terça-feira, 13 de julho de 2010

TODOS POBRES, TODOS IGUAIS

Perante o grave problema que enfrentamos, o Governo começou por ignorar, negar, fingir que não existia e assim o problema foi crescendo sem limitações.

Posteriormente, começou a tomar medidas impostas pela emergência, desgarradas e que não correspondem a reformas de fundo.

Não se avaliam as suas consequências, pelo que a probabilidade de não acertar é muito elevada.

As chamadas medidas de austeridade que têm sido tomadas e algumas das anunciadas atingem claramente a classe média.

Ora, não há crescimento económico sem uma classe média viva, impulsionadora de milhares de pequenas e médias empresas.

Assim, todas as soluções que atinjam desordenadamente as expectativas da classe média e minem a sua confiança têm necessariamente um efeito recessivo.

Só mesmo por imprudência, por exemplo, se pode ter “mexido” no IRS.

Só por demagogia se avançam propostas dissuasoras da poupança que acautelem a velhice.

Baixar o rendimento disponível diminui também as hipóteses de investimento.

Este atordoamento não conduz ao progresso do país.

Mais parece uma subjugação calculista ao politicamente correcto.

Não se está a tentar que a classe média puxe a economia para melhorar a situação dos pobres, mas a tomar medidas recessivas que levarão a que todos fiquem igualmente pobres.

Manuela Ferreira Leite - in Expresso de 12/6/2010in Expresso de 12/6/2010

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