Crise: Desvendar o mistério Trichet. A Euribor foi abaixo mas as taxas de juro subiram (e só deram sinais de descer depois das intervenções simultâneas de quase todos os governos da EU). Trichet é, portanto, o sr. “mal-entendido” que tarde e a más horas, decidiu… Resultado: ninguém o seguiu. Antes e depois, ele estava “certo”... Consumidores, famílias e empresas é que não o entendiam e estavam “errados”… Viu-se! E ainda não se demitiu...?!
Ler os jornais, nestes dias da grande crise, serve sobretudo para vermos como mais de 95 por cento dos opinion-makers não percebe nada do que se está a passar… E não consegue escondê-lo. Parece aquela estória dos cegos à volta de um elefante a tentarem adivinhar que coisa será pela impressão recolhida do sítio em que lhe tocam...
José Mateus Cavaco Silva
O caso das casinhas da Câmara mostra bem um dos mais tristes (e só aparentemente paradoxal) aspectos do Portugal pós-Abril: a “união de facto” (ainda não tanto o casamento gay...) das nomenklaturas comunistas e aparentadas locais com o “complexo salazarento e neo-corporativo”. Bem instalada nestas ricas casinhas e bem abrigada atrás de um discurso de “superioridade moral”, esta “união de facto” vai próspera, feliz e fazendo muitos meninos. Este conúbio só aparentemente é insólito porque, realmente, “o que os une (a dependência das tetas do Estado) é muito mais forte que o que os separa (as simpatias pela esquerda totalitária ou pela direita totalitária)”… E todos berram contra o liberalismo, essa coisa que, claro, seria pôr as casinhas da Câmara no mercado (de arrendamento, o tal que Salazar liquidou e ninguém quer ressuscitar), entregando-as a quem as pagasse pelo seu valor (resolvendo-se, assim e de caminho, também o défice crónico, agudo e grave da CML. Compreende-se… Tudo se compreende. Tal como se compreende que um dia (como a história do sítio bem ilustra) a coisa acaba mal... Até lá, vão vivendo à conta e bordando belos discursos com os resíduos da “superioridade moral” de comunistas e fascistas.
As Finanças andam a confundir o dispositivo militar com a Função Pública e aplicar-lhe as mesmas regras. Há outras maneiras de dizer isto: confundir o rabo com as calças ou, melhor ainda, comparar o cu com a feira de Castro... Leia-se o texto de Helena Pereira no “Sol” de 11 deste mês e fica-se esclarecido sobre a dimensão do enorme mal-entendido. Mas se as Finanças cometem o típico erro do tecnocrata pouco atento ao valor real e ao peso e densidade de certos “imateriais” (como “a soberania” ou “o moral”) e pouco entendido nos determinantes da geopolítica e suas implicações fatais, já o ministro da Defesa comete suicídio. Porque, a ser verdade o que o “Sol” relata, isto é o suicídio político de Severiano Teixeira… O ministro da Defesa foi apagado deste quadro. Assim, os militares percebem que não podem contar com ele. E a partir daí, o ministro não conta no campeonato. É claro… Se ele deixar que isto aconteça, realmente. Se a norma diz que poucos sobrevivem politicamente ao exercício do cargo de ministro da Defesa (façam a lista a dos ministros dos últimos trinta anos e vejam...), a agir assim então é “morte” certa antes ainda do fim do exercício.
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