Agência FAPESP – Nos filmes de ficção científica, os dinossauros aparecem coloridos, ainda que em tonalidades entre o cinza e o marrom. Mas, se em filmes como Parque dos Dinossauros as cores são parte fundamental dos gigantescos répteis, a realidade não é essa.
Embora muito se saiba sobre os dinossauros, como tamanho, hábitos, formas e mesmo aparência, cores ainda estão no terreno da suposição, uma vez que peles e pigmentos não se preservaram após milhões de anos. Ou seja, não há registro fóssil de cores dos dinossauros.
Mas agora, em artigo publicado na edição da revista Nature, cientistas descrevem a primeira identificação das cores de penas de dinossauros e de algumas das primeiras aves.
O grupo, formado por pesquisadores britânicos e chineses, descobriu que o dinossauro terópode (bípede) Sinosauropteryx tinha penugem que se alternava entre o laranja e o branco. Os pesquisadores também concluíram que uma das primeiras aves, o Confuciusornis, era bastante colorida, com detalhes em branco, preto, laranja e marrom.
Os pesquisadores descobriram dois tipos de melanossomos – organelas que contêm melanina – comuns tanto ao dinossauro como a essa ave, a partir da análise de fósseis encontrados em Jehol, na China.
Como melanossomas são parte integral da estrutura proteica das penas, elas sobrevivem quando as penas sobrevivem, mesmo por centenas de milhões de anos. O artigo representa a primeira descrição de melanossomos encontrados em penas de dinossauros e das primeiras aves.
“Os resultados do estudo fornecem informações extraordinárias sobre a origem das penas. Em especial, os dados ajudam a resolver um antigo debate a respeito da função original das penas. Sabemos agora que as penas surgiram antes das asas. Ou seja, não tinham inicialmente a função de servir de estruturas de voo”, disse Michael Benton, professor de palaeontologia da Universidade de Bristol, no Reino Unido, um dos autores da pesquisa.
“Achamos que as penas surgiram primeiro como agentes para a exibição de cores e apenas posteriormente na história evolucionária se tornaram úteis para o voo e a insulação”, disse.
O artigo Fossilized melanosomes and the colour of Cretaceous dinosaurs and birds (doi:10.1038/nature08740), de Michael J. Benton e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.
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