segunda-feira, 17 de março de 2008

HAJA VERMELHO EM AMESTERDAM

Noticias dão conta de que será construído um monumento em Amesterdão, no bairro da “Luz Vermelha”, em homenagem às prostitutas do mundo, tendo a Escultora Els Majoor, sido encarregada do projeto, representando uma mulher olhando para o céu, com as mãos nos quadris, em pé, diante de uma escadaria. Afirma o noticiário que a iniciativa, primeira e única no mundo, já fora aprovada pelos órgãos locais competentes, com uma só exigência: que seja todo em cor vermelha.
Nenhuma objeção quanto á homenagem, nem ao projeto, por não conhecermos os seus detalhes, embora se considere que a mais antiga das profissões não deve ser discriminada, por não merecer essa ou outra iniciativa.
Seria, no mínimo, mais uma discriminação odiosa e injustificável com uma categoria de pessoas, que aderem a essa atividade por razoes as mais diversas, inclusive, na maioria das vezes, por imposições e contingências da própria sociedade onde vivem. Sem entrar no mérito da questão, nem pretender discutir as origens e motivações da prática, universalmente aceita, o que chama a atenção no noticiário foi o local para a construção do monumento: o conhecido bairro da “Luz Vermelha”, onde mulheres em trajes sumários ficam expostas nas vitrines, que enchem numerosas ruas, em posturas sensuais, a fim de atraírem as atenções dos turistas, e, consequentemente, cooptá-los.
A grande maioria dos que são levados lá; por interesse turístico, tem a sensação de que está assistindo a um total abastardamento da profissão, como se as protagonistas fossem objetos à venda, e, para serem aceitas, devessem permanecer com o seu corpo à mostra, a titulo de atração, na disputa de clientes, numa concorrência brutal, própria do mercado, que é assaz competitivo.
Poder-se-á dizer que são costumes consagrados, naquele país, onde tudo é liberado: sexo, droga, e inúmeras outras perversões do corpo e do espírito, numa conduta diferente da nossa, e que contraria, por isso mesmo, as nossas tradições. Daí a rejeição que tais cenários inspiram, à primeira vista, para os que não estão afeitos a tamanhas aberrações.
Que fique explicito, porém, que nada a objetar quanto à homenagem, nem quanto às homenageadas, certos de que os erros e vícios resultam, infelizmente, das deformações do comportamento do homem. E nenhuma outra profissão está isenta desses abusos, que lhe inibem as suas saudáveis destinações, em proveito das velhacarias humanas.
Concordemos ou no, há muito vermelho em Amesterdão!

‘Evaldo Gonçalves’

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