Perante o grave problema que enfrentamos, o Governo começou por ignorar, negar, fingir que não existia e assim o problema foi crescendo sem limitações.
Posteriormente, começou a tomar medidas impostas pela emergência, desgarradas e que não correspondem a reformas de fundo.
Não se avaliam as suas consequências, pelo que a probabilidade de não acertar é muito elevada.
As chamadas medidas de austeridade que têm sido tomadas e algumas das anunciadas atingem claramente a classe média.
Ora, não há crescimento económico sem uma classe média viva, impulsionadora de milhares de pequenas e médias empresas.
Assim, todas as soluções que atinjam desordenadamente as expectativas da classe média e minem a sua confiança têm necessariamente um efeito recessivo.
Só mesmo por imprudência, por exemplo, se pode ter “mexido” no IRS.
Só por demagogia se avançam propostas dissuasoras da poupança que acautelem a velhice.
Baixar o rendimento disponível diminui também as hipóteses de investimento.
Este atordoamento não conduz ao progresso do país.
Mais parece uma subjugação calculista ao politicamente correcto.
Não se está a tentar que a classe média puxe a economia para melhorar a situação dos pobres, mas a tomar medidas recessivas que levarão a que todos fiquem igualmente pobres.
Manuela Ferreira Leite - in Expresso de 12/6/2010in Expresso de 12/6/2010
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