Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã, só para te ver passar.
Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice, as tuas palavras.
Querer-te é também não me veres, se por acaso alguém está perto.
Querer-te é haver sol e vento e estrelas. É o verde das acácias e das palmeiras e as rosas de Jericó alinhadas até à ponta das dunas.
Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa, as tâmaras, a voz da grande Kolthoum vinda de uma janela num cântico apaixonado ao Nilo.
Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite! E é o teu corpo nu, exausto, branco como um templo, porque todos os corpos são um templo no solo consagrado que há.
Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil e dançante caminhar das mulheres, a fonte, as águas.
Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer.
Victor Oliveira Mateus
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