segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

AFINAL, QUEM GANHOU A GREVE?

Então, depois de uma longa e amarga greve os roteiristas venceram a briga, certo? Na contagem dos pontos, sim, provavelmente. No que diz respeito a princípios, certamente. Mas do ponto de vista prático, nem tanto. É verdade: o Sindicato dos Roteiristas conseguiu arrancar uma grande concessão das empresas – receber parte dos lucros com as vendas digitais. Tony Gilroy, roteirista e diretor de “Michael Clayton”, diz que não há duvidas de que a greve era necessária.
- Nunca teríamos chegado aonde chegamos sem a greve. Quem disser que foi uma má idéia, está completamente enganado.
Mas também é verdade, no entanto, que a paralisação foi ruim para os escritores a curto prazo. Os atrasos levaram os estúdios a se questionarem a respeito do financiamento de toda a sorte de pilotos de series (mesmo que nem todos emplaquem). Esse sistema vinha sendo historicamente lucrativo para os roteiristas. Cerca de 70 acordos nos quais os escritores eram pagos para criar shows que nem sempre iam ao ar, foram revistos e podem nunca mais voltar.
Mas será que os estúdios cumprirão as promessas de cortes e de reality shows? Talvez uma comparação com outro negócio gerido por grandes egos seja instrutiva: a liga de beisebol. Todos os anos, os donos dos times anunciam uma nova onda de austeridade. Mas logo, depois de os treinos começarem, eles ficam nervosos e um jogador como Ted Lilly – o equivalente no basebol a um assistente de roteirista de “Two and a Half Men” – consegue algo como U$ 10 milhões.
A longo prazo, uma das principais conseqüências da greve é que agora os estúdios terão que lidar com um grupo muito mais unido.
- Acho que podemos dizer que a greve foi um sucesso – conclui Jonathan Handel, advogado na área de entretenimento.

‘David Carr do New York Times’

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