sábado, 2 de fevereiro de 2008

TAO RARO QUANTO TOSTÓI

Lembro quando Anthony Quinn morreu. Aliás quando morreram Zampano e Zorba, os personagens a que deu mais vida e que podem estar entre os dez maiores da historia do cinema. Alguém pode perguntar se personagens morrem. No caso, sim. Quinn tanto incorporou o brutamontes do filme de Fellini e o doce grego do romance de Kazantzakis, que até na pele do xeque de “Lawrence da Arábia”, em pleno deserto, nos fazia retornar aos mares de “Na estrada da vida” e “Zorba, o grego”.
O magistral ator nos deu uma lição de vida, tanto que, no Brasil, ao filmar “Oriundi”, passava momentos de lazer ao lado da mulher, de 36 anos, e dos filhos: uma menina de 4 anos e um guri de 2 anos. Ele, então, com 83 anos (morreu aos 86)!... Afinal, pela boca de Quinn o personagem Zorba pronunciou a frase que o ator transformou em lema de vida:
“A única morte real é a que sofremos a cada dia, quando nos recusamos a viver”.
Leitor atento de obras universais, Quinn tinha como seus próximos projetos filmar “Os velhos marinheiros”, de Jorge Amado (achava que o protagonista foi talhado para ele) e a vida de Tolstoi. Aliás, sobre Tolstoi disse o ator: “Além de ser um grande escritor, foi um profeta, um demiurgo, e esse é o tipo de gente que me interessa”.
Atores como Quinn são tão raros quanto escritores como Tolstói.

‘Carlos Aranha'

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