sábado, 19 de janeiro de 2008

AMIZADE

Falamos muito em sentimento, emoções, propostas de vida diferentes daquelas que conhecemos e até mesmo que vivemos.
Sorrimos muito quando estamos apaixonados, dançamos, falamos sozinhos, temos o chamado “pique” para trabalhar e estudar.
O coração salta nos olhos vivos e imaginamos um futuro brilhante ao lado do ser amado. Mas um belo dia, acordamos e o sol não brilha mais, o céu acinzentado nos abre a cortina da escuridão, do medo de viver.
E as lagrimas rolam, nascidas da nossa desilusão, do sentimento de rejeição. E então, amargurados, odiamos o mundo, as flores, os pássaros, os vizinhos, o trabalho, a noite, o dia...
Abraçamos apenas a dor da separação e, no fundo do poço, encontramos todo o nosso potencial de angústia.
Alguém quieto, meio sem ser percebido, repetindo palavras corriqueiras, simplórias, tenta nos chamar a atenção e, pacientemente, se coloca ao nosso lado ouvindo o gritar da nossa dor, dela compartilhando conosco, oferecendo-nos um sorriso meio de lado, para ano nos agredir.
Oferece-nos um copo de água, um passeio ao shopping, uma ida ao cinema, uma roupa bonita, um caminhar junto. Meio sem saber, mas sabendo de tudo, coloca-se como estátua ao nosso lado, esperando o momento certo.
Estou falando de um sentimento que poucos nutrem e, por isso, poucos conhecem. Estou falando da amizade, da calma, da paciência, do bem querer, do respeitar, do falar alto sem gritar, do sorrir no chorar alto sem gritar, do sorrir no chorar, do ouvir, do aceitar, do acreditar que o amigo é capaz, mesmo quando não consegue andar. Queira Deus que possamos, a partir de já, nos apresentarmos a ela. E, assim, podermos, amanhã, apresentá-la a alguém.

- “Rivena Gondim” -

Sem comentários: