“O problema é a falta de fiscalização da pesca e do comércio do pescado. Os pescadores empregam o finning, método em que o animal é capturado e, depois de cortadas as barbatanas, é jogado no mar ainda vivo. Como não consegue mais nadar, agoniza até a morte”, contou Pinhal.
No artigo publicado, os pesquisadores concluíram, a partir da análise da região controle do DNA mitocondrial (mtCR), que 21% das barbatanas analisadas eram provenientes do Atlântico Ocidental, região onde o tubarão-martelo já entrou na lista de espécies consideradas “em perigo”, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). De acordo com o biólogo, é a primeira vez que um estudo conseguiu determinar a origem geográfica de barbatanas utilizando o DNA.
De acordo com diversas pesquisas, o declínio global do tubarão-martelo já o coloca como uma espécie em perigo de extinção. “Na costa brasileira, como temos verificado que há falta de peixes, os pescadores têm capturado e aproveitado também a carne. Podemos dizer que a prática do finning caminha para não ocorrer mais, porque estão tentando aproveitar tudo em função da queda nas pescarias tradicionais, ou seja, de outras espécies que eram comumente comercializadas”, disse Pinhal.
Segundo ele, as análises de DNA estão contribuindo significativamente para o conhecimento acerca da distribuição e da saúde das populações de espécies marinhas criticamente ameaçadas.
“Os tubarões são particularmente sensíveis à exploração excessiva em função de apresentarem crescimento lento, maturidade sexual tardia e baixa fecundidade relativa, características biológicas que os aproximam dos mamíferos”, destacou.
O pesquisador ressalta que o trabalho tem como meta fornecer mecanismos que possibilitem a adoção de medidas para o adequado manejo e conservação dessas espécies de peixes.
O grupo pretende utilizar dados publicados no artigo para propor medidas de proteção na Convention on Internacional Trade in Endangered Species, que será realizada em março de 2010 no Qatar.
O artigo Tracking the fin trade: genetic stock identification in western Atlantic scalloped hammerhead sharks Sphyrna lewini, de Demian D. Chapman, Danillo Pinhal e Mahmood S. Shivji, pode ser lido em www.int-res.com/abstracts/esr/forensic/pp9.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quatro planetas são descobertos

Agência FAPESP – Um grupo internacional de caçadores de planetas acaba de descobrir quatro novos desses corpos celestes em órbita de duas estrelas relativamente próximas e que são muito parecidas com o Sol.
Os planetas foram encontrados por astrônomos australianos, britânicos e norte-americanos, com a ajuda dos telescópios Anglo-Australiano e Keck, localizados respectivamente na Austrália e no Havaí. O anúncio foi feito no passado dia 13 de Dezembro.
O grupo não observou os planetas diretamente, tendo usado para a detecção o efeito Doppler, que mede como os planetas são atraídos pela gravidade das estrelas dos sistemas de que fazem parte.
Dos planetas descobertos, três orbitam a estrela 61 Virginis, que é praticamente uma gêmea do Sol, tamanha a semelhança entre as estrelas. As massas dos planetas variam de 5,3 a 24,9 vezes a massa da Terra.
“Esses planetas são especialmente instigantes. Estão próximos, em tamanho, à Netuno, que tem 17 vezes a massa da Terra. Aparentemente, há muitas estrelas parecidas com o Sol que contam com planetas dessa massa ou menor. Isso indica um caminho para descobrirmos planetas menores que podem ser rochosos e com condições favoráveis ao suporte da vida”, disse Chris Tinney, da Universidade de New South Wales, na Austrália, um dos autores do estudo que será publicado em breve no Astrophysical Journal.
A 61 Virginis pode ser vista da Terra a olho nu. Ela se encontra a 28 anos-luz da Terra na constelação de Virgem, que, nesse período do ano pode ser observada algumas horas antes do nascer do Sol.
O quarto planeta descoberto é bem maior, com massa semelhante à de Júpiter, e orbita a estrela 23 Librae, também parecida com o Sol. A estrela está a 84 anos-luz da Terra na constelação de Libra. É o segundo planeta observado nessa constelação, após o primeiro em 2006. O novo planeta tem uma órbita de 14 anos, um pouco maior do que a de Júpiter, que é de 12 anos.
“O que detectamos nesse sistema estelas é muito parecido com o que encontraríamos em nosso Sistema Solar se o estivéssemos observando a distância”, disse Simon O’Toole, do Observatório Anglo-Australiano, outro autor da descoberta.
Outro ponto destacado pelos pesquisadores é a colaboração entre equipes e instrumentos, com o uso conjunto, no caso, de dois potentes telescópios. “Com essa colaboração, teremos uma excelente chance de identificar, nos próximos anos, planetas potencialmente habitáveis em órbita de estrelas próximas”, disse Paul Butler, do Instituto Carnegie, em Washington, outro autor do estudo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais quente e seco

