sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

CARMEM MIRANDA

A propósito do centenário do cinema no Barreiro, Carlos Silva Pis publicou um artigo em que deixou a seguinte interrogação:
“Quem saberá hoje, que na primeira longa metragem com desenhos animados e pessoas de carne e osso, participou uma artista nascida em Portugal? Sim foi a sambista Carmem Miranda, a baixinha de arrebatadora voz e de enormes chapéus de frutas”. Julgamos interessante falar desta compatriota, que durante 16 anos viveu nos Estados Unidos da América e conheceu a fama de Hollywood, onde ganhou muito dinheiro.
De seu nome completo Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu em Marco de Canavezes no ano de 1909 e viria a adotar o nome artístico de Carmem Miranda. Ainda não tinha dois anos de idade quando foi para o Brasil, na companhia da mãe e de uma irmã, a fim de se juntar a seu pai que estava estabelecido com uma barbearia. Com o tempo transformou-se numa mulher muito bonita, de traços delicados, imensos olhos verdes e sorriso largo, cativante. Numa altura em que despontava a rádio não tardou a mostrar os seus dotes de cantar, com uma voz que caía como uma pluma, mostrando-se uma personagem inesquecível, a da baiana de turbante enfeitado com frutas.
Mas só em 1939 chegou à América do Norte, seguindo-se a estréia na Brodway. Permaneceu naquele país até 5 de Agosto de 1955, data do seu falecimento, verificado durante um espetáculo quando dançava o samba, vitima de uma crise cardíaca. Só uma semana depois o corpo de Carmem Miranda regressou ao Brasil. E foi o delírio no Rio de Janeiro, onde era aguardado por meio milhão de pessoas. Terá sido a maior manifestação de dor registrada naquela cidade. Durante os anos em que viveu nos EUA só visitou o Brasil duas vezes, uma no ano seguinte á chegada (1940) e outra no ano anterior à morte (1954).
Carmem Miranda não teve sorte aos amores, com um casamento infeliz, mas dizia-se que produzia sobre os homens um efeito demolidor. Ela foi inspiradora do importante movimento musical a que chamaram Tropicalismo e viria a ser vitima do alcoolismo.
Permanece um mistério grande parte da sua vida, embora se conheça quase uma dezena de biografias, sem contudo elas responderem a todas as duvidas suscitadas por uma existência atribulada. Chegou a fazer testes para provar que outros papeis estavam ao seu alcance, mas os estúdios impuseram que continuasse fiel á imagem que havia criado, distante da flor delicada e sedutora que encantará no Brasil.
Há dois anos o Brasil assinalou os 50 anos da sua morte, dedicando-lhe uma peça de teatro.

‘José Matos Serras’

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