quarta-feira, 4 de junho de 2008

AS PESSOAS COMO ELAS PODEM SER

Estava na calçada do jornal muito animado programando viagens para instantes desconhecidos. Uma volta no quarteirão e encontrar um tema batido ou o norte de uma transa que ainda não conheço, ainda que seja pra já. Cenas perdidas, o primeiro ou último dia dos Maiôs de 68, que se foram, enfim.
Não há como seguir na contra mão se outras vontades em dias quentes viram dores, amores e pessoas na mente. Quem é aquele homem sem braço que me cumprimenta toda a tarde, quando estou a caminho do Tribunal de Justiça.
Fellini está em toda a parte. Sobram actores. Me encanto com pessoas que não se esforçam para ser agradáveis. Eu faço isso com naturalidade. Vou por aí morrendo de rir.
Um deslumbramento – crianças segurando nas mãos dos pais entrando e saindo das escolas. Filhos, dicas, de coisas para contar, de onde, enfim brotam novidades, mesmo que sejam eletrizados, crescidos e vencedores. Deve ser horrível não ter um filho.
Proust e Machado. Se fosse escolher três autores, estaria satisfeito só com Proust. Talvez, Borges. Levaria canções – que me remeteriam para Rosas, Marinas, Sandras, Gabrielas e Cristinas.
Adultos infantis em ritmo de despedida sem manifestos contra a experiência de ser ou não ser. Amigos raros e harmônicos e, talvez, descobriremos depois, como eram bons e sobre outros assuntos, eles ganharam de mil.
Pessoas que têm me inspirado muito nos últimos dias: uns nus e outros atirando pedras. Carlos Aranha tem razão, lembrando o poeta do Eu:
“A mão que afaga, é a mesma que apedreja”
Não tenho duvidas. Viver com as pessoas como elas são ou como podem ser. Ninguém precisa se esforçar para ser melhor, nem menor. Nunca.
Alguns mixurucas com ambições intergalácteas. Uma ótima pessoa – como sinceramente acredito, seja sempre – mesmo que seja desagradável um dia. É a vida.
A maior gloria é permanecer no coração de muitos. Uns veludos, outros caducos.

‘Kubitschek Pinheiro’

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