quarta-feira, 26 de março de 2008

MANHÃ

Lentamente, foi se afastando da praia. Estava amarrado, e depois, em um segundo, Oscilava livre e ia sendo recolhido pela maré vazante. Era um bote pequeno, Mas mesmo assim teria demorado até que desaparecesse. No alto mar, ao sabor das correntes que o arrastaram por dias, deve ter recolhido a chuva E deve ter secado ao sol, E a água que foi penetrando pela borda Ao meio dia deve ter deixado um rastro brilhante de sal sobre os dois bancos E nas dobras da madeira velha do fundo. Depois, talvez numa noite de chuva, Primeiro uma onda o alagou até o meio. Em seguida, balançando mais lento, foi aos poucos coberto pela água. Como não afundasse, assim ficou vagando, Até que se desfez em partes, Uma das quais é esta, que agora Está quase enterrada na areia.

Paulo Franchetti

Sem comentários: