segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

OS AMIGOS DO REI

Quem são eles? São os nobres que recebem os títulos concedidos pelo rei ou imperador a alguém que tenha feito algo considerado merecedor da honraria. Chamados de nobiliários, esses títulos obedecem a uma ordem hierárquica descrente; duque, marques, conde, visconde e barão. Vamos conhecê-los.
DUQUE
É o mais elevado titulo de nobreza nas principais monarquias ocidentais, abaixo apenas de príncipe, normalmente o filho da família reinante, e tem origem no Império Romano, cujos comandantes militares recebiam o nome de dux, palavra latina que significa aquele que conduz, o que vai à frente, o pastor. O primeiro duque de que se tem noticia foi o de Castellanos, no século 12. Entre os povos antigos, o Duque era mercedor de honrarias como se fosse parente do rei. Na Rússia havia o titulo de grão duque, entre o duque e o czar, e na Áustria a mesma distinção foi instituída com o titulo de arquiduque. O assassinato de um deles, Francisco Ferdinando, numa rua de Sarajevo em 28 de Junho de 1914, fez eclodir a Primeira Guerra Mundial.
MARQUÊS
Na hierarquia da nobreza, é inferior somente ao duque. O seu nome vem do provençal, dialeto medieval falado no Sul da França. Ali se chamava originalmente de marques o intendente de fronteira – também chamado de “governador de marca”. Marcas eram distritos localizados em zonas fronteiriças ou não-pacificadas. Aí, o marquês tinha amplos poderes e respondia pela administração civil e pela defesa militar. Ou seja, era o senhor de terras fronteiriças.
CONDE
Na Roma Antiga, o vocábulo latino comes, comitis, aquele que acompanha – que deu origem à palavra “comitiva” – se referia a aqueles que viviam na órbita direta do imperador, seus assessores e oficiais palacianos. Compunham o conselho particular do monarca e o acompanhavam em viagens e negócios, quando exerciam função adjunta e poderes delegados pelo soberano. O valete, conhecido nas cartas do baralho, é o mesmo que Conde. Na irreverente linguagem tupiniquim, seria o nosso conhecimento aspone – só que festejado como nobre, já pensou?
VISCONDE
O mesmo que vice-conde, do latim vice comitis, ou seja, o substituto do conde, designado para desempenhar as suas funções quando ele estivesse impedido ou ausente, na realidade, o funcionário que substituía o conde na administração do condado. A partir do século X, o titulo passou a ser outorgado também aos filhos dos condes.
BARÃO
Titulo imediatamente inferior ao de visconde, o berço dessa palavra se encontra no germânico baro, que, originalmente significa homem livre, embora os oficiais assim chamados fossem dependentes diretos do rei. O titulo era concedido a pessoas de destaque na comunidade pelo seu bem sucedido desempenho profissional. No Império Romano, era um cargo administrativo cujo ocupante se incumbia da fiscalização dos prefeitos que atuavam nas redondezas da capital romana. O titulo foi criado pelo imperador Adriano para premiar soldados e administradores que se destacavam nas suas atribuições, mas que não tinham direito a assento na alta nobreza de Roma. No Brasil, ficaram famosos os barões do café, elite rural que comandou a vida de São Paulo – e do próprio país – por décadas. O Barão era popularmente conhecido no Brasil ao identificar a cédula de mil cruzeiros, que exibia a efígie do barão do Rio Branco, patrono da diplomacia nacional.
Historicamente, os títulos de nobreza surgiram para estabelecer uma relação de vassalagem entre o titular e o monarca. Com o tempo, passaram a ser concedidos pela Coroa como forma de agraciar as pessoas pelos seus atos ou serviços prestados à casa real.
Nos dias de hoje, a monarquia é regime minoritário no contexto das nações. A maioria adota a republica como forma de governo e nela, pelo menos teoricamente todos são iguais perante a lei – mas, como dizia ironicamente Aparício Torelly, o barão de Itararé, “embora todos sejam iguais perante a lei, alguns são mais iguais que os outros”.
Seja como for, continua a valer aquele ditado bem brasileiro: melhor que ser rei é ser amigo do rei...

‘Márcio Cotrim’

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