segunda-feira, 17 de março de 2008

ATUALIDADE DE MARX

No horizonte do que conhecemos por civilização está a meta ancestral: transformar o mundo. Sempre acreditamos que alguma coisa precisa ser feita urgentemente para que o suor dos dias flua mais leve sobre a nossa pele. Para que tenhamos paz. Para que a verdade se instale plena. Mudança rumo à liberdade.
Esta transformação é uma tarefa cujo método preferência, em acordo com inúmeros marcos históricos, é a radical mutação do homem, da consciência que ele tem a respeito dos processos que realiza no tempo, da sua visão do mundo.
Mas a visão do mundo que nós tínhamos aqui no Ocidente, no núcleo duro do Cristianismo, pelo menos até o século XVIII, era a de seres acorrentados à vontade divina, incapazes de ver a si mesmos, alienados frente ao espelho da historia, ainda vivendo na caverna de Platão. Revoluções importantes, sangrentas, foram insuficientes para cristalizar a idéia de que o homem e não Deus faz a historia.
Mas a obra de Karl Marx implantou um novo continente no mapa cognitivo ocidental.
O programa de pós-graduação em Serviço Social da UFPB trouxe o filósofo marxista Sergio Lessa, para uma palestra sobre a atualidade de Marx.
Foi um encontro com a ortodoxia marxista, em que o professor garantiu que a essência do capitalismo não mudou e que, portanto, a obra de Marx continua atual. Disse que a revolução proletária ainda está na agenda da sociedade capitalista. Afirmou também, para o espanto de alguns presentes, que Marx não é apenas um autor indispensável, mas que é suficiente. Ou seja: basta Marx para o obtenção da verdade possível neste século XXI. Obviamente, uma temeridade tal afirmação contrária à dialética com a qual o próprio Marx concebeu uma obra iluminada, mas que foi instrumentalizada para criar um novo absolutismo, notadamente o stalinismo e seus simulacros produtores de prisões, censura, tortura, morte e falseamento da historia. Eleito pelos ingleses o filósofo mais importante de todos os tempos, Marx virou o mundo de ponta-cabeça: teorizou a luta de classes, disse que relações de produção determinam as relações de classe, que a existência determina a consciência. Fundou uma nova Historia.

‘Walter Galvão’

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