terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

MEDOS E FOBIAS

“Se mesmo sem estar diante do objeto do medo você sentir falta de ar, suor, tontura, pavor...? Cuidado, voce pode ter fobia.”

“Quem é que nunca sentiu que o mundo é um gigante e achou que era fraco, e se achou quase um rato e que o gto era o mundo, um gigante malvado (...)”. O trecho desta musica de Oswaldo Montenegro, pode descrever um pouco da sensação do que é medo. Mas, se esse medo for incontrolável? Se mesmo sem estar diante do objeto o medo você sentir falta de ar, suor, tontura, pavor...? Cuidado, você pode ter fobia.
Ansiedade e medo são sensações comuns. Mas quando esse sentimento é exagerado, quando você se sente indefeso e acuado por causa desse medo, pode ser fobia. Segundo a psiquiatra Andréia Ligia Vieira Correia, fobia vem da palavra grega Fobos, que significa medo. Para a psiquiatra, a fobia é considerada um transtorno de ansiedade onde o individuo teme determinada situação, objeto ou animal.
“Na fobia o medo é excessivo, ou irreal. Por exemplo, você pode temer uma cobra porque ela é perigosa. O fóbico, no entanto, pode nem sair de casa se pensar em uma cobra, ou ainda desmaiar se vir um animal destes enjaulado. O que está em questão não é o medo em si, mas a intensidade dele, ou o quanto este medo prejudica a sua vida” explicou.
A psicóloga Terlúcia Paiva complementa o pensamento da psiquiatra explicando que fobia é um medo excessivo e irracional que provoca a resistência consciente do individuo a enfrentar as situações de fobia. “Isso pode causar limitações sociais desse individuo e consequentemente um sofrimento que muitas vezes ele carrega durante muito tempo silenciosamente”, comentou.
Terlúcia Paiva elucidou que o medo, assim como a ansiedade são reações naturais a exposição de situações desconhecidas ou que possam, na sua realidade, causar algum tipo de dano ao individuo. “Isso seria até um mecanismo de defesa e de sobrevivência nosso. Por exemplo: tendo medo de atravessar a rua o individuo tem cautela e toma cuidados para não ser atropelado, tendo medo de se queimar não colocamos nenhum membro do nosso corpo em exposição direta ao fogo, etc. o que difere dos transtornos fóbicos”, explicou.
PREOCUPAÇÕES EXCESSIVAS COM O FUTURO
Para a psiquiatra Andréia Ligia, a resposta para a pergunta do por que uma pessoa desenvolve fobia esta na psicanálise. Segundo Andréia, o transtorno tem origem em uma situação anterior vivida que, na atualidade seria revivido. “Posso citar um exemplo simples, vejamos: a cobra simbolizaria algo que a pessoa vivenciou de forma traumática anteriormente. O que notamos na prática clinica é que as pessoas fóbicas normalmente são pessoas bastante ansiosas, com preocupações excessivamente com o futuro ou com as situações cotidianas. È claro que muitas vezes há pessoas também ansiosas entre os familiares, o que sugere também a carga genética do transtorno, explicou.
Andréia Ligia disse ainda que é mais comum encontrar as fobias isoladas, como de avião, elevador, barata, formiga... O que acontece com esse tipo de fobia é que muitas vezes o individuo apenas se afasta do estímulo.
A nutricionista Gilmara Dias, conta que tem consciência que o medo que sente de elevador não é apenas medo. “Tenho fobia de elevador. Lugar fechado com muita gente, nunca gostei em. Sinto falta de ar só em pensar em ficar em um lugar fechado com muita gente. Quando eu me sinto muito apertada começa a sensação de falta de ar. Ai, já procuro um lugar bem arejado. Por isso é diferente estar em um elevador de estar em um show com muita gente. No show posso procurar outro lugar, no elevador não”, relatou.
Sensação semelhante tem a secretário Morgana Nóbrega quando se sente presa. “Não sei se é fobia, mas se alguém me prende, nem que seja de brincadeira, se fico em um elevador com muita gente, daquela coisa ruim”, comentou.
Situação um pouco mais alarmante vive a contadora Pollyana Menezes. Ela tem fobia de barata. Ela relata que desde criança tem esse medo, mas quando começou a morar sozinha o medo aumentou. “Não abro as janelas do apartamento se estiver sozinha e sempre tenho um inseticida por perto”, comentou. O pavor dela é tão grande que, certa vez, ela ligou para a mãe, que estava em outra cidade, para dizer que tinha uma barata em seu quarto. “Outra vez liguei para uma amiga que estava perto da minha casa, para ela pegar o inseticida que eu havia deixado na cozinha. O problema é que eu estava vendo uma barata na porta”, contou.
A psiquiatra alerta que existem um tipo comum e muito prejudicial de fobia, que é a fobia social. “Nela, as pessoas temem falar em público, usar banheiros, escrever cheques, etc. muitas vezes estas pessoas podem ter a sua vida social bastante prejudicada, pois não conseguem ir além: o estudante que desiste de estudar para não fazer seminários, o diretor de empresa que a cada reunião fica gaguejando e com vontade de opinar, mas não consegue”, explicou.
A jornalista Savanna Hipólito admite que têm problemas em falar em publico. “Tenho medo de falar em publico. Começo a suar nas mãos, fico pálida. Antes eu chegava a atrapalhar as palavras por ficar muito nervosa. Mas, agora, depois que passei por algumas reuniões, ainda fico nervosa, mas consigo expressar melhor o que estou pensando”. A estudante Fernanda Lima disse que não sabe se o que sente é fobia, mas sabe que tem um medo grande de algumas coisas. “Eu não tenho nenhuma fobia, mas tenho medo de ser rejeitada, de ter minhas idéias desvalorizadas, de não me sair bem numa seleção para emprego. Talvés sejam fobias subjetivas do convívio humano mais do que altura, lugar fechado, água...”, comentou.
Apesar da fobia de lugares fechados ser mais conhecida, também existe o oposto da claustrofobia que é a Agorafobia. “Nesta, geralmente por causa do Transtorno do Pânico, o individuo evita ou teme espaços abertos, pois acha que vai passar mal ou as pessoas não poderão socorrê-lo. Por vezes estas pessoas podem ficar muito tempo em casa, ou só sair acompanhadas”. Explicou a psiquiatra.

‘Lidiane Gonçalves’

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