segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ESTUDO SOBRE BATE PAPO NA INTERNET

Belo corpo virtual, é condição para aceitação social, conforme confirmam os pesquisadores.

Características perfeitas, corpos esculturais e um grande aliado trazido pelas pela tecnologia são apenas um dos componentes que o novo tipo de relacionamento humano vem sendo observado por pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFGC) na Paraíba, Brasil. O velho bate-papo, revela o estudo, mostra que o computador está sendo responsável pelo desenvolvimento de uma espécie de ‘corpo virtual’ dentro da conquista, através do qual, a maneira como as pessoas se descrevem umas às outras demonstra que o culto ao corpo também chegou ao mundo virtual, além de ser quase um pré-requisito para ser bem ‘aceite’ pela pessoa pretendida.
Inúmeras são as salas de bate-papo disponíveis na grande rede, seja destinadas ao publico geral, seja divididas por faixa etária, orientação sexual e tipo de conversa que se deseja ter. Nestes espaços, até vídeos são compartilhados, além de fotos, e, á medida em que as afinidades vão aparecendo entre duas pessoas que estão começando a se conhecer, a conversa se estende às janelas do MSN, onde as características físicas surgem aliadas a artifícios como fotos e imagens de Webcam.
O professor Lemuel Guerra, que coordena a pesquisa realizada por um aluno de Mestrado da Universidade, afirmou que este tipo de aproximação, a priori virtual entre as pessoas, pode caracterizar este fenômeno intitulado corpo virtual, devido a característica própria existente na maneira de interação virtual entre aqueles internautas que pretendem começar um relacionamento.
“A natureza do espaço em que essas interações ocorrem possibilita um tipo mais intenso da imaginação e de recursos descritivos do que nas interações off line, inclusive a possibilidade de elaboração de descrições corporais mais ou menos correspondentes à realidade concreta dos corpos dos indivíduos”, contou.
A pesquisa, que ainda está em fase inicial, mas já apresenta os seus primeiros resultados, realiza as suas observações em vários horários, buscando verificar como o tempo se relaciona com os conteúdos das falas, os freqüentadores e as conversas que são realizadas fora do caráter ‘reservado’ das salas. O professor adiantou que no estudo, já se observou que as estratégias de apresentação mobilizadas nas interações on line nos chats de busca de relacionamentos em vários níveis se assemelham, em grande medida, com as que são utilizadas no mundo off line.
“Todavia uma diferença concreta entre os dois espaços se tem delineado: o controle desses dados, das informações e, portanto, das impressões que os sujeitos constroem a respeito de si mesmos,é muito maior nas interações on line do que naquelas off line. O leque de opções para a invenção de identidades e de personagens aumenta significativamente com a internet”, lembrou.
O professor ainda falou que, pelas primeiras obsservaçoes, o motivo pelo qual estas pessoas procuram as salas de bate-papo em busca de relacionamentos humanos, seja amoroso ou de amizade foi uma maneira encontrada por elas para fazer algo que sempre foi característico do ser humano: a interação. “Gente gosta de se encontrar, de fazer sexo, de conversar, essas coisas quev existem desde que a linguagem, em suas muitas variações, foi inventada pelos humanos!”, frisou.
GAYS MANIPULAM MAIS INFORMAÇÕES
A manipulação de informação em relação ao corpo, segundo a pesquisa, é feita com mais ênfase pelos internautas homens homossexuais, que, através das observações dos pesquisadores, sempre se apresentam com características belas e adjetivos comuns como ‘malhado’, “magro”, “depilado”, etc. O coordenador da pesquisa ainda falou que, em algumas conversas feitas por homens com este tipo de orientação sexual, dados como a relação entre o peso e altura chegam a ser mais primordiais que a maneira de ser de cada um.
“Um dado apontado pela literatura a respeito da relação com a imagem corporal é o de que homens gays tendem a se preocupar mais com os cuidados com o corpo do que a média dos não gays. Mas, não se trata de serem mais exigentes nos relacionamentos!”, frisou dizendo, ainda, que não se trata de uma regra em que todo o homem que se diz bonito na Internet seja homossexual. “Em nosso estudo a tendência é entre os gays”, completou.
Ele ainda apontou que os indivíduos homossexuais tendem a valorizar, mais do que os heterossexuais, estes dados como a idade, a presença ou ausência de pêlos no corpo, dentre outras, sendo entre os gays, mais rapidamente solicitadas e aparentemente mais definidoras dos níveis de decepção e de satisfação, do que entre os não gays.
MENTIRAS
A psiquiatra Andréia Ligia Correia, em relação a estes relacionamentos impulsionados pela tecnologia, mais especificamente, em salas de bate-papo, afirmou que a informação sobre as características físicas dos usuários dada de forma mentirosa nestas conversas pode ter indícios de que, uma das pessoas que estejam conversando não tenha a intenção de marcar um encontro real, sair do virtual.
O PERFIL DE CADA UM
- Os homens gays tendem a valorizar mais aspetos corporais do que os não gays.
- O peso e a idade são informações solicitadas mais rapidamente do que outras em geral.
- A solicitação de imagem (fotografia) é feita com muita freqüência e é um ponto em relação ao qual se estabelecem tensões.
- Há uma padronização significativa de textos e de estratégias de abordagem.
- As mulheres não homossexuais perguntam mais que os homens em geral sobre status marital.
- Estratégias de expressão da decepção com imagens enviadas ou indicadas (orkut e MSN) variam com a idade e a orientação sexual.

‘Diovanne Filho’

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