Agência FAPESP – Dados preliminares do projeto Mudanças Climáticas Impactantes no Brasil, colaboração entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Met Office Hadley Centre, do Reino Unido, indicam que o aquecimento global e desmatamentos podem causar grande impacto na floresta amazônica e também afetar o clima local e regional.
Além disso, de acordo com o Inpe, reforçando conclusões de estudos anteriores, a pesquisa aponta que o desmatamento em grande escala poderá tornar o clima mais quente e seco.
Se mais de 40% da extensão original da floresta amazônica for desmatada, pode significar a diminuição drástica da chuva na Amazônia Oriental. Esse percentual, ou aquecimento global entre 3°C e 4°C, representaria o tipping point, ou seja, o ponto a partir do qual parte da floresta corre o risco de entrar em colapso.
O projeto foi apresentado durante evento do Met Office na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague.
O estudo foi desenvolvido a partir de modelos climáticos do Inpe e do centro britânico, que indicam um aquecimento maior nas regiões tropicais amazônicas em relação ao aumento médio de temperatura projetado para as áreas continentais do planeta.
Outro resultado importante é a tendência de tropicalização do clima em parte do Brasil, com duas estações ao ano. Nesse cenário, a primavera pode se tornar tão ou mais quente que o verão em algumas regiões hoje de clima subtropical.
“Esses impactos são extremamente importantes porque reduções de precipitação nas bacias levarão à diminuição da geração de energia hidrelétrica. Os modelos mostram que concentrações mais baixas de dióxido de carbono na atmosfera causam menor aquecimento e, portanto, menos impactos nas chuvas e nos regimes de temperatura e de extremos de clima. Talvez para o Brasil a melhor opção de mitigação dos efeitos do aquecimento global seja reduzir o desmatamento tanto quanto possível”, disse José Antonio Marengo, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Mudanças Climáticas do Inpe.
Também é importante ressaltar que os próprios impactos do desmatamento são maiores em condições de seca. Por conta disso, reduzir o desmatamento ajudaria a manter a floresta mais resistente num clima sob mudanças. Pelo Inpe participam do projeto os pesquisadores Carlos Nobre, Gilvan Sampaio, Luiz Salazar e Marengo.
Enquanto o modelo climático global do Hadley Centre é usado para projetar mudanças do clima em todo o mundo, o modelo climático regional do Inpe fornece maiores detalhes sobre o Brasil para níveis diferentes de aquecimento global.
Mais informações: www.inpe.br

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nova Déli lança campanha para combater o ato de urinar em público, será que Portugal vai lançar uma campanha para combater os políticos corruptos...

A capital indiana vai sediar os jogos da Comunidade das Nações em 2010. E lançou uma campanha para combater o ato de urinar, cuspir e jogar lixo nas ruas que passam a poder ser punidos com multas.
Uma boa iniciativa que merecia ser também seguida em Portugal, com uma campanha para combater os políticos e gestores corruptos que se deixam comprar por caixas de peixe ou meia dúzia de euros embrulhados em papel de almaço...
Podia delimitar-se como útil urinar ou defecar publicamente em cima dos políticos corruptos, como forma de os notificar da imagem que tem para os portugueses.

O senhor Pinto continua sob suspeita publica

O maior dilema politico, e que virou autentico problema nacional relativamente a imagem e credibilidade do PM, é no momento o assunto das escutas telefônicas de conversas do senhor Pinto, com alguns amigos implicados em inúmeros casos de corrupção e outros crimes que tais.

A questão central não é se foi escutado, pois não existem cidadãos acima da lei... ou se não devia ter sido escutado..., pois ninguém obviamente está livre de ser escutado..., mas sim, a verdade sobre o assunto uma vez que já esta mais do que provado que o homem foi escutado, e também já esta alegadamente provado que não pescou nem comeu os robalos, mas quem sabe foi efetivamente convidado para o repasto... pelo menos da duvida ninguém o livra.

Na verdade o desconhecimento real, por parte dos portugueses, em termos de veracidade sobre o muito que se vai escutando por cada rua, esquina, repartição publica, café ou boteco, é que deixa o senhor Pinto sob constante e crescente suspeita publica, e aumento do descrédito na sua credibilidade e honorabilidade como pessoa publica, ainda mais com as responsabilidades nacionais que tem sobre as suas costas.

Os portugueses neste momento do campeonato, e perante o ponto da situação, e em especial do constante vazamento de informações sobre o assunto, tem o direito de saber o que realmente esta a acontecer, uma vez que o assunto por portas e travessas já se tornou do foro publico... e sendo boatos ou verídicos os episódios e as historias que correm, com o constante silencio, só podem agravar as duvidas na mente dos cidadãos, e aumentar o ruído exterior...


