sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O triunfal regresso do provador oficial de bolo rei

É por estas e outras que eu quando olho para alguns (todos) dos candidatos presidências me dá uma certa azia estomacal misturada com uma imensa vontade de defecar sobre eles próprios, que nem sei como tenho conseguido conter esses dois desideratos...

Surge diariamente na minha cabeça a singela pergunta do porque de em Portugal ninguém questionar o triste facto de os verdadeiros corruptos estarem cada vez mais instalados nos lugares determinantes das decisões do poder politico, social e econômico. Ao mesmo tempo me questiono sobre o estranho facto de os cidadãos decentes andarem a trabalhar continuamente para manter o poder nas mãos dessa “turma” e contribuírem sem limites para encher a pança dessa gente¬... hipotecando a cada dia que passa o seu futuro.
Penso eu de que; na realidade a sociedade portuguesa já entrou num ritmo tal de fait-divers que não liga a nada do que passa ao seu lado em termos de acontecimento digno de registo.
Aquilo que antes era caraterizado por leitura de “sopeira” é afinal hoje a leitura preferida do cidadão com um claro objetivo, tendo em vista a alienação individual da mente para com o mundo real, e a criação de uma imagem ficcional que possibilite passar ao lado dos assuntos que afetam o seu dia a dia, nomeadamente a crescente corrupção nas mais altas esferas, a baixa qualidade de vida, a crescente criminalidade da sociedade, o desemprego crescente, a insegurança laboral, a falência do estado social, uma economia nacional em queda livre, um País tecnicamente falido, uma Europa sem rumo definido exceto para as grandes potencias do tipo Alemanha, França, e mais um numero cada vez mais crescente de questões que deveriam ser os temas de debate na sociedade, mas que afinal passam ao lado dos cidadãos por via da sua clara opção em se distanciar dos problemas deixando as decisões a uma meia dúzia de sumidades.
No próximo dia 23 de Janeiro; Portugal vai ter mais uma eleição presidencial, e nem assim a discussão sobre a qualidade dos candidatos e das suas propostas tem merecido a atenção dos cidadãos. Mas tenho que dar razão a alienação generalizada dos cidadãos, pois nenhum dos candidatos apresenta proposta alguma que mude o ritmo da vida diária e possa criar algumas expetativas de uma nova sociedade e de um mundo nacional melhor. Da mesma forma que ninguém apresenta uma sensibilidade necessária e suficiente para questionar de forma frontal na praça publica tanto a incapacidade programática dos candidatos ou sequer um presidente que se recandidata com uma imagem de santidade quando na verdade face aos seus antecedentes deveria ser fortemente questionado acerca da sua postura e responsabilidades na degradante situação econômica nacional, educacional e social a que Portugal chegou neste ano de 2011.
Pior do que não questionar as responsabilidades de muitos anos de governação de Cavaco Silva, é não questionar situações que num qualquer outro País seriam vistas com claros indícios de corrupção passiva e ativa. Um dos candidatos eleitorais (Manuel Alegre) lançou farpas, mas não tem passado de autentica alcoviteira, sem questionar realmente as razões de determinados acontecimentos.
Falo obviamente, entre outros fatos, da muito estranha movimentação, em 2001, por parte de Anibal Cavaco Silva, Presidente da Republica em exercício, e recandidato ao lugar, e de sua filha, de nada mais, nada menos; adquirirem em conjunto 255.018 ações da SLN grupo detentor do Banco Português de Negócios de muito má memoria para a economia nacional, e para a bolsa de cada um dos portugueses que anda a pagar o buraco (cratera) deixado pela entidade...
Qualquer cidadão quando adquire ações tem que declarar a sua aquisição, e qualquer cidadão que omite esse tipo de aquisição fica sujeito as penalidades previstas por lei. (Qualquer um, menos Cavaco Silva...) Da mesma forma um qual quer cidadão que renega a aquisição deste tipo de instrumento econômico, e vem a ser desmascarado por comprovada mentira, fica debaixo da alçada tanto da lei como da opinião publica. Mas com Cavaco Silva (quase) tudo isso passou ao lado...
