sábado, 19 de janeiro de 2008

ESCOLHER SER FELIZ

“Se eu pudesse escolher seria feliz, pelo menos, oito horas por dia. Todos os dias. Reservaria o tempo restante para viver as pequenas agruras naturais. Mas seriam leves. Porque haveria a certeza de que a cada dia eu teria a minha cota de felicidade. Se eu pudesse escolher reservaria algumas horas, todos os dias, para fazer só o que pudesse fazer os outros felizes. Dedicação total. Se eu pudesse escolher, pararia qualquer coisa que estivesse fazendo às cinco horas da tarde e me sentaria para assistir ao pôr do sol. Escolheria lugares especiais.
Procuraria não me repetir muito. O horário do por do sol seria algo assim, sagrado. Se eu pudesse escolher, viveria entre o mar e as montanhas. No meio do caminho. Nem muito longe de um, nem muito longe do outro.
Plantaria flores, teria vasos nas janelas, muitos livros na cabeceira da cama e à noite, depois do trabalho – sim, porque se eu pudesse escolher trabalharia sempre, produziria sempre – eu me sentaria para contemplar o céu, as estrelas, a noite. Se eu pudesse escolher, sorriria sempre. Mas choraria também, ás vezes, para não esquecer o que a lagrima significa.
Viver só de sorrisos não é uma boa opção. Se eu pudesse escolher, faria uma declaração de amor todos os dias. Só para sentir aquele sabor de ridículo que nos enche a alma e que é imprescindível à felicidade. Se eu pudesse escolher, plantaria sementes e “perderia” horas vendo-as germinar e lamentaria por aquelas que não conseguissem se transformar em flor. Se eu pudesse escolher, viveria a vida de uma forma mais leve, menos dolorosa, mais intensa, menos angustiante. Nem sempre temos como opções as escolhas que faríamos se pudéssemos escolher. Mas há escolhas que nos são oferecidas sempre. A de provocarmos sorrisos, de abraçarmos, de dizermos que amamos para quem amamos mesmo que eles não entendam o que é o amor. A possibilidade de transformarmos dentro de nós o cenário e aprendermos que, como não temos muitas escolhas, precisamos viver quinze minutos de felicidade com tanta intensidade que eles possam ser transformados em horas, dias, meses, no tempo que escolhemos. Se pudessemos escolher...”

Artur Aníbal (Tuca)

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