Jean Baptiste Poquelin gênio da literatura francesa e universal não gostava do seu nome e autodenominou-se Molière depois de inúmeras apresentações teatrais pelo interior de França.
Luiz XIV chamado Rei Sol, construtor do palácio de Versailhes e do Museu do Louvre ficou empolgado com a peça de Molière, Lê docteur amoureux (o médico apaixonado), abrindo-lhe as portas da fama. Molière tinha uma aguda percepção do absurdo da vida cotidiana e as suas peças e escritos ainda são consideradas obras capitais da literatura universal. Havia uma predominância do cômico nos seus trabalhos literários. O avarento foi mais uma na qual satirizava aquele que amava o dinheiro e vivia em função dele.
Paulo Autran, grande actor brasileiro, de inesquecível memória, com quase 90 anos foi o interprete transcendente do avarento Harpagon numa apresentação teatral impecável durante anos. Acredito que Walt Disney inspirou-se no avarento para criar o sovina tio patinhas, figura lendária e hilária das revistas infantis que muitos adultos adoram.
Ultimamente tenho observado atentamente alguns endinheirados da sociedade, disparatadas figuras da vida cotidiana dignas de alcunha de Tio Patinhas. Possuem comprovadas fortunas, mas vivem uma vidinha de apertos e sem motivação. Tem esposa e filhos, mas todos têm de se adaptar a seu modus vivendi. Vivem na solidão dos enclausurados pelo dinheiro.
Apegados ao vil metal e aos seus idolatrados bens menosprezam a família e os imprescindíveis valores de uma convivência salutar. Contam e recontam a sua fortuna. Privam-se de um contacto mais intimo com os seus em viagens que poderiam fazer visitando novas culturas mundo afora. Privam-se do conforto oferecido pela modernidade com receio de gastar algumas moedas da sua fortuna.
Tio Patinhas consegue nadar e mergulhar na montanha de dinheiro acumulado numa grande caixa forte. Os irmãos metralha estão sempre de olho naquela orgia monetária, mas nunca conseguem usurpar nenhum centavo. O Tio Patinhas do século XXI continuara solitário e avarento deixando aos pósteros a fatídica missão da partilha com reais possibilidades de desavenças e ódios para o resto da vida.
‘Joaquim P. Martins’
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