sábado, 19 de janeiro de 2008

O EU EGOÍSTA

O Eu já começa egoísta no próprio pronome que encarna. Usá-lo sempre em todas as manifestações do pensamento é a forma inconteste de mostra-se si mesmo. De vangloriar-se, através dele, de seus feitos e obras, criados, tantas a vezes, com o emprego dos outros pronomes do caso reto.
E Eu egoísta põe valores somente nas coisas que lhes interessam e satisfazem, mesmo que destituídas de reais valores. O sentido de valor adapta-se ao ser intuitivo de vencer, de galgar o ponto mais alto da gloria para, de lá, ser visto como Deus, por todos os que se encontram no sopé da montanha. Pensa que, dessa forma, torna-se o dominador dos seres minúsculos eu, de cabeça erguida, tentam vê-lo melhor debaixo par cima.
E Eu egoísta em sua empatia transbordante, talvez não enxergue sua revelação autentica aqueles humildes seguidores que já o compreendem tal e qual ele o é e quer ser eternamente: brilhante, poderoso, o maior dos obatalás.
O Eu egoísta é egoísta como seu próprio Eu. Repreende-o e controla—o com rigor, para que não fraqueje ante a miséria e dores alheias, ante a suplica de cura, agasalho dos doentes e dos desabrigados; ante o olhar pedinte de afeto e de amizade dos carentes de amor. Ceder, é perder o controle da situação, é tornar-se escravo no lugar de quem o é; e deixar-se tiranizar por todos os que estão sob o seu domínio.
O Eu egoísta é pobre de espírito.É avaro de ações benfazejas. Entre o bem e o mal, escolhe este como fonte de todos os tesouros que alimentam a sua megalomania: o existir, unicamente, do seu Eu. As ovelhas unidas não lhes servem, porque representam perigo iminente direcionado à suplantação do seu Eu egoísta, desumano, tirano, armado de ferro e fogo, pronto para exterminar todo e qualquer rebanho que boicote os seus planos maquiavélicos.
Para o Eu egoísta o individual estará sempre acima do coletivo, até que a massa insatisfeita e enlouquecida destrone esse Eu egoísta e mude o curso da historia. A partir daí, então, será outro dia.

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