sábado, 19 de janeiro de 2008

A ESCOLA DA VIDA

A vida guarda algumas paridades com a escola convencional, dos cadernos e dos livros. À semelhança dos colégios, todos tem de cursá-la, apesar dos distintos rumos a serem tomados no futuro. Surgem, essenciais, porém, certas diferenças: não fio fundada por professores, nem seriada pelas normas humanas. A grade curricular da vida é informada individualmente, ao sabor da trilha percorrida por cada um ao longo do tempo.
Alguns são analisados por provas dissertativas, e precisam mostrar a máxima destreza no domínio da matéria contemplada. Já outros, mesmo os colegas das carteiras ao lado, avaliam-se por simples questões de múltipla escolha, e têm a sorte de “chutar” a opção correta. É difícil de entender por que essas estrelas brilham, mais fortes, mesmo evidentemente superadas pela eficiência do aluno exemplar. O destino é vigia contínuo dos comportamentos. A ele se atribuem os resultados independentes das motivações de cada um.
A carga horária das disciplinas é bastante variável. Podem durar vinte, sessenta, oitenta anos, ou mesmo um único dia. Os momentos trazem inúmeras possibilidades dentre as quais as escolhas são necessárias, mas nem sempre condizem com os desejos do coração. Seguem-se pistas não puramente eleitas, mas impostas pelas forças da natureza, ventos que sopram obstáculos no caminho preferido. Nessa escola, aprende-se a sofrer, a regozijar, a perder e a ganhar, a partir de conceitos próprios. É impossível “colar” nos testes. Pode-se somente observar e aprender. As recomendações dos mais vividos ajudam a carregar os fardos, mas é muito fácil dar conselhos quando se está fora de um contexto.
Ninguém pode arvorar o certificado de mestre da vida. Com graduação, vem a nebulosidade das etapas seguintes ao fim do curso. De fato, não há reprovação: muitos simplesmente passam; poucos são laureados, mas nenhum jamais voltou, para fazer as considerações de formatura. Assim é a Escola da Vida: chegamos aprendemos e partimos. Para onde iremos? Haverá outra Escola?

- “Mercês Camelo” -

Sem comentários: