terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Paulo Coelho lança biografia sobre o período em que foi parceiro de Raul Seixas

São Paulo (Folhapress) - “O caminho do risco é o sucesso’’, escreveu Paulo Coelho na canção “Caminhos’’, de 1975, uma de suas parcerias com Raul Seixas. Pois sai em breve uma biografia sobre o período de sua vida em que o hoje consagrado escritor, embora autor do verso, não tinha como ter certeza do que dizia -nem de suas apostas.
“A canção do Mago - A trajetória musical de Paulo Coelho’’ (Editora Futuro), de Hérica Marmo, se ocupa de uma época interessante em qualquer biografia, mais ainda na daquele que viria a se tornar o maior best-seller da história do país.
Atravessando os anos 70, a obra trata da carreira de compositor e produtor musical de Coelho, de sua parceria com Raul Seixas, mas também de canções que fez com nomes como Rita Lee (como “Esse tal de Roque Enrow’’) e Fábio Jr. (“Agora chega’’, entre outras).
Estão lá ainda as idas e vindas do personagem, sua tentativa inicial e frustrada de se tornar escritor, a relação com a “magia negra’’ e com as drogas, inquietações e ansiedades.
O lançamento, previsto para o mês que vem, antecede a aguardada obra de Fernando Morais sobre o “mago’’, que deve ser lançada até o fim do ano.
Uma das idéias defendidas por Marmo é a de que há continuidade entre o letrista e o romancista. Segundo o livro, foi no seu encontro com Raul Seixas que ele terminou sendo convencido de que era necessário escrever de forma simples mesmo idéias complexas.
“A experiência como letrista foi fundamental’’, disse o autor. “Em uma letra de música, você precisa formular em apenas uma frase todo um pensamento. Mais adiante, quando comecei a escrever, mantive isso: quanto mais direto, melhor.’’
O escritor diz que esse foi “um ponto de transição importantíssimo’’. “Raul entrou na minha vida no momento certo, me ajudou muito”.
Uma inversão de papéis
A relação entre Paulo Coelho e Raul Seixas que salta das páginas é quase de inversão de papéis. No primeiro encontro, o “maluco beleza’’ é Paulo, hippie, interessado em discos voadores. Raul vai visitá-lo vestindo “terno, gravata fina’’ e portando uma valise 007.
Era então produtor de uma gravadora. Nos anos que se seguiram ao encontro de 1972, Coelho entraria para o mundo “corporativo’’ das gravadoras, e Raul, apresentado às drogas ilícitas por seu amigo, se tornaria o barbudo líder da “sociedade alternativa’’.
Não que não houvesse solavancos na trajetória do letrista. Ele se aproxima de uma seita. Certo dia, Paulo Coelho entra em pânico, em casa; recorre ao catolicismo para esconjurar o que acreditava ser um efeito de sua ligação com a magia e, desesperado, confessa a sua mulher: “Eu nunca acreditei. Senão não teria me arriscado nesses caminhos’’.
Noutra passagem, o escritor - após ser detido por um discurso pró-sociedade alternativa e liberdade de atos e pensamentos, em 1974 - vê fraqueza sua num momento em que, com medo, se recusa a falar com a mulher quando ambos estão sendo torturados pela ditadura.
Fernando Morais
O escritor Fernando Morais, autor da tão esperada biografia oficial de Paulo Coelho, diz não se incomodar com o fato de o livro de Hérica Marmo sair primeiro: “Assunto é como passarinho, quem pegar primeiro é o dono’, Morais deveria ter entregue os originais de “O Mago’’ à editora Planeta no dia 30 de maio. Mas atrasou e está trabalhando 16 horas diárias para terminar até fim de setembro.
Eduardo Simões e Rafael Cariello

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