A minha vida é noite enclaustrada,
com prenúncios de ocaso do que existe,
é o vazio do medo de ser triste,
é a procura de ser, sem ser mais nada.
São meus passos reféns da encruzilhada
de meu destino, que me enreda e assiste
à prisão de meu corpo que resiste
ao curto espaço e tenta a caminhada.
Da vida o que me resta em vão procuro
réstia de luz qualquer onde aventuro
o meu desejo de viver e amar
O que resta da vida eu transfiguro
à angústia de ser hoje e ser futuro,
à ânsia de ser céu e de ser mar.
‘Ronaldo Cunha Lima’
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