sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O SOCIALISMO REINA

“Para nós socialistas, a divisão da sociedade em classes, no curso da historia, e o fato essencial”
‘Lenin’

O sanguinário Lênin, ele mesmo desfrutador de boas mordomias, estava, por vias tortas, coberto de razão: a divisão da sociedade entre os privilegiados dirigentes da maquina estatal e os demais integrantes da sociedade é um dado fundamental para o entendimento do universo socialista que se pretende “igualitário”.
Para se ter uma idéia real de como funciona a coisa, basta examinar – sem loucas pressas – os padrões de vida dos dirigentes de Cuba, China ou da extinta URSS, e, em seguida, confrontá-los com a forma de vida da classe proletária de cada um desses paraísos utópicos. Se o leitor quiser encarar a dura realidade dos fatos encontrará sobre o tema, por toda a parte, centenas de livros, filmes, fotos, gravações, informes especiais e documentos (hoje tornados públicos e, até então, secretos).
Um dos exemplares pioneiros é o livro escrito pelo Iugoslavo Milovan Djilas, nos anos de 1940, “A Nova Classe – Uma análise do sistema comunista” (Editora Agir, 4ª Edição, 1982). Nele, o ex-membro do Comitê Central do Partido Comunista, e um dos teóricos do sistema marxista-leninista, explica por que, uma vez no poder, a burocracia do partido socialista fatalmente monopoliza o Estado e se apropria de todos os seus bens. “A nova classe dirigente”, escreve Djilas, “Torna-se uma classe exploradora, passa por cima de todos os valores morais e instala a sua ditadura pela força, terror e controle ideológico. Seu objetivo é a própria emancipação”. Para Djilas, que viveu longo tempo no estomago da baleia revolucionária, um fato é incontestável: “A nova classe dominante só se interessa pelo proletariado e os pobres na medida em que eles lhes são necessários para o aumento da produção e a manutenção de privilégios”.
Para os interessados o alegórico “Animal Farm”, de George Orwell (Penguin, NY, 1972), ou a textura filosófica de “Meu país e o mundo”, de Sakharov (Seuil, 1975), livros que descrevem a atmosfera de opressão tentacular criada pela elite comunista no poder. São obras consideradas obrigatórias. Mas para o conhecimento objetivo das mordomias desfrutadas pela “aristocracia vermelha”, o leitor encontrará, sem problemas, “A Nomenklatura – Como vivem as classes privilegiadas na União Soviética” do historiador Michael Voslensky (Editora Record, 2ª edição, Rio, 1982), livro pouco metafórico, mas nem por isso menos substancial no exame da ‘dolce vita’ levada pelas castas socialistas no poder.
Voslensky no brinca em serviço, entrega tudo de bandeja: ele mostra como a elite dirigente gozava a vida de privilégios em mordias e dachas de luxo e se refinava no uso de limusines importadas com motorista full time; na degustação de vinhos finos e pratos raros em restaurantes exclusivos; no usufruto de produtos estrangeiros adquiridos gratuitamente em lojas sofisticadas; na freqüência de clinicas de massagem (com direito aos prazeres do sexo) e de centros de repouso especiais; e nas viagens bem remuneradas com direito a tarjetas de credito, em suma, o leitor se dará conta de como a canalha bolchevique flutuava num universo vertiginoso de mordomias nababescas, auferidas em cima do suor proletário.
Claro, Voslensky não se reporta aos privilégios usufruídos pela dinastia vermelha da China, a começar pelas prerrogativas do Grande Líder (genocida) Mão Tse-Tung, que tinha sempre à mão, em inúmeros palácios, dezenas de adolescentes para o desempenho da sua lascívia degenerada. Nem tão pouco faz o inventário preliminar da fortuna pessoal de Fidel Castro, proprietário (para o deleite próprio e da camarilha do PC Cubano) de 59 mansões, residências e propriedades com piscinas (de proporções olímpicas), campos de golfe e caça, ginásios para a prática de esportes, zoológicos privados, rinhas de galo, estábulos para cavalos puro sangue, etc, etc..., para não mencionar a fortuna pessoal avaliada pela revista Fortune em 900 milhões de dólares.
(A análise de Voslensky no fica só no registro das mordomias decorrentes do abuso do poder: ela vai à essência mesma da exploração ao identificar o parasitismo da elite socialista no momento em que ela passa a custar mais do que rende à sociedade).
E aqui chegamos ao cerne da questão: o escândalo das mordomias usufruídas pela elite petista estabelecida em Brasília, que atinge proporções avassaladoras. Segundo reportagens veiculadas no Globo, os três poderes ali instalados abusam em matéria de privilégios. Reportando-se, por exemplo, aos gastos da Presidência da Republica, o jornal revela que eles passaram de R$ 223 milhões, em 2003, para R$ 350 milhões em 2006.
Em especifico, os milhões de reais são torrados em gastos com a manutenção dos palácios do Planalto e Alvorada (com 6 suítes, sala de cinema e música, academia de ginástica, piscina olímpica e aquecida, sauna com salas de massagens e adega para 3 mil garrafas), viagens e hospedagens, despesas com funcionários, seguranças, mordomos, serviçais e automóveis de luxo com motoristas full time. Mais ainda; com taças “de pé lapidado á mão e selo de ouro” e aquisições de bebidas importdas (Romanée-Conti, R$ 11 mil a garrafa) e gêneros alimentícios refinados, além do uso de cartões de credito milionários, com pagamento de várias despesas consideradas “sigilosas” por causa da “segurança da sociedade e do Estado”.
Em suma, comparando-se as despesas da antiga nomenkltura russa com os gastos parasitários do governo Lula e agregados do PT, ver-se-á que Lênin tinha razão; a divisão das classes sociais entre explorados e exploradores é um fato. E ela reina absoluta a partir de Brasília, onde a elite do socialismo tem direito a tudo enquanto ao povinho miúdo só resta as 90 pratas do bolsa-família. Se tanto!

‘Ipojuca Pontes’

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