Ironicamente Cavaco Silva fez declaração publica de que nunca tinha adquirido nada ao BPN, esquecendo que a SLN era a maquina desse mesmo banco, e que tinha adquirido um bom lote de ações a essa entidade. Esquecimentos destes, nem o magnifico queijo Limiano provoca!
Mas como as ações da SLN nem eram transacionadas na Bolsa de Valores, afinal a quem terá Cavaco Silva e a sua extremosa filha terão adquirido as benditas ações, que mais tarde venderam com ganhos elevados se não mesmo a alguém muito próximo, assim tipo Dias Loureiro (agora empresário nas áfricas) ou mesmo a Oliveira e Costa (agora doentinho compulsivo...), que prepararam no tempo a manobra com todo o cuidado, vendendo as ações a Cavaco por um valor de 1 (um) euro, e mais tarde as readquirindo ao mesmo Cavaco Silva e a sua filha com 1,40 (um euro e quarenta cêntimos) de mais valia por cada ação, proporcionando um ganho sem igual aos seus amigos (Cavaco Silva e filha), para um papel que nem cotação tinha na Bolsa.
Será que essas mais valias chegaram a ser declaradas ao fisco nacional, atendendo a que o papel não corria na Bolsa de Valores e toda a operação foi realizada por debaixo da mesa num prazo de 2 anos (2001 – 2003), na maior e mais completa nevoa que se possa considerar possível de existir numa sociedade dita transparente...
Valorização de mais de 140% (comprado a 1 euro em 2001, e vendido em 2003 a 2,40 euros) de um papel sem cotação na Bolsa de Valores e ainda por cima de uma empresa que inclusivamente andava a ser largamente questionada pelo Banco de Portugal, é um acontecimento digno de figurar ao lado de milagres econômicos como a Dona Branca, ou como o milagre comercial da Senhora de Fátima ou mesmo da Senhora da Ladeira...
Até agora ninguém questionou devidamente toda uma operação que, volto a repetir, em qualquer outro País do mundo dito civilizado mereceria um trabalho de investigação por parte das autoridades competentes, pois o assunto cheira demasiado a esturro para se passar ao lado sem sequer verificar o que se encontra dentro da panela. No entanto; nem as entidades competentes nem o próprio cidadão comum questionaram o assunto, deixando o mesmo no mais completo silencio.
É por estas e outras que eu quando olho para alguns (todos) dos candidatos presidências me dá uma certa azia estomacal misturada com uma imensa vontade de defecar sobre eles próprios, que nem sei como tenho conseguido conter esses dois desideratos...
Olho para o cidadão Manuel Alegre e apenas consigo ver um refratário militar que ajudou forças terroristas a abater soldados nacionais que eram obrigados a vestir uma farda e pegar em armas sob pena de fortes penalizações num momento próprio da historia nacional. Uma criatura dessas não merece absolutamente nenhum respeito em termos eleitorais pois a sua vida fica muito longe daquilo que se entende por decência em termos de cidadania. Só o respeito culturalmente enquanto poeta, pois como cidadão elegível deixa muito a desejar, e não se pode confiar em quem não tem respeito nem por si próprio.
Olho para o cidadão Fernando Nobre e vejo alguém que andou a pregar anos e anos a defesa da moralidade e bons costumes, apoiada numa entidade – AMI – que acabou por lhe servir de trampolim para lançar objetivos meramente pessoais. Embora todo o cidadão no pleno gozo dos seus direitos de cidadania possa ser candidato, desde que cumpra as formalidades em termos de idade e não tenha impedimentos legais, acho eu que existem cidadãos que pelo seu percurso pessoal deveriam cuidar da manutenção da sua imagem num patamar elevado. Com a sua candidatura perde todo o estatuto de cidadão acima de certas questões inferiores da sociedade, como o é uma eleição deste tipo, sem apresentar propostas concretas.
