sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

IDOSO E VELHICE

“Texto de Pedro Lins de Oliveira, que faleceu no dia 22 de Outubro de 2006, aos 83 anos”

Não pretendo enfeitar a terceira idade com palavras bonitas nem com flores. Prefiro ser objetivo. Nascer e viver são presentes. Saber viver depende de nós. Ter vida longa é privilegio de poucos, só fica velho quem não morre moço.
A essência da vida está no amor. Afrânio Peixoto definia que o amor onipotente, é dádiva e conquista, e não imposição ou dever. A felicidade de quem vive (independente da idade) está no amor.
Para se ter uma velhice tranqüila é preciso que se esteja preparado, psicologicamente. Do contrário, pode-se sofrer um impacto, com conseqüências desastrosas. Muitos não suportam e até enlouquecem. Peço desculpas aos que entendem diferente. Estou tentando expressar um sentimento todo meu, respeitando a opinião de alguns geriátricos ou de outros idosos que ainda no se conscientizaram. Faço restrições à opinião daqueles que propalam que, só a matéria envelhece, enquanto o espírito permanece jovem. O espírito só é jovem quando a matéria é saudável e vive em paz.
O maior inimigo do idoso consiste na ociosidade, na solidão e no abandono, causas que poderiam ser evitadas, eu, por exemplo, tenho pavor. Para fugir desses “algozes” é preciso que se tenha alguma ocupação, principalmente alguém para nos fzer companhia e lhe dar apoio.
Os meus 79 anos ainda no me tiraram a coragem nem a lucidez para trabalhar. Dou graças pela família que tenho. Ela me trata com o carinho que o idoso precisa. Isso complementa a minha felicidade, coisa que o semelhante que vive abandonado com fome, infelizmente não tem. Todo o idoso precisa de assistência, carinho e paz.
Agradeço pela graça alcançada de ter vencido essa difícil maratona, ora colhendo flores, ora pisando em espinhos, sem me desesperar, porque a fé sempre se faz presente, com a sua prodigiosa chama acesa, iluminando o verdadeiro caminho a seguir, inclusive avivando a minha capacidade de luta e reforço cada vez mais a confiança que sempre tive em mim. Por isso, continuo vivendo saudável e bem disposto para lutar. O trabalho, além de esporte é sempre um grande companheiro.
Não tenho convicção firmada de que morrer seja bom negocio. O assunto é polemico. Também não tenho duvidas da existência da vida eterna. A certeza é de que vale a pena viver, em qualquer idade e em qualquer circunstancia.
Para finalizar transmito aos idosos como eu, a mensagem que se segue, da autoria desconhecida.
“Se meu andar é excitante e minhas mãos tremulas, ampara-me; Se minha audição não é boa e tenho que me esforçar, para ouvir o que você está dizendo, procure entender-me; Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento escasso, ajude-me com paciência; Se minha mão treme e derruba a comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o que pude; Se você me encontra na rua, não faça de conta que não me viu, pare para conversar comigo, pois me sinto só; Se você, na sua sensibilidade, me vir triste e só, simplesmente partilhe comigo com um sorriso e seja solidário; Se lhe contei pela terceira vez a mesma historia num só dia, não me repreenda, ouça-me; Se me comporto como criança, cerque-me de carinho; Se estou doente e lhe sendo um peso, não me abandone; Se estou com medo d morte e tento negá-la, por favor, ajude-me na sua preparação.

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