terça-feira, 22 de janeiro de 2008

OS REGRESSOS

Seguindo o hábito, Portugal intervala em Agosto, e segue dentro de momentos. Com o panorama nacional tão mortiço, estas férias têm sido de relativa pasmaceira, que nem as eleições municipais de Lisboa conseguiram animar. Espera-se agora que o regresso modifique as coisas, e que a agitação volte aos palcos da política.



Vamos ver como se vai comportar o Governo, após o regresso de férias. Tem dossiers quentes entre mãos, como o das grandes obras públicas – novo Aeroporto, Ponte e TGV -; Presidência da União Europeia, com muitas e importantíssimas iniciativas; alguns diplomas em suspenso, devolvidos ao Parlamento; todas as reformas em curso na Administração Pública, na Saúde e na Educação, com muito que se lhe diga.

O executivo de José Sócrates tem sido muito criticado pelos sectores oposicionistas, como aliás seria de esperar. Mas até agora o Primeiro-Ministro mantém boa margem de credibilidade, segundo os estudos de opinião, embora o seu executivo mostre algum desgaste, mas significativamente menor do que é hábito aos dois anos de governação.

Aliás, nos países com longa tradição de democracia, o público deposita sempre expectativas relativamente baixas nos governos que começam. Os erros e desacertos são comuns na acção governativa, os ministros raramente deixam de gorar as expectativas, os chefes do executivo só por excepção permanecem na memória dos povos.

Contrariamente ao que nos quer fazer crer a maioria dos nossos meios de comunicação, não existe nenhum manual de boa governação. Os erros políticos estão sempre a acontecer, em todo o mundo – basta pegarmos num diário de qualquer país, cuja língua consigamos ler, e eles aí estão. Igual para os nossos governos, mas com largos avanços para os de Durão Barroso e de Santana Lopes, como se lembram. Daí que, em tantos países europeus, a cor política dos seus executivos mude com frequência.

Por outro lado, os portugueses parecem detestar os discursos redondos e vazios, com que o tentam enganar, e toma nota. Preferem que se adiantem novas ideias, novas propostas, novas e imaginativas maneiras de fazer as coisas, de sair dos buracos, de conjurar as crises, de olhar os horizontes com outras esperanças. E também gostam de saber quanto isso lhes vai custar, e o que terão que sacrificar.

Parece-me que os cidadãos não estão nada zangados com a política, que universalmente se subentende que terá que ser feita por gente entregue a essa causa, muitas vezes em dedicação completa. Talvez estejam é desanimados com certos políticos que nos vão saindo na rifa. Para exemplos, basta escolher.



As Oposições também preparam o regresso. O PSD esteve no Pontal, em Faro. A liderança do partido está em disputa, mas só Marques Mendes discursou. Luís Filipe Menezes limitou-se a andar por ali. No fim, cada um saiu por sua porta, e o candidato da oposição interna parece resignado à derrota, embora não o diga, pois não pode contar com os tais votos da Madeira, sem os quais não há líder do PSD.

De caminho, no púlpito do palco do comício via-se um aviso – o Algarve é uma Região. Por mim estou de acordo, mas se a ideia é fazer um Governo Regional com Mendes Bota à frente, por mim recuso totalmente. Jardim, basta um!

Jerónimo de Sousa, segundo leio, esteve no Parque de Campismo de Monte Gordo, com mais duzentas pessoas, e também criticou asperamente o Executivo.

Estes regressos fizeram-se no Algarve, como vai sendo hábito. Pelos vistos, aí está a gente que interessa. Vá-se lá saber porquê.



Pelo Barreiro, o regresso também promete, com a questão do inesperado encerramento do mercado da Verderena a dominar as atenções. Não tem havido consenso sobre uma solução, embora o dito mercado envolva volumes financeiros consideráveis.

Eis senão quando o conhecido Cabós Gonçalves tira uma proposta da cartola, que parece ter futuro, e pode conduzir à revitalização da zona ribeirinha do Barreiro. A ideia encontra-se muito bem estudada e defendida, e conta já com apoios importantes.

O autor é um clássico militante socialista desde a primeira hora, mas muitas vezes não lê pela cartilha do seu partido. Além disso, é o eterno cicerone do Barreiro, que toda a comunicação social procura, quando é necessário fazer alguma peça sobre a nossa Cidade, pois ninguém a conhece tão bem como ele, e tem provado ser seu acérrimo defensor.



É um homem que merece ser seriamente escutado. E os barreirenses sabem bem disso. Pode ser que o regresso da política traga também o regresso da imaginação.

- “Miguel de Sousa” -

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