Agência FAPESP – Mais finos ou mais grossos, pouco ou muito. Há muitas variações com relação às características dos pelos humanos. Mas há diferenças ainda maiores entre os pelos do homem e os de um chimpanzé, seu parente mais próximo.
Os genes que fazem com que uma espécie seja diferente da outra são os mesmos responsáveis pela diversidade observada na própria espécie? Essa é uma questão que há muito os cientistas tentam responder.
Um novo estudo, publicado na revista Science, indica que a resposta é sim. Os genes da diversidade são os mesmos, seja entre espécies ou dentro delas, pelo menos em alguns casos.
A pesquisa, feita por Patricia Wittkopp, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e colega, indica uma origem genética para as diferenças em pigmentação entre duas espécies próximas de insetos. Os mesmos genes atuam na determinação de cores diferentes dentro de cada uma das espécies.
Os cientistas analisaram os mecanismos genéticos que definem a pigmentação em duas espécies de drosófilas, a Drosophila americana, que tem cor marrom escuro, e a Drosophila novamexicana, que é amarelo claro.
“Inicialmente procuramos identificar que partes dos genomas contribuíam para as diferenças de pigmentação entre as espécies. O mapeamento genético nos levou a duas regiões que contêm genes envolvidos na pigmentação”, disse Patricia.
Em seguida, o grupo focou em um gene específico, conhecido como “bronze”, e mapeou novamente os genomas, verificando que mudanças evolucionárias nesse gene – e não em outro na mesma região – contribuíram para as diferenças de pigmentação.
Os pesquisadores transferiram cópias do gene “bronze” da espécie amarela para moscas de outra espécie diferente (Drosophila melanogaster) e, depois, fizeram o mesmo com o gene “bronze” da espécie marrom. “A única diferença entre os dois grupos de moscas modificadas foi o gene transferido. E essa diferença foi suficiente para resultar em variação na pigmentação”, disse Patricia.
Em seguida, os pesquisadores investigaram as diferenças de tonalidade em indivíduos da espécie Drosophila americana – alguns são bem mais escuros do que os outros.
Por meio de mapeamento genético, o grupo encontrou evidência de que o gene “bronze” também contribuía para variação de cores entre indivíduos da espécie marrom.
Na sequência do estudo, os pesquisadores pretendem determinar quais são as mudanças genéticas dentro do gene responsáveis pelas diferenças de pigmentação. Segundo eles, embora o trabalho tenha se centrado em moscas-de-frutas, poderá levar a um melhor entendimento dos padrões de variação na natureza.
“Trata-se de um modelo, mas quando verificamos os mecanismos básicos da herança – como informações são passadas de uma geração a outra – o processo é essencialmente o mesmo em todos os seres vivos. Mutações que contribuem tanto para variações dentro das espécies como entre espécies podem ser uma fonte comum de mudanças evolucionárias”, disse Patricia.
O artigo Intraspecific polymorphism to interspecific divergence: genetics of pigmentation in drosophila, de Patricia Wittkopp e outros, pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.
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