sábado, 14 de junho de 2008

HABITAR O TEMPO

Escutam-se nos seus cabelos as ondas do mar como se os abismos trouxessem o eco dos peixes beijando-se em camas de algas e os pescadores fossem deuses a invadir búzios reinos de silêncios quebrando o encanto da água exposta na luz dos espelhos com o sexo à flor da pele palpitando por entre os olhos da natureza a chamar sempre ao longe como se pudesse convencer um corpo a ficar eternamente abraçado a outro corpo no lugar onde é possível construir a casa habitar o tempo e sorrir aos pássaros que passam na rota do sol sim é possível escutar as ondas batendo na rocha macia dos seus cabelos soltos ao vento.

José António Gonçalves

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