O candidato Francisco Lopes, surge nesta campanha para fazer a habitual figura de “patinho” feio vestido de vermelho com uma foice e um martelo desenhados na testa. Uma candidatura de contestação por um lado e de garante da manutenção de eleitorado por outro Desde 1974 que o PCP utiliza sempre a mesma estratégia, lançando candidatos para encher chouriços, e sempre com os mesmos resultados de perda de votos, mas sempre sem propostas minimamente credíveis para apresentar.
Os outros candidatos em presença surgem para fazer figura de corpo presente na fotografia da historia que algum dia falara de que em 2011 as presidenciais tiveram como candidatos fulano e sicrano. Não tem a mais remota esperança de ser sufragados com capacidade de mover os dígitos eleitorais, e só querem surgir na foto, o que poderiam também conseguir se fossem as 13 horas de um qualquer dia de semana, para cima de uma arvore da Avenida 5 de Outubro, para salvar um gato...
Resta o principio do fim, que se chama Anibal Cavaco Silva, e que se apresenta para ser reeleito com base em mais uma mandato do mesmo teor do primeiro... um mandato de primado do chamado corta-fitas. Uma candidatura com alicerces em anos e anos de poder executivo, e muitas duvidas acerca da sua cotação em termos de cidadão impoluto, de que o assunto SLN versus BPN é só uma ponta do rastilho da imensa bomba em que se transformou a criatura que um dia veio ao mundo lá para os lados de Boliqueime.
Obviamente que vocês me vão questionar sobre quem afinal eu apresentaria para se candidatar com programa, com capacidade de ser algo diferente para a sociedade, uma vez que os candidatos em presença são autênticos clones...
A resposta é muito simples... cabe a sociedade portuguesa acordar em termos sociais e políticos e “matar” a realidade atual criando uma nova sociedade em termos políticos e sociais, mostrando que todos podem ganhar com novas propostas sem que as mesmas tenham que ter saída da sombra dos partidos políticos, e livres dos compromissos das negociatas da navegação a vista que hoje são os atributos da realidade politica.
Onde andara afinal a sociedade civil portuguesa, que deveria sair a rua e se manifestar, e ao mesmo tempo lançar novas propostas e novas figuras. Desde 1974 que temos perante os nossos olhos, sempre, as mesmas criaturas a determinar a politica e o rumo da sociedade. A rentabilidade bruta dessa gente em termos de gestão, esta baseada na enxurrada de erros continuamente repetidos que acabou por conduzir Portugal a banca rota em que se encontra hoje.
Os portugueses entraram numa espiral de alienação de que jamais vão conseguir sair. Acreditam nas oportunidades da propaganda enganosa, e nas figuras que continuadamente lhes colocam a frente dos olhos.
Portugal, enquanto País já não existe, esta hipotecado na infindável divida externa, (China, Brasil, Angola, India, EUA, e mais uns quantos compraram Portugal aos lotes...) mas praticamente ainda ninguém se apercebeu de que a gestão das migalhas que ainda vão caindo das mesas estão a ser devoradas por um reduzido grupo de personalidades que engajadas nos partidos políticos vão jogando em função dos seus interesses pessoais. Os restantes 10 milhões servem para pagar impostos e irem periodicamente, de modo eleitoral, dando credibilidade ao saque nacional. Das migalhas devoradas pela minoria recebem o pó da farinha...
Decidi que no dia 23 entre poder votar no “bolo rei”, na “bolacha de agua e sal”, no “doutorzinho da tapitanga”, no “poeta pateta”, ou no “inocente da tasquinha da esquina” irei afinal votar no emplastro, pois assim como assim a alienação cada vez mais é lei!!!

João Massapina

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