sábado, 19 de janeiro de 2008

CIDADE, RIO E MAR

Aqui na velha Europa… e me veio uma saudade danada do velho mar nordestino. Velho não. O mar jamais envelhece. Só envelhece quem pára. Velhice é como ferrugem, é como mofo, só acontece na inatividade. O mar está sempre em movimento. Melhor lição de vida não pode haver. O homem só envelhece quando diz que o seu tempo passou, que não deseja mais aprender...
Aqui, nas cidades que visitei, não existe o mar como o nosso. As praias da Bretanha, lá na França, são praias-fantasmas, o mar é gelado e ninguém se banha nele. Ah, como tive pena daquelas cidades turísticas, Honfleur e Trouville, com os seus bares lembrando navios encalhados. Nada de vento, nada de sol, nada de mar como o da gente.
Mas a grande compensação dessas capitais do primeiro mundo são os seus rios, que se constituem em verdadeiros pólos turísticos. Eu vivi, agora em Berlim, por sinal toda modificada, uma coisa que me comoveu: fizeram uma praia à margem do rio Sprei, fazendo de conta que este era o mar. Colocaram tendas e quiosques coloridos, como se tratasse de uma Copacabana. Acontece que mar é mar, e rio é rio. Mas diz o ditado que quem não tem cão caça com o gato. Para os galegos estirados no chão, bebendo a sua cerveja gelada (para quê mais gelo, meu Deus d Céu) faz de conta que o rio é o mar.
Vendo aquele espetáculo, fiquei refletindo: Ah, se os alemães tivessem um mar e um sol como os nossos. Claro que eles cuidariam dele muito melhor do que gente. Seria um mar sem poluição, um mar bem cuidado.
E agora vim a conhecer a bela capital da Suécia: Estocolmo, que tem mar, mas, mar gelado. E que dizer de Butapeste, a capital da Hungria, com o seu majestoso rio correndo por debaixo de belas pontes. Um rio imenso, o decantado “Danúbio Azul”, que atravessa várias capitais européias, inclusive Viena.
Se você soterrar aquele rio e demolir aquelas pontes acaba-se o turismo de Butapeste. O rio e as pontes são seus melhores cartões de visita. E pus-me a matutar: se os húngaros tivessem um mar...Um mar sem ser gelado, um mar para se tomar banho...
E me lembrei de um maravilhoso rio que nos acompanhou em uma viagem que fizemos de Bonn a Colônia, já faz tempo. O famoso rio Reno, onde, ao que se informa, o compositor Shumann tentou suicidar-se, mergulhando em suas águas...
Um rio correndo perto das avenidas bem que dá beleza a uma cidade. Que seria da nossa Recife sem o Capibaribe, imortalizado na poética de João Cabral de Melo Neto?!...
Mas a crônica esta chegando ao fim e vem a pergunta: qual o rio urbano mais belo do mundo? Ora, é o rio Sena que reflete em suas águas as luzes de Paris e sua história. Que lindo avistar os “bateux-mouche” apinhados de turistas, ouvindo seus guias ensinando a historia da cidade e atravessando pontes... E agora esta indignação: que seria de Paris sem o seu Sena?...
Será que ela não troçaria por um mar nordestino?

- “Carlos Romero” -

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