A ministra da Educação cometeu vários erros na imposição de um sistema de avaliação aos professores. Entre eles, a má comunicação do processo, associada às críticas constantes e destrutivas para a classe e ainda a complicação e burocratização do modelo que, tendo em conta o que entretanto Maria de Lurdes Rodrigues já admitiu e modificou, não tinha sido testado. Se somarmos a tudo isto o facto de as divergências já virem de trás, face às alterações impostas pela reforma da educação (aulas de substituição, inglês obrigatório no primeiro ciclo, escolas abertas até mais tarde, etc.), percebe-se que houve alguma falta de bom senso a lidar com o problema e que o Governo parece não ter aprendido a lição com as polémicas que levaram à saída de Correia de Campos da pasta da Saúde e que a actual ministra entretanto soube calar.
Mas todos estes factos não retiram a razão à ministra e à sua política (prioritária para o País) e muito menos validam a actuação dos professores e dos sindicatos que os representam nas recentes formas de contestação. Ainda que tarde de mais, o Ministério da Educação cedeu às principais críticas: simplificou o modelo, adiou os efeitos da sua aplicação, alterou muitas das suas permissas e sentou-se à mesa para negociar. Ontem mesmo, em dia de uma greve que prejudicou pais e alunos, abriu mais uma porta, com o anúncio de que admitia prorrogar o prazo do processo de transição, aplicando-o só no próximo ano lectivo.
Mas sindicatos e professores insistiram numa posição de irredutibilidade inadmissível. Rogando-se o direito de impor condições ao Governo para negociar e resumindo tudo a uma única exigência: a suspensão da avaliação, afinal aquilo que os professores rejeitam em absoluto e não o seu modelo. Perante tamanha intransigência, ao Governo resta aplicar as consequências, responsabilizando os professores pelos seus actos, o que impedirá milhares de progredir na carreira. Porque com radicais, mesmo muitos, é impossível negociar.
'Editorial do DN de 04-12-2008'
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