Agência FAPESP – Na ficção científica, os buracos negros aparecem invariavelmente como formações misteriosas e com grande capacidade de destruir tudo o que passar por perto. A realidade, conforme aponta um novo estudo, liderado por cientistas da Universidade de Nottingham e do Imperial College London, no Reino Unido, parece ir nessa linha.
Segundo a pesquisa, buracos negros supermassivos são capazes de arrancar de galáxias imensas os gases necessários para a formação de novas estrelas, deixando gigantes vermelhas envelhecerem até desaparecer, sem que novas estrelas sejam formadas para substituí-las.
Os astrônomos usaram imagens obtidas do telescópio espacial Hubble e do observatório de raio X Chandra para detectar buracos negros em galáxias distantes.
Os pesquisadores analisaram galáxias que emitiam altos níveis de radiação e de raio X, que se configuram assinatura clássica de buracos negros que devoram gás e poeira por meio do processo conhecido como acreção, ou atração de matéria por meio da força gravitacional.
Nesse processo, à medida que a matéria se movimenta pelo horizonte de eventos de um buraco negro, ela se aquece e irradia energia em um disco de acreção.
Em buracos negros supermassivos essa radiação pode atingir proporções gigantescas, com a emissão de raio X em quantidade muito superior à soma das emissões de todos os outros objetos da galáxia. Ou seja, o buraco negro acaba “brilhando” mais do que toda a galáxia da qual faz parte.
De acordo com os cientistas, a quantidade de energia liberada é tão grande que seria suficiente para “roubar” todo o gás da galáxia por pelo menos 25 vezes.
O estudo aponta que a grande maioria da radiação em raio X presente no Universo é produzida por esses discos de acreção que envolvem os buracos negros.
A energia liberada por esses discos é tão grande que é capaz de aquecer os gases frios contidos no coração de galáxias massivas. Ocorre que os gases precisam ser frios e densos para entrar em colapso sob o efeito da gravidade e formar novas estrelas.
Como o material resultante da “fome” do buraco negro é quente e de baixa densidade, ele precisaria esfriar antes que a gravidade pudesse ter algum efeito. Mas o problema é que esse esfriamento demoraria ainda mais do que a idade atual do Universo, apontam os autores do estudo.
Depois que o buraco negro se alimentou, o resultado são que as estrelas velhas são extintas sem ter substitutas, deixando a galáxia escurecer e morrer também.
O estudo foi apresentado no dia 16 de abril em reunião da Royal Astronomical Society em Glasgow, na Escócia.
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