quarta-feira, 9 de abril de 2008

LUZ E BREU

Quando a luz da manhã penetra pelas fímbrias da cortina, eu percebo a escuridão de tudo sumindo pouco a pouco; em pouco tempo, o mundo invade a solidão e rouba ao sonho a vida. Quando a sombra de tudo assoma e expõe o corpo e a mente ao modo cru, entre o sono e a vigília, não há nada a versar, pois que já testa a língua o amargo amanhecer para um poema roto. Na sombra-e-luz do dia, a escuridão se abriga sob os meus olhos, livre e plena de sentidos, embora nem eu saiba o que isto significa. À luz do dia, fecho os olhos, sonho e vejo: se este verso pudesse, enfim, levar-me além de mim, a escuridão saciaria o desejo.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

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