“João Massapina”

sábado, 5 de dezembro de 2009

UM CERTO ODOR SALAZARENTO

O que me provoca uma repulsa epidérmica neste processo (no sentido dialéctico do termo, não no sentido jurídico-burocrático) de «Face Oculta» são três coisas:
• Um ar certo de leviandade generalizada
• Um odor forte de ausência de profissionalismo
• Um toque fatal de moralismo provinciano
Confesso que a junção destes três ingredientes me parece uma amostra de um caldo de cultura do piorzinho que Portugal tem. Um compósito de resíduos inquisitoriais-pidescos com cheirete a salazarenta sacristia, tudo muito repelente e de má memória, insuportável e incompatível com a Democracia. Leviandade e incompetência profissionais pintadas por fora com umas tintas de moralismo são, de facto, um traço típico de um certo Portugal salazarento.
Confesso que não percebo o “moralismo”, vindo de quem vem, e muito menos entendo o ar de leviandade e falta de profissionalismo em pessoas e cargos a que tal não se pode admitir. Fica-se com a ideia de que os que têm como função e obrigação velar pelo Estado de Direito nem se preocupam já sequer com o direito de Estado e passaram no seu quotidiano a ignorá-lo. E tão evidente isso é que até Proença de Carvalho se permite, sob forma interrogativa, declinar o tema Agentes da lei fora da lei...
A confirmarem-se estes ares, odores e toques, então, o Estado português terá entrado em anomia e ter-se-á tornado disfuncional e contraproducente… E isso obriga cada português a tirar conclusões. E a primeira será, nesse cenário, que o Estado Português falha a única missão que o justifica e legitima e pela qual lhe pagamos: garantir a segurança e o bem-estar dos cidadãos. E, se o Estado falha, serão os próprios cidadãos a ter que assumir o essencial da sua segurança e do seu bem-estar… Para ter umas luzinhas sobre o império futuro (mas próximo) deste novo “sistema D”, leia-se John Robb que tem algumas pistas (“power to the people” e “resilient communities”) sobre o assunto.
Gostaria – confesso-o - que Robb estivesse totalmente enganado, na análise e nas propostas, mas quanto mais o leio e quanto mais observo o que se passa à minha volta mais dúvidas tenho sobre as possibilidades de realização deste meu desejo.
José Mateus Cavaco Silva

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Haverá asas brancas nas costas de Pinto Monteiro?

Vamos ver se nos entendemos: Fernando José Pinto Monteiro é procurador-geral da República desde Outubro de 2006 e a sua nomeação foi uma escolha pessoal do primeiro-ministro José Sócrates. Pinto Monteiro, coitado, não tem culpa disso - são as regras da pátria -, mas factos são factos: ele deve a José Sócrates o gabinete mais espaçoso no palacete da Procuradoria. Não foi o Parlamento que o pôs lá. Não foi o Presidente da República (formalismos à parte) que o pôs lá. Foi o Governo, foi este primeiro-ministro.
Implicação óbvia: nem por um momento Pinto Monteiro pode deixar transparecer que a sua independência possa estar em causa quando se trata de lidar com suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro. Mas é isso que tem transparecido. Pinto Monteiro teve azar, porque ninguém poderia imaginar que o percurso de Sócrates contivesse material capaz de animar cinco séries inteiras do CSI. Só que ele, como PGR, também não tem dado mostras do distanciamento que lhe seria exigido no caso "Face Oculta", em que, se não está a proteger o primeiro-ministro a todo o custo, está pelo menos a imitar muito bem.
Os golpes de cintura que Pinto Monteiro tem dado para impedir que se saiba o que quer que seja sobre as certidões emitidas pelo juiz de Aveiro são dignos de um malabarista do circo Chen. A coisa chegou a tal ponto que a própria associação dos juízes se viu obrigada a emitir um comunicado duríssimo, em que fala de uma "inexplicada divergência de valoração dos indícios que foi feita na comarca de Aveiro e pelo PGR", considerando que "os deveres de transparência e de informação impõem o esclarecimento daqueles equívocos", e que é "imperioso" que "se proceda à publicitação das decisões do PGR e do presidente do Supremo Tribunal de Justiça".
Os juízes têm toda a razão. Afinal, que argumentos apresentou até agora o procurador para mandar as certidões e as suspeitas sobre Sócrates para o baú? Zero. Pinto Monteiro disse: "Não há indícios probatórios" e esperou que todos acreditássemos. O procurador deu-nos a sua palavra e nada mais. Ora, diante de todas as notícias vindas a público, qualquer português que não viva à sombra do guarda-sol cor-de-rosa perguntar-se-á: e porque vou eu acreditar na palavra, e nada mais do que a palavra, de um homem que foi posto naquele lugar por José Sócrates?
As regras institucionais existem exactamente para não estarmos apenas dependentes da boa vontade e do carácter de determinados homens. Se fôssemos todos anjos, não precisaríamos de leis nem de edifícios jurídicos. Ora, até este momento, Pinto Monteiro limitou-se a apontar para as suas costas e a rezar para que o povo ali vislumbrasse um belo tufo de penas brancas. Eu, infelizmente, não vislumbro.

“João Miguel Tavares”