segunda-feira, 17 de março de 2008

A ALMA FEMININA

A sociedade contemporânea, de imagens e consumo, produziu em nosso imaginário um tipo de mulher ideal. Ela é competitiva, para garantir o seu espaço social, sensual e elegante, para manter-se atraente e bonita; intelectual e autônoma, para ter brilho próprio no reluzente mundo dos homens. A mulher deve ser feminina o bastante para dar aos homens a certeza de que sem ela a vida não teria graça, nem poesia.
Homens e mulheres são bem diferentes. Não só no corpo, na alma também!
O mundo dos homens é pragmático. Factual. É o mundo dos resultados e da objetividade, e esse é o parâmetro social que mede o sucesso masculino. A auto-imagem do homem, via de regra, é aferida por sua capacidade de não chorar. Em algumas culturas, ser homem é não derramar lagrimas. Que masculinidade estranha, alicerçada na rigidez e na insensibilidade! Quando choramos, tornamo-nos mais humanos.
As mulheres são mais subjetivas. Sensíveis. Possuem a delicadeza de uma pétala de rosa. Dizem os poetas que elas têm uma alma de cristal. Nelas, ciência e intuição coexistem harmoniosamente. Para elas, o sucesso não tem a ver com resultados, e sim, com o coração, com as coisas da alma. Seus referenciais são outros: amor, afeto, família, amizades, sorrisos e lagrimas. Na verdade, as mulheres não se sentem mais frágeis quando choram; sentem-se, sim, mais verdadeiras, e a verdade as fortalece.
Todos os caminhos da mulher, incluindo aqueles que a sociedade moderna exige que ela percorra, desembocam no coração. Se as suas emoções não forem saudáveis, se as pessoas amadas não estiverem por perto, se os seus sentimentos não forem correspondidos, se não houver espaço para amar e ser amada, sobrará apenas uma lágrima a denunciar que o sucesso ainda não chegou. Mulher feliz é mulher bem amada!
A alma feminina é como um poema. Não se esgota nos limites da literatura. Só poderá ser compreendido por quem possui a sensibilidade para ler e ouvir o que está para além das palavras. Poemas possuem uma linguagem própria para falar sobre amor, beleza e vida. Assim é a alma da mulher, não se esgota nos limites da criatura. Vai um pouco mais além. É cheia de beleza e sensibilidade. Tem um jeito peculiar para expressar amor, desejo e vida. Nunca estar acessível a quem não se dispôs a percorrer os caminhos do coração, a enfrentar os desafios da conquista, os labirintos do amor, os mistérios da intuição.
O que faz, então, uma mulher ser feliz? É possível a felicidade neste mundo de imagens de consumo? Sim! Mulher feliz e mulher bem amada. Que sabe amar e amar-se também. Que se sente amada. Cuidar da alma da mulher é, pois, cuidar da beleza que circunda e adorna a nossa vida, pois a mulher é poesia encarnada, é a inspiração do belo em nosso cotidiano.

‘Estevam Fernandes’

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