sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

TALENTO E BOM HUMOR

Há homens que conseguem aliar o talento ao belo espírito; o verbo ao bom humor; a verve à picardia.
Em toda a parte, existem tais valores, que precisam ser eternamente lembrados.
São inteligentes privilegiadas e, obviamente, dotadas de raciocínio rápido.
Em torno dessas personalidades, cenas e fatos acontecem, levando-as ao exercício da resposta ágil e demolidora.
Na Inglaterra, austera e culta, por exemplo, eram visíveis as emulações entre Bernard Shaw e Winston Churchill. Viviam trocando farpas.
Certo dia, o dramaturgo irlandês manda três convites ao primeiro-ministro inglês para uma peça da sua autoria, com a seguinte dedicatória:
“Para a senhora Churchill, para Winston Churchill e para algum amigo, se houver”.
Rápido no gatilho verbal, o líder da Segunda Guerra Mundial responde:
“Peço vênia pra devolver os convites, por haver assumido compromisso anterior, reservando-me para outra oportunidade, se houver”.
Noutra ocasião, Bernard Shaw recebe amável carta de bela e rica dama de Londres, propondo ter um filho com o autor de Pigmaleao, “na certeza de que a criança vai nascer com a minha beleza e a sua inteligência”.
- Negativo, responde Shaw. A criança pode nascer com a minha feiúra e a sua urrice.
Idos de 1950, na Câmara Federal, Carlos Lacerda fazia violento pronunciamento contra o presidente Juscelino Kubitschek, quando é aparteado pela deputada Ivete Vargas, que observa: “O discurso de Vossa Excelência hoje está um verdadeiro purgante”.
- É verdade deputada, e eu sinto os seus efeitos no aparte de Vossa Excelência.
Na Faculdade de Direito da Bahia, o professor Sabóia, talentoso e respeitado, mantinha uma certa reserva em relação a um aluno, que dava pouca importância às aulas do renomado catedrático.
Durante a prova oral, sorteado o ponto, formulada a primeira pergunta, o professor Sabóia notou que o aluno de nada sabia.
Então, de logo, filosoficamente indaga: “E agora, onde está a sua inteligência?”
- Mestre, no profundo oceano da sabedoria, algumas vezes a inteligência afunda.
O douto Sabóia questiona irônico: E a ignorância onde fica?
Ah professor, nesse caso, essa bóia.
Em Recife, Ascenso Ferreira, poeta dos melhores, mordaz na critica a costumes obsoletos, em entrevista a uma emissora de rádio, no ápice da Guerra Fria, com o radicalismo entre esquerda e direita, é perguntado: O senhor é de extrema-esquerda ou da extrema-direita?
- A essa altura da vida, eu caminho para a extrema-unção.

‘Paulo Gadelha’

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