sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

“EDUCAR UM FILHO: TRABALHO DE HÉRCULES”

Dos doze trabalhos atribuídos a Hércules, o primeiro manter o leão de Nemeia poderia ser substituído por educar um filho nos dias de hoje e numa cidade grande. São tantas as vicissitudes, os conflitos e também as alegrias que, ao assumir o papel de pai ou mãe, fecham-se as portas do purgatório. Ao ter um filho, “perde-se o direito de se aposentar do papel de pais” (Tânia Zagury, educadora carioca).
Ser pai ou ser mãe é:
Impor limites. Ter autoridade, sem ser autoritário, para não sucumbir à tirania do filho. A autoridade quando exercida com equilíbrio é uma manifestação de afeto e traz segurança. São pertinentes as palavras de Marilda Lipp, doutora em Psicologia em Campinas. “O comportamento frouxo não faz com que a criança me mais os pais. Ao contrario, ela os amará menos, porque começara a perceber que eles não lhe deram estrutura, se sentirá menos segura, menos protegida para a vida. Quando os pais deixam de punir convenientemente os filhos, muitas vezes pensam que estão sendo liberais. Mas a única coisa que eles estão sendo é irresponsáveis.
Transmitir valores:
O filho precisa de um projeto de vida.desde pequeno é importante o desenvolvimento de valores intrapessoais, como Ética, Cidadania, Solidariedade, Respeito ao Meio-Ambiente, Auto-Estima, ensejando adultos flexíveis e versáteis, que saibam resolver problemas, que estejam abertos ao dialogo, as mudanças e ás novas tecnologias.
Valorizar a escola e o estudo. Os educadores erram sim! E os pais também! Pequenas divergências entre a Escola e a Família são aceitáveis e, quiçá, salutares, uma vez que educar é conviver com erros e acertos. O filho precisa desenvolver a tolerância, a ponderação, preparando-se para uma vida na qual os conflitos são inevitáveis.
No entanto, na essência, deve haver entendimento entre os pais e educadores. O filho é como um pássaro que dá os primeiros vôos. Família e Escola são como duas asas: se não tiverem a mesma cadencia, não haverá uma boa direção para o nosso querido educando.
Dar segurança do seu amor. Importa mais a qualidade do afeto que a quantidade de tempo disponível ao filho. Nutri-lo afetivamente, pois a presença negligente é danosa para o relacionamento. A paternidade responsável é uma missão e um dever a que não se pode furtar. No entanto, vêem-se filhos órfãos de pais vivos. A vida profissional apesar de suas elevadas exigências, pode muito bem ser ajustada a uma vida particular equilibrada.
Dedicar respeito e cordialidade ao filho. Tratá-lo-emos com a mesma urbanidade com que tratamos os nossos amigos, imprimindo um pouco de nós, pelo dialogo franco e adequado á idade.
Permitir que gradativamente o filho resolva sozinho as situações adversas. A psicóloga Maria Estela E. Amaral Santos é enfática:
“Um filho superprotegido possivelmente será um adulto inseguro, indeciso, dependente, que sempre necessitará de alguém para apoiá-lo nas decisões, nas escolhas, já que a ele foi podado o direito de agir sozinho”.
O caminho da evolução pessoal não é plano e nem pavimentado. Ao contrario, permeado de pedras e obstáculos, que são as adversidades as frustrações, as desilusões, etc. da superação das dificuldades advém alegrias e destarte aprimora-se a autoconfiança para novos embates. Há momentos em que os pais devem ser dispensáveis. Ao filho – usando uma feliz expressão da psicóloga lídia Weber, UFPR “devemos dar-lhe raízes e dar-lhe asas”.
Consentir que haja carências materiais. Cobrir o filho de todas as vontades (brinquedos, roupas, passeios, conforto, etc) é uma imprevidência. Até quando vão perdurar essas facilidades?
Disponibilizamos prioritariamente aquilo que não tivemos em nossa infância. Mas cabe a pergunta: estamos lhe dando aquilo que efetivamente tivemos e fomos felizes por isso?

“Joacir J. Venturi”

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